Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 16
Capítulo 13 - Jornada.


Notas iniciais do capítulo

então ta, como eu disse aqui começa uma nova etapa da vida de isawa, agora ela terá que efetivamente se virar pra retomar seu país!
e como não pode deixar de ser sempre tem alguma pedra no caminho.



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Daneth aguardava pacientemente o homem a sua frente examinar as peças, as jóias tiradas do cofre real de Kyara e levadas pelo grupo de Isawa, já faziam dois dias que eles partiram de Daí-lung com o objetivo de encontrar meios de recuperar o país Houran, o prazo extremamente curto de um ano era como uma corrida onde o sinal de saída já foi disparado.

 

- Realmente são jóias autenticas – informou o homem que analisava as jóias – jóias fabricadas em Daí-lung antes da queda do império.

- Então creio que jóias como essas alcançam um alto preço não é mesmo meu senhor? – Daneth parecia satisfeito.

- Infelizmente meu rapaz, o preço de tais jóias não é tão elevado assim.

 

Uma coisa que Daneth aprendeu com suas andanças pelo mundo é que as pessoas (principalmente negociantes) tendem a querer passar a pena nos outros, não ficaria surpreso se esse homem fosse devoto de Hynnin.

 

- Essas jóias são raridades hoje em dia – argumentou Daneth – dificilmente você as encontrará fora dos cofres de algum nobre ou das ruínas de Daí-lung.

- Mas apesar da raridade tais jóias são praticamente símbolos do antigo império, e como símbolos elas costumam ser rejeitadas por aqueles que possuem dinheiro suficiente para comprá-las, em alguns lugares elas são consideradas amaldiçoadas inclusive!

 

Era obvio que ele tentava comprar as jóias bem barato pra revendê-las por um alto preço, nenhum nobre que tenha bom gosto abriria mão delas por causa de superstições ou opiniões, e Daneth não podia se dar ao luxo de vendê-las barato ou seria um insulto a Isawa.

 

- Creio que já saiba do decreto de Khalmyr não é mesmo?

- Aquele sobre a herdeira que retornou? – perguntou o senhor – todos já sabem, os clérigos de Khalmyr e Marah fizeram questão de divulgar em quase todas as cidades!

- Eu fico imaginando que repercussão terá no futuro os atos da tal de Isawa – comentou Daneth como se não conhecesse a pessoa em questão.

- Ela vai é quebrar a cara! – zombou o homem – o que uma pirralha pode fazer contra um país inteiro? Nos temos a proteção de Azgher!

- E ela tem Tenebra – comentou Daneth casualmente – da ultima vez que esses dois deuses guerrearam deu empate.

 

Uma sombra passou pelo rosto do avalista, ele já percebeu que Daneth queria insinuar algo.

 

- Eu fico imaginando “e se ela vencer?”, tenho certeza que muita coisa vai mudar – continuou o bardo – fico imaginando que talvez ela queira de volta os tesouros de sua falecida mãe.

- Realmente é uma possibilidade – o sujeito já parecia nervoso.

- Então talvez daqui a um ano o preço de tais jóias seja incalculável! Afinal será vantajoso ter algo que a nova imperatriz queira!

Daneth levantou-se da cadeira de repente e tinha um olhar igual a quando se tem uma idéia genial.

 

- Pensando melhor vou segurar essas jóias por mais um ano! Nunca se sabe não é?

Quando Daneth fez menção de deixar a joalheria o homem o chamou.

- Não acha que é arriscado andar com tais raridades por ai? Você pode ser assaltado daqui pra lá ou ter a infelicidade de ser comido por um monstro! – ele estava usando tudo que tinha pra convencer Daneth.

- Você tem razão – Daneth fingiu preocupação – e quanto mais a guerra se aproxima mais perigoso fica, o que o senhor sugere?

- Ao invés de se arriscar por uma possibilidade que tal ter uma compensação real? Podemos negociar novamente.

 

Um sorriso se formou nos lábios de Daneth e ele teve que fazer muito esforço pra não zombar do avalista que acabou de ser enrolado.

Em outro lugar da cidade mais precisamente na praça da cidade o restante do grupo aguardava o retorno do bardo, desde que deixaram Daí-lung essa foi a primeira cidade por onde passaram.

 

- Aquele bardo deve ter fugido com as jóias! – reclamou Vulthar pela demora.

- Deixa de ser venenoso! – revidou Isawa ser perceber o trocadilho – se ele quisesse nos roubar teria pego muito mais na sala do tesouro!

 

Isawa não se incomodaria se ele tivesse desistido de acompanhá-la naquele tempo e optasse por uma boa recompensa, afinal ele já fez mais por ela do que poderia pagar.

 

- Negociar jóias é mais difícil do que parece – esclareceu Turok – eu mesmo já fiz isso com jóias que ganhei como recompensa pelos meus serviços.

- Sério Turok-san? – Isawa se interessou pela historia – e conseguiu um bom preço?

- Um tempo depois eu descobri que só me pagaram 70% do valor real – explicou Turok meio envergonhado – sendo que depois re-venderam pelo dobro do valor real.

 

Não houve como deixar de rir da situação do Turok, Isawa se recriminava por rir da ingenuidade dele mas não conseguiu deixar de pensar que na terra ele tomaria um prejuízo ainda maior.

 

- Então agradeço por me deixarem cuidar das negociações – disse Daneth aparecendo do nada – eu pelo menos descobri que se não me der bem como bardo posso ser comerciante no futuro.

- Pelo jeito você se deu bem não é? – perguntou Isawa.

- Digamos que foi melhor do que eu esperava – respondeu ele mostrando algo que parecia uma maleta feita de couro.

 

Dentro da maleta tinha centenas de peças de metal em ouro, prata e cobre, cada uma era retangular, um pouco mais espessas que moedas comuns e do tamanho de notas de papel e tinham inscrições e símbolos que Isawa não reconhecia.

 

- Ao todo aqui você tem a bela quantia de 300.000 zennys! – gabou-se Daneth com uma cara imponente.

- No meu mundo não temos esse tipo de dinheiro – explicou Isawa – isso é muito aqui?

Os olhares de todos se dirigiram pra Isawa e agora foram eles que riram dela.

 

- Considerando o que dá pra se comprar com um zenny eu diria que nessa maleta tem o equivalente a 900.000 dólares! – explicou Vulthar.

 

O queixo de Isawa quase despencou da cara, ela jamais sonhou em ter tanto dinheiro na vida, mesmo que fosse um dinheiro desconhecido de um mundo desconhecido, e Karin ficou confusa com o termo usado.

 

- Dólares? É o dinheiro do seu mundo nee-chan?

- Mais ou menos Karin – começou Isawa – no meu mundo cada país tem seu próprio dinheiro, mas o dinheiro dos paises mais poderosos pode ser usado em outros paises normalmente.

- E atualmente nenhuma moeda é mais valorizada que o dólar – continuou vulthar.

- Mas mesmo com essa excelente quantia ainda me sinto culpado por negociar as jóias da rainha Kyara – lamentou Daneth.

- Minha mãe ficaria satisfeita se essas jóias puderem me ajudar – consolou Isawa – do que adianta um tesouro num reino destruído?

 

Retirando a expressão triste do rosto ele se recompôs e voltou a sorrir.

 

- Então nada de dormir ao relento e nada de comer besteira, vamos aproveitar! – sugeriu ele.

 

O grupo concordou imediatamente, acampar todos os dias já estava ficando cansativo, optaram por uma pousada em algum canto da cidade que não chamasse atenção.

 

- Sinto que esse dinheiro não vai durar uma semana – reclamou Vulthar como de costume.

- Se isso fizer você feliz podemos comprar uma lebre pra você comer – sugeriu Isawa – eu até compro uma viva pra você ter o prazer de esmagar!

 

Se a cobra pudesse expressava o maior dos sorrisos de satisfação, fazia dias que não comia uma lebre bem gorda e inteira.

 

- Ótimo! E compre umas pra viagem também!

 

Karin foi a única que não gostou de imaginar Vulthar espremendo até a morte uma pobre e linda lebre, ficou enjoada só de pensar.

 

 

******************************************************

 

Menefer retornara a sua terra natal, sentia-se aliava por ver novamente aquela pirâmide e sentir o vento do deserto em seu cabelo, seu dragão Oreades aterrissou no pátio em frente a pirâmide e logo foi recebida por alguém que ela queria muito rever.

 

- Naziah! Meu amor! – ela correu e abraçou o jovem guerreiro.

- Nossa! Isso tudo é saudades? – ele esboçava um sorriso natural.

- Mais que isso, eu já não agüentava mais ficar longe daqui.

- Sinto que essa noite promete né? – Dalap adorava se intrometer.

Menefer tentou agarrar a fada em pleno ar sem sucesso, assim que a pequena fada se foi ela se acalmou.

 

- Sua armadura está diferente, você foi promovido? – perguntou ela admirando os detalhes da armadura.

- Pois é – respondeu ele meio encabulado – ontem o esquadrão que eu fazia parte foi atacado por um escorpião gigante do deserto, metade do pessoal morreu, e eu consegui matar o monstro salvando o resto.

- Então você é um herói! – comemorou ela – agora que você não é um simples soldado meu pai vai parar de implicar com você.

- Quem dera, acho que seu pai quer se livrar de mim – comentou o rapaz triste – ele me botou no comando de um esquadrão e junto com outros 3 esquadrões e um capitão amanhã vamos caçar um dragão do deserto que foi visto recentemente.

- Meu pai enlouqueceu? – gritou ela – um dragão do deserto é quase tão forte quanto um dragão elemental!

- Não temos muita escolha de qualquer jeito, esse dragão pode atacar caravanas em breve ou até mesmo ameaçar nossa tribo irmã do norte.

- Pois eu vou falar com meu pai! Ele não pode fazer isso! – ela já passava por Naziah pra ir a pirâmide.

- se você se meter por minha causa não vai adiantar de nada minha promoção, quem levará a serio um oficial protegido pela princesa? – avisou ele segurando a mão de Menefer – se eu puder completar a missão então ninguém questionará meu valor!

- Seu valor já é inquestionável pra mim – disse ela se encolhendo no peito dele.

 

O rapaz alisou os cabelos da jovem e desejava poder tirar a mascara dela pra poder beijá-la, mas suas crenças proibiam-a de mostrar a face em publico, ela só podia mostrar seu rosto para superiores, parentes, e seus inimigos que deveriam ser destruídos logo após, contentou-se em acariciar as bochechas dela por cima do pano.

 

- Como foi sua missão em Houran? – perguntou Naziah.

 

A simples menção daquele país trouxe a tona lembranças desagradáveis, como tudo que aconteceu a dois dias.

 

- Sendo um oficial agora você logo será informado – respondeu ela – não quero falar sobre isso agora.

 

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa uma clériga de Azgher se juntou a eles, como todos os clérigos dessa ordem ela trazia o rosto coberto por panos e véus e trazia no peito o sol de ouro na forma de medalhão.

 

- Princesa Menefer, seu pai deseja vê-la no templo solar – avisou ela se curvando em respeito.

 

A jovem princesa suspirou, sabia que seu pai a chamava pra gritar com ela sobre a ultima falha, antes doía muito ver a decepção e frustração dele, agora já estava sendo tão comum que não valia a pena se entristecer com isso.

 

- Irei ao encontro do meu pai agora mesmo – avisou Menefer para a serva.

A jovem clériga a saudou numa língua árabe e logo se retirou, Menefer olhou em todas as direções e depois de constatar que ninguém a olhava retirou rapidamente sua mascara e beijou Naziah.

 

- Não ouse morrer pra um dragão do deserto! – exigiu ela – quando voltar da sua missão eu serei sua novamente na cama!

 

A princesa correu para não deixar seu pai esperando, Naziah se sentiu mais poderoso do que nunca ao pensar no premio de sua vitória, se sentia pronto pra encarar uma revoada de dragões.

 

 

****************************************************

 

Saborear um bom prato de comida era algo que Isawa sentia falta, ali na mesa do restaurante ao lado da pousada ela não se sentia tão diferente das outras pessoas.

Claro que não se sentir diferente não amenizava os olhares incrédulos dos outros clientes, na mesma mesa que Isawa Turok devorava vários pedaços de bife, Daneth e Karin comiam cada um ensopado bem grande e aos pés da mesa Vulthar ainda estava com a barriga volumosa por causa da lebre devorada uma hora atrás.

 

- Quanto tempo vai levar pra digerir isso? – perguntou Isawa se referindo ao metabolismo de Vulthar.

- Diferente das cobras comuns até amanhã estarei com meu corpinho sarado e bem definido – brincou a cobra satisfeita.

 

Apenas Isawa entendeu o significado da piada e riu, o resto preferiu ignorar a piada.

 

- Esses livros de magia são interessantes nee-chan! – disse Karin lendo o livro.

- Como consegue entender o que está escrito ai? – perguntou Turok – pra mim parecem só rabiscos e desenhos.

- Essa é a língua arcana que os magos e feiticeiros usam em suas magias – explicou Daneth – se para nós é incompreensível para a nossa pequena Karin ai estão as magias usadas por Kyara.

 

A simples menção do nome da antiga rainha fez algumas pessoas das mesas vizinhas se retirarem, Isawa notou mas preferiu ignorar.

 

- Eu tenho que aprender algumas magias pra ajudar a nee-chan.

- Eu aprecio seu esforço Karin, mas eu prefiro não coloca-la em perigo.

- Mas eu não quero ser inútil!

 

A menina parecia sinceramente triste por ser colocada de lado em algo tão importante.

 

- Então quando você aprender algo desse livro eu quero que você me ensine irmãzinha!

 

Essas palavras foram como um pote de ouro no fim do arco íris pra Karin, ela não se sentia mais tão inútil.

Enquanto isso na recepção o gerente se via doido com as reclamações dos clientes, quase todos exigindo que Isawa fosse expulsa, presa ou até mesmo morta.

- O que diabos te impede de botar aquela amaldiçoada pra fora? – perguntava o filho do líder da cidade.

- Diabo não, algo pior, o grande Khalmyr decretou que ninguém deve encostar nela a menos que a mesma faça alguma coisa.

- Então invente alguma coisa oras! Diga que é proibido entrada de animais, crianças ou sei lá o quê!

- Mas eu não posso acusá-la de algo que não fez! Caso contrario posso estar atraindo a ira não só de Khalmyr como de Tenebra!

 

Em meio a essa tensão toda um dos três guardas que vigiavam Isawa de longe perdeu a paciência, mesmo sobre os protestos dos companheiros ele foi até a mesa onde o grupo almoçava.

 

- Algum problema seu guarda? – perguntou Isawa ao notar o homem parado ao lado dela.

- Você é o problema – respondeu ele rispidamente.

 

O comportamento e o ar de superioridade daquele homem irritavam Isawa profundamente, e ele ainda ficava segurando o cabo da espada como se quisesse demonstrar estar preparado pra tudo.

 

- Se eu fiz algo errado por favor me avise – continuou Isawa lutando pra manter a calma.

- De errado já fez só de nascer – provocou o homem – mas se for ao meu quarto quem sabe possa pra algo bem mais interessante.

 

Normalmente quando algum idiota fazia esse tipo de piada ou proposta Isawa simplesmente socava o infeliz, depois de descobrir ter sangue de dragão ela entendeu por que eles caiam e não mais levantavam.

 

- Você deve estar muito necessitado – respondeu Isawa – mas apesar de saber lidar com coisas mortas eu não sei se posso fazer algo por isso.

 

Ela disse a ultima parte olhando diretamente pro meio das pernas do homem, ficou evidente do que ela se referia e muitas pessoas presentes riram.

E com o sangue fervendo completamente o homem estapeou o rosto de Isawa usando as costas da mão, como ele tinha uma manopla de ferro logo um filete de sangue escorreu pelo canto da boca de Isawa.

Foi tão rápido que ninguém viu, num segundo Isawa já esganava o homem usando só uma mão o pressionando contra uma parede, o erguia do solo cerca de 15 centímetros e parecia rosnar bem baixo.

 

- Alguém.... mata ela.... – pedia o homem com a voz quase sem sair.

 

Karin estava muito assustada pra fazer qualquer coisa, Daneth tentou se levantar mas Turok o deteve.

 

- Se nossa princesa quiser esse homem morto devemos deixá-la se divertir.

- Ela está preste a fazer uma besteira! – Daneth falava enquanto o homem já ficava roxo.

Os olhos de Isawa estavam amarelos e demonstravam uma frieza incomum, logo ela se transformou parcialmente em sua forma draconica, quando o homem já não respirava mais Isawa o largou e ainda transformada ela simplesmente saiu do restaurante sendo seguida pelos companheiros incrédulos.

 

 

***********************************************

 

O templo central da ordem de Azgher fica bem embaixo do enorme globo cristalino que ilumina e aquece a cidade durante a noite, o templo que mais lembrava uma pirâmide também ficava no centro da cidade, lá os numerosos clérigos de Azgher se reúnem para discutirem assuntos importantes, receber as mensagens divinas do seu deus ou para celebrar missas e festividades, os clérigos também eram membros do conselho da cidade e por isso era certo afirmar que eles representam o poder que comanda o país do deserto estando abaixo apenas do sacerdote e do faraó.

Alias era justamente o faraó que Menefer procurava ao adentrar o templo, sendo convocada logo após retornar só significava que sei pai exigia explicações pro que aconteceu recentemente, como de costume ele estava sentado no grande trono que quando não era ocupado por ele era ocupado pelo sacerdote.

 

- Princesa Menefer, posso saber o que a levou ao fracasso mais uma vez? – questionou ele.

 

A jovem ajoelhou-se diante do pai com a cabeça baixa em sinal de respeito e vergonha.

 

- Vários fatores conspiraram para a vitória dela, inclusive minha fraqueza – ela admitiu mais para si mesma que para o pai.

- E a sua fraqueza nos custou uma vitória absoluta, pela terceira vez! – gritou ele furioso – agora não só a filha das trevas como todos os seguidores da deusa da noite ganharam tempo pra se erguerem e se prepararem!

 

- Meu pai, se as forças das trevas se rebelarem nós devemos combatê-las cara a cara, não importa o quanto a escuridão cresça, o poder de Azgher é supremo e eterno!

- Não seja ingênua! – gritou ele se pondo de pé – Tenebra não é fraca, e vários deuses malignos a apóiam, quando atacamos Daí-lung tivemos um mês para nos prepararmos e mesmo assim metade do nosso exercito pereceu e como você já sabe Isawa escapou com vida naquela ocasião.

 

A grande guerra que derrubou Daí-lung também custou caro as nações que se rebelaram contra Kyara, após a queda do império vários rebeldes se rebelaram tentando retomar aquilo que era deles por direito, mas sem um líder que pudesse leva-los a vitória a guerra se estendeu por um longo ano de batalhas e perdas, ironicamente agora Isawa tinha um ano para juntar força e um mês pra retomar o que é seu.

 

- Você jamais deveria ter aceitado o tratado de paz! Você a tinha em suas mãos e deixou que escapasse!

- Mas pai! Como eu poderia recusar algo que nosso deus aceitou? Como eu poderia manchar a honra daquele que nos ensina sobre honra e orgulho?

- Azgher só aceitou tal tratado justamente por ser generoso, nobre e honrado! Ele é tão nobre que concedeu ao inimigo uma chance de se defender, mas nós não devemos permitir que os seres das trevas se aproveitem da bondade do nosso lorde, com ou sem vergonha você deveria ter seguido em frente e lutado!

- Isso que me pede vai contra tudo que me ensinou pai – avisou Menefer envergonhada – eu estaria me rebaixando a covardia.

- Vá embora e encontre uma solução para seu erro! – exigiu o faraó furioso.

 

Ele nem mesmo percebeu que lagrimas escorriam dos olhos de Menefer, atendendo ao pedido ela se retirou para seus aposentos, o faraó enfurecido socou seu trono em frustração.

 

 

************************************************

 

A depressão tomava conta de Isawa completamente, ao chegar no quarto sua forma reverteu para a forma humana e não se lembrava de ter matado aquele soldado esganado mas tinha a nítida sensação de que algo de ruim acontecera, somente depois de muita insistência que seus amigos lhe revelaram o que aconteceu.

E ao saber como matou um homem com tanta frieza ela se sentiu um monstro completo, nem mesmo com o consolo de que ela perdera a razão temporariamente conseguiu aplacar a culpa, e tudo isso apenas dois dias depois de ser proibida de causar problemas.

Turok era o único que não estava ao lado dela, o licantropo preferiu ficar montando guarda fora do quarto no meio da sala, se alguém tentasse levar Isawa presa teria que passar por cima dele, os outros continuavam com Isawa mesmo quando ela exigia ser deixada sozinha.

 

- Nee-chan... fala comigo.

- Vá embora Karin, não quero matá-la por alguma besteira – pediu Isawa deprimida.

- Você não é assassina Isawa, não vai matar ninguém – Daneth falou com um raro tom carinhoso.

- E o que me diz daquele homem? Ele não morreu sozinho.

- Você não o matou, foi o dragão dentro de você que o matou – continuou o bardo – a Isawa que eu conheço não mataria ninguém.

- Aquele monstro sou eu! – gritou ela – minha outra metade, a metade que esgana um homem apenas por causa de um tapa!!!

 

Daneth e Karin pensaram em dizer algo, mas a porta do quarto se abriu e por ela entrou Turok acompanhando de um homem de meia idade usando uma armadura branca e vestindo uma capa azul escura, era um homem perfeitamente alinhado, no peito trazia o símbolo da balança sobre a espada.

 

- Procuro Isawa – informou o homem serio.

- Veio pra me levar pra prisão? – perguntou ela se sentando na beira da cama.

- Se eu disse “sim” você aceitaria?

- Certamente, um monstro como eu não pode ficar solto – respondeu ela.

 

O homem deu um meio sorriso, algo parecia agradá-lo.

 

- Eu não aceitaria – informou Turok altivo – se tentasse levar minha princesa eu o partiria ao meio com isso – disse ele mostrando o machado.

- Sabe que sou um clérigo de Khalmyr e juiz responsável por essa cidade não sabe?

- Eu atacaria o próprio Khalmyr se isso pudesse ajudar minha princesa!

- Por favor Turok, ninguém precisa pagar pelo meu crime alem de mim – disse ela triste e ao mesmo tempo feliz com a lealdade dele.

- Antes de condená-la por um crime preciso saber se realmente houve um crime, pode me contar o que houve?

- Eu matei ele simplesmente, apenas por um tapa na cara – ela respondeu derramando mais uma lagrima.

- Eu vejo que isso é verdade, sua “cor” não mente.

 

Uma das habilidades dos clérigos de Khalmyr era perceber a verdade ou mentira, os mais fracos sentiam apenas uma leve desconfiança, os mais fortes podiam dar cor a aura de uma pessoa e determinar se ela mentia ou dizia a verdade, no caso a aura azul de Isawa indicava que ela dizia apenas a verdade.

 

- Antes de vir aqui eu investiguei o crime no próprio local, interroguei todos os presentes e a maioria deles a acusou de matar aquele soldado por nada, que você num acesso de fúria tentou atacar inocentes e ele corajosamente os protegeu ao custo da própria vida.

- Mas que mentira deslavada! – reclamou Karin – a nee-chan não fez nada! Ele é que a provocou.

- Eu sei disso também, era obvio que era mentira, quase fiquei cego com a aura vermelha da mentira deles, alem disso só de olhar o estado dela da pra ver que a culpa já a castigou.

 

O clérigo satisfeito ia se retirar quando Isawa o chamou.

 

- O senhor não vai fazer nada?

- Vou sim, vou prender alguns dos mentirosos por tentativa de obstruir a justiça e também o cozinheiro por servir batatas estragadas.

- E quanto a mim? – perguntou Isawa preocupada.

- Um lobo não pode ser acusado de matar um caçador que invada seu território e ameace suas crias, você não pode ser culpada por nascer meio-dragão e perder o controle, mas se deixar que seu lado selvagem a domine novamente não escapará uma segunda vez.

 

De forma altiva como entrou ele se foi, o peso que recaia sobre Isawa diminuiu apenas um pouco.

 

- Viu só nee-chan? Eu sabia que você era inocente.

- Culpada ou não eu cometi um erro, mas eu vou garantir que isso não aconteça nunca mais.

- Não prometa o que não pode cumprir – sibilou Vulthar se manifestando pela primeira vez – quero só ver sua primeira TPM agora que seu sangue de dragão despertou.

- Onde você estava esse tempo todo? – perguntou Isawa furiosa.

- Embaixo da cama digerindo minha refeição, como espera que eu voe com o estomago cheio?

- Quer dizer que enquanto eu estava passando pelo maior dilema de consciência você estava descansando tranquilamente embaixo da cama?

- Como se eu fosse esquentar cada vez que você der um chilique – respondeu ele displicentemente – agora arrume suas coisas, depois dessa confusão é melhor ir embora.

- E pra onde nós vamos agora? – perguntou ela.

- Procurar alguém que possa lhe ensinar a lutar e a controlar seus poderes, como o tempo é curto só consigo pensar no Shinmon.

- E quem é esse ai? – ela não recordava de já ter ouvido esse nome em momento algum.

- Um dragão azul escroto amigo do seu pai – respondeu Turok – ele costumava visitar o Zariesk ocasionalmente, sempre lutavam e depois saiam pra beber nos bares de Daí-lung.

- Típico de machos, imagino como deve ser a testosterona de um dragão – reclamou Isawa.

- E onde podemos encontrar esse dragão azul? – questionou Daneth.

- Nas cordilheiras que separam o país e o deserto, podemos chegar lá em 3 dias.

- Agora eu vou ter aulas com um dragão? Já não basta ter um pai dragão?

- Tomara que ele ainda lembre de você, afinal ele é seu padrinho.

- O QUE???? – definitivamente Isawa não entendia sua família.

 

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

heheheheh tenho que informar que shinmon é baseado num amigo meu muito sacana, por isso ele faz questão de me atormentar pra coloca-lo na fic!
tambem queria avisar que tem imagens novas da fic no meu orkut, nem todas são fieis é claro, são imagens que mais se aproximam da ideia original dos personagens pra ajuda-los a compreende-los.

http://www.orkut.com.br/Main#Album.aspx?uid=642106685910403565&aid=1237541489