Zayn’s POV

- É a mamãe? – Sophie falou olhando para o médico. – É a mamãe que ta aqui, tio? – ela me olhava agora. Eu apenas assenti.

Vi seus olhinhos brilharem e duas lágrimas escorrerem pela sua face. Aquilo dilacerou mais ainda meu coração.

- Vem aqui Sophie, vamos conversar um pouquinho. – Harry a tirou de meus braços e saiu para podermos conversar com o médico.

- Não temos certeza do que causou o desmaio e a falta de ar, mas tudo indica que é uma reação alérgica à anestesia que ela tomou mais cedo. – o médico disse. – Se fosse só isso não seria tão ruim assim, mas acontece que a anestesia entrou no sangue dela e isso piorou muito a situação. E outros fatores não ajudaram em nada como a falta de alimentação e a anemia forte.

- Mas ela está tão mal assim, doutor? – Louis perguntou.

- Ela está respirando com a ajuda de aparelhos e está inconsciente. É como se fosse um coma, mas não tão sério assim. Ela pode acordar daqui a 10 minutos ou daqui a 2 dias. Não sabemos ainda.

Eu estava atordoado demais para falar qualquer coisa. Minha cabeça estava explodindo e eu só conseguia pensar em Mia. Na verdade eu meio que entrei em estado de choque.

- E-eu posso... vê-la? – falei encarando o nada.

- Visitas não são permitidas nesse horário, mas vocês podem ver a paciente através do vidro.

Eu e Louis assentimos. O médico mandou nós o seguirmos e fomos entrando por um monte de corredores. Eram tantas portas, tantos quartos que eu já estava tonto. Finalmente ele parou diante de um quarto.

- Se vocês forem por aquela porta irão sair do hospital. – ele apontou para alguma porta, mas eu não fiz questão de olhar.

Meus olhos se focaram no vidro. Lá estava ela. Mia estava cheia de tubos, com agulhas nos dois braços e tomava muito soro. Aquela cena me deprimiu. Encostei minha testa e minha mão no vidro, tentando inutilmente tocá-la. Ouvi Louis falar alguma coisa com o doutor, algo como obrigado, mas não prestei atenção. Louis observou Mia pelo vidro também. Ele estava sofrendo também, mas não tanto quanto eu, isso eu tenho certeza.

- Mia, Mia... – ouvi ele sussurrar, como se a reprimisse por não ter se cuidado.

Senti meus olhos se esquentarem novamente. Não conseguia controlar minha emoções, desde que ela voltou para Londres simplesmente perdi o controle sobre mim. As lágrimas vinham sem eu perceber e eu parei de tentar me controlar. Eu chorava pra valer, como se uma pessoa que eu amasse muito tivesse morrido.

- Calma, Zayn. – ouvi Louis falar com a voz embargada. Ele estava a ponto de chorar também.

- Calma? Olha como ela está! – minha voz falhava bastante, mas eu conseguia falar um pouco. – E se eu a perder? O que vai ser de mim?

- Não fala assim! – ele me repreendeu, mas era inevitável não pensar no pior. Não vendo ela daquela jeito. – Vamos sair daqui, amanhã você volta.

Com muita relutância, Louis me arrastou para fora do hospital. Vi Harry com Sophie no colo. Ela chorava em seu ombro e ele alisava os cabelos dela delicadamente. Assim que me viu, Sophie apontou para mim e falou alguma coisa para Harry, que veio em nossa direção.

- Tio, eu quero ver a mamãe! – Sophie falou me olhando com os olhos vermelhos. Os meus deveriam estar piores que os dela.

- A gente não pode ver a mamãe ainda, meu amor. – tentei parecer calmo, mas não sei se consegui.

- Mas eu quero. – ela se jogou em meu colo, chorando novamente.

- Vamos embora. – Harry falou pegando a chave do carro.

- Mas e a mamãe? – Sophie perguntou me olhando com aqueles olhos profundos. Nossa, eles pareciam com os meus...

- Eu prometo que amanhã a gente vem ver ela. – eu falei alisando seu rostinho.

Fomos para o carro de Harry e Sophie não me largou nem um segundo. A agradeci muito por isso, precisava dela nesse momento. No carro o silêncio predominava, sendo interrompido somente pelos soluços de Sophie. Quando chegamos no apartamento, subi com Sophie. Não sabia o que fazer.

- E agora? Com quem eu vou ficar? – Sophie falou.

Fudeu. Tínhamos duas semanas de férias de shows e eu me senti aliviado por isso.

- Você fica aqui comigo e com o Harry. – Louis falou.

- Você não vai viajar com a Eleanor amanhã? – Harry falou e Louis chutou o sofá.

- Esqueci completamente! Ei, você também vai viajar, não vai?

- É verdade, que dia é hoje? – Harry perguntou olhando para o calendário. AI CARALHO, MEU VÔO SAI DAQUI A CINCO HORAS!

Harry entrou correndo para o seu quarto para arrumar as malas. Sophie me olhava apreensiva, esperando que eu falasse alguma coisa. Eu era a única coisa que ela tinha agora.

- Tem a tia Susan, também... – ela falou olhando para o chão.

Susan era irmã de Mia, mas era muito invejosa e egoísta, duvido que cuidaria de Sophie. E se cuidasse iria a tratar muito mal. Fui até a mesa, peguei a chave do apartamento de Mia e saí em direção ao mesmo.

- Onde a gente vai, tio? – Sophie perguntou.

- Vamos arrumar sua mala. Você vai ficar comigo.

- Que bom que não vou ter que ficar com a tia Susan. – vi um sorrisinho brotar em seus lábios.

Abri a porta e a coloquei no chão. Ela foi correndo em direção ao quarto e eu fui procurar uma mala. Abri o guarda-roupa de Mia e achei uma malinha na parte superior. Quando puxei a mala, um caderno caiu. Era ele. O caderno secreto de desenhos de Mia. Peguei o caderno e o escondi na mala. Fui para o quarto de Sophie e ela estava colocando as roupas na cama.

 - Tio, me ajuda aqui? – ela perguntou.

- Claro. – respondi colocando a mala em cima da cama.

Dobrei as roupas e fui ajeitando na mala. Quando tinha colocado tudo, fechei e peguei a escova de dente, de pentear cabelo, essas coisas. Quando estávamos quase saindo, ela voltou correndo para o quarto, não dela, mas no da Mia.

- Estava quase esquecendo. – ela voltou com um casaco masculino nos braços.

Espera um pouco... Eu estou reconhecendo esse casaco... Era meu! E era meu preferido ainda. O peguei dos braços de Sophie e olhei para ver se não estava enganado. Era meu mesmo.

- De quem é esse casaco, Sophie? – perguntei para ver o que ela respondia.

- A mamãe falou que é do meu pai. – ela respondeu sorrindo.

Fiquei pasmo. Como assim esse casaco era do pai de Sophie? Esse casaco era meu! Tinha até a mancha de chocolate que nunca saiu. Não podia ser do pai de Sophie, era meu aquilo. EPA! Espera um pouco... Se isso é do pai da Sophie e isso é meu, então quer dizer que... EU SOU O PAI DELA!