Senti algo me incomodando, mas o sono estava bom o bastante para querer larga-lo, o problema é que o incomodo foi aumentado cada vez mais, então resolvi abrir os olhos, foi aí que me deparei com Nicholas a centímetros de distância de minha face, me afastei instintivamente e ele sorriu.

                - Finalmente, bom dia bela adormecida! – eu o encarei sem entender a situação e depois olhei em volta a procura de sinais de mais alguma companhia inesperada – Pra você ter dormido de roupas devia estar bem cansada noite passada – ele falou vagarosamente analisando-me, apenas concordei e me joguei novamente no emaranhado de cobertores e travesseiros, mas minha felicidade não durou muito tempo, ouvi mais alguém entrando no quarto e puxando minhas cobertas, já estava prestes a reclamar quando minha mãe me interrompeu.

                - Já se passam das três e você está estragando a tarde de diversão dos seus amigos, levante-se e venha comer algo, eu e seu pai precisamos conversar com você! – a encarei sem entender bem a situação e ela apenas se virou e partiu em direção as escadas. Imaginei que não fosse nada de tão grave assim já que possuía um sorriso no rosto; Nicholas havia se sentado confortavelmente na cadeira da escrivaninha, seus braços estavam cruzados sobre o peito e usava uma camisa branca, bermuda colorida e sandálias, o encarei.

                - Desculpe-me pela indiscrição, mas posso saber por que você me acordou? – ele sorriu.

                - Apenas atendi aos pedidos de sua mãe – devo ter feito uma careta bem engraçada já que ele riu – mas incômodo a parte, acho melhor se trocar antes de descer, imagino que gostará da notícia que seus pais têm para lhe dar, e como eu disse ontem, passará o dia comigo, não tem coisa melhor!  -Joguei algo que estava ao meu alcance sobre ele que apenas riu.

                -Algum lugar em especial?

                - Recomendo traje de banho – assenti e fui me trocar, passei pelo closet e pelo banheiro diversas vezes até que optei por um biquíni rosa tomara que caia, shorts jeans claro, blusa mais larga salmão com sandálias bege e um chapéu panamá, dentro de uma bolsa estavam meus óculos, toalha e meu celular.

Percebi que o olhar de Nicholas me seguia por onde quer que eu fosse, mas ele não pronunciou uma palavra sequer, apenas se jogou em minha cama. Aquilo começara e me incomodar, Nicholas sempre fora calado, mas não comigo, assim que achei minha roupa boa o suficiente, sentei-me em sua frente, o qual apenas me encarou.

                - Pode me dizer o que está acontecendo?

                - Algumas coisas nunca mudam – ele se endireitou sorrindo e eu concordei – Senti sua falta Demetria.

                - Eu também senti sua falta Nick, muito por sinal!

                - Não, você não está entendendo, eu senti muito a sua falta, falta dos seus conselhos, da sua risada, suas brincadeiras, não queria que você tivesse partido – o encarei sem entender onde aquela conversa levaria – Sabe qual é a sensação de deixar seu melhor amigo partir e você não poder fazer nada? – o impulso foi mais forte que eu, não acreditei que estava ouvindo aquilo, apenas o abracei, aquele momento seria único, disso eu tinha certeza.

                - Nunca pensei que ouviria isso de Nicholas Jerry Jonas! – ele retribuiu o abraço e o ouvi rir.

                - Não se acostume, caso conte isso pra alguém negarei sem pensar duas vezes! – eu sorri; realmente algumas coisas nunca mudam – Eu sei que você passou muito tempo longe daqui, mas você sabe que não a esquecemos Demi – e pela segunda vez desde que cheguei,  senti meus olhos marejarem.

                - Vejo que sim – não havia sido uma pergunta, mas me senti no dever de responder.

                - Você só precisa ficar a par de algumas coisas que ocorreram , mas isso não será problema, há muitos para lhe contar.

                - Então me encarava porque sentiu minha falta? – ele desviou o olhar e depois deu um sorriso de lado, um sorriso que já não demonstrava mais tanta inocência assim.

                - Na verdade Demi, te encarava porque você mudou muito desde nosso ultimo encontro – ele pareceu hesitante em continuar, o que era estranho, mas o fez – Vou te dizer a real, você ta muito gata, não quero te levar a praia – confesso que não entendi o que aquela frase significava e o encarei, ele suspirou – Eu estou preocupado com você Demetria, eu vi o jeito que muitos te olharam ontem quando entramos naquela lanchonete, muitos dos quais tenho certeza que se aproximariam da minha pequena só por interesse, não quero que isso aconteça, nem que ninguém te tire de mim.

                - Nicholas? – ele levantou os olhos e eu disparei a rir

                - Da pra parar de rir da minha cara, eu tenho certa dificuldade em controlar meus sentimentos!

                - Nick, você ainda lembra do ‘minha pequena’, e por acaso isso foi uma demonstração de ciúmes? – percebi seu rosto enrubescer, mas ele não mudou sua expressão.

                - Fugir da escola com sua melhor amiga pra se casar na praia não é uma lembrança tão fácil de esquecer, mas cansei de ser fofo, hoje em dia eu sou apenas lindo! – eu gargalhei.

                - Não precisa se sentir assim meu cavalheiro, aprendi a me cuidar – ele me encarou sem entender – NY pode mudar as pessoas!

                - Notei isso, você deu uma engordada mesmo, ta precisando dar uma malhada – dito isso disparou correndo para o corredor e eu o segui de perto, até que nos deparamos com meus pais parados à porta em volta de diversas malas de viagem.

                - O que está acontecendo aqui? – perguntei confusa e meus pais se entreolharam como se decidissem quem falaria primeiro, então meu pai se pronunciou.

                - Essa cidade possuí uma aura de sorte magnífica minha filha! – continuei a encara-lo – Assim que chegamos, sua mãe resolveu mobiliar a casa, na loja havia um sorteio de uma viagem com acompanhante para o Caribe, e bem..

                - Vocês ganharam. – adivinhei e os dois sorriram orgulhosos de si – e estão indo para o Caribe nesse exato momento? – eles concordaram novamente – E quanto a mim? – será que não haviam notado que a viagem com acompanhante não me incluía, ou apenas me deixariam para trás?

                - Bem, achamos que você tem idade o suficiente para se virar sozinha – Que maravilha, eu realmente estava sendo abandonada pelos meus pais!

                - Estaremos de volta no próximo domingo, o necessário para sua sobrevivência está estocado na cozinha – meu pai disse tirando algo do bolso, objeto o qual arremessou em minha direção – Não compramos apenas móveis, espero que goste e saiba aproveitar!

                Era uma caixinha de presente, removi a fita que a envolvia e me deparei com uma chave, eu havia ganhado um carro! Os encarei incrédula e eles apenas sorriram; uma buzina me tirou do estado de choque e ouvi Nicholas dizer algo como ‘o taxi chegou’, parti em direção aos meus pais e me despedi, agradecendo a todo instante o presente e ouvindo suas recomendações, então eles se foram e restaram apenas Nicholas e eu.