Nayara narrando:

–Você vem pra cá hoje? - Niall me ligou no meio da tarde.

– Uhum - respondi, pensando que iria ganhar aquela bolsa hoje.

– Vem logo!

Desliguei o celular e saí. Niall era meu amigo, não ligava pra minha aparência, essa era uma das coisas que eu mais gostava nele. Na verdade a gente quase nunca tinha vergonha um do outro.

Cheguei na casa dele e toquei a campainha. Ninguém. Tentei mais uma vez e ninguém me atendeu de novo. Estava tirando o celular do bolso para ligar pra ele, quando ele apareceu de toalha abrindo a porta. Eu ri.

– O que foi? - ele perguntou, parecendo não ter noção do quanto aquilo era estranho.

– Gordo, isso é jeito de vir abrir a porta? - respondi batendo na barriga dele, me surpreendendo no quanto era definida.

Entrei e fui até a cozinha pegar comida.

– Folgada você, hein - ele falou indo pro quarto colocar uma roupa.

– Só um pouco - eu gritei pra que ele ouvisse.

Me sentei e comecei a comer, esperando ele se trocar. Logo ele voltou e se sentou ao meu lado no sofá.

– E aí, não quer sua bolsa? – ele falou, dando um sorriso maldoso.

– Eu sei que você vai me dar ela alguma hora, posso esperar.

– Vou mesmo. Mas não vai ser fácil assim.

– E o que eu vou ter que fazer?

– Sei lá... Ficar comigo?

Eu levantei uma sobrancelha e o encarei, não conseguia perceber se ele estava falando sério ou não.

– To brincando - ele riu.

– Hm... - resmunguei, ainda desconfiada.

– Tonta, a bolsa ta em algum lugar aqui em casa... Boa sorte! - Ele se espreguiçou e colocou os braços atrás da cabeça, sorrindo.

– Ta zuando né? Sua casa é gigante Niall!

– Então sugiro que você comece logo, porque eu vou sair hoje à noite.

– Vixi, e vai pra onde? Puteiro é proibido ta - falei provocando-o.

– Relaxa, nem vou pra sua casa.

Abri minha boca, fingindo estar ofendida e dei um tapa na cabeça dele. Me virei e fui pro quarto procurar a bolsa. O quarto dele era grande, era até meio gay, cheio de fotos dele com os amigos, com a família. Achei até bonitinho. Tentei ao máximo não procurar por nada além da bolsa, que por sinal não estava lá, e saí. Procurei no banheiro, escritório, biblioteca, cozinha, sala, outro banheiro. Nada! Só faltava o jardim. Olhei pela janela e já estava escurecendo.

Saí da casa e fui até o jardim. Olhei ao redor e não vi nada; A cada minuto que passava parecia que escurecia mais.

– NIALL, NÃO TEM GRAÇA! EU VOU EMBORA ASSIM!! - gritei, me irritando.

– Calma - ele estava sentado em uma das cadeiras com a bolsa no colo - ta aqui.

– Gordo, gay, mal comido - falei correndo em direção a ele. Pulei em cima dele e peguei a bolsa. Olhei ela de todos os jeitos, mexi e remexi. Era linda!

– Engraçado como você fica feliz só com essa coisinha.

– Isso não é uma "coisinha" isso é tipo minha vida agora - falei, sem me dar conta do drama que fazia.

– Sua vida? Uhum... Bom, eu tenho que sair. - Ele falou me tirando do colo e se levantando.

– Jura que me chamou pra vir aqui e vai "ter que sair?" - falei, imitando a voz dele.

– Sim, pequena - ele riu, bagunçando meu cabelo.

– Aff, só não digo que te odeio porque você me deu a bolsa. - eu falei rindo.

– É, não odeie o amor da sua vida - ele respondeu me abraçando.

– Eca! - eu ri ainda mais. Niall sabia como manter meu bom humor. - Então to indo né, fui expulsa.

– Foi - ele falou me guiando até a porta.

– Niall, só mais uma coisa - eu falei, mas quando me virei meu rosto estava a centímetros do dele. Eu podia sentir sua respiração em mim.

– Sim? - ele perguntou sem se afastar.

Prendi a respiração por um tempo e tentei me lembrar do que ia falar. Nenhum de nós falou mais nada, nenhum de nós se mexeu. Na verdade eu nem sei como aconteceu. Numa hora eu estava na frente dele, tentando me lembrar do que ia falar, e na outra estava encostada na porta, com o corpo dele pressionando o meu, me prendendo. Sua boca tinha se juntando com a minha e nossas línguas pareciam ter necessidade uma da outra. A mão dele percorria todo meu corpo, enquanto eu me agarrava em sua nuca e me aprofundava mais em seu abraço, sentindo aquele cheiro que parecia me atrair cada vez mais. Ele colocou uma mão em minha cintura e outra em meu rosto, tirando meu cabelo. Eu mordi seu lábio e parei de beijá-lo, tentando respirar. Nós dois estávamos ofegantes e corados, sem ter o que falar.

– Er... Tchau loiro - falei, abrindo a porta, desesperada por arco fresco.

Me obriguei a ir até em casa sem surtar. Porém quando me sentei na cama eu tive a sensação que tinha ficado no paraíso, vivido um sonho. Não sabia o que fazer. Decidi que ignoraria, não contaria pra ninguém. Pra mim, aquela sensação maravilhosa iria ser esquecida.