Since You Sang Me Your Song escrita por Joke


Capítulo 1
Just like an angel




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- Peeta? – O Sr. Mellark chamou pelo filho novamente. – Peeta, onde você está?

- Estou aqui, papai. – O garotinho de cinco anos de idade disse, aparecendo na sala vestido com uma de suas melhores roupas e o cabelo cuidadosamente penteado. O menino não parecia feliz, estava com a cabeça baixa e sem qualquer emoção expressa em seu rosto infantil.

O Sr. Mellark se aproximou do filho e levantou o rosto do mesmo para encará-lo:

- Por que está com essa cara triste logo no seu primeiro dia de aula?

Peeta deu de ombros:

- Não quero ir para a escola.

- E por que não?

O filho o fitou por alguns segundos:

- Quero ficar aqui com você, quero ir ajudá-lo na padaria.

O pai de Peeta sorriu e logo depois plantou um beijo na testa do filho:

- Ei, e quem disse que você ainda não poderá ser meu ajudante? Ainda preciso de muita ajuda sua na padaria.

Os olhos azuis de Peeta brilharam e um sorriso invadiu o seu rosto:

- Sério?

Ainda sorrindo, o Sr. Mellark despenteou o cabelo loiro de Peeta, desfazendo o penteado e fazendo os fios dourados ficarem rebeldes:

- Sério. – E logo pode ver que Peeta já se sentia um pouco mais aliviado, o pai suspirou, perguntando a si como seu garoto, seu pequeno Peeta, estava crescendo tão rápido?

Naquele momento a Sra. Mellark entrou na sala e logo que olhou para os dois parados no meio da sala, grunhiu insatisfeita:

- O que estão fazendo parados como duas estátuas?! Peeta já está atrasado para o primeiro dia!- Ela veio na direção de ambos e os empurrou em direção à porta. – Vá logo e não demore muito, a padaria o aguarda! – E fechou a porta deixando Peeta e o Sr. Mellark nas ruas do Distrito 12.

O pai respirou fundo enquanto esfregava as têmporas do rosto:

- Mamãe não pareceu muito contente. – Peeta comentou infantilmente, olhando para a porta fechada.

- Ela nunca está... – Mas imediatamente parou o comentário, temendo influenciar o garoto negativamente em relação à mãe. – Vamos logo, Peeta.  – O Sr. Mellark pegou a mão do filho e saiu com este rumo à única escola do Distrito 12, que era composta por uma construção de madeira quase que caindo aos pedaços com um pequeno gramado onde as crianças se divertiam num breve período de intervalo.

Quando chegaram, a entrada da escola já estava lotada com pais e seus filhos, todos se despedindo dos mesmos e desejando-lhes boa sorte. O Sr. Mellark estava prestes a se despedir de Peeta, quando ele a viu. A mulher de cabelos loiros e olhos azuis com suas duas filhas, ela, que um dia tanto amara agora se encontrava nos braços de outro homem, que agora era seu marido:

- Papai? – Peeta o chamou mais uma vez enquanto puxava a camisa do pai. – Por que está encarando aquela menina?

O Sr. Mellark piscou os olhos como se tivesse acabado de acordar de um sonho, ele se agachou ao lado de Peeta e apontou para os quatro Everdeens:

- Você conhece aquela garotinha, Peeta, a que está com o cabelo trançado?

O garoto fez que não com a cabeça:

- O nome dela é Katniss Everdeen. – O Sr. Mellark comentou, ainda com os olhos pousados na mulher loura. – E aquela mulher segurando a garota mais nova é a Mrs. Everdeen.

- E o que têm elas? – Peeta indagou sem entender o argumento do pai.

O padeiro suspirou:

- O que tem é que eu já fui apaixonado pela Mrs. Everdeen, só que ao invés de ficar comigo, ela preferiu ficar com o pai de Katniss, o mineiro.

Peeta franziu o cenho ainda mais confuso do que antes:

- E por que a mãe dessa menina preferiu um mineiro a você?

O Sr. Mellark sorriu para o filho, sempre tão curioso:

- Por que quando o pai de Katniss cantava, todos os pássaros paravam o que estavam fazendo para ouvi-lo. – E então o sinal tocou, o Sr. Mellark envolveu o menino num grande abraço e beijou suas bochechas rosadas. – Boa sorte, Peeta, tenho certeza de que vai ter um dia incrível.

- Você vai vir me buscar, certo? – Peeta choramingou, obviamente ainda não estava muito animado para ir para a escola.

- Certo. Agora vá.

E observou o filho sumir por entre os outros alunos que entravam na escola, ele se virou e foi em direção à padaria ainda com Mrs. Everdeen em seus pensamentos.

Peeta sentiu um arrepio em sua coluna quando pisou pela primeira vez na sua sala de aula, que era um lugar quadrado feito de madeira com várias cadeiras coloridas que formavam uma circunferência, uma escrivaninha no canto e um quadro negro que ocupava quase toda a largura da parede oposta a porta.

A sala já estava repleta de outros alunos, alguns conversavam entre si alegremente enquanto outros se encontravam sentados em uma das cadeiras coloridas esperando que algo acontecesse.

O menino decidiu se sentar e logo procurou a cadeira de cor laranja, sua cor favorita, e ficou parado, olhando a movimentação dos colegas com certo receio.

Como queria estar na padaria! Queria estar ao lado do pai e de seu irmão mais velho, ajudando com a massa dos pães ou então decorando algum bolo com o seus desenhos de glacê.

Enquanto  observava quatro de seus colegas de sala brigarem entre si, a professora, uma mulher alta e esguia com cabelos castanhos avermelhados, que combinavam com seu vestido bege, entrou na sala:

- Muito bem, crianças, agora chega de bagunça e vão para seus lugares.

Alguns alunos demoraram a obedecer ao pedido, mas aos poucos, o centro da sala foi ficando livre.

A professora olhou para eles com um ar de doce e receptivo:

- Bem vindos, alunos! – Ela começou, indo para o centro da sala. – Como estão hoje, no primeiro dia de aula?

Com medo, era isso que Peeta queria responder, ou “quero ir para casa”, mas sabia que sua mãe não ficaria nada contente se soubesse que dissera aquilo, então resolveu continuar no silêncio juntamente com o restante da turma:

- Sei que não é fácil enfrentar o primeiro dia, afinal, vocês estão longe dos seus pais e de suas casas, então vamos começar com algo bem divertido, como cantar. – A professore se sentou no chão casualmente, tentando passar aos alunos um ar mais descontraído. – Alguém conhece alguma canção e gostaria de compartilhar?

Todos olharam para os lados, tentando localizar alguma alma corajosa, mas nenhuma mão havia sido posta no alto.

Segundos se passaram, entretanto para Peeta pareciam décadas, ele olhava para a professora com medo de que ela o chamasse para se apresentar, mas ele não sabia cantar, o que faria na frente de tantas pessoas o encarando?

Mas foi então que uma mão balançou no ar.

Todos, inclusive Peeta, olharam para o dono desta com curiosidade, quem seria a pessoa que havia se voluntariado?

Não era dono, mas sim dona. E não qualquer dona, mas a garotinha das duas tranças marrons, Katniss Everdeen, que o pai apontara mais cedo. Peeta não havia notado que a garota estava na mesma sala que ele, na verdade, estava tão nervoso que nem notara a presença de ninguém, todos os seus colegas eram pessoas sem rosto.

A professora sorriu para a garotinha Katniss, encorajando-a:

- Ah, vejo que temos alguém! Qual o seu nome, minha querida?

A garotinha olhou para a professora desconfiada, sua testa vincada, sua reação fez Peeta sorrir por um momento:

- Katniss Everdeen. – Ela respondeu depois de algum tempo.

- Muito bem, Katniss, por que não canta para nós?

Katniss olhou por alguns instantes seus colegas, seus olhos cinzentos percorriam a sala rapidamente até pararem na professora, a garota respirou fundo, fechou os olhos, e por fim, começou a cantar.

No momento em que o som doce e cheio de melodia saíra de sua boca, Peeta sentiu uma calmaria do tamanho de uma bola de neve gigante atingi-lo, a afinação da garota era tão bela que o menino pensou que Katniss fosse um anjo, um anjo que cantava tão lindamente quanto os pássaros que sempre gostara de escutar. Algo na voz dela fez seu coraçãozinho bater mais rápido que o normal, suas mãos suarem e ele ficar com um sorriso bobo nos lábios, apenas se deliciando com o momento prazeroso que o som da voz de Katniss lhe proporcionava.

Peeta notou que nenhum outro som se misturava com a voz angelical de Katniss, até mesmo os pássaros, que estavam parados numa árvore próxima a janela, pararam com suas próprias melodias para ouvir a garota cantar. Mas também, como não parariam para admirar um ser que canta tão bem quanto eles próprios?

Katniss, que não abrira os olhos uma só vez durante sua cantoria, deu um ultimo suspiro e terminou de pronunciar a ultima nota de sua música, cedo demais, para Peeta.

Ele queria mais, queria que ela cantasse o dia inteiro, a noite inteira, queria que Katniss cantasse para sempre!

A professora bateu palmas totalmente pasma, os alunos aos poucos se recuperavam do espetáculo e a acompanhavam sem palavras enquanto Katniss se sentava de volta na cadeira verde:

- Isso foi lindo, Katniss, obrigada por compartilhar seu talento conosco!

Não, não foi apenas lindo, foi estonteante, magnífico, único.

Perfeito.

E durante o resto do dia até a hora da saída, Peeta só havia pensado em Katniss, a observara a distância, e cada vez que seus olhos se encontravam, mesmo que por alguns instantes, o coração de Peeta já disparava, o medo, a agonia de estar longe do pai, já não mais o incomodara, agora somente um sentimento totalmente inédito tomava conta de seu corpo, ele não sabia o que era, apenas sabia que o sentia com mais intensidade quando olhava para Katniss.

 Durante o trajeto do Sr. Mellark rumo à escola para buscar o filho, notou que este encarava a garotinha, Katniss, ir para casa na companhia do pai:

- E então, Peeta, como foi seu primeiro dia de aula? – Ele perguntou ao filho.

Peeta, que já estava perdendo Katniss de vista, olhou para o pai e abriu um sorriso:

- Foi incrível... Falta muito para vir o segundo dia? – Ele logo indaga ao pai, cheio de esperança, os olhinhos brilhando só de pensar que veria Katniss novamente.

O Sr. Mellark sorriu de volta para o filho, entendia pelo que o garoto passava, e apenas respondeu:

- Não se preocupe filho, ele virá logo.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Comentem, a opinião de vocês é importante para mim *-*
Beijos e até dia 13!