Not Insane escrita por AnneLice


Capítulo 14
Capítulo 14




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Don't make me sad, don't make me cry

Sometimes love is not enough

And the road gets tough, I don't know why

Keep making me laugh, Let's go get high

The road is long, we carry on

Try to have fun in the meantime

Não me deixe triste, não me faça chorar

Às vezes o amor não é o bastante

E a estrada fica difícil, Eu não sei por quê

Continue me fazendo sorrir ,Vamos nos embriagar

A estrada é longa, nós seguimos adiante

Tente se divertir no meio tempo

(Born to Die - Lana Del Rey)



Eu realmente estava perdida. Meu mundo tinha virado de cabeça para baixo, e alguém se esqueceu de me explicar o motivo. James era um vampiro. Iríamos morrer. Não há esperança. Eu já tinha entendido tudo isso. Mas como isso foi acontecer? Num momento eu era uma garota assustada num sanatório, prevendo morte de doentes e me sentindo deprimida. E em outro momento eu me encontro no covil de um monstro de histórias de terror, assistindo a morte chegar até mim lenta e dolorosamente.

Não haveria jeito de sair viva. Então eu apenas estava esperando tudo isso acabar, rezando para que existisse algum tipo de salvação de vida após a morte, e fim. Quando os dois vampiros entraram na sala, eu mal notei suas presenças. Mas então James começou a falar, e isto prendeu minha atenção. Pois haveria algum meio de escapatória? Era isso que ele estava falando? Ele era doente? Por que alguém deixaria seus prisioneiros escaparem? E isso me levou a uma conclusão: ou ele era completamente insano ou completamente autoconfiante e doentio. Eu achava que era uma mistura dos dois.

–...vocês terão quatro dias de vantagem. Digamos que para atiçar as coisas, deixar tudo interessante. Imortalidade é rotina seguida de rotina, isto é muito entediante. Espero que entendam meus motivos, e façam disso uma coisa real. Suas vidas estão em jogo. -nesse momento ele parou para dar uma risadinha sarcástica, o que eu achei bem assustador, pois eu não duvidava de suas palavras. Nossa vida poderia chegar a um fim. Depois ele olhou para mim e deu uma piscadela. -E enfim, serão capturados daqui quatro dias, e serão levados para Volterra. Uma terra fascinante, cheia de poder sobrenatural. Sim minha querida Alice, nossa realeza mora lá. E em breve você também. Mas isto é um assunto para depois. Voltando ao que importa. Quatro dias. Tic-tac-tic-tac. O tempo de vocês está passando. Acho melhor correrem. Uma humana frágil não vai muito longe.

E dizendo isso ele nos deixou. Saiu da sala com Victoria o seguindo. Jack já estava lidando com minhas correntes, quebrando-as em menos de dois segundos. Depois disso, nós saímos da casa sob o olhar de inúmeros vampiros espalhados em volta, mas que não reagiram de nenhum jeito quando pegamos o carro. Me lembro de Jack dirigindo igual um maníaco durante cinco horas, mal parando para me dar uns instantes humanos. Eu não comi. Dormi muito mal, tendo pesadelos. Nenhuma visão. Nenhuma dica sobre meu futuro. Tudo estava tão incerto. Só sei que, quando chegou no final da tarde, quando a lua já estava cheia e com um brilho dourado no céu, estávamos mais longe da casa do que eu já tinha sonhado em estar minha vida inteira.

E Jack continuou dirigindo. Sempre em frente, sempre nos deixando mais longe de nossos passados e de nossa vida. Eu já nem conseguia mais calcular as horas. Não sabia o que era sonho e o que era realidade. Eu estava fraca, variando entre dormir e acordar. Até que eu entrei em uma visão. Visões são mais realistas que sonhos. Nesta visão, eu estava trancada dentro de um galpão escuro. Eu escutava um barulho estranho, e meu esconderijo balançava constantemente. Eu estava sentindo a pior dor da minha vida. E o mais estranho: eu estava me vendo. não era comum. Era como se a eu real fosse um fantasma, e a outra de mim estava deitada, nua embaixo de um lençol branco, gritando palavras estranhas... Como se estivesse morrendo.

E então eu acordei. Jack continuava dirigindo. Estava amanhecendo, o sol estava quase lançando seus primeiros raios. Estava tudo silencioso. Eu estava até com medo de falar. Afinal, eu não conhecia mais Jack. Eu era apenas uma garotinha sequestrada e assustada, de certa forma. Mas eu me obriguei a quebrar o silêncio.

–Jack, para o carro.

–Mary, o que aconteceu? Você está se sentindo bem? -ele me olhou preocupado.

–Eu disse pare o carro.

E assim ele desacelerou, até parar. E me olhou, levantando uma sobrancelha. Eu abri a porta e saí. Ele me seguiu.

–Você vai ter que me contar agora pra onde está me levando. Eu tenho direito a voto nesses assuntos. Quer dizer, sério! Eu tive uma visão. E eu estava morrendo! Agora quer me contar algo?

Eu estava levemente furiosa. Quando você se vê morrendo, acho que este deve ser o sentimento errado a se sentir. Mas eu estava brava por não poder ter escolha na minha própria morte. Eu não queria ser uma bonequinha manipulável dos vampiros.

–Você se viu morrendo? Isto não fazia parte do plano. Onde você estava?

–Como assim onde eu estava? Eu vou morrer! E eu não mereço isso. Eu aceito morrer, mas eu quero poder decidir isso! Eu mal entro no seu mundo, e minha vida evapora! Eu quero sair disso. Eu vou me matar eu mesma, antes de ser alcançada por um de vocês.- e foi nesse momento que eu comecei a chorar. Era incontrolável. Eu não sabia o que fazer. Virei as costas para Jack e comecei a andar pela estrada de terra.

–Mary, por favor volta! Eu vou te manter viva. Eu prometo! Olha para mim! -ele me puxou pelo ombro.

–Não me toca! -eu gritei. Respirei fundo, e as lágrimas vieram em maior quantidade.

E ele me abraçou. E foi nesse abraço que eu encontrei conforto, segurança e uma promessa que tudo iria ficar bem. Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti protegida. E assim, consequentemente, veio um beijo. Dos lábios de um assassino.



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