O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 36
The Knife Girl


Notas iniciais do capítulo

A morte da Clove é nesse cap *snif*



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– Prometi a Cato que se você ficasse por minha conta, faria um bom show.

Eles só querem um bom show, escuto minhas próprias palavras. Katniss tenta inutilmente se mexer e soltar-se dela, tenta mordê-la, mas apenas recebe mais golpes de volta ao chão.

– Esqueça, 12. Vamos te matar. Assim como aquela menininha ridícula e pequena, qual era mesmo o nome dela? Rue? Bem, primeiro Rue, depois você. O que acha disso? Por onde eu começo?

Ela começa a cortar fora os lábios de Katniss. Vê-la mutilada em seu enterro me apavora. Como me arrependo de, ao invés de me divertir na floresta com Katniss, falar tanto da Capital e não aproveitar sua companhia ao seu lado. Talvez eu descobrisse antes que gostava dela. Agora mesmo ela, a Capital retirara de mim.

Thresh já chegara e tentara pegar sua mochila sem ser percebido. A menção de Rue deixa seus olhos cheios de raiva. Ele solta a espada e pega clove pelos cabelos, forçando-a a olhar para seu rosto. Clove se desespera e começa a gritar, seu pânico não permite que ela retire uma faca da jaqueta e mate Thresh. Ele a sacode e depois a joga com força no chão.

– O que fez com aquela garotinha. Você a matou? – Seu rosto já furioso, se contorce mais com uma nova ideia. – Você a cortou, que nem iria fazer com ela?

– Não! Não, eu... Cato! Cato! – Chama ela, ao ver uma pedra enorme em mãos de Thresh, que abandonara a sua espada. Como Clove sempre fizera, matara suas vítimas com muita dor e lamúria, é o que a espera a seguir.

Cato escuta os gritos e prontifica sua espada.

– Clove! Clove, estou chegando! Clove, responde!

Clove não respondeu. A pedra bateu com força em sua têmpora. Fora um único golpe, não há sangue, mas fora fatal. Seu corpo está imóvel e vejo sua respiração fraca e um detalhe triste: Uma última lágrima que escorre por seu rosto. Peeta não pode salvar Katniss, e nem Cato salvar Clove. Ela não pode ser salva.

– O que ela quis dizer quando disse que Rue era sua aliada?

– Eu.. Nós fizemos uma parceria. Explodimos os suprimentos. Eu tentei salvá-la mas... – Ela gagueja – Mas o distrito 1 chegou antes de mim, disse ela, com os olhos marejados.

– Você o matou?

– Matei. E cantei para ela antes de dormir. E a enterrei com flores.

– Dormir?

– Quando ela estava morrendo. Cantei até ela morrer. Seu distrito... me mandaram pão. - Ela esfrega o nariz e sua voz sai rouca - Seja rápido, Thresh. Certo?

– Vou deixar você escapar, 12. Só dessa vez – diz ele, lentamente. – Por Rue.

Cato chegara na planície e encontrou Clove. Com seus últimos gemidos de dor. E escuto-o gritar seu nome.

– Clove! Fique.. Fique comigo, Clove!

– Melhor correr, Garota em Chamas!

Cato ignora Thresh enquanto este some com ambas as mochilas floresta adentro, agachado ao lado de Clove ele implora:

– Clove, fique comigo. Eu não posso vencer sem você.

E Clove apenas segura sua mão com a força que pode, até sua respiração parar, o canhão soar e a arena ser invadida por um grito de raiva de Cato. Porque a garota das facas se foi.




Eu nunca vi um carreirista chorar. Até aquele momento. Cato sacudia com cuidado o corpo de Clove para que esta acordasse, mas não poderia. Ele estava sozinho agora, como todos os outros carreiristas. Mas ele é diferente: Não foi o tempo todo. A garota das facas sempre esteve lá, um apoiando ao outro mesmo sabendo que, indiretamente, abriram mão de suas próprias vidas. O corpo inerte dela jazia em seus braços com tal delicadeza de um anjo. E, de qualquer forma, agora ela acabaria por ser um. Por mais que deteste os distritos que apóiam a Capital, sempre sinto pena quando os sobreviventes descobrem que foram leais á aqueles que os destruíram. Era assim que Cato estava agora: destruído.

Soltando seus cabelos, Cato os penteava com os dedos e lágrimas corriam livres. Arrumava seu corpo com tal cuidado e encontrara uma faca presa em sua cintura. A faca envenenada, que ela sempre carregava para se defender dos mais fortes, como Thresh. O porquê de não se defender com ela? Clove escolhera Cato como seu anjo da guarda. E talvez fosse isso o que mais o destroçara.

Katniss corre. Corre muito, o sangue escorria por todo o seu rosto, misturado a lágrimas que sei que caíram, seu rosto mostra agonia, ela está chegando a seu destino. Entra no lago e tenta estancar o sangue, mas é muito então o sangue logo inunda as meias. Ela precisa chegar lá, ela precisa entregar o remédio a Peeta. O pior momento já fora, é só ela chegar viva, apenas isso. Apenas uma dose de remédio e Peeta estará bom, poderá cuidar dela. Katniss entra bruscamente na caverna e, cambaleando, retira a mochila do pulso. É uma seringa, apenas uma dose, lutando contra a inconsciência, a palidez faz contraste com o sangue vinho e espesso, assim que Katniss injeta a seringa seus olhos – que já estavam semicerrados – cedem á inconsciência.

As mochilas foram abertas. Foxface encontrara comida e uma evolução: Uma cabana. Seu rosto é indescritível. As noites estão cada vez mais frias de acordo com o termômetro da arena e as lufadas de ar que saem da boca dos tributos. Foxface tirou sorte grande, o frio não é mais um problema. Todos os tributos estavam aquecidos com exceção dela. E além disso, a comida que ela racionava estava chegando ao final e agora ela se manteria por alguns dias se fosse esperta. O que ela é.

Thresh abre a mochila e encontra remédio. Uma bolsa com soro e uma seringa. Thresh, de acordo com Claudius e Caesar fora picado por uma cobra em sua caverna – talvez essa parte tivesse passado quando as entrevistas começaram, e a picada foi ao vivo, portanto eu não vi – e o seu grande porte não permitiu que fosse nocauteado. Mesmo assim, a necrose de sua perna enojava mais do que o ferimento de Peeta. Provavelmente, aquela era uma dose de soro antiofídico montada em um tripé que estava comprimido na mala. Uma grande ideia dos Idealizadores: Thresh não precisou de nada desde o começo dos Jogos. E nem estava precisando até minutos antes do Ágape , quando a cobra o atacou. Então esta armadilha levou-o até o Ágape, onde havia uma armadilha maior. Agora, ele cometeu seu primeiro assassinato. Mas ele defendeu Rue que, mesmo depois de morta, merecia respeito.

Cato está caído no chão, desmaiado. Por que? Não abandonara Clove. O aerodeslizador veio buscá-la e apenas restou a ele a faca envenenada que estava em sua cintura. Aqueles que recolheram seu corpo o eletrocutaram e levaram sua menina. Logo que recobra a consciência, passa a vagar quieto e sem direção, apenas para quando volta a chorar. Nada a traria de volta. Cato estava inconsolável até para buscar vingança contra Thresh. E é assim que termina o dia: Cinco participantes sobrando. Quatro, porque ninguém vive sem seu coração – que eu descobri que mesmo os carreiristas podem ter.



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Notas finais do capítulo

Uma pergunta: O que acham de mudar o nome da fic? Se sim, que nome devo por? Eu pensei em The Hunter's Heart ou algo assim, o que acharam?
Espero que gostem e deixem reviews, recomendações, etc. Porque eu só não postei antes por causa dos poucos comentários e recomendações ):