love. escrita por Taengoo


Capítulo 8
Chapter 8: Jealousy




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 ♫ Oh jealousy look at me now

Jealousy you got me somehow

You gave me no warning

Took me by surprise

Jealousy you led me on... ♫

 

"Eu sinto ciúmes porque tenho medo de alguém te fazer mais feliz do que eu já te fiz um dia."

— Cebola. Fev10

[...♥...]

Mônica e Magali resolveram ir até uma lanchonete depois da aula, pois a dentuçinha estava precisando desabafar um pouco sobre a sua situação com Cebola. Depois que eles tiveram aquela ‘pequena’ discussão na cantina, não olharam mais pra cara um do outro, e ela tinha medo que sua amizade com o careca estivesse por um fio.

— Talvez o melhor seria se a gente nunca tivesse namorado...

— Não fala assim Mô – disse Magali enquanto fazia um gesto para alguém atender seu pedido. – Vocês ainda vão se entender.

— Pois eu acho difícil – murmurou Mônica com a mão no queixo.

— Eu vou querer um milk-shake de morango, por favor – a comilona entregou o cardápio para o moço e olhou para a amiga. – E você?

— Estou de dieta, não vou querer nada.

— Então pra que me chamou pra vim aqui?

— Queria sair um pouco de casa... – respondeu Mônica sem dar atenção a expressão que a morena fez. – Magá, você acha que eu exagerei um pouco em terminar com o Cebola por causa daquilo?

— Um pouco, Mônica? – ela revirou os olhos.

— É né? – disse, mordendo a unha – Eu acho que peguei pesado mesmo... mas agora já foi 

— A única coisa que eu sei é que vocês não podem ficar brigando toda vez que se encontrarem... até porque não tem como fugir dele, seria impossível.

— Falando em fugir... O Quim te procurou depois do que rolou?

— Me ligou algumas vezes – Magali deu ombros. – Mas eu já apaguei o número.

— Fez bem – Mônica afirmou com a cabeça.

— Mas se quer saber... eu tô meio preocupada com ele.

— Preocupada por quê? Ah não Magali! Não inventa de ficar com pena dele depois do que ele te fez.

— Não, não é pena Mô... é que hoje no colégio eu vi que ele estava machucado. Parece que apanhou de alguém, sei lá... 

— Mais que ótimo!

— Mônica! – repreendeu a comilona.

— É verdade, oras. Ele bem que mereceu, se tiver mesmo apanhado.

— Tudo bem que ele foi um cretino, mas sei lá... eu conheço o Quim, e ele nunca se envolveu em brigas.

— Tudo pode acontecer... se ele foi capaz de terminar com você para ir vagabundar, então talvez ele seja capaz de brigar também.

Magali suspirou e ficou pensativa. Lembrou-se da mão de Do Contra que também estava meio machucada. Poderia ser só impressão, mas ela não sabe o que aconteceu depois que foi embora na noite em que deixou os dois sozinhos no show. Do Contra não era de brigar, muito menos com alguém dos seus amigos, e apesar de ter bebido um pouco demais, ele não fazia do tipo violento. A não ser que Quim tivesse feito algo para irrita-lo.

— Eu estou realmente perdendo as esperanças nos garotos de hoje... – disse Mônica após o garçom ter deixado o pedido de Magali na mesa. – Nenhum parece prestar...

— Ainda deve existir alguns.

Mônica continuou queixando-se do sexo masculino, enquanto Magali saboreava o seu milk-shake. Suas risadas foram interrompidas por duas peças que entraram na lanchonete logo que avistaram as amigas lá dentro.

— É vem o Cebola e o Cascão... – avisou Magali, fazendo Mônica virar o pescoço para trás. O sorriso da garota sumiu imediatamente, e fez uma careta ao voltar seu olhar pra comilona.

— Não acredito... com certeza ele tá me perseguindo.

— Disfarça.

— E ai meninas – cumprimentou o sujinho sorridente ao bater seu olho no milk-shake de Magali.

— O que você tá fazendo aqui, moleque? – perguntou Mônica olhando para Cebola.

— O careca te viu aqui dentro e... – disse Cascão, mas foi interrompido no mesmo momento por uma cotovelada violenta do amigo. – Ai!

— Ah claro – Mônica sorriu com ironia e revirou os olhos. – Já devia ter imaginado... 

— Não é nada disso! Só fiquei afim de tomar um sorvete... – disse ele se sentando ao lado de Magali. – E mesmo se fosse, qual o problema? Estamos de mal por acaso?

— Ai Cebolinha não enche o saco tá? Não estamos de mal, mas não estou com paciência pra você hoje.

— E por que não? – ele sorriu. – Esse seu mal humor se deva talvez aos meus comentários sobre a nova professora de educação física? Que por falar nela... Deu uma aula hoje, hein Cascão?

O sujinho não estava prestando atenção em nada que eles estavam falando.

— Hã?

— Cala essa boca! – disse Mônica.

— Vai dizer que não ficou mordida? 

— Não estou nem aí pra suas avaliações em outras mulheres, e se quer saber, te dou todo apoio se um dia quiser repetir aquelas coisas frente dela, coisa que eu duvido que você faça! 

— Tá me chamando de covarde?! 

— Ah não, claro que não... – Mônica riu com sarcasmo, o que fez Cebola se irritar ainda mais. 

— Vamos ficar em paz só hoje, por favor? – foi a vez de Magali falar.

— Estávamos em paz, até esses dois aparecer... – retrucou a dentuça, cruzando os braços.

— Ei, até eu? – disse Cascão ofendido.

— Mônica, a lanchonete é pública pelo que eu saiba – disse Cebola.

— Mas não é única do bairro!

— Eu vou relevar essa sua grosseria porque eu sei que se trata apenas de ciúmes...

— Ciúmes?! Ciúmes de que garoto?! – perguntou Mônica se alterando

Magali suspirou exausta. 

Tinha perdido a conta de quantas vezes aqueles dois passavam a brigar quando os quatro se reuniam em algum lugar. Até durante o namoro, tinha discussões rotineiras. 

Esperando que os dois terminassem a briga por conta própria, a morena cruzou os braços e fixou seu olhar na janela. O resto do seu milk-shake foi roubado por Cascão, mas não ligou pois já tinha tomado o suficiente.

Magali viu de repente passar um garoto de moicano com seu skate pela praça. Ela sentiu borboletas no estômago, do mesmo jeito que tinha acontecido na escola. Ainda era estranho, não estava acostumada a sentir coisas do tipo. Sem perceber o que estava fazendo, observou o garoto deslizar sobre o skate por um bom tempo, enquanto sentia o formigamento na barriga crescer. 

Cascão percebeu que a amiga não estava mais participando da conversa, pois Cebola e Mônica já tinham discutido o suficiente, e agora estavam falando sobre outros assuntos. O sujinho tentou encontrar o motivo para ela estar tão longe e viu Do Contra.

— Ei é o DC... DC! – gritou o garoto. – DC, aqui!

Do Contra avistou Cascão em uma janela na lanchonete acenando pra ele. Atravessou a rua depressa sorrindo sem graça por ele ter chamado a atenção das pessoas a sua volta. Entrou na lanchonete e caminhou até os amigos, assim que viu Magali seu sorriso diminuiu um pouco.

Ela não estava olhando pra ele, mas parecia de fato, nervosa.

— E ai galera – disse ele, apoiando seu skate em algum canto. 

— Oi DC! Senta aqui...

Mônica empurrou Cascão, que estava ao seu lado, com tanta força que o mesmo caiu no chão, franzindo o cenho, não entendendo o motivo daquela agressão. Ele se levantou e sentou perto de Cebola, que não estava gostando nada daquela animação toda da dentuça, de repente.

— Tava indo pro skatepark? – perguntou o sujinho, se recuperando da queda.

— Sim, escondido na verdade... – ele riu sem graça. – Minha mãe ainda tá na minha cola por causa do meu acidente...

— É, eu soube pelo Nimbus na escola que você torceu o tornozelo... – disse Mônica alisando o braço do garoto. – Como você tá?

— Melhor – respondeu ele olhando pra comilona pelo canto do olho, que continuava quieta, brincando com o canudo.

— Que bom. Mas e aí? – Mônica disse, animada. – Me conta o que fez todo esse tempo nas férias, tô curiosa.

— Bom eu... – Do Contra suspirou. – Morri de calor, andei de skate, dormi bastante... morri de calor.

— Ai DC, você é hilário – Mônica começou a rir, e a se aproximar ainda mais do moreno.

Magali e Cebola se consertaram na cadeira e cada um olhou pra um canto diferente da lanchonete. Aquela cena estava ficando cada vez mais constrangedora. Cascão era o único que não entendia nada.

— E vocês foram pra onde? – perguntou Do Contra, sem notar todo aquele charme que Mônica estava jogando pra ele.

— Eu fiquei na casa dos meus tios – disse Cascão cruzando as mãos atrás da cabeça. – Moram perto da praia, mas enfim... não deixei que isso estragasse minhas férias.

Todos riram, exceto Magali que estava distraída demais tentando não demonstrar sua inquietação. 

— Eu viajei pro Rio – disse Mônica, agarrando o braço de Do Contra. – Que por falar nisso, foi lá onde eu passei os dias mais incríveis da minha vida. 

— Eu digo o mesmo – disse Cebola com braços cruzados e sorrindo. – Não posso reclamar das minhas. Foram iradas... 

Do Contra voltou a encarar Magali discretamente, que por sua vez não tinha dito nenhuma palavra desde que ele apareceu. Por uma fração de segundos seus olhares se encontraram, e ela sentiu novamente aquelas borboletas, tratando de desviar imediatamente.

Com a tentativa evidente de Mônica querer causar ciúmes em Cebola, ela constatou que não ia demorar muito até eles começarem a brigar de novo. Decidiu se retirar dali, pois o incomodo já era angustiante. 

— Eu acho que vou pra casa – ela disse ao se levantar. – Preciso fazer aquela lição de biologia...

— Já amiga?

— Sim, você sabe como eu sou quando o assunto é tarefa – ela fez um gesto com a mão para Cebola dar espaço pra ela passar. 

— Tudo bem então, mas tarde passo lá – disse Mônica.

— Ok – ela sorriu sem graça.

— Espera, eu vou com você – disse o sujinho. – Marquei de ir na casa da Cascuda. 

Magali já ia dar o primeiro passo para ir embora, mas de repente uma mão segurou seu pulso, fazendo ela gelar por dentro.

— Eu preciso falar com você... – disse Do Contra.

Todos ficaram em silêncio, provavelmente esperando que o moreno dissesse o que tinha pra dizer. O coração de Magali disparou ao sentir aquele toque novamente. 

— Ahm... – ela disse, e tossiu. – F-fala.

Do Contra olhou em volta, e percebeu que os amigos estavam olhando para ele. 

— É... mas pode ser mais tarde – ele disfarçou, sorrindo soltando o pulso da garota. – É sobre a lição...

— Ah – ela assentiu com a cabeça. – Ok, mais tarde a gente se fala então.

— Bom... você não vem Cebola? – perguntou Cascão.

— Vou – o careca respondeu e se levantou sem tirar os olhos de Mônica que sorria satisfeita por ver a raiva em seus olhos.

Os três amigos sairam da lanchonete deixando a dentuça sozinha com Do Contra.

Cebola foi o caminho todo reclamando da ex, perguntando aos amigos se eles viram o jeito como ela tinha se atirado pra cima de Do Contra. Cascão e Magali só conseguiam rir dos ciúmes do careca.

[...♥...]

No dia seguinte durante a aula de inglês, a professara pediu para fazer duplas. Mônica vê Cebola arrastando sua carteira até Denise, mas tentou se controlar. Ao invés de se morder de ciúmes como sempre fazia, teve uma ideia melhor.

— Magá, se importa de fazer dupla com Marina hoje?

— Não... mas por quê?

— Tem outra pessoa que provavelmente está precisando da minha ajudinha hoje... – ela abriu um sorriso malicioso e foi até a mesa de Do Contra. Falou algo perto do seu ouvido e ele assentiu com a cabeça. Mônica então pegou uma cadeira, sentando ao seu lado.

Magali assistiu tudo de longe, e sentiu algo estranho. Aquilo nunca tinha acontecido antes, nunca tinha se incomodado com o fato de Mônica usar ele para fazer ciúmes em Cebola, o que já tinha acontecido outras vezes antes de eles começarem a namorar. Por que agora parecia se importar?

Seus pensamentos foram interrompidos por Marina que sentou na sua frente, lugar que seria de Mônica.

— Magá!

— Hã? O que? – perguntou assustada.

— Tá olhando pra onde?

— Pra ninguém – respondeu imediatamente. 

— Eu perguntei pra onde, e não pra quem – riu a desenhista.

— Ah... pra lugar nenhum... – disfarçou ela, foleando o livro.

— Outra vez aquela guerrinha de quem faz mais ciúmes em quem? – perguntou Marina observando Mônica e Cebola.

— Parece que sim – respondeu olhando pro caderno.

— Não achei que fosse ver isso novamente tão cedo... eles pareciam tão bem.

— Tudo graças a Denise, né?

— Ela bem que provocou, mas eu não acho que a Mônica deveria ter levado tão à sério, afinal o Cê não fez nada demais.

— Eu já disse isso, mas ela não me escuta. Agora estão os dois ai... nesse teatrinho besta.

Magali revirou os olhos, e Marina riu.

— Que foi gato? – perguntou Denise ao ver que Cebola não parava de olhar pro lado.

— Nada.

— A Mônica só sentou com ele pra te provocar, você sabe não é?

— Sei... ridículo isso.

— Ué, mas não é a mesma coisa que você tá fazendo agora? – ela sorriu cínica.

— Que? – Cebola olhou pra ruiva depois daquela pergunta.

— Desde quando você faz dupla comigo, Cebola?

— D-d-desde que você é a melhor aluna na aula de inglês, olas.

— Só isso?

— S-sim.

— Pode abrir o jogo, darling. Eu sei que isso tudo é pra fazer ciúmes na dentuçinha... e bem, já que eu meio que fui o motivo pra vocês terem terminado, eu vou te ajudar.

— Ajudar?

— É, vou deixar que você me use pra fazer ciúmes nela..

— Tem certeza que é uma boa ideia? Tipo, se foi por você que ela terminou comigo, então...

— Cebola, você mesmo resolveu sentar comigo pra isso, ou não?

— É... – ele coçou a cabeça com o lápis. – Você tem razão.

— Pode apostar comigo, a Mônica vai voltar pra você rapidinho – sorriu ela.

— Valeu Dê.

[...♥...]

No intervalo, Mônica resolveu dar continuidade ao seu plano.

Ela aproveitou que Cebola estava na porta esperando por Cascão, e que Do Contra estava prestes a sair da sala. Correu até ele pulando nas suas costas. 

— E ai DC, vamos lanchar?

— Er.. – ao ver a expressão assassina de Cebola no rosto, ele tentou dar alguma desculpa. – Adoraria, mas eu...

— Ótimo, então vamos! – Ela interrompeu o moreno e o puxou para o lado de fora.

Magali que assistiu a cena, se aproximou do careca colocando a mão em seu ombro.

— Qual o problema da sua amiga? – perguntou ele. – Vai ficar se jogando pro DC agora?

— Isso tudo é ciúmes? – sorriu ela.

— Eu mesmo não, ficou louca?

— Vem, vamos comer – a comilona o empurrou pelas costas ao ver que Cascão se aproximava também.

Ao chegarem na cantina, se depararam com Mônica e o skatista praticamente grudados em uma fila. A cena mexeu com Magali de um jeito muito estranho. Estava começando a achar que aquilo não era normal. Não sabia o que era de verdade, e muito menos sabia que nome dar ao que estava sentindo.

Cascão tentou acalmar Cebola que estava prestes a ir até lá tirar satisfações com a dentuça. Os três foram então para uma fila oposta e ao pegarem seu lanches se sentaram onde estavam Marina e Cascuda. Já Mônica por opção dela mesma, preferiu se sentar em um lugar distante da turma, deixando Cebola ainda mais nervoso.

Magali os observava de longe. Observava tanto que mal tocava na comida direito.

— Ei amiga o que você tem? – perguntou Marina do seu lado.

— N-nada.. por quê?

— Não está nem tocando no seu lanche.

— Ah...  – ela sorriu sem graça, tirando finalmente um pedaço do seu sanduíche. – Estava distraída.

— Magá, o que aconteceu com o Quim? – perguntou Cascuda de repente. – Eu vi ele com um machucado horrível na boca ontem.

— Ahm... – Magali baixou o olhar. – Eu... eu não sei. A gente terminou faz um tempo.

— Terminaram? – a loira se espantou.

Cascuda era a única da mesa que ainda não tinha ficado sabendo do término deles dois.

— Mas terminaram por quê?

— Maria... isso não é da nossa conta... – disse o sujinho vendo o estado que a comilona tinha ficado ao tocarem no assunto.

— Fica quieto Cascão! – disse a loira, em seguida se virou para Magali novamente. – Sério, o que aconteceu? Pareciam tão bem antes de você viajar nas férias.

— Er... O Quim... quis ficar sozinho, é isso – respondeu ela completamente incômoda.

Todos daquela mesa eram seus grandes amigos, Cascuda inclusive, mas discutir sobre aquele assunto, naquele momento, era difícil. 

— Ué, o Quim? Sozinho? Mas por quê? Ele falou alguma coisa?

— Chega né Cascuda? A Magali e o Quinzinho terminaram. Final da historia.

— Cascão deixa de ser inconveniente! Eu tô falando com a minha amiga!

— É você que está sendo inconveniente, Cascuda. Não tá vendo que a Magali não quer falar sobre o assunto?

— Perai gente, não precisam brigar também... – disse Marina.

Cascuda cruzou os braços irritada com o namorado e decidiu se retirar.

— Depois a gente se fala, Magá. Parece que tem muita gente querendo se meter na conversa dos outros.

Cascão revirou os olhos e Cascuda saiu andando.

— Não precisava tratar ela assim Cas – disse Magali.

— A Cascuda é melhor amiga da Denise, portanto adora uma fofoca, adora tanto que nem reparou que você ficou mal falando sobre o assunto.

— Eu sei, mas pega leve, ok?

— Daqui a pouco ela esquece... – disse ele dando de ombros e se virou para Cebola que estava quieto demais, olhando para uma mesa longe dali. – Ei careca... vai ficar fuzilando a Mônica com o olhar até que horas? – o sujinho arrancou risadas dos amigos, deixando o careca meio envergonhado.

O sinal não demorou a bater mas antes de entrar na sala, Magali foi até o banheiro. Ao sair de lá, ela deu de cara com a pessoa que ela menos queria ver no momento.

— Ah... Oi DC... – disse dando um passo pra trás.

— A gente precisa conversar, você não acha? – ele disse sério, colocando as mãos no bolso da calça.

— Conversar – repetiu ela.

— É Magali, conversar! Desde ontem que eu tô querendo falar com você. Por que tá me evitando?

— E-eu não tô te evitando, DC.

— Enfim, não é sobre isso que eu quero falar, e muito menos onde eu quero... – ele disse olhando pros lados. – Podemos nos encontrar mais tarde?

— Ahm... t-tudo bem... o-onde? – perguntou ela sem conseguir olhar diretamente pra ele. 

— Vou ver se consigo ir pro skatepark hoje quando minha mãe for trabalhar... te encontro na praça e nós vamos, pode ser? – a comilona assentiu com a cabeça. – Beleza, te espero lá.

Sem tirar os olhos da garota, ele começou a se virar pra ir embora, quando foi surpreendido por Mônica.

— DC, seu louco! Tava te procurando, vamos pra sala?

— Claro – respondeu ele sorrindo. – Deixa só eu ir no banheiro primeiro...

— Ok, vai lá... mas não demora hein?

Quando Do Contra entrou no banheiro masculino, Mônica soltou um gritinho agudo. Magali se assustou e colocou a mão no ouvido.

— Ai Mônic...

— Amiga! – Mônica pulou em cima da amiga, dando-lhe um abraço apertado. – Está dando certo! Está dando certo!

— O que?

— O Cebola, com ciúmes! Você viu a cara dele quando eu fui me sentar com DC na cantina? Meu deus ele só faltou me matar com o olhar! Adorei! – comemorou eufórica.

— Amiga... você não acha que já está exagerando um pouco?

— Exagerando por quê?

— Digo... você sabe que o Cebola já está com ciúmes mas... ficar usando o DC assim... acho meio errado.

— Errado? Por quê?

— Como por que Mônica? O DC gostava de você, esqueceu? 

— Eu sei, Magá... mas ele não me parece estar incomodado com isso. E além do mais, estou até gostando de passar esse tempo com ele, me esqueci do quanto o DC me faz rir.

Magali se lembrou das inúmeras vezes que ele lhe fazia rir também. Definitivamente Do Contra era um palhaço, uma das coisas que mais gostava na sua personalidade. Sentia falta daquelas conversas.

— É... – ela suspirou. – Bom você que sabe. Eu vou pra sala.

— Ok.  

[...♥...]

As duas aulas passaram mais devagar como de costume. Mônica que tinha mudado seu lugar para perto de Do Contra, continuou conversando com ele feliz da vida a aula inteira. Mesmo já sabendo que aquilo tudo era pra fazer ciúmes em Cebola, não ligou muito, afinal ele merecia e estava gostando da companhia da garota. Cascão e Xaveco riam da cara do careca, que se mordia de raiva.

O sinal bateu e foi o momento de Mônica finalmente largar o moreno, pois ela iria pra casa com Magali. As amigas foram conversando até a saída e ao chegarem no portão, a dentuça parou e arregalou os olhos.

Magali não entendeu o motivo do espanto. Não só ela, como Cascão e Cebola que também estavam do lado.

— Mônica... – Magali colocou a mão em seu ombro – Você está...

— LUCAS!— a dentuçinha gritou, e correu até um garoto encostado em uma moto.

Ele era loiro, alto, olhos verdes e bastante musculoso. As meninas que passavam cochichavam entre si sorrindo, se perguntando quem seria aquele deus grego misterioso.

Ao ver Mônica, o garoto abriu um enorme sorriso. Eles se abraçam como se conhecessem há anos.

— Ah não... Outro?! – lamentou Cebola inconformado.  


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