Boulevard Of Broken Songs (Glee x GG) escrita por CrisPossamai


Capítulo 10
Como salvar uma vida


Notas iniciais do capítulo

Este episódio corresponde aos acontecimentos logo após o acidente com a Quinn, no 14x3. Eu modifiquei bastante, porque achei muito forçado que ela aceitasse tudo com tanto bom humor. E bem, é uma partes mais dramáticas da história e tem a participação dos personagens de Gossip Girl. Então, boa leitura.



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Eu nunca soube

Eu nunca soube que tudo estava caindo

Que todos que eu conhecia estavam esperando em uma fila

Para virar e correr quando tudo que eu precisava era a verdade

O carro de Quinn Fabray havia se envolvido em um acidente com uma caminhonete. Internada em estado grave. As palavras do tio ainda ecoavam na cabeça de Nate na manhã de domingo. O avô precisou contar a ajuda de Chuck e Dan para conter o ímpeto do neto em correr para o aeroporto e retornar imediatamente para Lima. Jenny, Serena e Eric tentavam em vão repetir que nada poderia ser feito estando em Ohio ou Nova Iorque. Cooter insista para que o sobrinho permanecesse pelo tempo combinado e mantivesse o celular sempre por perto. Blair se impressionou com a reação do ex-namorado. A preocupação exarcebada, a agonia latente e a confissão de que não poderia ficar sem saber como estava a namorada.

O encontro com a mãe, Anne Archibald, mais segura de si e afirmando que receberia alta em poucas semanas acalmam os nervos do rapaz, que acaba contando os detalhes de sua passagem por Lima, inclusive o recente namoro com Quinn Fabray. A mulher se mostra interessada e se fascina ao ouvir o filho tocando tão esplendidamente após tantos anos. Ela arrisca uma música e elogia o timbre afinado do filho. A entrada no Clube Glee e os vídeos das duas competições disputadas alegram vivamente o adolescente, que esclarece a sua necessidade de retornar o mais rapidamente possível para Ohio devido ao grave acidente. Contudo, William Van der Bilt interrompe o momento afável entre mãe e filho para esclarecer que não haveria volta. Nathaniel Archibald estava novamente em seu lar e não sairia de Nova Iorque. O adolescente se revolta e exige partir imediatamente. Uma discussão se desenrola e o adulto reconhece que não poderia abrir mão da guarda do neto por questão financeira. A única conta que poderia ser movimentada oficialmente estava reservada para os cuidados com Nate, o que significava que sua estadia longe do Upper East Side estava descartada.

Indignado, o rapaz emenda gritos e implora pelo auxilio materno, que não ocorre. Irredutível, o avô dá de ombros e confessa não se importar com as ameaças, já que o jovem não poderia se deslocar para tão longe sem dinheiro e que estava praticamente preso nos domínios da alta sociedade da capital do mundo.

Mas é assim que tem que ser

Está se tornando nada mais que apatia

Eu preferiria correr pro outro lado do que ficar e ver

A fumaça e quem ainda está de pé quando tudo se dissipa

Chuck não atende ao celular. Dan estaria em um passeio romântico com Serena e não havia a menor possibilidade de apelar para Blair. Nate se tranca no quarto e pega no sono antes de ter conseguido desabafar com alguém. O telefone de Mercedes na segunda-feira lhe traz algum conforto ao ser informado que o estado de Quinn estava estável, apesar de continuar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A negra se compromete em atualizá-lo a cada mudança no quadro hospitalar. A segunda ligação do dia é para colocar o tio a parte de toda a conspiração executada pelo avô para manter o neto sob controle. Cooter jura intervir em favor do sobrinho e se compromete em recebê-lo de forma definitiva e lhe aconselha a sair da casa da família na primeira oportunidade. Seria muito mais fácil encontrar alguma alternativa em território neutro.

Independentemente de o horário ser bem mais cedo do que o recomendado para ligar para Chuck Bass, ele arrisca e escutar uns bons xingamentos antes de poder contar sua situação. Em meia-hora, uma limusine estaciona na frente da residência dos Archibald e Nate dá seu jeito de se evadir sem ser percebido. Ele não retornaria para aquela casa. Hospedado na suíte particular do melhor amigo no Hotel Empire, o rapaz se sente a vontade para entrar em contato com os amigos e desabafar parcialmente com Mike Chang e Sam Evans.

Os dias se arrastam com discussões diárias com o avô e a mãe e nenhuma resolução é encontrada. O tio ameaça se deslocar para Nova Iorque e bater de frente com Willian para trazer o sobrinho novamente para Lima. A batalha familiar motiva Chuck a arrastar o amigo a diversos eventos sociais do Upper East Side. Nate não agüenta mais o luxo escancarado e a futilidade gritante e prefere passar seus dias enfurnado no Brooklyn ou diante do piano. Mesmo que a antiga turma se encontrasse todos os dias para dar algum suporte ao jovem Archibald, Blair ainda não sabia como se portar na frente do primeiro namorado. Nate não era nem a sombra do jovem domesticado e sem brilho algum que foi exilado de Nova Iorque meses atrás. Ele havia se tornado alguém muito melhor.

E de repente eu me torno uma parte do seu passado

Eu estou me tornando a parte que não dura

Eu estou perdendo você e isso é sem esforço

Sem um som nós perdemos de vista o solo

No lance em torno de nós

Nunca pensei que você queria terminar

Eu não vou deixá-lo ir até que isso esteja superado

Blair escuta a voz dele combinada com o soar agradável do piano e para. Estagnada. Ela namorou Nate por dez anos e nunca sequer desconfiou que fosse um pianista tão talentoso. Jamais desconfiou que o timbre dele se tornasse tão refinado mesmo em uma melodia tão melancólica como Over my head – The Fray. O seu eterno primeiro amor havia reencontrando a si mesmo e, consequentemente, se aproximado muitíssimo do menino por quem havia se apaixonado ainda aos sete anos. Blair sabia que poderia amar novamente aquele Nate, o seu Nathaniel. Contudo, não existia mais nenhum rastro dela no interior do rapaz que expressava com mais propriedade seus sentimentos através de canções. Ela amaria aquele Nate, porém compreendia que deveria deixá-lo ir. E isso era a parte que mais doía. Se libertar completamente do último resquício do seu primeiro amor, do seu príncipe encantado. Apesar do acidente, ela invejou Quinn Fabray momentaneamente.

_ Dez anos de namoro e você nunca me contou que era tão bom. Dramático, mas, incrível. Eu gostaria de ter lhe ouvido tocar antes de tudo isso. – Blair se acomoda ao lado do pianista.

_ Me desculpa, mas, nunca achei que você valorizasse essas qualidades no seu namorado.

_ Por todas as suas qualidades, aceite que fosse meu namorado por uma década, Archibald. – ele esboça um sorriso e se fixa nas teclas – É muito tarde, não é? – o rapaz lhe encara contrariado – Sorte de Quinn Fabray, então.

_ Não estou nada animado para uma conversa relembrando os velhos tempos, Blair.

_ Eu sei, por isso, tomei a liberdade de ligar para os advogados da minha mãe... Sabe o que eu descobri? Você pode se livrar desse seu avô detestável e voltar para Lima facilmente, o único inconveniente é que teria que abrir mão daquela conta bancaria.

_ Sério? O que eu devo fazer?

_ Você realmente desistiria daquela fortuna por causa da garota de Ohio?

_ Eu não dou a mínima para aquele milhão... Você sabe que esse dinheiro vai ser incapaz de pagar as dividas do banco e... Honestamente, os meses que passei longe dessa ganância de Upper East Side foram sensacionais. Não estou fazendo isso pela Quinn ou desistindo de uma fortuna, estou tentando consertar a minha vida.

_ Ok! Se você tem tanta certeza, basta antecipar a sua maioridade. Pelo o que entendi, a Justiça não pode bloquear as suas despensas com educação ou o tratamento da sua mãe, por isso, seu avô precisa que você esteja em Nova Iorque. Precisa provar que está cuidando dos seus interesses. Esse dinheiro só estará ao seu alcance depois dos 21 anos, mas, sendo maior de idade...Você poderia nomear alguém como seu procurador oficial.

_ Acho que dessa forma, todos os desejos se realizam...Meu avô ganha o dinheiro e não precisa mais se preocupar comigo. O que é basicamente o que eu mais quero agora. Qual o primeiro passo?

_ Falar urgentemente com o seu tio e o pai de Sugar Motta.

Cooter Menkins quase se altera no telefone ao escutar o sobrinho perguntando se poderia ficar em definitivo em Lima. Rapidamente, o olheiro universitário reúne os documentos comprovando que o rapaz freqüentava a escola local, possuía emprego fixo, residência garantia e poderia muito bem cuidar dos próprios interesses. A contragosto, Chuck Bass acompanha o melhor amigo ao fórum para a sessão e por meios questionais, o parecer favorável ao adolescente é oficializado. No início da tarde, a ordem judicial é entregue aos parentes, que completamente apavorados tratam de revirar Nova Iorque atrás do herdeiro da família Archibald. Numa rápida ligação, Nate enfrenta o avô pela primeira vez e estipula o acordo. Ele poderia se tornar seu procurador e fazer o que bem entendesse com o dinheiro desde que parasse de perturbá-lo.

_ Você conseguiu dinheiro para evitar a falência do seu banco, mas, não pode fazer nada para salvar a sua própria família. Isso deve deixá-lo orgulhoso!

_ Você é exatamente como seu pai, não tem noção das próprias atitudes. Por acaso, você considerou o estado de saúde da sua mãe antes de cometer essa loucura, Nathaniel?

_ Yeah, ela me pareceu muito bem, quando aceitou que o senhor tomasse o restante das nossas finanças. Parabéns, o senhor ganhou um milhão e perdeu a sua filha e seu neto.

O rapaz vira as costas antes que o homem tenha tempo para processar uma resposta. A tristeza e a sensação de liberdade se mesclavam no interior do jovem de 17 anos. Ele desarruma os cabelos e escuta o nome ser chamado por Chuck de dentro da limusine. Nate quase consegue sorrir. Seu melhor amigo jamais mudaria. E nem deveria.

_ Presumo que você esteja mais do que satisfeito, não é? – o exilado confirma tão logo adentro no luxuoso veículo – Ótimo. Seu vôo parte em algumas horas e ainda temos que voltar a minha suíte para pegar a sua bagagem. Ah! Tomei a liberdade de ligar para seu tio em Lima e avisa-lo sobre o horário de chegada.

_ Você comprou a minha passagem? Chuck, eu não...Não posso aceitar!

_ Acredite, Nate, você estará fazendo um favor à nós. O seu celular não parou de tocar nessas duas horas e uma garota extremamente irritante chamada Rachel Berry...Ligou mais de dez vezes, dá para acreditar nisso? Me desculpe, mas, eu precisava atender para manter minha sanidade mental... Aparentemente, a sua namorada foi transferida para um quarto e já pode receber visitar e telefonemas.

_ Sério? Uau...A melhor notícia que eu podia eu...Uau...Ah...É...Eu tenho mesmo que voltar para Lima. Obrigado por tudo... – ele se perde nas próprias palavras.

A estadia no hotel Empire se limita a organização de suas coisas, telefonema obrigatório para a mãe e o envio de uma mensagem de voz para Quinn, já que o celular ainda estava desligado. Dan, Serena, Eric, Jenny e Vanessa se apressam para se despedir no aeroporto. A garota do Brooklyn exige atualizações constantes da recuperação da loira e que lembranças sejam encaminhadas ao bad boy. O irmão mais velho revira os olhos e deseja toda a sorte do mundo, enquanto que Serena lhe abraça fortemente e afirmaque estaria sempre a disposição para ajudá-lo. Chuck relembra que o cartão de milhas aéreas ficaria por sua conta e promete manter mais contato com o melhor amigo. Blair se distancia do grupo e o ex-namorado compreende a necessidade de privacidade.

_ Prometa que não vai mudar, Nate. Me diga que esse cara determinado não vai se acomodar em uma cidadezinha e que voltará a ser notícia em Nova Iorque.

_ Você tem a minha palavra, se me garantir que ainda estará reinando soberana em Upper East Side, quando eu fizer o meu grande retorno. – o rapaz a envolve em um demorado abraço. Chuck franze o semblante pela cumplicidade demonstrada.

_ Você não deveria questionar o meu poder de influencia, Archibald. – o rapaz sorriso de canto – A propósito, você ainda me deve uma música, pianista.

_ Pianista? Então, a sua entrada no Clube Glee não é mais segredo para ninguém? – Eric debocha ao visualizar a cara de assombro do visitante.

_ Fala sério, Nathaniel! Que tipo de lavagem cerebral fizeram com você nessa cidade para que aceitasse fazer parte de um coralzinho? – Chuck leva as mãos a cabeça.

_ Não é um coralzinho qualquer, Bass. É o Novas Direções! – dispara Dan gargalhando.

_ Agora, tudo faz sentido...Eu sabia que já tinha escutado o nome de Rachel Berry. Você faz parte daquele coralzinho que assistimos no ano passado? Aquele que terminou a apresentação com um beijo? Novas Direções de Lima, é claro!

As risadas ecoam pelo saguão do aeroporto e o rapaz agradece aos céus quando a chamada para o seu vôo é ouvida pelos alto-falantes. Outra rodada de abraços, despedidas, palavras de incentivo e exigências de voltar em breve. Nate havia rompido definitivamente com a família e por outro lado, fortalecido os laços com os companheiros nova-iorquinos. A sua única aflição era chegar o mais depressa possível em Lima e poder fazer algo pela namorada. Uma semana inteira fora e o mundo praticamente desabou em Ohio. A semana em que ficou preso em Nova Iorque representou os piores sete dias da jornada de Quinn Fabray e o sentimento de culpa pela ausência retornara fortemente nos instantes antecedendo o pouso em Ohio. Cooter e Shannon estavam a sua espera e no caminho, a esposa do seu tio tratou de lhe colocar por dentro de todo o drama vivido ultimamente no Willian Mckinley. Mal o carro estaciona na garagem e um barulho ensurdecedor chama a atenção na frente da casa. Ate aparece e reconhece o veículo de Mike Chang.

_ Mercedes contou que você estava chegando e estamos indo para o hospital. Achamos que gostaria de uma carona, Nate. – comenta a namorada do asiático.

O nova-iorquino não pensa duas vezes. Leva a mala para a sala e corre para o carro. A ansiedade lhe corroi e através de Tina descobre que as visitas estavam liberadas com alguma cautela. Rachel, Finn, Santana e Mercedes foram os primeiros a vê-la e se surpreenderam pela positividade demonstrada. Quinn estava confiante demais em sua reabilitação e teria perguntado pelo paradeiro do namorado. O detalhe da nomeação apaziguou o nervoso adolescente, que sentia as mãos suarem dentro dos bolsos da jaqueta. O chinês acha uma vaga e a garota sugere que o caroneiro se adiantasse. Afinal, o casal precisaria de alguma privacidade para decidir os rumos do relacionamento.

Com pressa, o jovem atravessa corredores e a escadaria para os quartos dos pacientes. Para diante da porta 306. Respira longamente, reflete e acha mais prudente somente bater. Ele capta duas vozes e alguma movimentação no interior do recinto. A porta é entreaberta e Judy Fabray lhe cumprimenta com um meio sorriso cansado.

_ Nathaniel, certo? – ele confirma educadamente – Querida, outro colega da escola chegou. Vou aproveitar e descer alguns minutos para a lanchonete, está bem?

A mulher se retira e nenhuma palavra é dita imediatamente. Nate observa a garota e encontra prováveis seqüelas do acidente, além da expressão abatida e demasiadamente pálida. Ele dá três passos e com uma gentileza gigantesca cola os lábios aos da garota, antes de atender a solicitação dela e acomodar-se no mínimo espaço possível na cama.

_ Não sei como começar a pedir desculpas por não estar ao seu lado nestes dias...Eu me atrapalhei todo com a minha família em Nova Iorque...E...Bem, não vamos falar disso.

_ Não, Nate! Me conta, por favor...Não agüento mais isso...Há oito dias, as pessoas só pedem se eu estou bem, se preciso de alguma coisa, se estou sentindo dor...Então, por favor...Me diga qualquer coisa diferente...Qualquer coisa nova. – ela segura fortemente a mão do rapaz, que cede ao simplório desejo.

Nos minutos seguintes, a narração do embate familiar distrai a adolescente que lhe interrompe apenas para duvidar da insana conspiração. Entretanto, a preocupação não faz sentido algum já que o próprio herdeiro ressalta estar muito bem consigo mesmo, agora, que poderia gerir a própria jornada. A provocação dos amigos de Nova Iorque após a descoberta de sua participação no coral coloca um sorriso no rosto da loira e a entrada tímida do casal asiática determina a opção por assuntos bem mais amenos. Judy adia sua volta para o quarto hospitalar ao escutar o som de risadas e compreender que temporariamente a filha estava bem acompanhada.

Duas horas em que Mike, Tina e Nate inventaram qualquer motivo para não trocar em nenhuma possibilidade que resgatasse o episódio do acidente, mesmo que tudo que lhes rodeasse conspirava contra o esforço. Apesar disto, a loira sorriu por algumas vezes e não soltou a mão do carinha de Nova Iorque em momento algum. Ele prometeu que voltaria logo. O casal deu a palavra que as visitas se repetiriam até que Quinn lhes expulsasse dali. Ela riu com vontade e se despediu. A porta fechou e o pequeno intervalo da realidade se encerrou de mesmo modo. Rodeada pelas paredes do hospital e refém daquela cama ou da cadeira de rodas a poucos metros, Quinn Fabray chorou mais uma vez. Chorou porque havia chegado ao seu limite e não sabia se teria forças ou razões para dar outra volta por cima.

Todo mundo sabe que eu estou

No meu limite

No meu limite

Com oito segundos faltando para o fim

A ruína está em sua mente

Apenas está em sua mente

_ Você tem planos para o intervalo, Nate? – Mercedes lhe interroga a saída da sala naquela terça-feira. Exatos 15 dias após o acidente.

_ Não, nem estou com muita fome, sabe? – ele responde com a apatia momentânea.

_ Ótimo! Estou pensando em aproveitar o horário de almoço e passar no hospital... Quinn pode ter alta ainda hoje e bom, não vamos querer atrapalhar depois, né?

Nate segurava a mão dela e ria de algo dito por Mercedes no instante em que o médico pediu licença para adentrar no recinto. O entrelace se fortaleceu e a expressão no rosto dela se tornou assustadiça. O especialista segurava a prancheta e perguntava coisas superficiais a paciente, enquanto Judy educadamente sugeriu que os amigos se retirassem temporariamente. O nova-iorquino beija demoradamente o rosto de Quinn e a negra reforça o desejo de vê-la bem. A porta se fecha e Mercedes segue pelo corredor até ter o ombro segurado pelo rapaz, que sinaliza silêncio. O que diabos? Escutar atrás da porta. Quantos anos aquele cara tinha? Sete? A garota bufa, revira os olhos e cruza os braços na frente do novato.

As palavras alta, fisioterapia e lesão medular são captadas pela dupla e no momento em que o médico se cala, a voz é substituída pelo ruído de lágrimas. Quinn soluçava pelo diagnóstico de estar presa a uma cadeira de rodas, na mais otimista das previsões, pelos próximos meses. Inconformado, Nate coloca a mão na maçaneta pronto para invadir o quarto e tentar consolar a namorada após tamanha bomba. É então, a vez de Mercedes interromper a sua ação.

_ Não, Nate. Quinn jamais gostaria que você a visse neste estado... E bem...Nós não podemos fazer absolutamente. Nessas horas, um colo de mãe é o único conforto e graças a Deus, ela está aqui agora.

Ele apenas consente com a cabeça e a segue para fora do hospital a com a sensação de culpa lhe consumindo. Assim que estaciona o carro nos fundos do colégio, a diva em treinamento se permite desabar e encharca a camisa do caroneiro, que só pode oferecer o ombro como apoio. Nate não apresenta a menor disposição para assistir as próximas aulas e se isola na sala do Clube Glee. O piano de cauda estava totalmente fechado e o único pensamento coerente dele é não continuar a mercê do silêncio. Desanimado, a primeira sequencia de nota sai fora de ritmo e lhe desagrada. Os dedos emendam notas desconhecidas e a melodia começa a fazer algum sentido.

Primeiro passo: você diz,"nós temos que conversar"

Ele se recusa, você diz: "sente-se, é só uma conversa"

Ele sorri educadamente pra você

Você,educadamente, o encara

Uma escapatória à sua direita

Enquanto ela vai à esquerda, você permanece à direita

Entre a linha de medo e culpa

E você começa a se perguntar por que veio

A letra de "How to save a life", The Fray, é cantarolada em um sussurro e não há qualquer preocupação com afinação ou entonação adequada. Dois passos são ouvidos sem que haja o interesse em descobrir suas identidades. O dedilhar do rapaz prossegue e o refrão é responsável por revelar as invasoras. Tina e Rachel.

Onde eu errei, eu perdi um amigo

Em um momento de amargura

Eu ficaria acordado com você a noite toda

Se eu soubesse como salvar uma vida

Os timbres da asiática e a da judia eram memoráveis e a melancolia na tonalidade só mostrava como toda a situação abalara a maior estrela do coral de Ohio. Rachel ainda imaginava ser a grande culpada por aquela desgraça e ao saber por Kurt da paralisia temporária houve nova crise de choro. Os olhos ainda estavam inchados e a voz falhava em algumas notas. Não adiantaria de nada chorar agora.

Esclareça a ele que você é mais experiente

Porque, você é mesmo

Tente ultrapassar sua defesa

Sem garantir inocência

Faça uma lista do que está errado

Os conselhos que você sempre deu a ele

E reze para Deus que ele te escute

Um ressoar de violão é percebido mais ao fundo do recinto e a timbre de Puck se mistura ao de Santana na terceira sequencia da canção. Brittany compreende a música escolhida e tenta participar do singelo momento. Sam e Mike abraçam as respectivas acompanhantes, porém, não ousam atrapalhar a sincronia da música e apenas engrossam o coro no refrão.

Onde eu errei, eu perdi um amigo

Em um momento de amargura

Eu ficaria acordado com você a noite toda

Se eu soubesse como salvar uma vida

Finn, Blaine e Kurt andavam a esmo pelos corredores e se encaminham para junto dos amigos tão logo conseguem captar a quase inaudível performance em conjunto. O grandalhão se acomoda na bateria e encontra o ritmo adequado para acompanhar a guitarra e o piano sem muita dificuldade. Blaine acha que a única forma de colaborar é puxando sua gaita de boca e arriscando algumas vezes até emparelhar instrumentalmente. Kurt prefere o silêncio e abraça a cunhada tentando transmitir algum conforto.

Enquanto ele começa a erguer a voz

Você diminui a sua e lhe dá uma última escolha

Dirija até que você se perca

Ou parta com aqueles que você seguiu

Ele fará uma das duas coisas:

Ele admitirá tudo o que fez

Ou ele dirá que não é mais o mesmo

E você começará a se perguntar por que veio

Sue Silvester passava pela porta que dava entrada ao reduto do clube mais dramático de Ohio, quando reconheceu a música reproduzida e bisbilhotou pela pequena faixa de vidro no topo da porta. E pela primeira vez, a temida técnica das lideres de torcida se emocionou genuinamente ao escutar os alunos de Willian Schuester. O maestro estava no fim do corredor, quando reconheceu a sua maior adversária dentro do colégio parada diante da sala do coral...Com lágrimas nos olhos? O professor de espanhol muda a sua rota e trás consigo a noiva.

_ Ótimo que tenha chegado, Schuester. Você precisa mesmo ver isso. – a treinadora aponta o número em grupo e se retira. Ninguém deveria ver a durona Sue Silverter chorando. Realmente, os hormônios da gravidez eram muito, muito forte. Afinal, ela não derramaria lágrimas por uma canção cantada por adolescentes. Não, jamais.

Onde eu errei, eu perdi um amigo

Em um momento de amargura

Eu ficaria acordado com você a noite toda

Se eu soubesse como salvar uma vida

Will abre a porta da forma mais silenciosa que consegue e acompanha à distancia não a mais uma apresentação de seus alunos, entretanto, a tentativa do grupo em se curar através da música. Emma se agarra aos braços do noivo, comovida com a simplicidade da ação coletiva e questiona se deveriam fazer algo para minimizar os sentimentos dos jovens. Will apenas balança a cabeça negativamente. Não havia nada que pudesse fazer a não se agarrar as suas crenças. O professor acreditava que a música poderia transformar uma pessoa, agora, necessitava crer que uma mera canção fosse capaz de trazer alguma paz de espírito aqueles jovens. Especialmente, a garota que estava saindo do hospital a quilômetros dali sem sentir as pernas e presa a uma cadeira de rodas.

Como salvar uma vida...


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer aos leitores e aos comentários recebidos no capítulo anterior. Confesso que me surpreendi e pretendo responder a cada um. A fiquem a vontade para opinar e dar a sua sugestão. Já adianto que Serena, Dan, Chuck e Blair devem aparecer mais e em situações mais agradáveis. Prometo tentar postar com mais frequencia. ;D



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