Passeando pelo vasto pasto verdejante das propriedades de
meu tio, admirava o dia. O trote manso de meu cavalo era algo familiar e
acolhedor, me distraindo das preocupações. Das tantas preocupações.

Logo completarei 18 anos e tenho o desejo que de me alistar como militar, apesar das insistências de minha mãe para me convencer do contrário. Eu estou decidido,não vou mudar de posição. Nunca. Bem, eu acho.

Fugimos da gripe espanhola que assolava o mundo e viemos para cá em um período de férias, sem previsão para seu fim. Na verdade não sei nem se realmente haverá um fim, minha mãe está animada com a vida do interior. Animada não sei com o que, talvez com a falta do que fazer. Essa vida do interior realmente me deixa de mal humor, e Edward Masen e mal humor não combinam.

Estamos há três semanas nessa fazenda, o lugar mais longínquo da sociedade e tedioso em que um dia pudera pensar em habitar. Observar o pasto crescer parecia ser a coisa mais atrativa que se tinha para fazer. Na verdade, era a única.

Bom,sabe aquela velha história de ar puro no interior? Bem, ele realmente era puro. Puramente fedorento. Fora criado na cidade, estava acostumado ao luxo, não acuidar de animais fedorentos. Na verdade, sempre cuidara do meu cachorro, mas ele era apenas preguiçoso, não fedorento.

O leve trote de Veloz (um tanto irônico, já que na única coisa em que ele é veloz é em absolutamente nada) me levava cada vez mais longe, lugar que reconhecia como sendo a divisa com a propriedade vizinha.

Estava distraído, pensando... talvez até mesmo adormecido em meus sonhos. Mas isso durou pouco, muito pouco. Um cavalo em trote veloz passou por mim, causando muito estardalhaço. Logo atrás, uma moça de longos cabelos sujos de grama corria e gritava esbaforida atrás do cavalo. Não que ela fosse alcançá-lo, mas ela parecia furiosa. Ela usava um vestido simples, amassado e sujo. Ainda não consegui entender o que estava pior, sua roupa ou seu cabelo. 

Aparentemente,ela ainda não havia me notado. De repente ela parou de gritar e correr, arrumou o vestido e os cabelos o melhor que era possível e levantou um rosto corado. O mais lindo que já vi. Eu sorri e disse:

- Aparentemente seu cavalo é um tanto rebelde, não é?

Ela me olhou. Olhou não, encarou. Após alguns instantes deve ter percebido que estava sendo deselegante e corou ainda mais, se é que era possível.

- Sim... Ele é rebelde. Muito rebelde.

- Bom, seja para onde que a senhorita esteja indo, imagino que precise de ajuda, não?
Suba que levarei onde for preciso.

Ela me olhou, como se decidisse se corria ou aceitava minha oferta. Percebi então que não a conhecia, nunca lhe falara na vida. Éramos totais estranhos um para o outro, e aceitar convites de estranhos não são muito seguros. Na verdade, nem um pouco.

- Sou sobrinho do dono destas terras, Dr. Carlisle Cullen. Me chamo Edward Anthony Masen – ela pareceu reconhecer meu nome, o que não é algo totalmente estranho

- Prazer em conhecê-la… senhorita?

- Senhorita Swan, Isabella Marie Swan – ao pronunciar seu nome ela fez uma careta- Mas prefiro que me chamem de Bella, por
favor.

- É claro, a filha do Coronel Swan – sorri – Então, aceita a carona? Acho melhor pedirmos para algum dos funcionários de seu pai ir buscar o cavalo, ele me parece um tanto arredio.

- Sim, concordo com você – Ela balbuciou como se quisesse estar em qualquer outro lugar, como uma pessoa que tivera seus planos frustrados. E pela sua cara, tinha mesmo. Só não sei o que ela poderia estar fazendo de ilegal. Moças geralmente não têm coisas interessantes do que suficientes para fugir.

Ela caminhou em direção a mim, desci do cavalo e a ajudei a montar e remontei.

- Segure-se – eu disse, então ela passou os braços pela minha cintura e começamos a galopar.

De repente, essa minha estadia na fazenda já não parecia mais tão sem cabimento, ou a ideia de voltar e me tornar um herói tão interessante assim.

>>> Bella>>>

Eu não queria fazer isso, não queria me casar com 18 anos e com alguém e que, ainda por cima, era meu melhor amigo. Nunca. Eu não ia aceitar isso. Eu sabia que teria que ser assim... me casar obrigada, e por meros interesses.

“Dia três de abril de 1918, a data história em que Isabella Swan
finalmente tomara coragem de fugir de casa e rebelara-se contra seu casamento”.
Que ótimo, revirei os olhos. É isso mesmo, aqui estou eu pulando uma janela. Nunca
pensei em fazer isso, mas a situação era extrema e eu tinha que fazer algo.
Jacob, meu amigo e quase noivo, deixou uma das várias casas dos pais para minha fuga iminente. Lembro-me das palavras de Jacob: "eu te amo Bella, mas não quero te obrigar a nada me desculpe por tudo isso, fuja para uma das casas dos meus pais. Eu cuido de uma em especial. Quero que vá para essa casa e que fique até meus pais pararem com essa idéia absurda". Eu não pensei duas vezes aceitei de bom grado. Jacob me levaria a certa distancia da tal
casa, lá um de seus cavalos estaria a minha espera. Bem, agora eu estou
descendo a janela, minha casa digamos que seja um pouco grande, quase cai
diversas vezes até que alcancei o tão esperando chão que pelo menos agora,
aquela grama era convidativa. Jacob me esperava um pouco antes da esquina,
estava tudo escuro, ninguém acordado aquela hora da noite. Entrei na carruagem, e Jacob logo começou o percurso. Um silencio constrangedor se instalou no pequeno lugar, Jacob não se deu ao trabalho de falar nada e eu muito menos, afinal era por causa da família dele que eu estava nessa enrascada sem sentido. Quando percebi que Jacob diminuía a velocidade resolvi falar algo.

– Obrigada.

– Por que? Se é por
causa da minha família que você esta nessa situação. Não venha me agradecer,
isso só vai me deixar pior.

         – Jacob, não é sua culpa! Nunca vou te culpar por isso, já sua família...

– Chegamos, Bella.

Senti como se isso fosse o fim da conversa mesmo, e como já tinha chegado logo me apressei em arrumar tudo em minha mente. Andar de cavalo pode se tornar difícil para os descoordenados, pode apostar.

– Pronto Bella, tem um cavalo esperando você logo a frente é só seguir reto.

– Tchau Jacob, até...

– Até.

Olhei para direção em que Jacob apontou, encontrando um lugar estreito. Lá, no final, vi o que poderia me causar alguns machucados e hematomas. O cavalo. Acredito que depois daquele corredor seja um campo aberto, Jacob falou que não leva muito tempo até a tal fazenda. Desci da carruagem e segui rapidamente o estreito lugar, cheguei no cavalo e fiquei encarando ele, tentando passar uma primeira boa impressão minha, acho que ele não foi com a minha cara. Montei no meu mais novo “amigo”. Ao menos de minha parte, claro. No início tudo estava dentro dos padrões, até que do nada o cavalo se revoltou, começou a andar rapidamente eu enquanto tentava acalmá-lo ele passou por uma pedra me levando ao chão. Admito que o que fiz foi infantil, fiquei revoltada, me levantei com dificuldade e comecei a xingar o animal, fiquei com vergonha de minha atitude infantil e como sempre corei. Quando levanto minha cabeça para avaliar se estou perto da fazenda me deparo com um homem me encarando do outro lado da cerca, isso quer dizer que estou perto da fazenda. Graças a Deus! Quando me lembrei do tal homem fiquei mais vermelha ainda, ele era lindo, cabelos bagunçados, roupas perfeitas, e um jeito todo sedutor.

O homem sorriu para mim, um sorriso perfeito e disse

– Aparentemente seu cavalo é um tanto rebelde, não é?

Não, eu soltei ele e mandei ele correr pelo campo para brincar de pega-pega. Mas que pergunta idiota. Reparei que ainda não tinha respondido, meu deus eu sou uma lerda.

– Sim... Ele é rebelde. Muito rebelde.

– Bom, seja para onde que a senhorita esteja indo, imagino
que precise de ajuda, não? Suba que levarei onde for preciso.

Que tipo de convite era esse? Eu mal conhecia ele, ele podia
ser lindo e tudo mais, mas isso não quer dizer que seja uma pessoa do “bem”. E
agora?

– Sou sobrinho do dono destas terras, Dr. Carlisle Cullen. Me chamo Edward Anthony Masen. Prazer
em conhecê-la… senhorita?

Pelo menos sabia que era vizinho. Menos mal.

– Senhorita Swan, Isabella Marie Swan – Swan que ironia,
estou fugida de casa e ainda falo meu sobrenome - Mas prefiro que me chamem de Bella, por favor.

– É claro, a filha do Coronel Swan. Então, aceita a carona?
Acho melhor pedirmos para algum dos funcionários de seu pai ir buscar o cavalo, ele me parece um tanto arredio.

– Sim, concordo com você  – que ótimo, ele conhecia meu pai!

Fui em direção de seu cavalo, montei.

– Segure-se.

Me segurei nele, nisso ele começou a ir de encontro a minha
mais nova casa que seria um tanto conturbada pelo meu novo vizinho prestativo.

–x-

Continua...