Olhava, mas não entendia. Tinha leitores, os números indicavam que mais de cem. Então por que ninguém falava o que achava? Fosse critica, fosse elogio, fosse para xingar ou comentar que ela deveria desistir de escrever. Nada. Nem uma simples opinião que lhe indicasse se deveria continuar escrevendo ou largar de vez a lapiseira.

Suspirou cansada. Antigamente, ela também não comentaria. Foi só começar a escrever para notar o quão ruim era não saber o que os outros pensavam sobre seus textos. Aí ela mudou de idéia. Que mal faria perder alguns minutos, ou menos até, de seu tempo para deixar um autor ou uma autora feliz? Já dera criticas, já elogiara, já falara que o céu era azul! Mas, mesmo se fosse para falar besteiras, ela diria. Diria sua opinião, a linha de pensamento que a levara a pensar daquele jeito.

Bufou, pensando nos seus cento e tantos leitores anônimos. Era quase como se não existissem, tudo por causa de uma preguiça, um desleixo. Podia até ser por falta de tempo, uma escapada do castigo ou por não saber onde deveria clicar. Isso ela entendia. Mas todos os seus leitores não poderiam ter esses problemas! Alguns até seria aceitável, mas todos! Ela não aguentava isto.

Ela diria se pudesse para eles escreverem algo e ver depois como é bom não saber o que acharam. Queria ver se eles deixariam de comentar ou se passariam a dar a opinião a todos que quisessem ouvir. Queria ver a cara deles, quando alcançassem um número grande de leitores e nenhum comentário.

Aos que nunca escreveram nada e ainda assim comentam os textos, ela elogiaria. Aos que escrevem e ainda acham tempo para contar suas ideias sobre tal texto, admiraria. Já aos que não escreviam nem textos nem comentários, sentiria pena. Pena por não saber dar a própria opinião, dizer o que pensava e deixar o mundo ver seus pensamentos. Assim como ela fazia em seus textos.

Expressar-se. Era isso que fazia e gostaria que todos fizessem. Não entendia o raciocínio das pessoas que nada falavam. "Esta é a compreensão que me falta", pensou.