POV Nicolas

Faltavam apenas dez minutos para o sinal bater anunciando o fim do almoço e nada de Thalia aparecer. Annabeth-nerd já tinha ido pra sala acompanhada do Percy, que está que nem um bobo desde que a conheceu. Connor e Travis já haviam ido também. Restamos eu (candelabro), Silena e Charles, acho que vocês já entenderam o "candelabro".

—É melhor eu ir atrás dela. -Silena se manifestou e eu e Charles assentimos. Já fazia muito tempo que Thalia tinha sumido, Annabeth não queria ir antes dela voltar, mas Percy a convenceu, Charles não teve tanto sucesso com Silena. Seguimos ela até o banheiro e ela entrou sozinha (obviamente), não havia passado nem dez segundos e ela deu um grito.

—NICO! -Eu e Charles nos entreolhamos e entramos rapidamente no banheiro. Ao ver a cena que me esperava naquele recinto minha respiração acelerou e meu coração perdeu uma batida. Thalia estava caída no chão inconsciente. Fiquei estático, sem saber o que fazer, o certo seria levar ela logo para a enfermaria, mas eu paralisei no lugar.

—Thalia, acorda, acorda, por favor... Thalia! -Silena começara a chorar tentando reanimar a garota que agora parecia tão frágil... Entrei em um desespero súbito, eu acabara de conhece-la, nós cantamos juntos... Eu... Eu... Nós! Ahh meu Zeus o que está acontecendo comigo?

—Meu senhor o que aconteceu aqui? -Charles perguntou atordoado.

—Eu vou levar ela pra enfermaria. -Comecei com a voz estranhamente rude. -Charles, leve Silena pra sala e fiquem lá. Silena, não avise nada pra Annabeth, não devemos preocupa-la. Eu sei que ela tem direito de saber, mas essa informação agora não ajudaria em nada. -Acabei de falar já pegando Thalia no colo, ela era tão leve, tão pequena em meus braços, tão frágil... Frágil demais até. Descobri naquela hora que odiava ver ela nesse estado.

—Eu não vou abandonar a Thalia! -Silena falou em meio às lágrimas.

—Ela vai ficar bem, o Nico vai cuidar dela. Vamos Silena, venha. -Charles disse tentando me ajudar. Silena relutou um pouco, mas acabou por beijar a bochecha de Thalia e sair do banheiro com Charles.

Levei Thalia desacordada em meus braços para a enfermaria, não cruzamos com ninguém no caminho, eu havia escolhido um atalho e não me perguntem como eu conheço ele.

Chegamos e eu já fui entrando, as enfermeiras que estavam ali se assustaram.

—Ajudem, por favor! -Pedi já deitando-a numa maca que me indicaram, a coloquei delicadamente deitada, ela parecia uma boneca de porcelana e como tal, eu tinha medo que quebrasse ao toque.

—O que você fez garoto? -A enfermeira mais velha estreitou os olhos pra mim e apontou um dedo pro meu peito.

—E-Eu não fiz nada, achei ela desmaiada no banheiro. -Gaguejei feito um idiota e olhei para a maca.

—Outra não... Hm... Ok. Ajude-me a tirar todo esse "metal" dela. -Ela me pediu, num primeiro momento eu não entendi o que ela quis dizer, mas não perguntei logo por causa da pressa.

—O o que dela? -Acabei perguntando finalmente, confuso e perdido, do que ela tava falando?

—Jóias, moedas, anéis, tudo. Menos a roupa moleque safado. -Ela me advertiu e mesmo nessa situação eu ri internamente da loucura da mulher, eu acabara de conhecer Thalia, nem imaginava ela sem roupa... Afastei esses pensamentos e comecei a ajudar. Tirei uns dois anéis de caveira, muito bonitos por acaso, coloquei na minha mão, no exame ela não ia precisar disso, tirei seu celular do bolso e um bracelete do pulso. Quando o retirei vi por que ela queria esconder o pulso, havia uma única cicatriz ali, o corte foi profundo, eu conheço um pouco isso, esse tipo de cicatriz não é pra quem quer só se cortar, é pra quem quer se matar.

Senti raiva.

Eu já tinha visto muitas pessoas que faziam isso, mas ver aquela grande e funda cicatriz no pulso de Thalia me fez ficar irado. Ela... Ela poderia não estar aqui hoje por causa dessa maldita cicatriz. Eu só conseguia tentar imaginar o por que daquilo.

Voltei a tirar seus pertences até chegar numa corrente no pescoço, fui procurar o trequinho para poder tirar e me deparei com outra cicatriz. Essa pouco maior e escondida pelo cabelo, porém, bem encima da jugular. Meu Deus o que essa garota sofreu pra tentar se matar por meio da jugular?? Desnorteado acabei de pegar suas coisas e sentei ali mesmo, no chão. Levaram ela para fazer os exames e tal. Eu apenas fiquei ali, com um único pensamento: O que diabos aconteceu com essa menina?

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Um tempo depois uma das enfermeiras mais novas disse para eu ir para a aula, mas eu não deixaria Thalia ali, então esperei.

—Hey, garoto. Ela acordou, fizemos os exames e todos os procedimentos... Você deveria cuidar melhor dela como um namorado! A garota não tinha NADA no estômago, está fraca ainda, mas vai melhorar. Aah ela quer as coisas dela de volta. -Thalia acordara, eu nem me dei ao trabalho de corrigir o "namorado" que a enfermeira disse, apenas a segui para uma sala.

Thalia estava tentando levantar, mas uma enfermeira não queria que ela o fizesse.

—Por favor menina! Deite um pouco para recuperar suas forças. -A enfermeira implorava pra garota que queria por todo o custo se levantar.

—Obrigado por tudo, mas eu já estou bem! Posso me levantar ok? Nico! Oh meus deuses, faça alguma coisa! -Ela pediu ao me ver, enquanto lutava pra ficar em pé.

—Claro que eu faço. -Me manifestei entrando na pequena sala. A enfermeira saiu de perto com uma expressão que nos repreendia, Thalia sorriu vitoriosa mas seu sorriso foi sumindo ao ver o que eu ia fazer. Peguei ela no colo, mas ela não esperneou e deitei ela na cama de novo, sorri pra ela, que me devolveu uma careta; a enfermeira começara a rir.

—Nico! Eu estou bem! -Ela protestou querendo sair de novo.

—Não, não está. E se você preferir eu te amarro aí. Agora eu vou buscar nossas coisas na sala e você VAI ficar deitada aqui, ok? -Falei segurando-a e olhando em seus olhos.

—Ok, ok... -Ela se deu por vencida e caiu de volta na cama.

Fui até nossa sala e encontrei apenas um grupo de alunos, perguntei sobre a aula e eles me informaram que nosso próximo professor havia faltado, porém eles não poderiam nos liberar. Sendo assim teríamos que ficar até às 21:00 ali, melhor assim, pelo menos não perdemos conteúdo. Ainda fizeram piadas sobre o colar em meu pescoço e a quantidade incrível de anéis e acessórios em minhas mãos, me fazendo lembrar que eu não os havia devolvido. Peguei nossas mochilas e o skate de Thalia, ela me mataria se eu o deixasse ali. Logo voltei por onde tinha ido.

—Devolva meus pertences. -Ela exclamou logo que me viu entrando, com a cabeça ligeiramente levantada.

—Ok. Deixa eu te ajudar. -Falei indo em direção a ela. Ela deixou que eu a ajudasse com uma risada divertida. Coloquei os anéis, lhe devolvi o celular e o skate, quando peguei o bracelete ela me olhou apreensiva, mas eu apenas recoloquei-o no lugar certo, peguei a corrente, mas ela deteve minha mão e a pegou, colocando desajeitadamente. -Eu já vi... -Informei-lhe buscando algo para prender a atenção dos meus olhos no lençol.

—Eu sei. -Ela respondeu baixo.

—Por que?... -Deixei a pergunta apenas pairando no ar.

—Eu... Eu não... -Ela deixou essas palavras chegarem até mim num sussurro quase inaudível. Eu não deveria ter perguntado, mas eu precisava.

—Tudo bem. -Disse e segurei sua mão num impulso. -Hey, não tem aula agora, vamos ter que ficar aqui até às 21:00. Que que cê acha dá gente fazer o trabalho agora? Você tá melhor? O que houve? Quer comer algo? -Joguei essas perguntas nela sem querer, não queria jogar tudo de uma vez só, mas minha preocupação saiu cambaleando pela minha boca. Ela riu.

—Acho ótimo. Estou sim, nada, só fiquei tonta e acabei desmaiando. Não, não, tô sem fome. -Ela riu mais e se levantou, fazendo seus cabelos pretos virem em meu rosto.

—Hey! -Protestei rindo. Ela riu também e saímos dali agradecendo às enfermeiras.

—Cuide dela hein garoto! -A mais velha das enfermeiras disse e piscou pra mim me fazendo rir e corar.

—Claro, claro... -Passei um braço nos ombros de Thalia e saímos.

Acabamos por ficar num dos jardins do campus. Quando acabamos o trabalho comprei comida pra gente, ela se recusou no começo, mas acabou aceitando e comemos bem.

—Hey Nico, obrigado por me levar pra enfermaria. -Ela agradeceu meio envergonhada.

—Disponha, mas quando querer desmaiar de novo, não desmaie no banheiro feminino por favor! Ficou meio estranho eu entrando e saindo de lá. -Disse brincando e ela riu. -Mas agora sério... Não desmaie mais, ok? -Era uma promessa meio boba de se pedir, mas eu só não queria ter que vê-la naquele estado de novo.

—Ok, ok. Abaixa as pernas aí Nicolas. -Ela riu e me pediu isso, nós estávamos sentados, eu com os joelhos levantados e ela esticada. Me estiquei e pra meu espanto ela fez de minhas pernas um travesseiro e deitou, respirando profundamente. Comecei a acariciar seus cabelos e ali ficamos até adormecermos.

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—CAHAN! -Ouvi alguém perto de nós e acordei, Thalia se levantou junto comigo, constatando nossos amigos ali parados na nossa frente. Percy e Charles estavam rindo, Annabeth e Silena estavam vermelhas tentando segurar um riso, e todos, todos os quatro estavam com as sobrancelhas arqueadas e naquele instante eu saquei:

Eu e Thalia seríamos insistentemente interrogados.