Eu já estava ficando impaciente dentro daquele carro. Nenhuma rádio tocava algo interessante, meu telefone agora parecia um poço de tédio e a minha claustrofobia estava começando a atacar. Não precisaria nem olhar no relógio para dizer que Sara estava naquele lugar há mais de uma hora.

                Resolvi ir até lá.

                Tirei a chave da ignição, peguei minha bolsa no banco ao lado e saí do carro. Ajeitei meu vestido conferindo se ele não se encontrava fora do lugar e me pus a correr pela rua cheia de carros, ignorando as buzinas frenéticas de alguns por eu nem ter esperado o sinal parar.

                Passei pela entrada e ninguém se encontrava lá, apenas alguns paparazzi esperando a saída dele. Argh.

                Foi aí que eu tive a brilhante ideia de ligar para Sara. Por que eu não pensei nisso antes de sair do carro? Jessica burra!

                Tirei o celular que havia ganhado de aniversário da bolsa e disquei o número. Não chamou nenhuma vez e deu como fora de área. Olhei os pininhos no canto da tela touchscreen e vi uma linha reta indicando um pífio sinal.

                Droga!

                Fui andando sem prestar atenção aonde ia procurando por algum sequer pino de sinal, para pelo menos ela perceber uma chamada em seu celular. Fui andando e me dei conta que estava em um beco mal iluminado, provavelmente a parte lateral do estúdio. Vi que perto da porta de saída tinha uma iluminação um pouco melhor. Fui andando em direção.

- AU!- Exclamei de dor ao sentir algo bem duro bater forte contra minha cabeça. Caí por instinto levando minha mão esquerda à cabeça. Aquilo ali daria um belo de um galo.

-Ai meu Deus! Eu te machuquei? - Uma voz rouca soou preocupada. Será que eu estava no céu? Será que eu tinha morrido e um anjo falava comigo?

- Machucou! Quer dizer não! Quer dizer...eu...eu não sei!- Eu falei brava com a pessoa que acabara de me acertar com uma porta. Belo dia esse hein!

- E-eu acho melhor te levar pro hospital- Ele me ajudou a levantar.

Quando tive a oportunidade de olhar quem fora o tal infeliz que me acertara, percebi que não era apenas um certo alguém que estava aqui diante de mim, percebi que a pessoa que eu tratava antes como um anjo na verdade era um menino encapuzado. Fiquei com medo, até ele tirar o que me impedia de reconhecer sua pessoa.     

Na minha frente, se encontrava ninguém menos do que Justin Bieber. Oh, quantas garotas não se matariam para estar aqui no meu lugar.

- Só por favor na grita, eu juro que te dou ingressos pra você e quem mais quiser no meu próximo show.- Ele suplicou enquanto me segurava com uma mão e a outra discava alguns números em seu celular.

- Eu não vou gritar, e eu também não quero a droga dos seus ingressos!- Eu falei brava e ele me fitou espantado. Parecia que eu tinha xingado sua mãe.

- V-você não q-quer ingressos?- Ele perguntou incrédulo.

- Não. E eu não preciso da sua ajuda.- Eu me soltei de seu braço bufando e indo em direção á rua. Mas antes que eu pudesse dar meu segundo, quase tropecei em meus próprios pés. Eu estava meio tonta. Ainda bem que ele por surpresa, me segurou. Droga! Contato demais!
            - Tem certeza?- Ele perguntou vitorioso.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, uma luz bem forte nos cegou. Eram duas bolas bem grandes e luminosas que entravam pelo beco.

-Vem comigo.- Ele me puxou delicadamente pelo braço me levando ao carro. Nem recusei, afinal estava tonta e a essa hora Sara já devia estar no carro, provavelmente indo embora. Ainda mais porque se ela me conhece bem, saberia que eu já teria tomado um táxi.

*Justin POV*

            A entrevista foi ótima, e como sempre Ellen havia me recebido muito bem. Eu havia cantado “boyfriend” e todas as garotas no estúdio foram ao delírio. Eu me contentava apenas com isso. Não sei como essas garotas conseguem ser tão perfeitas.

            Desci as escadas da parte detrás do estúdio ao saber, por Ryan, que a entrada estaria cheia de paparazzi. Eu ainda não tinha sido visto em público, então graças a meu Deus, o contrato do filme estava de pé.

            Abri a porta dos fundos fortemente sem ligar se alguém estaria do outro lado. Eu gosto desses meus momentos ninjas. Bom, gosto, mas não quando acerto ninguém. Seria ironia se eu dissesse que pela primeira vez na vida alguém estava realmente atrás da bendita porta?

            Escutei um “Au” e depois o barulho de algo leve caindo no chão. Quando abri a porta me deparei com um anjo, ou melhor, garota no chão. Ela vestia um vestido amarelo e uma jaqueta jeans. Ela era linda. Seu corpo, se falassem que fora delineado por anjos esculpistas, não duvidaria.

            Acordei de meu transe quando lembrei que ela poderia ter se machucado. Ai meu deus, e se ela fosse uma fã e gritasse alto e os paparazzi ouvirem? Tô fudido!

            -Você se machucou?- Perguntei me aproximando dela e reparando que parecia realmente um anjo sem asas. Uau!

            - Machucou! Quer dizer não! Quer dizer...eu...eu não sei!- Ela falou meio zonza ainda, confusa com as palavras. Estava com a mão na cabeça e eu fiquei preocupado. Vai que ela desmaie?

            -E-eu acho melhor te levar pro hospital- Eu falei ajudando-a a se levantar. Ela estava com plataformas altas, então continuei a segurando com medo dela cair novamente e ao mesmo tempo contatando Ryan que podia vir. Tirei o capuz para enxergar melhor.

            - Só por favor na grita, eu juro que te dou ingressos pra você e quem mais quiser no meu próximo show.- Eu me lembrei do risco dela por acaso gritar quando me viu sem o capuz. Eu supliquei com medo do que ela poderia fazer.

            -Eu não vou gritar, e eu também não quero a droga dos seus ingressos!- Ela falou nervosa, mas porém baixo, percebendo que eu me afugentava das câmeras.

- V-você não q-quer ingressos?- Eu perguntei quando percebi que ela realmente tinha falado o que eu havia pensado. E-ela não era uma fã?

- Não. E eu não preciso da sua ajuda.- Ela se soltou de mim, andando em direção á saída do beco. Mas antes que ela desse mais alguns passos, tropeçou e quase caiu. Mas eu fui rápido (como um ninja iha!) e a segurei antes de ver um anjo como ela cair.

- Tem certeza?- Perguntei feliz, pois agora teria a oportunidade de leva-la para o hospital e poder vê-la sob a luz. Ela era linda e eu não sei por que, mas eu queria conhece-la. Só o fato dela não ser minha fã já é um começo.

Antes dela reclamar de novo, Ryan entrou com minha Range pelo beco estacionando perto de nós.

- Vem comigo- Puxei-a pelo braço.

Ryan desceu do carro e levou um susto quando percebeu que a garota estava comigo. Me olhou malicioso mas antes que eu pudesse xingá-lo, ele perguntou.

- Q-quem é ela?

Foi aí que eu me toquei que não sabia nem seu nome. Justin burro!

Eu a olhei e ela entendeu porque eu não havia respondido.

- É Jessica

-Awn, prazer Jéssica- Estendi minha mão para ela. A mesma me olhou incrédula e eu apenas recuei a mão ao perceber que aquele não era o momento. Entramos no carro e fomos em direção ao hospital.