10 de abril de 2011. Domingo ensolarado.

Era o dia mais feliz daquela garota.

A ansiedade não permitiu que ela dormisse um minuto sequer na noite anterior, mas ela não sentia sono.

Seria a segunda vez que iria ao show da banda, porém da primeira vez, ela não conhecia a banda e só foi por causa do ex-namorado que queria companhia para aquele show (agradecia mentalmente ao rapaz por conta disso). Mas agora, 3 anos depois do primeiro show, completamente apaixonada pela banda lá estava ela, sorridente numa extensa fila.

Era engraçado ao reparar que só ela vestia a camiseta da banda, uma vez que Muse seria a banda de abertura para o show do U2.

Para ela, U2 seria apenas um brinde da noite.

Ela sonhou tanto em ouvir a voz do Bellamy mais uma vez, rever Dominic com sua beleza e talento na bateria, e Christopher mandando ver no baixo.

Nada destruía o mix de felicidade com ansiedade que dominava o corpo e o subconsciente da garota. Nem mesmo a chuva que insistiu em cair quando anoiteceu e acabou atrasando o inicio do show.

As luzes se apagaram. Bateu aquele frio na barriga.

Logo ela pode ouvir o riff de Plug In Baby. Era sua musica preferida, tanto que era até o toque de seu celular.

Fechou os olhos por instantes, agradeceu a alguma entidade superior existente no céu e permitiu que algumas lágrimas escorressem de seu rosto. Eram lágrimas de alegria ao ver seus ídolos ali, tão próximos dela.

Mas logo o choro foi interrompido para dar lugar a euforia.

Cantava, gritava, pulava.

Estava tão eufórica que chegou a empolgar as pessoas que estavam próximas, que estavam ali para ver U2 e provavelmente nem sabiam da existência da banda de abertura.

Cantava, sorria e tentava chegar ao timbre de voz de Bellamy, sem sucesso, mas tentava.

O show se passava e ela cantava fielmente todas as músicas, era a única que cantava no setor onde estava, mas pouco se importava. Cantava e gritava tanto que por vezes lhe faltava fôlego, mas logo se recuperava, principalmente quando no telão passava a imagem de Dominic, seu integrante favorito.

O suor se misturava com algumas lágrimas que teimavam escorrer pelo seu rosto.

Ela podia sentir aquele amor, incondicional que só uma fã de verdade pode sentir por seus ídolos, dentro de si e queria gritar aos quatro ventos que amava aqueles três caras que tanto resumiam sua vida em melodias doces e belas.

O show se encerrou, porém lágrimas não foram mais derramadas, mas sim largos sorrisos de satisfação.

- Acho que já posso morrer feliz. – falou roucamente para seu pai que a acompanhava.

Ele apenas sorriu e deu-lhe um copo com água.

Ela encarou o palco mais uma vez, acompanhou o trajeto dos três com o olhar até que eles desaparecessem nos bastidores.

Sentou-se, sorrindo abobadamente.

Nada explicava o que ela estava sentindo.

Para muitos poderia ser algo sem sentido, algo até “idiota”, mas para ela nada recompensava aquele momento...

_ x _

1 ano se passou, hoje, exatamente 10 de abril de 2012. A garota revê fotos e vídeos do show, encara a camiseta que usou no dia, retorna seu olhar a tela do computador e sorrindo diz:

- Obrigada pelo melhor dia da minha vida Matt, Chris e Dom. Espero revê-los mais vezes.

Desligou seu computador e retornou aos seus afazeres, cantarolando baixo:

- My plug in baby, crucifies my enemies...