O Sol Adormecido E A Lua Crescente escrita por Angel Salvatore


Capítulo 26
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Demorei de novo para postar, não é? Mas prometo que semana que vem tem um novo capítulo. E esse é o capítulo que vai responder muitos pontos de interrogação. Espero que gostem.



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Ela sorriu e veio me abraçar. Abaixei-me ficando de seu tamanho, nem percebendo que Alec continuava na porta nos observando. Ás vezes ele era tão silencioso que parecia um fantasma. Continuei abraçando minha pequena criança, saudosa.

Ela não era minha de verdade, mas considerava isso. Possuía belos cabelos loiros, cacheados que desciam por suas costas, tudo isso contrastava com seus lindos olhos vermelhos que brilhavam de alegria e amor.

“Tia Lethycia, você voltou para mim?”, minha pequena perguntou.

“Sim, Cindy. Voltei por você.”, respondi.

Lembrava-me muito bem como havia conhecido minha pequena. Foi a oitenta e quatro anos. Alec e eu estávamos caçando qualquer coisa que pudesse nos alimentar – minha preferência era de raposas, enquanto a dele era mais... carnívora. Nossa procura foi interrompida quando a encontrei caída no chão, sangrando. Tive que conter Alec para que não se alimentasse dela.

Seu tamanho mostrava seus seis anos de idade e a inocência de seus olhos me conquistou. Quando dei por mim, a ideia de salvá-la já havia me dominado. Quando me aproximei, vi o minúsculo corpo de Cindy com marcas de garras, talvez tivesse sido atacada por uma onça.

Levei-a para longe de Alec e a limpei. Alec me achou e me ajudou. Seus olhos vermelhos escarlate mostravam que ele tinha voltado de uma caçada. Eu sabia que ela não iria sobreviver sem ajuda. Uma ajuda difícil e proibida de se dar.

Eu tinha que transformá-la em vampira.

Uma criança imortal.

Alec discordou da minha ideia de criar uma criança imortal, mas eu tinha que fazê-lo. Só havia um problema: eu não era venenosa. Só Alec podia fazer com que a pequena criança humana se tornasse uma criança imortal.

Tentei convencê-lo de todas as maneiras, mas ele estava irredutível. Era proibido e não seria ele quem quebraria uma das principais regras dos Volturi. Incapaz de recuar, usei o único argumento que me restava.

“Ela vai ser nossa. Faça isso por mim.”

Foi injustiça por conta dos sentimentos dele por mim, mas atingi meu objetivo. Fiquei por perto para me certificar que ele não perderia o controle. Cindy ficou três dias em uma casa perto da floresta fora dos muros de Volterra. Alec e eu ficamos com ela para ver como reagiria. Durante esses três dias, Cindy só dizia que queria sua mãe e seu pai.

Senti pena por afastá-la tão nova dos pais e condená-la a essa vida. Mas ou era isso ou a morte. Não queria perder aquele rostinho de porcelana. Quando os três dias da transformação acabaram, a primeira coisa que eu e Alec fizemos foi levar Cindy para sua primeira caçada. Até deixamos que ela escolhesse entre caçar animais ou humanos.

Depois de discutir bastante com Alec, decidimos que era melhor levá-la para caçar animais e humanos para que ela escolhesse o que tinha o melhor gosto. Na floresta, ensinei Cindy a seguir os instintos. Incrivelmente ela conseguiu se alimentar da mesma onça que quase a matou. Cindy ficou bastante satisfeita com isso.

Quando fomos caçar humanos, vi Cindy encarando um homem de uns trinta e cinco anos e surpreendentemente, o homem foi até ela de bom grado. Assim, eu e Alec descobrimos que ela tinha o dom de controlar mentes.

Testamos com Alec e em mim. Também funcionou. Isso era parcialmente bom e parcialmente ruim. Cindy, infelizmente, resolveu se alimentar de sangue humano. Então Alec caçava com ela enquanto eu caçava animais na floresta.

Não foi difícil convencer Aro de ficar com Cindy. Ele ficou deslumbrado com o dom da pequena criança imortal, mas não podia dizer a mesma coisa de Caius. Caius ficou furioso, mas depois de conversar bastante com ele, revelou. Entretanto Cindy tinha que seguir as mesmas regras dos vampiros adultos. Caso ela cometesse um deslize, seria morta imediatamente.

Felizmente, Cindy só obedecia a mim e a Alec, mais ninguém. Isso, com certeza, irritava Caius. Alec e eu desenvolvemos um tipo de afeição por Cindy, como se ela fosse a nossa filha. Com o passar dos anos, Cindy não se lembrava mais dos seus pais. Ela queria nos chamar de pais, mas eu não queria que seus pais fossem trocados, mesmo se estivessem mortos. Então, ela optou por nos chamar de tia Léthy e tio Alec.

Eu a chamava de minha pequena criança.

            Quando eu fui embora de Volterra, fiz Alec prometer que iria cuidar de Cindy para que ela não quebrasse nenhuma regra. Felizmente, Alec aceitou e cumpriu. Cindy foi a pessoa mais difícil de se separar, já que tinha um instinto maternal dentro de mim que era recíproco.

Tentei explicar o que havia acontecido antes de minha partida, excluindo alguns detalhes. Cindy entendeu que eu tinha que ir e me deixou partir sem culpa em seus olhos vermelhos. Naquele momento em que vi Cindy novamente e vi que ela se lembrava ainda de mim, fiquei muito feliz.

“Vou deixá-las sozinhas para conversar”, Alec disse desaparecendo em seguida.

Peguei minha criança no colo e a sentei em sua cama, sentando-me no chão a sua frente e cruzei minhas pernas, a encarando.

“Como você está, minha pequena criança?” perguntei sorrindo.

“Estou bem, tia Léthy. O tio Alec brinca comigo e me leva para caçar. E você?”

“Estou bem melhor agora.”, coloquei uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha. “Quer saber as novidades da tia Léthy?”

Cindy assentiu entusiasmada.

“A tia Léthy teve um imprinting.”

“O que é isso?”, ela franziu o cenho.

“Bem...”, comecei a explicar. “Quando somos lobisomens, sofremos um tipo de amor a primeira vista. Isso se chama imprinting.”

“Mas, tia Léthy, você só é parte lobisomem.”, Cindy disse confusa. “Você cheira bem. Os lobisomens têm cheiro ruim.”

Eu ri. Por mais que Cindy tivesse seus quase noventa anos, ela ainda mantinha a curiosidade de uma criança de seis.

“Mas eu ainda sou metade lobisomem, Cindy. E tive imprinting.”

“Não é com o tio Alec, não é?”, ela indagou triste.

Suspirei. Antes de minha primeira partida de Volterra, eu tinha dito a Cindy que eu e Alec não estávamos mais juntos. Parecia que ela ainda tinha um tipo de esperança para que nós dois voltássemos.

“Não. Não é Alec.”, expliquei. “Ele é outro lobisomem. O nome dele é Seth.”

“O tio Seth é legal com você?”

Sorri um tanto triste.

“Claro. Seth me ama e eu também o amo.”

“Se vocês se amam tanto, por que você está tão longe dele?”

Essa pergunta me surpreendeu. Cindy sabia de muita coisa que eu desejava que ela não soubesse. E isso, obviamente, era uma delas.

“Vou te explicar, mas tem que me prometer que não vai contar para ninguém.”

Contei sobre minha procura por Carlisle, meu encontro com Seth, minha vida com os Cullen, meu acidente com Alice, meu encontro com Alec, o traidor da minha família e minha visão. Foi um alívio e tanto poder desabafar tudo aquilo, mas vi Cindy ficando triste e seu rosto se retorceu como se ela fosse chorar.

Segurei seu pequeno rosto e a fiz me encarar. Havia preocupação em seu olhar que instantaneamente se refletiu no meu.

“O que foi, minha pequena criança?”, perguntei.

Ela hesitou.

“Tia Léthy, essa última visão que você teve sobre você matando o tio Seth tem a ver comigo controlando sua mente?”

Queria poder dizer que não, mas eu não mentia para Cindy.

“Não sei, Cindy.”, admiti.

“Eu juro que nunca faria isso com você.”, Cindy disse levantando suas pequenas mãos e as colocando uma em seu peito e outra levantada, como um juramento.

“Eu sei que não, mas mesmo assim não quis arriscar.”

Bocejei.

“Tia Léthy está com sono.”, Cindy zombou recuperando um pouco do seu humor. “Eu nunca durmo.”

Mostrei minha língua para ela, fazendo uma careta ganhando seu riso como resposta.

“Vou dormir, Cindy. Amanhã vamos caçar. Eu, você e o tio Alec. Se você quiser.”

“Claro!” Eu quero muito, tia Léthy, mas acho que o tio Alec não vai querer vir.”, Cindy balançou a cabeça.

Bufei.

“Vou convencê-lo de ir.”

Cindy ficou entusiasmada e começou a pular em sua cama. Depois se levantou e me puxou até a porta. Em um movimento rápido, deu a volta e começou a me empurrar. Nós paramos do lado de fora, Cindy com a mão na maçaneta.

“Boa noite, tia Léthy.”, ela abraçou minhas pernas.

“Boa noite, minha pequena criança.”, afaguei seus cachos loiros.

Cindy se afastou e fechou a porta.

“Meu pequeno segredo. Minha criança imortal.”, sussurrei comigo mesma caminhando em direção ao meu quarto.


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