– Pior. Semana. De. Todas – falei pausadamente contendo o ódio na minha voz, não dava pra acreditar.

– Desconte essa sua raiva longe de mim não se esqueça que quem prendeu a gente aqui foi você – o Potter conseguia me irritar só com a simples presença dele, como eu o detestava.

Eu podia detestar o Potter, porém não podia tirar a razão dele, eu havia nos prendido ali, mas na hora do desespero eu esqueci completamente que a porta do banheiro feminino emperrava se batêssemos muito forte e bem, eu bati ela muito forte. Emmeline havia me visto no corredor e estava vindo na minha direção, então a coisa mais esperta que eu fiz foi entrar no banheiro e bater aquela maldita porta, eu era tão estúpida.

James Potter estava dentro do banheiro e a explicação dele foi que ele e Black haviam apostado e ele havia perdido, então tinha que ficar uma hora dentro do banheiro feminino sem ser pego, mas acredito que ele não se esforçou o suficiente para isso, até aí estava tudo bem, eu não devia explicações a ele porque eu estava no banheiro correto, quando eu me virei pra abrir a porta ela estava emperrada, eu tentei abrir, o Potter tentou abrir, então gritamos pedindo ajuda, tentei ligar para alguém, mas meu celular fez o favor de descarregar e o de James estava na mochila dele que estava com o Black, ficaríamos presos ali até notarem a nossa falta e ninguém notaria a minha já que a minha mãe fora a Londres com Petúnia para escolher o vestido de noiva da cavala, apenas aquela morsa nojenta estava em casa e mesmo se ele notasse que eu não estava em casa ele não ia mover aquela bunda gorda do sofá.

As noticias só tendiam a piorar, já que nem mesmo o zelador da escola ia para aquele lado depois que todos saíam e todos já foram embora, eu nunca senti tanta falta de Filtch na minha vida.

Potter estava sentado na bancada onde os lavabos e eu me sentei no chão, peguei meu caderno e comecei a desenhar coisas aleatórias para me distrair, já estávamos ali a pelo menos umas duas horas, será que o idiota do Black ou qualquer um dos pais de James não ia notar que ele estava sumido?

– Por que você me odeia? – perguntou James de supetão.

– O que? – perguntei de volta, não era a coisa mais esperta para se fazer, James me encarava com aqueles orbes castanhas.

– Por que você me odeia? – repetiu lentamente sem desviar os olhos.

– Eu não te odeio – respondi e ele levantou uma sobrancelha, questionando o que eu havia respondido – eu apenas o detesto, acho odiar uma palavra forte demais, eu apenas o detesto.

– Não vejo diferença alguma, mas já que você vê, então me responda, por que você me detesta?

Eu ponderei algum tempo e suspirei, eu tinha que falar tudo que ele havia feito pra mim certo?

– Sua presença já é detestável pra mim, Potter – errado, eu não devia nada para ele, muito menos a verdade.

– Então quer dizer que a minha presença foi detestável pra você desde o momento em que nos vimos pela primeira vez, não é mesmo, Lily? Porque você nunca sequer me deu um oi. – disse Potter com uma pontinha de divertimento na voz, ele era mesmo um idiota.

– Você está coberto de razão, eu sempre detestei sua presença, agora me deixe em paz. – suspirei. – e pra você é Evans, Potter.

– Vou contar uma história pra você, Evans – disse James se levantando e sentando do meu lado no chão.

– E se eu não quiser ouvir? – perguntei e me virei para o meu desenho novamente.

– Não é como se você tivesse muita opção, só tem nós dois aqui – ele deu de ombros e eu revirei os olhos – vou começar, ok ? – eu nada respondi, apenas continuei desenhando – Eu morava em Londres, sabia? Desde que eu nasci, estudei a minha vida inteira na mesma escola com as mesmas pessoas, nenhuma delas se destacava muito na minha percepção, exceto uma, apenas uma pessoa, uma garota que eu estudei anos atrás e apesar de ser muito novo eu me apaixonei por ela, mas eu fui bobo, eu não falei pra ela que gostava dela de um jeito diferente, então resolvi lutar contra o que eu sentia, na verdade na época eu nem sabia o que eu sentia, ela era tão linda e tão frágil, mas se fazia de forte enquanto eu e o Sirius fazíamos da vida dela um verdadeiro inferno – parecia que eu não fora a única que Potter infernizava – até que um dia ela sumiu, sumiu da escola, sumiu da cidade, nunca mais a vi, Lily – ele pôs as mãos no rosto – eu não pude nem me desculpar com ela depois que eu amadureci, até que eu a reencontrei, no começo não notei que era ela, até eu descobrir o nome dela – meu coração parou, era coincidência demais, aquilo não podia ser sobre mim – tenho certeza que ela lembra de mim, mas eu resolvi fingir que não lembrava dela pra ver se eu conseguia recomeçar, queria que fosse diferente e você a conhece – ele olhou pra mim, diretamente nos meus olhos.

– Claro que conheço – ri secamente – porque ela sou eu, não é mesmo, Potter?

– E eu espero que me desculpe por fazer da sua infância em Londres um inferno, Lily.

– E você acha que é fácil assim? – Me levantei jogando o caderno para o lado – depois de tanto tempo vir pedir desculpas? Pois não é Potter, você tem alguma ideia do quanto eu chorava? Eu chorava o tempo todo, chorava em casa, na escola, em qualquer lugar – levantei os braços em sinal de frustração – eu me sentia um nada, eu me senti um nada durante muito tempo, por causa daquelas brincadeiras estúpidas, eu me olhava no espelho e tudo que eu via era um macarrão sem molho e tudo isso porque você estava supostamente apaixonado por mim? Isso não é se apaixonar, Potter.

– Eu sinto muito, Lily – Potter se levantara também – eu juro que agora estou sendo sincero, eu não entendia o que estava acontecendo comigo naquela época e eu me arrependi muito depois que você foi embora, eu juro, eu nunca esqueci você, seu nome sempre vinha na minha cabeça e quando eu a vi pela primeira vez eu não a reconheci, mas me apaixonei novamente. – James Potter se aproximou – e eu sei que você não me odeia ou detesta, você mesma me disse isso quando éramos pequenos, você disse que apesar de tudo jamais me odiaria porque eu era adorável demais para isso – ele sorriu, o que eu mais odiava naquilo tudo era que ele tinha razão, eu dissera aquilo, o que eu tinha na cabeça? – Eu fui em uma cartomante uma vez e ela disse que o amor, sim ela disse amor – enquanto Potter ia se aproximando eu ia dando passos para trás –que eu senti no passado nunca tinha ficado no passado, Lily, eu tenho certeza que ela se referia a você.

– Como pode ter tanta certeza já que era apenas uma criança na época, Potter? – Ele continuava se aproximando e eu dando passos para trás até que a minha costa bateu na parede – você não sabe nada do amor e desde quando frequenta cartomantes?

– Eu fui uma vez e foi o suficiente – ele finalmente parou na minha frente – na época eu não sabia nada de amor ou paixão, mas depois entendi, Lily, eu entendi o que eu sentia – ele colocou os braços na parede, um em cada lado da minha cabeça pra me encurralar – meu coração é seu, Lily Evans – minha cabeça girava e seu hálito cheirava a menta, isso foi tudo o que eu consegui captar.

– Eu sei que essa é só mais uma das suas brincadeiras estúpidas, você não vai arruinar minha vida de novo – disse e olhei para o chão.

– Eu sei que é difícil acreditar, mas me dá uma chance pra provar que eu não sou aquela criança babaca, eu cresci, eu amadureci – Potter pegou meu queixo e levantou meu rosto – eu gosto de você de verdade.

– Eu vou me arrepender disso amanhã, tenho certeza – sussurrei mais para mim do que para ele.

– O que? – perguntou-me confuso e eu o beijei.

Não tinha como saber o que eu ia sentir amanhã se o arrependimento viria ou não, se a chance seria válida para os próximos dias, apenas o que eu sentia ali naquele momento importava.