Eu já estava deitada na cama, envolvida por grossas cobertas que deixavam meu corpo em uma temperatura quente, enquanto que lá fora chovia.

Mesmo estando de dia, o céu estava nublado, cercando Dark Roses por uma imensa escuridão como se fosse noite. O vento fazia um barulho semelhante a um assobio, quando passava pelas brechas da janela e era possível ver pela janela o quão forte chovia.

Ainda me lembrando do rosto morto de meu pai, me encolhi na coberta e desejei que Nessie estivesse aqui. E isso era possível. Só que quando cheguei no quarto nos braços de Jasper e a vi dormindo feito um anjo, não tive coragem de acordá-la, pelo menos em seus sonhos as coisas não seriam tão cruéis.  Alem do mais, eu não estava pronta para contar o que havia acontecido, não ia conseguir olhar para seus olhinhos de menina sem chorar, sabendo que definitivamente ela havia perdido um pai.

Só restava eu em sua vida. E eu não poderia deixá-la... Por nada.

Então pedi para Jasper me colocar ao chão para poder pegar Nessie e a levar para o quarto ao lado. Assim que ele o fez e saiu do quarto com minha irmã em seus braços, tirei aquele vestido que estava cheio de sangue e o joguei em um quanto qualquer no banheiro. Demorado algum tempo encarando o vestido, entrei no chuveiro e o regulei para que a água ficasse o mais quente possível. Foi irracional tentar evitar que mais lágrimas transbordassem de meus olhos e fiquei chorando baixinho, enquanto via a água cair no chão vermelha, com meu sangue e de meu pai.

Me perdi no tempo e principalmente no espaço. Todas as cenas ficaram se repetindo em minha cabeça como se fosse um filme: As rosas atacando o assassino, a conversa com meu pai e todas as coisas que ele me disse, meu sangue na taça junto com o dele e depois a facada que levou em sua barriga, onde senti a mesma dor e o mais bizarro foi que depois daquilo me vi dentro de seu corpo (sim, eu tinha certeza que havia estado em seu corpo). A luz forte que surgiu no meio do gramado e finalmente quando abri meus olhos e corri para perto do corpo morto de meu pai. Depois disso, fiquei entorpecida demais para me importar se tudo iria ficar bem.

Ouvi o barulho do ranger da porta e finalmente voltei ao presente: E lá estava Alice com a porta entreaberta, e por incrível que pareça, ainda estava usando seu vestido vermelho. Seus olhos estavam inchados e quando ela falou, dava para perceber que havia chorado recentemente.

- Posso entrar? – Pediu e percebi que ela segurava uma caixa em suas mãos.

- Sim. – Não reconheci minha própria voz quando falei.

Suspirando, Alice entrou no quarto e fechou a porta. Senti que ela estava tensa demais e demorou até que se sentasse na cama e largasse a caixa no chão.

- A verdade – Foi minha vez de pedir, depois de um longo tempo em silêncio.

As palavras de meu pai ainda ecoavam em minha cabeça, principalmente a parte que ele disse que eu poderia confiar em Alice. Tudo estava confuso demais e se alguém poderia me explicar o que estava acontecendo, senti que esse alguém era ela. Confiar em Alice. Foi a última coisa que papai me disse antes de morrer. E eu teria que confiar.

Senti que estava o sono me tomando, mas me recusei a dormir. Em vez disso, me sentei na cama e encarei Alice.

- Olha Bella .... – Alice começou a falar gentilmente, enquanto pousava as mãos em minhas pernas.

- Não, sem todo esse sentimentalismo idiota – Pedi grosseiramente, me afastando de suas mãos – Antes de morrer, meu pai me disse que eu podia confiar em você. E você me disse que ia me contar a verdade, e eu quero saber a verdade. Entendeu?

Me senti um lixo falando todas aquelas palavras para Alice, principalmente sabendo que estava usando um pijama que ela comprou para mim. Eu nunca imaginei que teria um pijama de seda. Bem, as coisas mudam. De garota da roça para garota noiva do manda chuva da cidade, o mundo tinha mesmo dado uma longa volta e aproveitou para me levar junto.

- Tudo bem, eu entendo – Ela continuou a falar com sua voz doce – Prometi que ia te contar a verdade e é isso que vou fazer. Mas primeiro, preciso que você prometa que vai acreditar em mim.

- Prometo – Prometi sem pensar, já que esse obviamente era o preço da verdade.

- Primeiro, quero que me conte tudo o que aconteceu lá fora – Ela pediu.

Bem, não sei quanto tempo perdemos enquanto contava detalhadamente tudo que havia acontecido. E quando digo detalhadamente, quero dizer detalhadamente mesmo. Deste quando vi meu pai pela janela ate quando corri para perto do corpo morto de meu pai.

- E então você chegou. – Terminei, percebendo que dessa vez não tinha chorado nem um momento sequer ao me lembrar da historia toda.

Quando olhei para Alice, dando-me conta que havia me perdido em minha própria historia, notei que ela não demonstrava a mais pura surpresa. Muito pelo contrario, ela me olhava como se tudo aquilo foi normal. Ok, quando é que alguém ouve que flores haviam praticamente criado viva própria se nem ao menos perguntar se você esta ficando louca?

- Eu já esperava que tudo isso acontecesse – Ela finalmente falou, me encarando.

Eu não esperava por aquelas palavras.

- Você o quê? – Gritei indignada, quase pulando da cama.

- Se você não se acalmar, saio daqui – Sua voz foi gentil e ao mesmo tempo ameaçadora.

Tentando acalmar meus nervos, olhei para a caixa que estava em seus pés e me perguntei o que diabos havia lá dentro. Depois de respirar várias vezes, finalmente olhei para Alice.

- Estou calma – Murmurei mal humorada.

- Você acredita em contos de fadas? – Perguntou, me surpreendendo.

Quem faz esse tipo de pergunta depois de ouvir tudo que eu tinha dito?

- É claro que não. Isso não existe.

- Então você vai ter que acreditar.

Quis limpar meus ouvidos ali mesmo ao ouvir aquelas palavras. Será que se eu me beliscasse acordaria? Alice estava mesmo tendo aquele tipo de papo comigo?

- Alice, pare de brincar com minha cara. – Ameacei nervosa.

- Tudo bem, eu tenho uma proposta para você. – Ela foi falando, enquanto pegava a caixa e a colocava em seus ombros, agora se levantando da cama – Vá até o quarto de Edward e o beije. Desperte as emoções mais fortes nele e então você conseguirá ver tudo.

- Do que você está falando? – Perguntei, temendo que ela soubesse do que tinha rolado entre mim e Edward pela primeira vez. Sobre a imagem da mulher deitada seminua enquanto o homem dos olhos dourados passava sua imagem para o quadro.

- Nós duas sabemos o que aconteceu quando você beijou Edward pela primeira vez. Apenas vá lá e faça tudo que for necessário para descobrir, depois, venha me procurar. A escolha é sua. Sem fazer o que estou pedindo, não posso te explicar nada. O quarto de Edward é no final do corredor.

 Depois de dizer tais palavras e antes que eu pudesse protestar, ela saiu do quarto levando consigo a caixa, que sem duvidas alguma tinha algo que ela iria me mostrar.

Então era isso, Alice queria que eu fosse até o quarto de Edward e o beijasse, quem sabe até mais que isso, só para descobrir algo que sem dúvidas alguma iria me surpreender. Tudo bem que a primeira vez que beijei Edward, vi todas aquelas imagens malucas... O que realmente me intrigava, era como Alice sabia sobre aquilo tudo. Sobre o beijo e tudo mais.

E se fosse apenas os efeitos das agulhadas que recebi dos enfermeiros enquanto estava na ambulância que me fez descobrir tudo aquilo?

E além do mais, o que diabos acreditar em contos de fadas tinha algo haver com o que estava acontecendo comigo? Nossa, são tantas perguntas!

Enquanto me amaldiçoava, me levantei da cama e caminhei em direção à porta e depois de abri-la, olhei para o final do corredor, dando de cara com uma grande porta de madeira que estava fechada.

Antes que me desse conta do que estava fazendo, corri em direção daquela porta que se dizia quarto de Edward, batendo fortemente nela, consciente de que estava vestindo um mínimo baby doll de seda azul.

Ao ver que Edward não estava no quarto, dei a volta e estava na metade do caminho quando ouvi sua voz atrás de mim:

- Bella?

Olhei para trás e dei de cara com Edward sem camisa. Seu braço direito estava coberto por uma faixa onde obviamente tinha levado o tiro e ele usava apenas uma calça jeans pretas.

Todo o ódio que estava sentindo dele, de repente foi embora. A voz de meu pai ecoava em uma parte de minha cabeça enquanto a outra voz era de Alice.

Os olhos de Edward expressavam o mais puro arrependimento mas quando ele viu o que eu estava usando, me olhou de cima abaixo com uma pontada de surpresa despontando dos seus olhos.

Provocar sentimentos fortes nele. Era isso, será que se eu beijasse ele novamente, todas aquelas imagens iriam aparecer novamente?

Tudo tão confuso.

Antes que me desse conta do que estava fazendo, atravessei o corredor correndo e me atirei nos braços de Edward.

- Eu quero você, quero você agora – Fui falando, enquanto sentia seus braços protetoramente ao redor de mim – Me leve pra cama, eu preciso de você.

Edward me olhava maravilhado. Foi questão de segundos até que ele fechasse a porta e menos ainda para que ele me atirasse em uma cama imensa.

Assim que ele se pôs em cima de mim, passei minhas pernas ao redor de sua cintura e levei meus lábios até os deles, enquanto ele respondia calorosamente por cada toque meu.

Eu tremia nervosamente ao tirar sua calça jeans enquanto ele rasgava o tecido do meu pijama, beijando todo o meu pescoço... Até que mergulhei em uma maré de imagens e não estava mais no quarto com ele.