Acordei vagarosamente, ao sentir alguns raios do sol batendo na janela fechada. Fui lentamente me lembrando da noite passada, a forma como dormimos juntos, os nossos trajes.

Um sorriso bobo brotou em meu rosto ao me lembrar com perfeição de cada centímetro exposto de seu corpo. Aquela boxer branca que fazia a imaginação de qualquer um rolar solta.  Aos poucos fui me familiarizando com o que estava ao meu redor, e podia sentir um calor extremo perto de mim. Uma respiração pesada na minha nuca, e braços quentes e fortes laçando minha cintura.

Eu queria loucamente o olhar dormindo, mil maravilhosas suposições vinham à minha mente de como ele deveria ser adormecido. Seus olhos serenos, sua face sem expressões, sua perfeita boca rosada. Infelizmente, fiquei apenas em minha imaginação, pois não podia me mover, senão eu o acordaria.

Eu queria poder ficar aqui eternamente, em seus braços, com sua respiração contra minha pele. Seu cheiro me desorientava. Não sei bem ao que me referir, mas era bom, muito bom. Eu me embriagava apenas pelo nariz.

Lenta e silenciosamente, ergui meu braço até o criado ao lado da cama, e alcancei minha bolsa, tirando meu telefone de dentro da mesma. Apertei o botão superior, e vi que já eram quase sete da manhã. Odeio acordar cedo, mas dessa vez não poderia ficar dormindo.

Fiz certo malabarismo-impossível para me desentrelaçar de seus braços, porem consegui. Fui em direção ao banheiro, lavar meu rosto. Peguei minha escova de dente na bolsa e fui escovar os dentes.

Saí do banheiro e ele ainda dormia calmamente. Tão sereno e quieto. Um perfeito anjo. Aproximei-me da cama, e me deitei ao seu lado, mas dessa vez, eu estava virada de frente para ele, á poucos centímetros de seu tão angelical rosto. Não poderia deixar passar aquele momento, aproveitei que ele dormia profundamente, e passei minha mão pelo seu rosto.

Sua sobrancelha era macia e delicada, a testa estava lisa, sem nenhuma marca de expressão, dada a tranquilidade enquanto ele dormia, provavelmente estava tendo bons sonhos. Desci meu dedo pelo seu nariz, era pequeno e aristocrático. Desviei meu olhar a suas bochechas agora, perfeitamente delineadas. Sorri, lembrando como ficavam salientes quando ele sorria. Continuei minha perigosa e deliciosa exploração descendo pela mandíbula, que era marcante e angulada, dando um gosto de sua perfeita masculinidade.

Toquei receosamente o contorno de seus lábios. Ele possuía uma textura extremamente suave e deliciosa, queria poder beijá-lo agora mesmo. Seus lábios eram realmente convidativos.

De repente, um leve sorriso formou-se em seus lábios. Seus brancos dentes não apareciam. Meu coração acelerou ao perceber que ele havia acordado. Ele deve me achar uma louca obcecada agora. Ergui meu olhar e encontrei o paraíso. Seus olhos extremamente caramelados, cores de âmbar. Eles me fitavam orgulhosos e extremamente felizes.

-Bom dia- Justin falou quase que em um sussurro.

-Bom dia- Eu o respondi, com um sorriso bobo em meu rosto.

- Já ta na hora de ir embora?- Ele perguntou depois de alguns segundos, parecendo meio desapontado e infeliz.

Assenti com a cabeça, rindo pelo nariz. Ele fechou os olhos e suspirou. Se mexeu e se sentou na cama, logo levantando e indo em direção ao banheiro. Novamente minha imaginação não ganhou apenas asas, parece que ali eu estava com um ninho de passarinhos inteiro. Sua boxer branca estava levemente amassada. Pude notar, na hora em que ele se virou, um certo volume. Aquilo me deixou quente, era mesmo o que eu imaginava? Balancei minha cabeça tirando aqueles pensamentos pervertidos da minha mente.

Depois de alguns minutos, Justin saiu do banheiro, já usando a mesma calça de ontem, porem agora estava seca. Eu também já havia vestido minha roupa, e apenas o esperava sentada na cama assistindo televisão.

[-]

Justin já estava adentrando na rua do condomínio da casa da minha avó. Olhei no relógio do rádio e faltavam 8 minutos para as oito. Graças a Deus eu chegava em um horário em que ninguém estava acordado.

A mini-viagem havia sido maravilhosa. Rimos e conversamos muito. Eu realmente tinha feito um maravilhoso amigo. Justin é sempre o que procurei nas pessoas, engraçado, inteligente, sincero. Em pouquíssimo tempo, eu havia me apaixonado por ele. Não, pera ai! O que que eu estou falando?! Apaixonada?! Quem?! EU?! Pfff, claro que não!

- Está entregue Jess.- Jus falou fitando a casa, e depois eu. Podia sentir uma certa infelicidade em seu olhar.

- Ehm obrigada Jus- agradeci porem não mexi um musculo. Não queria sair do carro agora. Esses dois dias haviam sido tão bons, que não queria que acabasse.

- Foi muito bom esse tempo que a gente passou junto- Justin falou, sincero- sério mesmo. Há muito tempo não me sentia assim.

- È, foi realmente bom. Eu também estava precisando desse tempo para relaxar.- Desabafei com ele. Cada palavra era extremamente sincera.

- Hm, Jus? Será que você pode abrir o porta malas? Eu preciso pegar minha bolsa e as sacolas...

Saímos do carro e demos a volta chegando na traseira do veículo. Justin ia apertar o botão do controle, mas antes falou.

- Pera ai. Só abro com uma condição.- Ele falou com um sorriso maroto.

Ai meu pai, o que esse garoto quer aprontar agora? Será que ele quer fugir? Porque se for, eu vou ter que passar em casa pra pegar algumas roupas antes de concordar.

- Qual condição?- Perguntei divertida e curiosa.

- Eu quero que você vá no meu show sexta feira.- Ele estava em êxtase, parecia que estava pedindo o presente de natal para o papai noel.

- Por que você quer que eu vá?

- Porque eu queria passar mais tempo com você. Você é uma ótima garota, e eu queria que você conhecesse um pouco do meu trabalho.

- Não sei não Justin...- Eu falei confusa. Eu tinha medo que os paparazzi nos visse. Tinha medo do que meus pais iriam dizer. Estava confusa.

- Por favooooor- Justin suplicou como uma criança.- È no Staples Center. Eu sei que você vai amar! Vamos?

Fiquei algum tempo pensando, e precogitando algumas soluções.

- Argh, ta bom! Eu vou no seu show.- Me dei por vencida.

Justin deu um pulo e me pegou no colo, me girando no ar. Depois me colocou no chão. Correu até o porta-luvas do carro e tirou dois ingressos de camarote de dentro.

- Aqui, um pra você e um pra quem mais você quiser. Contando que não seja nenhum garoto. – Ele falou divertido.

- Pode ficar tranquilo. Eu não vou levar meu namorado- Falei caçoando de sua cara. Ele porem, ficou sério e me olhou preocupado.

- V-vvocê t-tem na-namorado?

Comecei a gargalhar por tal reação.

- Não Juju, eu não tenho namorado- Falei entre as risadas. Ele soltou um suspiro de alívio.

- Eu acho melhor eu entrar.- Falei decepcionada, queria poder ficar mais tempo com ele.

- Hm, tá.. é, ta tudo bem... Quer que eu te leve na porta?- Ele perguntou, aparentemente decepcionado também.

- Não, ehm... não precisa.

Deixei as sacolas no chão, junto a minha bolsa e agarrei seu pescoço, em um abraço forte. Ele me apertou pela cintura, e colocou o rosto em meu pescoço.

- Muito obrigada, por ter trazido o velho Justin de volta.

Me despedi mais uma vez, e fui em direção à casa. Abria a porta o mais silenciosa possível, e acenei para o Justin que já estava em seu carro.

Entrei em casa, e subi as escadas muito devagar, para não acordar ninguém.

Chegando ao meu quarto, encontrei Sara dormindo calmamente em uma das camas. Deixei a sacola dentro do closet, fui até a cama e me deitei. Mais alguns minutos de sono não matariam ninguém.

- È bom que você tenha uma ótima recompensa. – Uma voz soou.