Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 31
Capítulo 31 - Certo ou errado?


Notas iniciais do capítulo

Quem quiser colocar essa música http://www.youtube.com/watch?v=7YDcS_F8nL8 pra tocar quando eu dar o sinal, não vai se arrepender, ok?



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–Essa é para a garota do Renato – e eu já tava quase caindo para trás, pra frente, pro lado, tava caindo e continuando em pé. - Ou a garota do cachorro, como eu gosto de chamar. A garota que eu prefiro.

Então os acordes bem familiares da música começaram a tocar. Timidamente e que logo começaram a tomar o controle da multidão e eu sorri instantaneamente.

(N/A: TODO MUNDO APERTANDO O PLAY AGORA! Ok, todos cantando, tá?)

Tenho andado distraído, impaciente e indeciso... – Eu fiquei na ponta dos pés, o que é muito difícil quando se está de sapato alto, mas tinha um cara de cabeção na minha frente que não ajudou nada. – E ainda estou confuso só que a gora é diferente...

Meus olhos lacrimejaram sem que eu sentisse ou controlasse. Estou parecendo aquelas menininhas americanas no baile de formatura, não é?

Mas... MEU DEUS ELE TINHA A VOZ DO RENATO! Vocês leram isso? E eu tinha deixado aquele homem escapar. Vocês acreditam nisso? Renato Russo em uma versão jovem e de olho azul.

O cara alto e cabeçudo deu um passinho para trás e eu pude vê-lo ali em pé, perfeitamente ali. Com o violão atravessado no corpo, concentrado no microfone a sua frente, como se nada ao redor existisse. E não precisou que ele abrisse os olhos para que eu me sentisse tola como há um ano atrás.

Sou tão tranquilo e tão contente...

Prendi a respiração.

Quantas vezes desperdicei quando eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém – Ele abriu os olhos timidamente. Balançando o corpo de maneira suave ao ritmo da música. Eu sorri sem notar, já o acompanhando também.

Me fiz em mil pedaços pra você juntar e queria sempre achar explicação pro que eu sentia. – Ele já estava mais solto e já batia o pé, balançava o corpo e sorria para a pequena multidão de convidados da noiva. - Como um anjo caído fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira.

Engoli em seco relembrando de cada trechinho. Lembrando tudo aquilo que eu prometi que esqueceria. Se eu olhasse as entrelinhas daquela letra eu poderia imaginar o quão significativo era aquilo tudo.

Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo.

A pequena multidão já cantarolava junto.

Já não me preocupo se eu não sei por que. Às vezes, o que eu vejo quase ninguém vê

e eu sei que você sabe, quase sem querer que eu vejo o mesmo que você.

E eu poderia jurar que tal frase fazia pleno sentido. Ao menos para ele.

Tão correto e tão bonito o infinito é realmente um dos deuses mais lindos!

Ele sorria de forma tão cativante. E mesmo estando encolhida atrás do homem do cabeção agora eu quase poderia sentir seu olhar me procurando de maneira recatada.

Sei que, às vezes, uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Livros de auto-ajuda. Lembre dos livros de auto-ajuda. Lembre. Lembre Marina.

Me disseram que você estava chorando e foi então que eu percebi como lhe quero tanto.

TANTO DINHEIRO GASTO NOS LIVROS!!

Como eu gostava tanto e queria tanto aquele filho de uma mãe. E mesmo agora, ele de olhos fechados cantando as ultimas partes da música minha mente não parava de criar ou colecionar mil e uma qualidades e defeitos que eu adorava e aceitava nele.

Já não me preocupo se eu não sei por que. Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê e eu sei que você sabe, quase sem querer que eu quero o mesmo que você.

Agora eu era movimentada pela multidão. Estava simplesmente me deslocando por cá e lá. Saindo do meu esconderijo, ele finalmente me notou. Seus olhos azuis eram cegos pelos flashs de luzes coloridas. Ele sorria enquanto tocava a ultima parte da música. O violão contra o corpo. Fechou os olhos, mordeu os lábios e deixou que seus dedos dedilhassem pelas cordas.

Agora eu entendi o que a Gabi quis dizer quando disse que eu realmente não notava as coisas ao meu redor. Ele tocava tão bem e eu nem tive a oportunidade de exigir que ele cantasse nem atirei o pau no gato pra mim. Ok, já estou parecendo uma velha indignada com a vida.

Mais algumas músicas foram tocadas, umas do estilo de Matt, que eu tinha certeza que tinha sido ele que exigiu (o que me fez lembrar o fato de que ele escondeu isso de mim) e mais algumas de MPB ou rock clássico.

Estava acabando With a Little help from my friends e eu estava tentando me afastar daquele bolo de pessoas que me sufocavam. Quando uma mão me puxou pelo punho e então o rosto conhecido me fez suspirar aliviada.

–Esse é o Diego? – Eu balancei a cabeça envergonhada. – Você não tinha me dito o quanto ele era bonito, filha.

–Mãe!

–Ora meu bem. – Ela ajeitou meu cabelo. – Vai lá e não o deixe escapar.

Tentei balbuciar algo em resposta. Suas mãos macias seguraram meu rosto.

–Lembra o que você me disse? Quando seu pai nos deixou? – Engoli em seco. – “Corra atrás da sua felicidade” não era nosso lema? Pois bem. Não deixa a sua fugir.


–Eu não deixei – disse mais próxima ao seu rosto, para que ouvisse, olhando diretamente para o palco, eles acabavam de acenar em despedida. O show tinha acabado. – Eu tentei pegá-la. Mas há certas coisas que a gente deixa ir, porque é o melhor a ser feito.


–Mas ele não é uma delas!

Mordi os lábios. Dizem que palavra de mãe é como macumba e a minha não era diferente. Se ela falou que daria errado, vai dar. E se falou para eu fazer algo, é porque realmente era para ser feito.

–Mina! – ela gritou meu apelido infantil e eu virei, meio envergonhada – Não vou esperar você, ok? Só lembre da camisinha e de voltar pra casa, se possível, antes do almoço. Eu te amo.

Eu corei tanto, mais tanto que se duvidasse eu tava sendo confundida com a Po dos Teletubbies.

–Mãe... – ri sem graça e ela piscou um dos olhos e movimentando os lábios, acompanhando o som da música que infelizmente tocava era uma antiga pros mais... antigos.

Abra suas asas... Solte suas feras – e rolava até dançinha dela. Eu acenei para ela, movimentando os lábios num “eu também te amo, mamãe” e segui meu caminho até onde eu achava que era a coxia do palco.

Diego estava envolvido num abraço quádruplo e durante o mesmo eu percebi os cabelos loiros de Daniel. Imaginei o quanto eles gostavam de fazer o que fazem e quanto utópico isso parecia aos olhos de quem olhava e julgava.

Sou realista, está bem? Não pego leve e infelizmente aquele sonho de garoto iria durar quase exatamente o quanto dura aquele namoro que a garota tatua o nome do namorado. Uns 3 ou 5 meses.

Um dos seus outros amigos notou minha visitinha e o cutucou. E ao pouco seu sorriso enorme murchou e eu cheguei a triste conclusão que talvez aquilo só tinha sido um tipo de desculpa e eu tinha interpretado mal.

–Garota do cachorro?! – Eu virei para trás e não consegui me preparar para o abraço grudento e nojento de Daniel em mim. – Então foi essa menina aqui que quase impossibilitou nosso amado Diego ter filhos.

Os outros garotos gargalharam e acenaram para mim. Puxando logo depois o loiro dali, dizendo que estavam sendo inconvenientes e que ambos precisávamos conversar.

E de fato. Estávamos realmente precisando.

–Então você também gosta do Renato?

–Pensei que já soubesse.

–Mais ou menos. – Dei de ombros, desejando afundar as mãos nos bolsos da calça. Mas eu usava um vestido tomara que caia que com certeza não tinha nenhum.

–Você disse que nós nunca daríamos certo. – Ele falou, ainda parado a 4 passadas de distância de mim. – Mas como, se você nunca deu uma chance de existir um ‘nós’?

–Diego não...

–Eu sei que tenho grande parte da culpa disso tudo. – Ele colocou o dedo indicador nos meus lábios e eu recuei umas passadas. – Eu sei que eu fui um idiota com você e te tratei durante um bom tempo assim. Eu não vou mentir e eu realmente espero que você não esteja esperando por uma boa desculpa por ter Sabrina na casa do Daniel no nosso ultimo encontro. Eu não tenho. Ela me ligou quando eu estava chegando à cidade, dizendo que poderíamos marcar alguma coisa e eu respondi um ‘talvez’ e marquei o horário assim que sai do apartamento do seu irmão.

Tentei brincar com os pingentes da pulseira que eu usava. Envergonhada o suficiente para olhá-lo nos olhos.

–Eu não contei sobre sua família a ela, pelo menos eu não lembro ter contado. Provavelmente foi numa das noites, ou eu ou Gabi devemos ter deixado escapar alguma coisa por causa da bebida. – Ele respirou fundo e então afundou as mãos na calça social dele. Insira um olhar invejoso meu pelo seu ato aqui.– Não queria falar isso por recado ou por celular e eu só estou contando porque eu deveria uma explicação a você. E ai está ela.

–Um pouco tarde.

–Antes tarde do que nunca. – Deu de ombros, dando-me as costas e indo até um sofá de couro onde tinha algumas mochilas jogadas.

–Foi tarde o suficiente. – Falei. Eu era de verdade, ok? Sabe do que eu queria? Eu queria que ele se jogasse no chão e me implorasse perdão (isso dá uma música).

–A noite é uma criança. – Ele sorriu, tirando de uma das mochilas uma blusa familiarmente estranha. Fiz uma careta. – Não me diga que você deixou de gostar de Pokémon. Na sua idade eu adorava!

Meu queixo caiu antes que eu notasse e eu já arregalava os olhos, abismada para meu pijama do Pokémon que tanto sentia falta. Eu peguei a blusa, ela tinha o cheiro do Diego, o perfume dele e tudo mais.

–Ai meu Deus! – cobri o rosto com as mãos e pude ouvir a risada contagiante de Diego.

–Não fique com vergonha – ele sorriu, já mais próximo, suas mãos sobre as minhas, jogando minha blusa em um lugar qualquer, ele as abaixou e então olhou em meus olhos com a mesma intensidade de antes.

–Você sabe que as coisas mudaram.

–E nós também mudamos.

–É, mas...

Eu mudei – ele voltou a colocar o dedo indicador nos meus lábios e eu me sentia feito uma criancinha teimosa toda vez que ele fazia isso. Mantenha distância o motorista aqui pode perder o controle.

–Não tente se justificar, Diego.

–Não estou me justificando, eu realmente me mudei. Estou morando na casa do Daniel, junto com os outros caras da banda. Aqui é mais movimentado.

–Uma banda...

–É – ele me olhou interrogativamente – Algum problema?

–Não, é só que... Futuro sabe, você pensa nisso?

–Se eu penso no futuro?

–É, assim... Em construir algo sólido – Uma família, meu subconsciente completou – Sabe?

–Ora mãe... – ele revirou os olhos. – Acho que cada coisa tem sua hora.

–Não me interprete mal Diego – meu rosto corou de nervosismo – Não quis dizer que você parece sonhador e nem nada do tipo... Não é isso, é só que...

–Eu não vou persistir em algo que pode dar mal.

Ele voltou a colocar o dedo indicar nos meus lábios, que mania dos infernos.

–Eu...

–Sabe o seu problema? É que você fala demais. – Colocou alguns fios que escapavam do meu cabelo atrás da minha orelha e cantarolou baixinho o trecho da música de Charlie Brown – Deixa eu te levar pra ver o mundo, baby. Deixa eu te mostrar o melhor que eu posso ser.

Ele aproximou seu rosto do meu e então pressionou nossos lábios, pedindo passagem logo depois. Suas mãos apertavam minha cintura e as minhas bagunçavam seus cabelos.

–E você age de menos – eu provoquei, murmurando baixo no pé de seu ouvido.

Ele riu de maneira rouca e me imprensou na parede. Eu puxava seus cabelos de maneira leve e ele acariciava minhas bochechas com o polegar.

–Você acha que tudo isso foi destino? – Perguntei baixinho entre os suspiros.

–Talvez.

–E o que vai ser agora e diante?

–Porque não deixamos nas mãos do destino? – Sugeriu quase de maneira impaciente e eu sorri, o empurrando de leve pelos ombros para que se afastasse e ele resmungou. – Não faz isso comigo, Marina. Não dá pra me provocar desse jeito e depois desistir.

–Não aqui. Em outro lugar.

E então ele sorriu largo. Puxando-me pela cintura para mais próximo dele e eu imaginei o quanto eu tentava esconder tudo aquilo. Aquele romance de garota adolescente que parecia urgente. A forma gritante que eu dizia que o amava. Sim, porque existiam mil e uma formas de dizer algo. Existem mil e uma formas de dizer “eu te amo”, eu só escolhia as mais diferentes.

–Tenho um lugar especial.

Eu sorri com sua proposta e deixei que sua mão me guiasse.

Certo ou errado?

Nesse caso eu escolheria o ‘ou’.



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Notas finais do capítulo

Hey, o que acharam do capítulo, hun?
Deve ser o maior capítulo da fic toda. E eu já o dividir em dois, não seria justo com vocês dividi-lo de novo.
As ótimas cozinheiras que comentaram no capítulo anterior, ainda estou surpresa de como existe cozinha na casa de vocês, juro: JessicaMoraes, allison,lik, JuliaTenorio, Nathalia, Sonhadora00, AnaMartins, BelleDiniz, iMitch, Adriana Morais e Leti Mathias.
Estou meio nervosa com o colégio. Alguém já reparou que eu e a física não nos damos bem?
Enfim, o desafio de hoje vai ser bem simples porque eu não estou com cabeça para pensar em algo melhor, desculpem: Pense em três famosos favoritos. Agora vocês teram que escolher um deles para ser o amigo quebra galho de todas as horas, um para ser o que você escolheria passar o resto de seus dias (owwn que fofinho, só que não. Pensem que é tudo brincadeira) e um para só encontrar lá em cima ou em outra vida.
É o último desafio que eu faço então eu gostaria de pedir aos meus TODOS leitores que comentassem. Já que só 1/3 deles cometam. Sabia que é um estimulo e tanto para o autor quando o leitor marca como 'acompanhar' e quando comentam? Pois é. Fica a direta aqui.
Irei postar rápido se vocês ajudarem, sério. É só o desfecho da história. Preciso que vocês me ajudem.
Beijos na testa de todo mundo ^^