Lágrimas por Amor escrita por Aki Nara


Capítulo 29
Capítulo 29 - Lágrimas Por Amor




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Umi sentiu-se confortada pelo vento que lhe acariciava o rosto. A cicatriz em seu peito ainda era visível. Porém, a lágrima em seu rosto não era por causa da dor física. Ela esperava que um dia aquela ferida interna fechasse tornando-se apenas o resquício de uma lembrança.

Mas... Era mais que uma certeza. Ela se lembraria todos os dias ao acordar e abrir os olhos, ou mesmo, a cada vez que sentisse o coração palpitar. Estava definitivamente viva e em débito até seu último suspiro.

Eu não sei por que mereci estar aqui entre tantas outras pessoas que concorrem por uma chance de estarem vivos. Nem entendo por que as pessoas que me deram uma parte de si precisaram morrer... Muitos diriam que no meu caso, a sorte foi um fator predominante.

Talvez, eu tenha simplesmente tido essa sorte. Mas, eu prefiro pensar que estive predestinada a esse encontro. A prece de uma criança desesperada foi atendida. E ELE quis me ensinar que tudo na vida tinha uma finalidade e um momento.

Era preciso viver... Cada momento que me foi dado por eles era precioso demais para despediçar. E a única maneira que tenho para pagar este débito é correr atrás de minha felicidade.

Então, o que fazia ali? Consumida pela culpa e autocomiseração. Afastando a única pessoa em todo mundo que lhe faria feliz. Não havia desculpas... O tempo estava passando.

Umi empurrou a cadeira para trás e mesmo enfraquecida caminhou até a borda da cama. A caixa de veludo ainda estava sobre o criado mudo, ela guardou o objeto em sua bolsa e pegou o cordão com o crucifixo usando-o novamente. Estava pronta para a vida.

O motorista estacionava a frente do orfanato. As emoções ainda estavam latentes fazendo-a respirar fundo antes de enfrentar seu maior desafio. Havia muitas lembranças adormecidas, mas nada que pudesse lhe causar dor.

Aquele lugar era sua origem e por mais triste que tivesse sido sua infância sem pais, ela nunca foi maltratada. Ela desceu do carro e andou vagarosamente até os jardins. Lembrava-se de cada brincadeira naquele pátio.

As crianças estavam em volta dele. Através de Maya sua visão havia voltado, mas era ela quem enxergava seu amado. Asuka lhe doara o coração, mas era ela quem sentia vibrar... Por Kenzo.

As risadas chegavam até ela enquanto seu ar faltava. O medo agia para que suas pernas paralisassem. Então, ele a viu. O amor que via neles se transformou fazendo-a gelar. Seria tarde demais?

Sentia-se fraca demais para fugir, mas antes mesmo que pudesse pensar nisso, ele estava ao seu lado juntamente com as crianças a sua volta. Ela não pode deixar de sorrir para eles apesar de suas questões interiores.

_ Venham! Vamos deixar o doutor e namorada – o garoto mais velho disse claramente antes que as outras crianças o seguissem soltando risadinhas.

_ Por que está aqui? – ele foi direto. Os cabelos desfeitos com a impaciência que tentava esconder.

_ Vim procurá-lo. – a coragem lhe faltava para falar a verdade, mas não tinha nenhuma mentira a acrescentar.

_ E para quê? Afinal, você deixou claro que não haveria mais nada entre nós.

Ela retirou a caixa de veludo da bolsa e estendeu-o para Kenzo. A mão dela tremia enquanto aguardava e por fim, ele retirou-os virando-se de costa para ela.

_ Se é só isso...

_ É tarde demais para nós? – ela o interrompeu usando toda a coragem de que dispunha e então...

Ele se virou, o rosto tomado pela dor que Umi havia causado. E assim, ela pôde notar a cicatriz em sua testa.

_ Amo você. E nada no mundo poderá mudar isso. Mas preciso desesperadamente que queira estar só comigo, Umi. Você será capaz disso? – os olhos dele exigiam nada mais que a verdade.

_ A morte de Maya foi um acidente, mas eu só me senti culpada depois que conheci a todos vocês. Eu nunca conseguiria seguir os passos dela.

_ Eu nunca quis que você seguisse... Estive apaixonado desde sua primeira consulta. Eu lutei para manter minha ética profissional, mas perdi em algum lugar... Eu queria que você voltasse a enxergar... Eu seria a primeira pessoa que você veria.

_ Eu... Sempre gostei da sua voz. Mas, por mais que meus sonhos me levassem até você... Para mim esse sonho jamais se tornaria real. Então... Seus pais me encontraram.

_ Eu fui egoísta. Não a queria como irmã, mas a queria por perto. Você se tornou mulher e já não pude resistir.

_ Você me fez mulher... e partiu. Não havia muitas opções para nós, não é mesmo?

_ Asuka foi uma boa opção – havia amargura na voz dele.

_ Eu tive medo de ficar só e das possíveis conseqüências. Não havia futuro, não havia nós...

_ De que conseqüências você está falando? Você quer dizer que se tivéssemos tido um filho... Teria a coragem, Umi? – agora havia um pouco de incredulidade e dureza.

_ Não – sua voz foi apenas um sussurro. – Eu teria assumido sozinha. A vida com Asuka não era difícil. Enquanto ele buscava Maya, eu me sentia segura. Mas... Ele começou a me amar e eu sabia que não poderia corresponder. Creio que ele percebeu e nós terminamos.

_ Então... Chegamos a nós.

_ Nós nunca vamos ter as respostas, não é? Se aquele acidente foi premeditado. Afinal, ele doador e deixou uma cláusula dizendo que deixaria o coração para mim – as lágrimas escorriam.

_ Não. Nós nunca vamos saber...

_ É errado amar você?

_ Você sente que é errado?

_ Sinto que morrerei se você não me abraçar agora.

Ele sorriu e finalmente sentiu os braços dele envolvendo sua cintura, não conseguia conter a felicidade que transbordava de seu ser, as lágrimas corriam soltas, mas eram lágrimas por amor.


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