Princesa Serpente - Secret escrita por Safira Michaelis Black, Alesanttos


Capítulo 30
Mais um que se vai




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Harry visitou Safira na Ala Hospitalar no dia seguinte, embora ainda estivesse abalado com os últimos acontecimentos, queria ter certeza que ela estava bem. Não se surpreendeu ao ver que Sirius já estava lá, ele e a filha pareciam estar tendo uma conversa bem casual. Gui estava recebendo os cuidados de Fleur, suas cicatrizes não melhoraram muito neste meio tempo, e parecia que iria demorar para isto acontecer. Neville havia passado a noite na Ala Hospitalar também, e estava dormindo em um dos leitos, sua perna estava imobilizada, mas parecia muito bem. Ao avistar o grifinório Safira acenou. Sirius virou-se e fez um gesto com a mão, indicando que Harry se aproximasse.

– Oi Harry – O rosto de Safira estava consideravelmente mais vivo neste dia, embora sua expressão não combinasse com ele.

– Como você está?

– Um pouco dolorida. Mas é provável que eu saia ainda hoje.

– Que bom.

Madame Pomfrey passou pelo leito de Safira, olhou para a grifinória durante um tempo, e balançou a cabeça como se tentasse se livrar de algo sem sentido, então voltou a cuidar dos pacientes e passar um pouco mais de pomada nas feridas de Gui Weasley.

– Ela tem trabalhado muito ultimamente. – disse Safira.

– Sim.

O ambiente ficou silencioso por um tempo, apenas os passos da Madame Pomfrey produziam algum som.

– Vou ver se alguém da Ordem precisa de mim.

Assim que terminou a frase Sirius levantou-se e se dirigiu até a porta, mas não antes de lançar um olhar que dizia: “Eu sei que estou atrapalhando, mas não pensem que não vou ficar de olho”.

No mesmo instante Safira deixou escapar uma leve risada, porém não havia nenhum ânimo nela.

– Você está bem?

– Já disse que sim, Harry.

– Não estou falando do machucado.

A morena desviou o olhar e suspirou.

– Acho que ninguém está bem ultimamente.

Sem pensar duas vezes Harry repousou sua mão sobre a de Safira e lhe deu um beijo na testa. Infelizmente isso apertava seu coração. Qualquer demonstração de carinho por ela que ele fazia, principalmente depois do dia anterior, só o faziam perceber o quanto ela era importante para si. E isso o afligia de uma forma que não sabia como descrever.

– Tô surpresa com uma coisa.

– O que?

– Achava que, a essa hora, Hogwarts estaria cheia de pais prontos para tirar seus filhos daqui. Alguns devem morar realmente longe.

– É verdade.

A mente de Harry se deixou levar de tal forma que não conseguiu evitar um pensamento de aparecer. Tentava imaginar os Dursley recebendo, de alguma forma, a notícia do que havia acontecido, e como eles reagiriam. Pessoas normais temeriam por um parente que estivesse ficado no meio do fogo cruzado, mas só conseguia visualizá-los ficando aborrecidos em imaginar que o sobrinho poderia voltar mais cedo. Se fossem circunstâncias normais, ele iria para a casa de Sirius, mas parece que ele nunca terá nada de normal em sua vida.

– Oi Harry.

Finalmente Neville havia acordado. Tentava se ajeitar em sua cama, e mover a perna o mínimo possível.

– Olá Neville.

– Oi – Safira acenou para ele.

Madame Pomfrey foi imediatamente até o recém-acordado, e começou a olhar a perna, provavelmente em um debate se devia ou não retirar os curativos e dispensá-lo. Nesta hora quatro pessoas entraram na Ala Hospitalar, elas pararam primeiro perto de Neville para lhe cumprimentar, depois três delas foram para perto de Safira.

Não demorou muito até Neville estar liberado, Luna ficou ao seu lado para acompanhá-lo. Os dois foram até Safira para cumprimentá-la, e Harry não deixou de ficar muito agradecido aos dois, pois foram os únicos membros da AD que responderam ao chamado quando Hogwards foi invadida. Depois que eles saíram os cinco ficaram conversando sobre tudo que aconteceu. Lina nem parecia mais a mesma garota que gritava a plenos pulmões no primeiro jogo que a morena participou, não havia nem um grama de maquiagem no rosto dela. Houve um momento que Rony foi para o lado de seu irmão, e o fato de saber que ele estava se recuperando o fez se sentir melhor.

Horas depois Safira foi liberada, e estava ao lado de todos durante o jantar, porém não dizia uma palavra, permanecia com os olhos baixos, quando se levantava muito rápido ainda sentia um pouco de dor onde havia sido ferida, porém ninguém parecia muito animado. Alguns alunos já haviam ido embora, em sua maioria os do primeiro ano.

*

Os dias se passaram e logo seria a hora do velório. Safira estava sentada ao lado da janela de seu quarto, completamente pensativa.

– Safira, você não vai descer? – perguntou Hermione. Elas eram as únicas no quarto.

– Não tô com fome. Pode ir, desço depois.

– Ok.

Safira ficou sozinha no quarto, ela olhava para cada canto do lado de fora. Durante um breve minuto Lina abriu a porta do quarto, mas não se manifestou, apenas ficou olhando a amiga, que parecia estar completamente perdida dentro de seus próprios pensamentos. Decidiu que seria melhor deixá-la sozinha, então se juntou aos outros.

Harry deu por sua falta, e Lina apenas respondeu que ela precisava de um tempo sozinha. Sabia como Dumbledore era importante para todos da escola, para Harry principalmente, mas ao ver a forma como a amiga se comportara nos últimos dias, como ela se tornou distante, como ela usava de poucas palavras para conversar com os outros, isso quando participava da conversa, imaginou como ela pode ter realmente ficado em choque com tudo isso.

Enquanto todos tomavam o café da manhã, Safira permanecia ali, isolada com seus pensamentos. Quando teve certeza que todos já haviam terminado de comer ela saiu do dormitório da Grifinória.

Ela pegou algumas coisas na gaveta e se dirigiu para o lugar onde todos se despediriam de um dos maiores bruxos que o mundo já conheceu.

– Esta na hora.

*

O número de pessoas que compareceram surpreendeu Harry, algumas ele preferia não ter visto, como Rita Skeeter, cuja pena-de-repetição-rápida estava sempre trabalhando, e Dolores Umbridge, o estômago de Lina embrulhou ao avistá-la. Todos os membros da Ordem estavam lá, e pareceu que Tonks, com uma aparência evidentemente melhor, estava segurando a mão de Lupin, Sirius estava ao lado de seu velho amigo.

Safira apareceu quando quase todos estavam sentados, ficou em um lugar entre Harry e Lina. Ernesto, que discutiu com os pais para ficar, assim como outros alunos, estava sentado ao lado de Gina, e parecia estar conseguindo conter as lágrimas com menos eficiência que a ruiva. Uma pessoa de preto foi a frente e começou a dizer algumas palavras sobre Dumbledore. Lina percebeu que Safira, constantemente, olhava em volta, principalmente para em direção a Floresta Proibida, e também ficava mexendo nos dedos e apertando a manga de suas vestis com certe ansiedade, quando seguiu seu olhar percebeu um grupo de sereianos saindo do lago, e alguns centauros escondidos entre as sombras das árvores, bem distantes. Harry olhou para a morena durante alguns momentos, quando alguns pensamentos apareceram repentinamente, e quando fizeram com que sentisse seu sangue gelar, sentiu que devia fazer o que pensava em fazer.

O discurso acabou, os sereianos submergiram, os centauros fizeram uma despedida lançando uma chuva de flechas, e onde antes estava o corpo de Dumbledore agora havia uma grande tumba de mármore branco. Quando se levantaram o moreno segurou a mão de Safira, fazendo com que ela se virasse e olhasse em seus olhos.

– Safira, eu sei que vou falar isso muito de repente, mas... acho que nós...

– Precisamos terminar? – ela completou a frase sem uma mínima mudança em sua expressão, estava com um rosto ao mesmo tempo sem emoção e tranquilo. Harry nunca sabia o que passava na cabeça dela.

– Como...?

– Para ser sincera, demorou mais do que esperava. Eu te conheço, e não ia demorar para você fazer uma decisão tão nobre. – havia um tom leve de deboche no final da frase.

– Você não entende.

– Entendo Harry. Você vai dizer que é “perigoso ficarmos juntos”, que eu posse ser “usada para te atingir”. Que “Voldemort virá atrás de mim para te prejudicar”. Você é tão previsível.

– Mas...

– Com licença. – Rufus Scrimgeour apareceu repentinamente atrás de Harry. – Senhorita Black, será que poderia conversar com o senhor Potter a sós?

Harry já estava esperando que Safira dissesse “Stevens”, para corrigi-lo. Entretanto sua resposta foi apenas:

– Claro.

Ela virou-se e caminhou no meio da multidão.

Ao mesmo tempo que Harry conversava com Scrimgeour, e mostrava mais uma vez que era um “homem de Dumbledore”, Lina ficou de olho na amiga, que, para se espanto, parecia estar indo em direção a Floresta Proibida, todos estavam tão ocupados compartilhando da perda que tiveram, que provavelmente não se importaram com uma garota andando distraidamente por aí. Estava prestes a ir atrás da morena, mas seu pai apareceu bem na sua frente. Ele estava péssimo, olhou em volte e viu sua mão conversando com alguns dos professores.

– Vamos querida?

– Já estou indo. Só vou dizer tchau para meus amigos.

Amos Diggory acenou com a cabeça e foi para o lado de sua esposa. A jovem grifinória correu em direção a Harry, assim que ele deu as costas para Scrimgeour. Ela o abraçou, apenas para disfarçar.

– Safira entrou na Floresta. Tem algo errado.

Sem dizer mais nada ela foi para o lado de Gina e começou a se despedir. Sem ao menos pensar no que estava fazendo, Harry correu para a Floresta, quando olhou naquela direção viu um pequeno vislumbre de movimento. Não conseguia de se perguntar porquê ela foi para aquele lugar. Ele ficou com sua varinha em mãos, olhava em todas as direções.

– Já está na hora, “princesinha”.

Não era a voz de Safira, e o sangue de Harry gelou ao reconhecê-la. Ficando bem próximo de uma das árvores, ele investigou, estava um pouco escuro naquele lugar, contudo isso não o impediu de ver as duas pessoas parada a apenas alguns metros de onde ele estava.

– Vamos logo. Não estou a fim de ser babá.

– Já sei Bellatrix. – disse Safira, sua voz estava repleta de tédio – Se alguns daqueles inúteis não tivesse me atingido eu já teria ido embora há algum tempo. Por pouco não fui descoberta por aquela enfermeira, sorte que apaguei a memória dela, só que ela ficou meio confusa – Safira segurou a varinha e apontou para o céu, nada aconteceu, mas ela voltou a guardá-la.

Isso não podia estar acontecendo. Era impossível acreditar no que seus olhos estavam vendo. Aquilo não fazia sentido.

– Deviam criar uma forma menos dolorosa de chamar nossa atenção – Safira arregaçou a manga esquerda, e Harry viu uma espécie de mancha sobre seu braço, tentou enxergar melhor, e parecia uma tatuagem. – Isso incomoda um pouco.

– Escute aqui pirralha, devia estar se sentindo honrada por ter a marca do Lorde das Trevas.

– Vire essa varinha para lá, você já sabe o que acontecerá com você se o Lorde souber que encostou um dedo em mim.

– Você não vai conseguir manter essa pose por muito tempo. – Bellatrix estava começando a ficar impaciente.

A menor levantou o braço direito, fazendo com que a manga escorregasse, e revelasse o bracelete em forma de cobra que circulava seu pulso, cujas pedras brilhavam em um tom opaco de vermelho. Ela olhou para o bracelete como se estivesse vendo as horas em um relógio, depois encarou a bruxa a sua frente.

– Parece que não estou com medo. Vai ter que fazer mais do que ladrar para me assustar.

Novamente ela levantou a mão, mas dessa vez algo pousou sobre ela, sua vassoura.

Como isso podia estar acontecendo? Quando isso aconteceu? A cabeça de Harry estava girando. Ele tinha vontade de agarrar Safira e levá-la para longe daquela Comensal, devia estar sobre o efeito da Maldição Imperius. Ele queria acreditar nisso. Harry deu um passo para trás, e acabou tropeçando em alguns galhos secos, fazendo muito barulho. As duas olharam em sua direção.

– Ora, ora, ora. Quem temos aqui? – Bellatrix se aproximou dele. – Acho que temos um espião. Vou ter que lhe dar uma lição.

A bruxa apontou a varinha para Harry, e uma luz verde brilhada na ponta.

– Não seja estúpida.

A mais nova segurou seu pulso, fazendo com que apontasse em outra direção, e um pássaro caiu morto.

– Se tocar nele o Lorde das Trevas irá torturá-la da pior forma que possa imaginar. Potter pertence a ele.

Ao ser chamado de “Potter” pela garota que estava a sua frente, Harry ficou totalmente desnorteado.

No segundo seguinte, dois olhos azuis estavam bem na frente dele. Ele não reconhecia aqueles olhos, nunca os viu antes. Aquele azul, que lembrava o céu e o mar, agora eram puro gelo.

– Bem, acho que definitivamente terminamos. – Um sorriso de deboche brotou em seus lábios. – Até a próxima.

Antes que pudesse reagir, o corpo de Harry ficou completamente paralisado. Com um movimento rápido da varinha que cortou o ar, lembrando um movimento de espada, Safira jogou Harry para bem longe, ele pousou na entrada da Floresta.

*

– Isso não pode ser verdade.

Lina cobria a boca, tentando conter seus soluços.

– Safira nunca faria uma coisa dessas.

– Deve estar enfeitiçada.

– Ela com certeza foi levada a força.

Sirius ficou parado em um canto, não olhava para ninguém. Lupin tentava confortar o amigo.

Nenhum dos presentes estava disposto a acreditar no que Harry dizia, ou melhor, estavam lutando com todas as suas forças para se convencer de que ele vira errado. Mas a semente da dúvida estava plantada, pareciam incapazes de duvidar que alguém tão próximo, que todos confiavam tanto, podia ser um traidor.

A mente de Harry era um furacão de emoções e pensamentos. Coisas que nunca passaram por sua cabeça pareciam adquirir uma ligação agora: o dia que Lina não encontrou Safira em Hogsmeade foi o mesmo dia que ele entrou na mente da cobra de Voldemort, e viu o aparente recrutamento de um novo Comensal; dias antes de Hogwarts ser invadida, Safira parecia estar exausta; e ela parecia estranhamente ligada a Draco, no Baile do Slughorn parecia brava quando o viu por lá, talvez aborrecida, provavelmente não havia gostado de saber que ele foi pego.

“Ela é uma boa atriz”. Ele próprio havia admitido isso.

Sabia que Voldemort era capaz de usá-la para atingi-lo, mas descobrir que foi traído desta forma, e justamente por alguém que ele amava, era mil vezes pior do que receber a Maldição Cruciatus. Estava desorientado, não saberia o que fazer se acabasse encontrando ela em algum lugar. Não devia pensar nisso agora.

Teve um momento que Harry conseguiu ficar a sós com Rony e Hermione, Sirius havia se afastado, no meio de um evidente debate interno, e contou para eles o que planejava fazer. Ele iria atrás dos Horcrux, e depois atrás de Voldemort, para destruir o último pedaço de todos.

– Não se esqueça de nós – disse Rony – Não vamos te deixar se divertir sem nós.

– Não, vocês não...

– Estamos com você Harry. E nós ainda temos tempo, certo?

– E não se esqueça de passar na Toca antes.

– Por que?

– O casamento do Gui e da Fleur.

Um casamento. Algo que parecia muito estranho de acontecer nos últimos tempos. O grifinório olhou para seus amigos, e sabia, do fundo de seu coração, que poderia contar com aqueles dois. Não importa o que aconteça, seus amigos estariam ao seu lado. Ele sabia disso, e estava pronto para enfrentar o que quer que viesse a acontecer de agora em diante.


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Notas finais do capítulo

Se estiverem vendo algum erro pode falar, percebemos que deixamos muita coisa escapar, e pedimos desculpas por isso.
Bem, chegamos ao último capítulo. Mas não se preocupem, logo postaremos o primeiro da próxima "temporada", por assim dizer, apenas precisamos terminá-lo e terminar de fazer a capa. Espero que tenham paciência.
Estão gostando? Então, alguém imaginava que isso iria acontecer?
Até a próxima "temporada".



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