A cidade estava calma como sempre. Ness parou para ver um livro, ela adorava ler. Era isso que me agradava, ela não era só incrivelmente linda, era incrivelmente inteligente também. Ela estava vendo pela vitrine, o prólogo do livro, foi quando dois caras pararam na calçada para observá-la! Vê se pode uma coisa dessas!

-Nossa! O que é isso?!

-Uma dessa em casa e eu nunca botava a cara na rua de novo!

Os dois babacas sussurravam sem saber que ela ou eu poderia ouvir. É claro. Ness ouviu e começou a andar, segurando o riso, já que ela sabia do meu ciúme. Eu então não me agüentei! Passei um dos meus braços em torno dos ombros dela, para eles saberem que ela já tinha dono! Quer dizer... Ela não sabia, mas tinha!

Ela então para minha surpresa e contentamento, passou o braço em torno da minha cintura e com a outra mão livre, entrelaçou seus dedos nos meus que estavam em seu ombro.

Não me contive de satisfação e a envolvi mais em meus braços enquanto ela caia na risada. Chegamos ao cinema assim, abraçados. A vontade que eu tinha de beijá-la era cada vez maior. Eu queria tê-la.

-Então você vai mesmo me obrigar a assistir um filme de terror e ter pesadelos a noite toda?!

-Bem, eu adoraria NÃO fazer você ter pesadelos. É verdade?! Você tem?! Porque se você tiver, a gente pode assistir uma comédia ou sei lá... - Falei já me deseperando.

-Não Jake. Tudo bem, eu agüento. Mas se eu arrancar o seu braço fora durante o filme, não adianta reclamar.

-Tudo bem. Eu agüento. E você?!

-Acho que agüento. – Ela falou.

Paguei os ingressos e entramos. Ela e eu chegamos quando as luzes se apagaram.

Alguns humanos ainda estavam arrumando um lugar, por isso reclamaram, mas Nessie e eu não tínhamos esse problema, enxergávamos perfeitamente no escuro.

Eu fui na frente segurando a mão dela enquanto abria caminho entre as cadeiras e as pessoas. Parecíamos um casal assim, e eu gostei disso.

Sentamos em uma fileira com uma distância rasuavel da tela, peguei os dois lugares do meio e que ficavam entre duas caixas de som que estava no teto. Coloquei o meu refri no descanso e ela fez o mesmo. Como eu iria acabar com a pipoca em dois tempos, Nessie ficou com ela.

Eu tive o cuidado de deixar o espaço da cadeira que nos separava livre para por a minha mão e deixá-la aberta para eu poder segurar a mão dela.

-Bem, se eu me conhecer o suficiente, eu sei que vou acabar com as minhas unhas e ficar de olhos fechados na maior parte do tempo. – Ela falou enquanto eu ria, era bem provável.

-Se eu te conheço bem... Você vai fazer tudo isso e ainda arrancar meu braço fora. – Eu disse. Foi a vez de ela rir.

-É eu sei.

-Mas eu estou aqui e além do mais, ninguém vai pular da tela e sair correndo e gritando atrás de você NE?!

-Ok. Agora fica quieto porque o filme vai começar. – Ela disse isso como uma introdução, pois na mesma hora o filme começou.

O começo não era muito horrendo. Mostrava uma cidade em dia de chuva e um homem correndo.

A introdução foi mole, Nessie até assistia calmamente, mas com o desenrolar de tudo, as pessoas iam morrendo sem alguma parte do corpo que havia sido arrancada a facadas por um retardado meio psicótico que se vestia de açougueiro e que gargalhava como um bêbado condenado toda vez que consiguia fatiar algum “presunto” se é que me entendem. Então o meu anjo começou a se encolher e roer as unhas.

Como ela era pequena, (quer dizer, ela tinha 1,63 de altura, perto de mim ela era pequena) seu corpo cabia perfeitamente na cadeira para que ela ficasse com as pernas em cima da mesma. Viajei nas minhas vontades. Tudo o que eu mais queria era escapar as minhas mãos para as pernas dela! Isso era meio pervertido da minha parte, mas eu não conseguia evitar!

Mas então foi como se alguém lá de cima tivesse ouvido minhas preces e estivesse disposto a me ajudar. Nessa hora, aconteceu que um cara no filme perdeu a cabeça a facadas! Honestamente, eu não sabia se ficava com medo ou chorava de rir, porque a cena foi cômica! Como uma pessoa que aparenta ter os miolos em dia, fica panguando quando um açougueiro, retardado, psicótico, assassino, que ri igual a um bêbado condenado está vindo correndo em sua direção, gritando igual a uma taquara?! É abusar de mais da minha inteligência! Enfim, o lerdo morreu de uma maneira bem “ataque da serra elétrica” só que neste caso era "o ataque da faca de açougueiro surtada". Mas mesmo assim eu agradeço a Deus, pois Nessie se assustou.

-Chega. Eu nasci para ver isso.

Ela então tirou o meu braço que estava no descanso da minha cadeira (ainda com a esperança de segurar a mão dela) e levantou o descanso, deixando de modo que a minha cadeira se juntasse a dela. Ela então se encostou em mim. Como não sou bobo nem nada, me aproveitei só um pouquinho da situação e a envolvi em um dos meus braços, enquanto ela envolvia a minha cintura e descansava a cabeça próxima a meu ombro. A minha outra mão ganhou vida e foi para a cintura dela! Como ela estava com a minha camisa e a customização que ela fez a deixava com a barriga de fora, eu realmente a toquei! Descansei minha cabeça suavemente em cima dela, enquanto ela relaxava em meus braços. Tentei não pular da cadeira e fazer a dancinha da vitória!

“AHA UHU, O JAKE AQUI É FO**!!!!!!”

-Eu achei que você já tinha se esquecido de mim aqui! – Falei em seu ouvido. Ela riu e disse.

-Esse filme é para acabar com o psicológico de qualquer um. Mas me dá um desconto, eu até agora não gritei.

-É verdade. Você merece algum crédito. Mas eu não me importo de você gritar, ou acabar comento a sua mão. Eu também já teria roído as unhas, se eu tivesse alguma coisa para roer. – Respondi.

Gargalhamos imaginando a situação, até que resolvemos voltar a prestar a atenção no filme. Mas eu ainda estava com a minha imaginação voltada a meu desejo inicial. Será que alguém lá de cima não pode me ajudar só mais um pouquinho?! Crueldade, ela e eu aqui e eu nem posso colocar uma mãozinha sequer na perna dela! Ô São Pedro, (ou seja, lá o nome do santo que ajuda os caras em agonia e um pouquinho tarados) ajuda aí né?!