–E ai?

–Disse que eu era a garota que tinha partido o coração dele! E que esperou muito tempo para dizer que ainda me amava!

Quando ela falou tudo aqui me senti pior do que já estava, então ela era a garota de quem ele se referia... QUE DROGA! Não consegui entender porque tanta tristeza, eu queria bater na cara dela e chamá-la de vagabunda, mas ainda sim era minha amiga, e ela não tinha culpa. Eu engoli a seco olhei para ela e disse:

–Que bom agora você será feliz com quem realmente te ama!

Jun entrou depois de pronunciar aquela frase, o medico estava com ele...

–E então senhorita Molly finalmente acordou, você deixou muita gente preocupada garotinha, drogas não são brinquedo não.

–Quando eu vou sair daqui?

–Vamos ver, agora que acordou vamos passa - lá em um psicólogo para que fala com você sobre esses cortes em seu braço , parece bem serio, sabia que dependendo a profundeza do corte você pode morrer, ou ate perder seu braço? Você realmente esta ciente das coisas que anda fazendo?

–Isso aqui não são cortes, eu apenas cai, quando estava tentando sair pela janela da minha casa! Entenda doutor eu não estava tentando fugir de casa , e sim do meu pai, quando ele bebe ninguém segura ele, então eu estava fugindo dele e cai do telhado, e não sabia que lá embaixo tinha uma enxada de pegar as folhas. Daí quando eu cai, meu braço raspou em cima dela , e fez esse corte, mas como a maioria das pessoa dessa sala não acredita em mim, vou tentar me recusar a fazer isso!

–Me parece uma coisa ruim que acontece com todo mundo que tem um pai bêbado na família!

–Pode ser que sim não é?

–Ah! Então já pode se arrumar vou lhe dar a alta hoje moçinha! Vai tomar esse remédio para que aquele mal-estar e a hemorragia não voltem! Qualquer coisa que sentir é só voltar aqui!

–Ok!

Tentei me levantar para ir ao banheiro me trocar, só que meu corpo ainda estava muito pesado para fazer tudo aquilo, na primeira tentativa eu cambaleei e Jun me segurou, eu ainda queria sair correndo dali, ele tentou me levar ate o banheiro mas...

–Pode me soltar, eu não preciso de ajuda!

Tirei meu braço das mãos dele com tanta violência e força que não consegui controlar o peso do meu corpo e cai para o outro lado, meu dia estava tão bom, comecei meu dia caindo de cara no chão, Jun preocupado voltou a me ajudar, droga estava com tanta raiva dele, não queria nem olhar nos seus olhos, não queria ser tocada por ele, tive que agüentar...

–Você tem certeza que consegue se virar sozinha?

–Relaxa, já passei por coisas piores!

Finalmente eu estava sozinha, eu queria gritar mas acho que seria estranho, gritar dentro de um hospital , então eu fiz a coisa que mais me acalmava...Amarrei a toalha na minha mão e soquei o espelho!

–Tudo bem por ai?

–Ah! Ta tudo bem.

Cacos de vidro se espalharam na pia, cada uma mais afiado que o outro...

–Nossa um tesouro!

Peguei o primeiro que veio a minha mão, parecia bem afiado, estendi meu braço e como uma foice fiz um grande corte em meu pulso, não foi tão perto do punho, eu só queria me cortar, morrer não.O sangue começou a escorrer diante da minha pele , e pingar em cima daqueles cacos de vidro, a cor era linda, admito que doía um pouco, só que depois daquilo eu ficava calma, me deixava em uma momento de êxtase...

–Molly ta tudo bem ai?

Jun atrapalhou tudo , aquele maldito rato!

–QUE DROGA EU QUERO TER UM POUCO DE SUCEGO !

–Desculpe! É não faça nenhuma besteira tá?

Quando ele terminou de falar, me senti arrependida do que fiz, larguei o caco e coloquei a toalha no braço, para parar de sangrar, tentei tirar aqueles cacos todos da pia e acabei me cortando ainda mais.

–Droga droga ! Isso não pode ta acontecendo!

–Molly? Você ta bem?

–ME DEIXA EM PAZ!

A porta se abriu e eu não tive tempo de esconder toda aquela bagunça olhei para porta, e fiquei parada.Jun entrou preocupado comigo, ele colocou a cabeça a frente da porta para ver se eu estava bem, viu a bagunça que eu fiz e ficou parado...

–É eu---eu vou limpar tudo isso, foi um acidente!

Ele entrou no banheiro fechou a porta, começou a recolher os cacos do chão, ficou com a cabeça baixa, ele não queria olhar para mim!

–Não precisa!

Eu estava muito nervosa, senti que a minha respiração estava pesada coloquei a mão na minha testa tentando tirar o cabelo dos meus olhos, eu só conseguia dizer não com a cabeça.

–Ai! Droga.

Um caco havia entrado no seu dedo, eu fiquei sem reação, me ajoelhei na frente dele onde tinha mais cacos espalhados e coloquei minha toalha nas mão dele...

–Olha o que você fez!

Me deparei com Jun olhando o meu corte, ele parecia assustado, tentei esconder mas ele já tinha visto o que eu havia feito no braço!

–Por que você esta fazendo isso?

Olhei para baixo e vi meus joelhos cortados, o sangue se espalhando pelo chão branco do banheiro do hospital, e aquele vidro refletindo o vermelho.

–Eu não sei dizer!

Ele agarrou meus ombros e me sacudiu bruscamente...

–COMO NÃO SABE DIZER?

–Não grite eles podem ouvir!

–Eles não estão lá, saíram para tomar um café!Para que fazer isso?

–Estou triste só isso!

–VOCÊ NÃO PRECISA FAZER ISSO.

–Por que você esta gritando? Isso não tem nada haver com você, nem com a sua vida me deixa em paz!

Ele apertou ainda mais meus ombros, mostrou um pouco dos seus dentes, tentando expressar raiva...Dai Ele me soltou olhou para baixo, respirou fundo...