Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 24
Capítulo 24 - Quando outra mulher estar no caminho




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–Marcel!

Será que ele voltaria? Não, provavelmente não.

Rach!

E se ele não voltasse? Será que eu peguei muito pesado com ele?

Como o previsto, foi só eu me deitar no sofá para que a conversa de mais cedo repassasse em minha cabeça. Os tons de voz sendo duplamente analisado, cada gesto relembrado, um passo, uma respiração mal dada... Droga! Eu simplesmente estava enlouquecendo.

Desliguei a TV (que nesse momento só fazia gastar energia) e afundei a almofada xadrez em minha cara. Talvez o zíper perfurasse meu cérebro e algo lá dentro brilhasse com o metálico. Mas como sempre minhas ideias incríveis falharam.

Resmunguei alto.

Porque diabos Matt não tinha me contado?

Se bem que... Ele tinha tentando me contar algo ontem, mas eu havia o interrompido diversas vezes. A foto da mulher no criado-mudo não me era nem um pouco familiar, mas também não deveria, não possuía nem um parentesco direto com Diego.

E sem falar do Lionel que estava aqui a 1 anos e 3 meses, como Matt tinha dito, o exato tempo de vida da Laura, irmã do Diego.

Droga, droga, droga! E agora estou me sentindo como a Avril Lavigne.

Ainda estava afundando o rosto na almofada quando o som de chave na maçaneta me fez espiar o mundo lá afora. Lionel deslizou até a entrada e espreguiçou-se nos pés de Matthew.

Levantei.

–Você – apontei furiosamente – Porque diabos você não me contou que sua namorada era a irmã do cara que eu tinha te falado?

–Ele veio aqui? – Ele fechou a porta, o rosto cansado.

–Nos comunicamos por Bluetooth – Ironizei, ele esticou os lábios de maneira forçada.

–Nossa como você é engraçada, já pensou em substituir o Didi?

–Não desvia do assunto – rolei os olhos.

–Tá legal! – estendeu as duas mãos para cima, nos ombros carregava uma mochila que parecia ter um notebook. – Eu tentei te dizer, mas você estava muito ocupada em tagarelar, como sempre.

–Você disse que eu poderia desabafar.

–Você atendeu a porta para ele? – Ele ignorou meu comentário anterior.

–Não é isso que se faz quando tocam a campainha?

–Existe uma invenção muito fantástica de Newton chamada: Olho mágico.

–Hm... Pensei que tinha sido Einstein.

Ele respirou fundo, travou o maxilar e eu prendi o riso.

–Você o mandou embora daqui, certo?

–Hã... – limpei a garganta – Mais ou menos.

–Você o recebeu com abraços?

– E docinhos e sem falar do chazinho na mesa da cozinha – Assentiu com a cabeça.

–Pensei que estivesse magoada com ele.

–E estou! – Dei de ombros, o seguindo até a cozinha – Mas é como se eu esperasse que ele viesse, sabe?

–Unhum.

–Não é isso que os caras fazem?

–Não todos.

–Não é isso que os caras decentes fazem? – refiz minha frase.

–Os caras decentes não fazem com que isso tudo aconteça.

Sentei na cadeira de metal, ele fuçava a geladeira.

– Você tem razão... – Concluí por fim. Não esquecendo o fato, porém de que eu simplesmente não poderia meter meu precioso dedo na frente de alguém para falar da tal. Quem era eu para julgar alguma coisa ou alguém, mesmo que seja o Diego? Eu mal conseguia aguentar meus próprios defeitos. – Trouxe um sanduíche da lanchonete que você disse.

Ele pegou a trouxa de guardanapos e me encarou com o cenho franzido.

–Você foi à lanchonete perto da praça?

–Não era essa?

–Era a do outro lado. A que você foi se duvidar até os papeis higiênicos são reciclados.

Fiz uma careta de repugnância, agradecendo aos céus que não tinha ido ao banheiro lá. Mas se bem que... Eu comi um sanduíche de lá. Hm, desde que não me leve ao hospital...

–Valeu por trazer mas estou a fim de uma pizza hoje – sorriu maroto. Era uma boa desculpa. – Vai querer?

–Frango e catupiry.

–Ok.

–O dinheiro que sobrou está no móvel da TV! – berrei de dentro da cozinha.

Apoiei os ombros na mesa de granito, segurando a cabeça com as mãos, no segundo seguinte eu já estava totalmente debruçada na mesa, quase subindo e me encolhendo pra tirar meu cochilo das 18 horas, aquele logo depois do chá das 5.

Eu deveria fazer alguma coisa, eu tinha que fazer alguma coisa. Parecia muito legal passar um tempinho acampando na casa do Matt mas ele tinha sua vida e eu também tinha a minha... teoricamente.

Já estava mais que na hora de eu finalmente voltar para minha casa, minha cama, o colo da minha mãe e meu não tão querido assim padrasto.

–Como vai seu irmão? – Matt apareceu na porta da cozinha.

–Arrancando meus cabelos.

–E sua mãe?

–Vai bem também. Tem notícias do papai?

–Bem... – ele sorriu torto, sentou ao meu lado e espalmou as mãos. Estava me escondendo alguma coisa, hum, certas coisas nunca mudam. Levantei minimamente a cabeça em sua direção.

–O que foi?

–Eu trabalho na empresa dele.

Ajeitei-me na cadeira e o encarei espantada.

–O quê?

–Eu sei que...

–Estranho? – berrei, lembrando só depois que ele era responsável pelo próprio nariz e que eu não tinha nada a ver com a vida dele, então apenas engoli em seco e murmurei – Isso não me importa, mas eu pensei que você vivia dizendo que não queria ser um homem como ele quando crescesse e está fazendo exatamente aquilo que ele queria, você está seguindo os passos dele.

–As coisas não são tão fáceis como você pensa quando mais jovem. Acha que eu queria trabalhar na empresa dele, meu pai o que eu considerei praticamente toda minha vida um homem arrogante e esnobe?

–Então porque está lá?

–Porque eu preciso ficar lá – falou mais baixo – ao menos até o casamento.

–Casamento?

–É... – limpou a garganta. – Estou pensando em pedir a mão da minha namorada.

–Pedir a mão? – Encarou-me interrogativamente – Você diz “pedir a mão”... Nossa, vai lá na casa dela enfrentar o sogrão?

–O mesmo que o seu?

Eita...

–Ha... Ha... – Minhas bochechas, meu nariz, meu pescoço e se duvidar até minhas orelhas estavam vermelhas. – Eu não tenho um sogro, ok?

–Se você diz... – Ele sorriu, achando graça do meu embaraço. Resmunguei alto, voltando a afundar a cabeça nos braços.

–O nome dela é Manuela.

–Hm.

–E é uma garota adorável – Oh céus, será que ele tinha virado gay e só estava disfarçando? – Amigável, doce, esperta... Além de ser muito boa também...

–Hey hey! – eu levantei a cabeça, esfregando os olhos com força. – Não preciso saber da sua vida sexual, ok?

Pude ver suas bochechas corarem. Estávamos quites agora, hun.

–Eu não estava falando sobre isso. Quando diabos você virou tão... – Apontou para mim com os olhos – Assim?

–Assim como?

–Assim. Crescida.

–Isso é bom?

–Não! – eu arregalei os olhos, droga e eu achando que tava abalando. Onde aperta pra voltar ao maternal? Ao menos o lanche era de graça lá. – Isso é perigoso. Tome cuidado.

–Eu não vou falar disso com você, ok?

Ele não respondeu. Voltei a abaixar a cabeça.

–Esse menino... – Ah não, não diga... – Ele... – Por favor, não pergunte isso! – Vocês...

–Não! – foi minha vez de gritar a plenos pulmões. – Eu sou madura o suficiente para saber que eu não tenho maturidade.

Ele relaxou os ombros. Notei isso. Quase ri, se a situação não fosse tão embaraçada.

–Você gosta dela, não é? – Ele só sorriu, como se já bastasse para responder, e a resposta estava clara, ele mostrava seus dentes brancos iguaizinhos a aquele do cara lindo da propaganda de creme dental. Arrisquei a olhar para a porta da cozinha, talvez chegasse algum repórter. – Eu também gosto da minha cunhadinha então.

–Deixa de ser puxa-saco.

–Ah qual é, eu só quero pizza.

Ele gargalhou. A capainha tocou. Ele levantou. Minha barriga roncou. E tudo isso rimou.

–Vem logo que a pizza chegou.



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Notas finais do capítulo

Oie.
Vocês bem que mereceram a demora. Não as meninas que comentaram que, como sempre, foram o incentivo para eu postar esse capítulo. Fiquei meio decepcionada ao notar que tinha só 7 reviews.
As 7 garotas que continuam persistentemente: Adriana Morais,ameblifls_smart, BelleDiniz, allison, Nathalia, iMitch e Luu Amorim.
QUEM AI TAVA COM SAUDADE DOS MEUS idiotas, babacas e esquisitos DESAFIOS?
Não vai ser bem um desafio... Mas ok. Vamos lá. O próximo desafio vai ser um desabafo. Quem aí já passou o maior mico... AQUELE mico?
Pra vocês se inspirarem, aqui jaz um meu: Eu era fã de crepúsculo, tipo...era fã mesmo. Daquelas que não só piravam, mas daquelas que piravam, rolavam no chão, levantavam, gritavam imitando saci pererê, depois gritavam imitando a Joelma do Calypso, uivavam no ritmo da globeleza e todas essas coisas... Pois bem, eu não era a única. Eu tinha mais duas amigas assim (sócias do manicômio). Estava estreando Eclipse (o 3º filme da saga) quando decidimos, incrivelmente: "VAMO FAZER ALGO DIFERENTE GEENTE!" e lá vamos nós de 'Volturi', os vampiros do mal que usam aquelas capas pretas meio macabras. Só que minha mãe, decidindo de maneira sábia 'NÃO GASTAR DINHEIRO PRA ESSAS COISAS' não comprou uma capa preta pra mim, ao contrário das minhas amigas, ao invés disso, aproveitei a capa vermelha de chapeuzinho vermelho de uma amiga e lá fui eu na estréia do filme. Duas de preto e eu, a palhaça-mor, de vermelho. O que deu? Eu entrando de capa vermelha no cinema lotado e o povo cantando 'VAMO PASSEAR NO BOOOSQUE ENQUANTO SEU LOBO NUM VEMM'. Virei ponto de turismo e bateram foto comigo, ok?
Mas enfim, contem os seus que estou curiosa e ver quem bate o meu. Com meu 'micomêtro' irei medir o maior mico e postar aqui.
Divulgando o blog de micos da minha irmã, que insistentemente pediu: http://www.hestupida.blogspot.com.br
P.s.: não saiam de casa com uma capa vermelha se não for para uma festa à fantasia.