Castle Walls escrita por letter, Miller


Capítulo 2
I - Keep Real


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo feito em conjunto, então esperamos que gostem c:



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Então, tão de repente quanto o havia abraçado, Katniss recuou. Afastou os braços do pescoço de Peeta e se ergueu do chão, as lágrimas ainda caindo por seus olhos tristes.

Abraçou as próprias pernas sem nunca erguer os olhos para ele. Não queria que ele visse o quanto sentia sua falta.

Não suportaria saber que ele se distanciaria sem se importar.

Peeta soltou um suspiro trêmulo antes de sentar ao seu lado, fitando-a em silêncio.

- Eu estou bem – Katniss disse, mais para si mesmo do que para ele, tentando fazer-se assimilar o que dizia. – Eu estou bem – repetiu, a voz rouca pelo choro.

- Não, você não está – Peeta disse suavemente, fazendo-a finalmente erguer os olhos.

Ele a encarava estranho, quase carinhosamente. Por um momento Katniss sentiu-se sem medos outra vez.

Porém os olhos de Peeta escureceram e confusão inundou seu rosto.

Peeta colocou as mãos na cabeça, como se estivesse com dor. Katniss sabia que aquilo era efeito das lembranças modificadas, sabia que ele sofria toda vez que sua mente entrava em conflito. E sabia que a culpa de tudo aquilo era sua. Porque se Peeta estava quase louco, era por sua causa. Sendo assim então talvez ele estivesse certo em se afastar. Porque tudo o que ela conseguia fazer era destruir. Destruir e levar pessoas inocentes junto consigo.

Katniss ergueu-se de um pulo, afastou algumas lágrimas teimosas de sua face e olhou uma ultima vez para ele antes de caminhar em direção às escadas, querendo mais do que tudo sumir em seu quarto.

- Oh, aqui está você – Haymitch irrompeu pela porta, olhando para Katniss com uma sobrancelha arqueada e estava, obviamente, bêbado.

Haymitch fechou a porta e percebeu Peeta ainda sentado no chão, as mãos na cabeça. Voltou a olhar para ela como se nada estivesse acontecendo.

- Sua mãe me ligou e disse que vai telefonar para você daqui a pouco – ele comentou com a voz um pouco engrolada, tropeçando nos próprios pés ao se encaminhar até o sofá. – E que é para atender.

Katniss concordou com um pequeno aceno de cabeça antes de subir as escadas rapidamente, indo até seu quarto e encostando a porta ao passar.

Quase imediatamente o telefone que havia em seu quarto soou, estridente, em seus ouvidos.

Muito lentamente ela foi até a mesinha ao lado de sua cama onde estava o aparelho.

- Alô – disse em voz rouca por causa do choro.

- Katniss – a voz de sua mãe soou preocupada. – Porque não atende? – ela perguntou e Katniss soltou um longo suspiro. A verdade era que não sentia necessidade de falar com ninguém, a solidão parecia bem menos dolorosa.

- Desculpe – Katniss falou, sem ter certeza do porque estava pedindo desculpas.

- Está tudo bastante corrido por aqui, você não acreditaria na quantidade de pessoas que procuram o hospital... – sim, ela acreditava, especialmente pelo fato de que nenhuma dessas pessoas havia tido condições de se atender em um anteriormente.

O pensamento a deixou enojada.

- Mãe – ela começou. – Eu vou tentar dormir, outra hora... outra hora nos falamos – e mesmo ela não sabia se iria atender o telefone da próxima vez.

- Tudo bem – ouviu o suspiro de sua mãe. – Eu te amo.

- Também.

Soltou o aparelho novamente sobre a mesa e tirou os sapatos antes de se atirar sobre a cama. Sentia-se tão cansada, as noites não lhe traziam descanso algum com seus pesadelos horripilantes e desgastantes.

Fechou os olhos pensando ‘que eu não sonhe nada, por favor, que eu não sonhe nada’.

Porém de nada adiantou. Novamente estava na floresta, seus passos ecoando na relva e ela sabia que precisava parar de fazer tanto barulho, pois estava sendo seguida.

Ao seu lado se encontrava Peeta, tão silencioso quanto uma sombra ele sorria maniacamente para ela.

- Não faça tanto barulho Katniss, eles vão nos pegar – ele dizia no momento em que uma flecha cruzava seu peito.

O próprio grito foi o que a despertou.

Ao abrir os olhos e se deparar com o frio olhar de Peeta lhe fitando, Katniss imaginou ainda estar presa em um de seus pesadelos.

- Como você dorme? – perguntou ele friamente.

Katniss piscou algumas vezes, tentando forçar com que a pergunta fizesse sentido em sua mente enevoada pelo sono.

- Se você viu coisas... Coisas horríveis.

Embora Peeta a olhasse, Katniss percebeu que ele não a via realmente.

- Como você dorme se tem essas coisas na sua cabeça?

Katniss esperou que ele continuasse falando, mas Peeta nada disse, ele piscou uma vez e pareceu colocar pela primeira Katniss em seu foco. Uma sombra de um sorriso se abriu em seu rosto.

- Boa Katniss – Peeta que estava sentado de encosto ao parapeito da janela se levantou, e tão silenciosamente quando entrou, saiu.

Passaram-se segundos, talvez minutos ou horas – não era difícil para Katniss perder a noção do tempo – até que ela decidiu que a última cena, definitivamente não fora um sonho.

Levantou-se da cama de vagar, sentindo o vento frio de inverno que provinha da janela abraçá-la. Não se lembrava de ter aberto a janela alguma vez desde que voltara para o Distrito 12, aquilo sem muitas sombras de dúvidas fora obra de Peeta.

Automaticamente forçou seus pés se arrastarem até lá, e obediente eles foram. Apoiou os braços no parapeito da janela, puxando uma lufada de vento frio para seus pulmões. Estava no Distrito 12, estava em casa. Quantos meses pedira em segredo em seu coração para que esse momento voltasse a acontecer? Mas mesmo em casa, nunca sentia-se mas só do que antes. Faltava alguma coisa. Algo não se encaixava como deveria. Falta Prim e Gale. Até sua mãe faltava. E principalmente, faltava Peeta.

Nunca estaria em casa de verdade, percebeu Katniss naquele momento. O reinado de Snow pode ter caído, mas ele se certificara de levar para baixo, junto com ele, tudo para o qual Katniss vivia.

Quando abandonou seu quarto, Katniss não se incomodou em ascender qualquer luz, sabia muito bem fazer o caminho que queria de olhos fechados. O fazia quase todas as noites. Saía de seu quarto, descia as escadas, vagueava pelo jardim, e observava a silueta inquieta de Peeta, andando pelo seu quarto no segundo andar de sua mansão. Katniss se sentava no gramado de Peeta, e observava por horas a finco através da vidraçaria de Peeta. Gostava de imaginar que quando amanhecesse o dia, sairia de dentro dessa casa seu garoto do pão, o que conhecera na pré escola e se apaixonara após os Jogos Vorazes. Não o Peeta em recuperação que a Capital devolvera.

Mas nessa noite Katniss não viu a silueta de Peeta através da janela. Lá estava seu garoto do pão, sentado sobre a soleira de sua porta, fitando as estrelas com o rosto solene.

Cautelosamente Katniss se aproximou.

- Eu não durmo – murmurou ela andando até ele com as mãos dentro dos bolsos – Apenas fecho os olhos por obrigação.

Peeta desviou sua atenção do céu estrelado, e colocou seus olhos em Katniss.

- Coisas horríveis também ficam em minha cabeça – disse ela por fim.

- Sei que ficam – respondeu Peeta em resposta – Passamos pelas mesmas coisas, apenas por formas diferentes.

- E o que você faz quando não consegue dormir? – indagou Katniss.

- Pães.

Katniss soltou uma risada nervosa, já não sabia como rir naturalmente. Mas não era assim tão difícil imaginar Peeta cheio de farinha em plena a madrugada, isso explicava os misteriosos pães que apareciam sobre sua mesa quando acordava para prepara seu café preto. Até Peeta abriu um mínimo sorriso diante dessa.

Peeta se levantou e esticou uma das mãos para Katniss. Ela não sabia o que esse gesto queria dizer.

- Você já tentou me ensinar a caçar, se eu forçar bem a memória consigo me lembrar disso.

Katniss franziu o cenho.

- E também, passa da hora de você aprender a fazer pães. Vizinhos meus precisam saber cozinhar.

A sombra de um sorriso brotava aos lábios de Katniss. Ao pegar as mãos de Peeta, ela não desejava mais do que apenas que esse momento continuasse, e que se mantivesse real.



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Notas finais do capítulo

Como foi meio a meio, queremos muito saber a opinião de vocês, parceria dando certo? Ou muito precisa ser melhorado? Não deixe de dizer o que acharam sobre tudo :* Obg pelos reviews do prologo, ficamos super felizes *-*