Arco VII - Povos Bárbaros

Capítulo 41 – Batalha em Garyjan [1]

O som de sangue sendo derramado e gritos humanos intensos misturados com urros de criaturas aterrorizantes podiam ser ouvidos a quilômetros de distância. O cenário um dia já fora uma prospera cidade turística, porém, naquela situação, apenas chamas intensas, devastação e sangue podiam ser vistos.

Era nesse ambiente em que um mestre e uma maga branca tentavam passar por quatro trolls de tamanho colossal.

– Ultimate Explosion!

As chamas intensas causaram enormes explosões. Spaak mantinha as duas mãos estendidas na direção dos inimigos para que as chamas continuassem queimando-os. No entanto, uma das criaturas conseguiu escapar com um braço carbonizado, este já se regenerando. O enorme corpo cinza avançou contra os dois e Sarah se adiantou ao combate.

– Blizzard!

A garota gritou e os flocos de gelo se precipitaram de ambas as mãos para atingir o corpo do troll, que reagiu com um rugido gutural, mas não parou sua investida. A maga, então, aproveitou que a velocidade do oponente havia sido reduzida e saltou, impulsiona por sua aura, contra o ombro da criatura, que tentou apanhá-la em pleno ar. Sua agilidade, porém, garantiu que ela retomasse o impulso no corpo cinzento e saltasse para trás do mesmo.

– Oath!

Com ambas as mãos apontadas para as costas do inimigo, Sarah disparou um potente raio luminoso, atingindo-lhe em cheio e fazendo com que um som grosso e estrondoso fosse liberado. A pele bruta cedia aos poucos para a queimadura, e o troll não conseguia evitar isso, pois, ao tentar virar-se, a garota lhe acompanhava.

Foi quando um outro inimigo se libertou das chamas intensas de Spaak e lançou-se contra a maga banca. Seu corpo estava completamente carbonizado, mas ele ignorava a dor e corria enquanto seu poder de cura fazia o trabalho de regeneração da pele.

Ela foi rápida na defesa e o escudo de energia do Proteggio suportou o impacto com perfeição, embora os pés da garota tivessem sido arrastados pelo chão coberto de pedras regulares da cidade. O outro troll também se recuperou do feitiço que lhe atingira há pouco, e ambos encaravam a jovem com suas faces cinzentas, de narizes pequenos e olhos grandes. Suas bocas exibiam os dentes quadrados com grandes presas pontiagudas de forma aterrorizadora. Porém, Sarah mantinha-se disposta a enfrentá-los.

Apesar disso, não foi necessário que ela o fizesse. Spaak cessou o feitiço que exercia contra os outros dois trolls e, enquanto praguejava diversos palavrões, começou a disparar alguns Slash Fira contra os dois que ameaçavam a maga de sua equipe.

A garota, então, correu para junto do mestre, certa de que isso seria o melhor para os dois. Ela estava correta, pois enquanto o mestre atacava os dois inimigos, um dos que estavam em meio as chamas levantou-se novamente.

O poder de regeneração dos trolls era de se invejar, tanto que aquele já mostrava alguns sinais de melhora. Apesar disso, o outro, que era um pouco menor, aparentemente não continha nenhum sinal de vida.

– Explosion!

Sarah não hesitou em atacar o inimigo. Embora as chamas que a garota lançava não tivessem tanto poder quanto as do mestre, ela conseguia manter o troll afastado enquanto Spaak tentava penetrar a defesa que os outros dois forneciam com seus braços, que não paravam de se regenerar quase ao mesmo tempo que eram dilacerados pelas lâminas de fogo.

– Crisis Chain.

As lâminas pararam de ser lançadas. Dos dois antebraços do ruivo, surgiram correntes flamejantes com uma ponta afiada e incandescente. Ele lançou as duas contra o primeiro dos inimigos e elas se envolveram em todo o se corpo, para que, então, Spaak as puxasse, deixando marcas muito profundas no corpo da criatura, que caiu ao chão incapaz de se regenerar; seu corpo não continha mais sinais de vida.

O segundo adversário avançou em meio a ira e desespero. Certamente pensou que o mestre estaria vulnerável com suas correntes estendidas ao chão próximas ao seu companheiro morto.

Enganou-se.

Spaak manejou o Crisis Chain com maestria e fez com que as duas pontas flamejantes se cravassem no corpo cinzento e musculoso do troll. A seguir, com a ajuda das chamas de temperatura extremamente elevadas, ele abriu o corpo do inimigo ao meio no sentido horizontal. Os braços, ombros e cabeça da criatura penderam para trás, enquanto o resto de seu corpo caía para frente, provocando um grave estrondo.

Nesse meio tempo, Sarah tentava manter o seu adversário afastado, mas percebia que suas chamas não estavam sendo fortes o suficiente para derrubá-lo. Ela podia fazer melhor e o faria.

A garota parou de lançar o fogo do feitiço e deixou que o troll se sentisse confiante para atacá-la novamente. Quando ele havia chegado mais perto, embora em uma distância que ela julgava segura, Sarah botou seu plano em ação.

– Oath!

O raio de luz não foi lançado com o objetivo de ferir o inimigo, mas, sim, apenas cegá-lo. Para tal, a maga havia o disparado justamente contra a face da criatura. A seguir, ela correu impulsionada por sua aura e tocou a perna esquerda do inimigo com a palma das duas mãos.

– Blizzard!

Tendo um contado direto com o inimigo, o gelo se alastrou de modo rápido e intenso e, quando o troll tentou golpear a humana, seu braço direito também foi congelado, logo após, foi a vez de sua cabeça.

– Spaak – ela chamou o mestre ao perceber que ele também tinha tido êxito em sua luta. – Você percebeu? – Perguntou com a voz embargada.

– Sim, uma das auras acabou de sumir lá na frente.

– Isso... Isso quer dizer que...

– Infelizmente sim, um deles acaba de morrer.

– Vamos rápido, Spaak. Sei que não foi o Kamui porque conheço bem a aura dele. Mas ele ainda deve estar lutando.

As lágrimas insistiam em marejar os olhos da maga. Ela temia pela segurança de seu “amigo especial”.

– Não se preocupe. Tudo vai ficar bem.

Ambos voltaram a correr na direção em que sentiam a aura de Kamui e que haviam avistado os meteoros sendo lançados. Teriam de se apressar, pois certamente o Atreius corria grande perigo.

O jovem mago sentia-se sem forças para continuar. A mão de quatro dedos e luva de couro envolvia seu pescoço na mais pura intenção de quebrá-lo. Sabia que sua aura não o seguraria por muito tempo, sabia que se ele colocasse apenas mais um pouco de força partiria seu pescoço assim como fez com Guilherme.

Ele iria morrer ali. Não havia chances para escapar, nem tão pouco para a vitória. Mas não desistiria sem antes estar esgotado. Ignorou a dor lancinante no braço esquerdo quebrado e fez com que chamas negras brotassem da palma de ambas as mãos. Dirigiu-as com a maior concentração de aura que pôde contra o corpo do taurino a sua frente.

O General não esboçou reação alguma. Sua aura o protegia de todo e qualquer dano que pudesse receber. Kamui, então, percebendo que seria inútil continuar com aquilo, remanejou o Dark Fira contra o braço que lhe segurava.

Forçou o feitiço de modo a penetrar a aura inimiga, mesmo que pequenas chamas saltassem e lhe queimassem o rosto, causando ainda mais dor. Por fim, o tauren o largou no chão e saltou para trás, um tanto quanto surpreso.

– Incrível! Ainda tem forças pra tentar continuar.

O mago caiu em pé e deu alguns passos para trás, cambaleando, na tentativa de se equilibrar. Sua aparência era horrível. As roupas foram reduzidas a trapos sujos e cheios de rasgos. Seu corpo trazia diversas queimaduras, hematomas e inchaços, além de cortes profundos e superficiais. O rosto também estava inchado do lado esquerdo, e com diversas queimaduras superficiais provenientes de seu próprio Dark Fira.

Tocou o braço esquerdo com sua mão direita. Em seguida, um brilho negro foi emanado do local.

– O que você fez? – Turenhead perguntou, curioso.

– Amorteci os terminais nervosos de meu braço para amenizar a dor. Isso me custará um tempo de recuperação maior se eu sobreviver, mas vai me ajudar a lutar agora.

– Pensa que vai sobreviver?

– Talvez – sorriu.

– Esperança tola, garoto, mas não o criticarei.

O mago já tinha sentido a aura de Spaak e Sarah se aproximando. Sinceramente, ele achava que nem mesmo o mestre poderia dar par para aquele monstro que estava a sua frente. No entanto, tinha fé de que ele teria algum plano para escaparem daquela situação. Para tal, deveria mais uma vez tentar ferir o inimigo para facilitar a vida de seus amigos.

– Gi... Giudecca.

Pronunciou com dificuldades enquanto passava o antebraço direito embaixo da mão esquerda, que estava praticamente imóvel. A lâmina negra surgiu fraca e quase transparente, era difícil para ele mantê-la, mesmo daquele jeito.

Antes que o General pudesse atacar, Kamui tomou a iniciativa e correu em sua direção. O tauren sorriu e esquivou-se com facilidade. Um segundo golpe e este também foi evitado. O terceiro ataque foi amparado pela mão esquerda de Turenhead. O Atreius não cometeria o mesmo erro duas vezes, desfez o feitiço e se afastou em um misto de frustração e desespero.

Não adiantava tentar feri-lo, tudo o que poderia fazer era se defender até que Spaak chegasse e então juntar-se a ele na luta.

O General avançou contra o mago, que se esquivou do punho adversário no último instante. O segundo golpe foi amparado por um Proteggio. Então, ele saltou novamente na tentativa de tomar distância. Conseguiu.

O taurino investiu novamente. Desta vez, Kamui usou o feitiço Clay para formar uma barreira de rocha a sua frente. A parede era resistente, mas sucumbiu sob a pressão do punho adversário. O mago, então, correu contra o corpo do inimigo numa finta de ataque. Quando este se preparou para contra atacar, o garoto saltou para o lado e mudou a direção.

– Que está tentando fazer? Acha que pode me evitar para sempre?

– Não precisa ser para sempre.

Turenhead sorriu sadicamente. Certamente que o mago tinha algo em mente, mas ele não permitiria que fosse executado. Tinha se cansado de brincar e estava determinado a terminar aquela luta. E o faria com os punhos.

– Clay Catomb!

Ao ver que o tauren aproximava-se novamente, Kamui começou a tentar, de todas as formas possíveis, mantê-lo afastado. Para tal, causou um grande desmoronamento de terra, que o inimigo evitou facilmente em um salto de proporções inimagináveis.

– Droga!

O mago pôs-se a correr. Porém, seu adversário o alcançou em uma questão de segundos. O escudo de energia proveniente de um Proteggio de nada adiantou, pois se partiu ao menor contato com o punho de quatro dedos. Com a mão direita, o tauren agarrou o braço esquerdo de seu adversário.

Kamui urrou de dor com aquilo. Tinha amortecido os nervos para tentar reduzi-la, mas não poderia tê-los anestesiado por completo, caso contrário perderia os movimentos do braço. A dor era intensa demais para que ele suportasse, juntando isso a exaustão do corpo, ele quase perdeu a consciência, mas se manteve firme.

– Da... Dark Thundera!

Gritou com toda a força que ainda lhe restava e movimentou o braço direito disparando o raio de energia negra. O taurino, porém, apenas amparou o ataque com sua mão esquerda e agarrou o braço direito do rapaz.

– Acho que acabou pra você.

Disse, sorrindo. A seguir, ergueu o corpo do jovem até que ele o pudesse o encarar nos olhos. Raiva e dor, foi isso que viu, principalmente o primeiro sentimento. Largou os dois braços do mago ao mesmo tempo em que lhe desferiu uma cabeçada. A cabeça de Kamui passou exatamente entre os dois chifres protuberantes da criatura e se chocou com a da mesma. A sensação era a mesma de que atingir uma parede de concreto. O corpo do Atreius foi arremessado para trás enquanto um filete de sangue era lançado ao ar na direção oposta.

Ele caiu a dois metros do adversário, mas não sentiu o tombo. Antes que isso acontecesse, Kamui já não mais mantinha sua consciência. Por mais que ele quisesse ou tentasse se manter em pé, daquela vez isso mostrou-se impossível. Utilizara todas as suas forças e a aura que lhe restava no corpo não era suficiente para lhe manter acordado.

Com um sorriso vitorioso em seu rosto, o General Turenhead deu o primeiro passo em direção ao corpo do mago. Tudo o que teria que fazer seria executá-lo e nada mais. Porém, essa simples tarefa não seria possível de se cumprir.

– Crisis Chain!

Do alto de uma elevação no terreno, Spaak saltou direto em direção ao chão, os cabelos longos e rubros, assim como a capa da mesma cor, agitavam se no ar. De seus dois antebraços as correntes de fogo se sobressaiam. O taurino saltou para trás e as duas pontas fincaram-se no chão, uma após a outra. O mestre, porém, investiu mais uma vez contra ele, que girou no ar e evitou ambas as correntes. Elas, então, foram remanejadas e voltaram. Uma atingiu o ombro do tauren, causando-lhe um corte profundo e uma queimadura. A outra foi amparada pela mão direita do ser, que teve a luva queimada.

Apesar da dor em sua mão proveniente da queimadura, ele tentou puxar o adversário contra o seu próprio corpo. Spaak, no entanto, desfez o feitiço para que isso não ocorresse.

– Poderoso – o mestre pronunciou. – Mas mesmo sua aura não foi suficiente para lhe salvar das queimaduras.

– Verdade – respondeu simplesmente. – Pelo visto você é mais forte que o Atreius ali, mas terá o mesmo destino que ele.

Os ferimentos do taurino regeneraram-se completamente enquanto ele falava. Spaak sorriu nervosamente.

– Então você é exatamente quem eu imaginei que seria. General Turenhead.

O taurino simplesmente sorriu de forma presunçosa ao ouvir o próprio nome.

Sarah também saltou colina abaixo e “pousou” um pouco recuada em relação ao mestre. Ao avistar o estado em que Kamui se encontrava, deixou escapar um ruído baixo de agonia. Correu até ele e se abaixou para verificar melhor. Spaak emparelhou-se com ela.

– Ele tá muito mal, Spaak. Vai demorar mais de meia hora pra curá-lo, se eu aguentar.

– Mas você não vai curar ele aqui.

– Como assim?

O General fitava os dois humanos calmamente. Tinha paciência suficiente para esperar que eles decidissem quem iria lutar. Se fossem os dois, ele ficaria feliz.

– Tire-o daqui. Eu lhes darei cobertura. Vá até Jonathan e diga a ele que vocês devem sair da cidade imediatamente. Mantenham-se juntos e dirijam-se até a cidade anã de Gynoloock. Eu lhes alcançarei ou nos encontraremos lá em alguns dias.

– Mas... Spaak...

– Escute, este que está a nossa frente é o General dos taurens, ou seja, o mais forte dentre eles. Ele também tem o sangue de trolls correndo em suas veias, por isso pode se regenerar de qualquer ferimento leve com facilidade.

– E você quer lutar sozinho contra ele?

– Veja o estado do Kamui. Se ele foi ferido desse jeito, acha que você teria alguma chance de me ajudar? Agora vai! Essa batalha já está perdida com o General aqui.

– Mas... Mas e você?

– Eu dou um jeito, não se preocupe – forçou um sorriso.

Sarah usou sua magia branca para envolver os ossos quebrados de Kamui para que ele não se ferisse mais. A seguir, passou os dois braços do amigo em volta de seu pescoço e, usando a força de sua aura, levantou-o em suas costas. Então, de maneira relutante por deixar Spaak lutar sozinho, desatou a correr em paralelo a elevação pela qual ela havia chegado naquele local.

O tauren correu em direção a ela, estava determinado a não deixar o casal escapar com vida. No entanto, Spaak lhe impediu.

– Ultimate Explosion!

Uma grande quantidade de fogo surgiu das mãos estendidas do mestre. As explosões começaram a consumir o chão e rochas pelas quais passavam. O General se viu obrigado a formar um escudo de energia para se defender do feitiço de poder esmagador que fora dirigido a ele.

Assim que a poeira abaixou, Sarah e Kamui já haviam desaparecido da vista do General, que encarava Spaak com um olhar irritado. Desta vez, ele certamente não brincaria com seu adversário.

– Jaz Rashon.

Como para que comprovar isso, lançou um forte feitiço de fogo contra o ruivo. Destruição e chamas se seguiram imponentes.

O mestre estalou os dedos da mão esquerda estendida e a enorme elevação atrás dele foi consumida em enormes explosões provenientes de um Explosion. A seguir, com um movimento rápido do braço direito e toda aquela terra e pedras foram arremessadas contra as chamas de destruição do inimigo.

Poeira. Muita poeira. O ar impregnado era uma vantagem para o humano, que podia sentir a aura do adversário. Correu em um quarto de volta no campo de batalha e atacou em silêncio. Uma lâmina de fogo gigantesca cortou a poeira em direção ao seu alvo. O tauren, porém, estava usando sua audição apurada e conseguiu evitar com êxito o ataque apenas saltando para o lado.

– Raz Rashon!

O General gritou e uma rajada de chamas intensas foram lançadas contra o mago, que apenas pôde utilizar um Proteggio em sua defesa. O fogo não lhe feriu diretamente, mas a temperatura era realmente alta a ponto de afetar seu corpo com o calor intenso.

Apesar disso, não se deixou abater e contra-atacou assim que as chamas se extinguiram. Juntou as duas mãos de forma a entrelaçar os dedos e se concentrou. As chamas começaram a ser produzidas de seu corpo e cercá-lo. A seguir, ergueu ambos os braços em direção ao céu. Duzentos, talvez trezentos dragões chineses de fogo voaram para a direção em que o mestre apontou, então, ele direcionou-os diretos ao seu alvo, movendo seus braços em direção ao mesmo.

Serpenteando, as centenas de dragões flamejantes começaram a atingir o solo enquanto Turenhead recuava em saltos para trás. As rochas e o solo explodiam em chamas tornando-se escuras e queimadas. Em um determinado momento, a esquiva foi impossível de se realizar e o taurino foi atingido por pelo menos um quarto dos ataques. As queimaduras eram profundas e a dor intensa. Porém, o General não demonstrava nada disso e permaneceu o tempo todo em pé.

– Hum... Eu esperava mais desse ataque, já que ele é um dos melhores que eu poderia fazer. – Spaak comentou. Estava decepcionado, mas não surpreso. – Parece que terei de me contentar em apenas te atrasar um pouco.

– Ou talvez nem isso.

Turenhead ameaçou e, em seguida, avançou para um novo embate.

Em meio a gritos e destruição, três mulheres e dois rapazes corriam em meio aos cavaleiros e soldados humanos. Pelo flanco direito da cidade, treze imponentes trolls invadiam. Encarando as criaturas cinzentas que esmagavam os guerreiros como se não fossem nada, Aghata Willian tomou a frente na liderança do combate.

– Anita e Natália devem ficar sempre juntas, uma deve fornecer cobertura a outra.

As garotas assentiram e ela continuou.

– Gorgar, use sua magia negra como principal fonte de ataque.

– Não precisa me dizer. Já basta o irritante do Spaak querendo me dar ordens. Saiba que não acatarei as suas.

O mestre de cabelos e olhos negros, e de aparência misteriosa e sinistra respondeu em um tom ríspido. Apesar de não ter gostado disso, Aghata resolveu priorizar o combate, mostraria a ele quem mandava ali mais tarde.

– Márcio, dê cobertura a ele e a mim também, se possível.

– Certo.

O rapaz alto e magro respondeu de imediato. Seus olhos verdes encaravam os inimigos de maneira preocupada, enquanto os cabelos castanhos claro esvoaçavam-se com o vento.

Seguindo o plano de combate, Anita e Natália avançaram contra dois trolls que se encontravam mais adiantados. A loira disparava fortes rajadas de gelo contra os dois enquanto a morena de cabelos cacheados invocava dos gigantescos golens para se digladiarem contra os inimigos.

Aghata, por sua vez, enfiou-se em meio aos soldados humanos na tentativa de protegê-los de um troll especialmente grande. Apesar do imponente tamanho da criatura, ela não hesitou um segundo em atacá-lo.

– Dracco Thundera.

Assustando os soldados e cavaleiros, um poderoso dragão elétrico avançou contra o imenso corpo da criatura, que tentou defender-se com os braços. O choque, porém, foi muito grande e ele foi arremessado para trás. No entanto, apesar da força do feitiço, ele levantou-se na intenção de retornar ao combate.

Gorgar avançou sozinho e confiante contra um grupo de três trolls. O mestre tinha a mais absoluta certeza de que poderia vencer sem dificuldades.

– Dark Fira.

Lançou mão de sua especialidade na ofensiva. Exímio manipulador de tal feitiço, ele conseguia alcançar um poder maior até do que mestres de um nível superior, mesmo que isso fosse apenas em tal feitiço especifico.

As chamas negras pareciam dançar no ar e avançaram com velocidade contra os inimigos, formando uma trajetória reta e nítida. Uma das criaturas percebeu o perigo de forma imediata e arrancou a parede de uma casa e arremessou-a contra a ofensiva no mesmo instante, repelindo-a desta maneira.

Os outros dois não tiveram a mesma sorte. Um deles conseguiu sair da linha de frente, mas teve o braço direito completamente dilacerado e queimado pelo feitiço adversário em questão de segundos. O último foi atingido na região do abdômen e teve grande parte deste corroído pelo fogo das trevas.

Nesse meio tempo, o troll que se manteve livre da investida adversária avançou contra o mesmo, em um ataque violento e rápido. Gorgar apenas o percebeu no último instante, então saltou para o lado evitando, assim, o golpe que a criatura tentou desferir com o punho fechado.

Em medida de contra ataque, ele manejou as chamas negras contra a parte de trás das pernas de seu agressor, obrigando-o a cair de joelhos. Colocou mais aura em seu feitiço e fez com que este enlaçasse o pescoço robusto do troll. Forçou-o até que o Dark Fira lhe penetrasse a carne o suficiente para destruir suas vias aéreas, acabando, assim, com sua vida.

Nesse momento de descontração, ele não percebeu que as outras duas criaturas já haviam se recuperado e uma corria para atacá-lo, enquanto a outra arremessou uma enorme árvore em sua direção. O mestre apenas notou que seria atingido quando era tarde demais, porém, alguém veio em seu amparo.

– Visgoon!

Márcio parou poucos metros ao lado do mestre e lançou seu feitiço. Raízes grossas surgiram da terra e formaram uma espécie de barreira contra o vegetal que caia vertiginosamente contra o alvo do troll.

Sem mostrar qualquer gratidão, Gorgar deu a volta pelo emaranhado de plantas e lançou suas chamas negras para mais um ataque. O mago de olhos verdes, então, acompanhou o líder de sua equipe no ataque, lançando um Visgoon rasteiramente contra um dos trolls, prendendo-o ao chão para que recebesse o Dark Fira. O ataque atingiu a criatura com êxito, e mais uma delas teria caído não fosse uma interferência externa.

Um outro inimigo surgiu por detrás do grupo. Ele era mais silencioso do que seu tamanho poderia sugerir e conseguiu golpear o jovem mago com o punho. Márcio caiu no chão e as raízes começaram a murchar e secar. Foi a deixa para que um outro troll empurrasse o companheiro para fora da área de alcance do inimigo e avançasse contra o mesmo.

Gorgar aceitou o desafio da criatura acinzentada que se aproximava e manipulou o Dark Fira contra a mesma, que, por sua vez, conseguiu utilizar uma carruagem que estava estacionada na lateral da estrada para se defender. O punho colossal se precipitou contra o mestre, que usou um Proteggio para evitar o golpe. Só então que ele percebeu que seu companheiro de equipe estava inconsciente e vulnerável ao ataque inimigo.

O troll levantava o corpo de Márcio acima de sua própria cabeça como um sinal de vitória. Uma das mãos segurava firme as pernas do rapaz pelos tornozelos, enquanto a outra prendia-lhe a cabeça, encobrindo-a por completo. Bastava um pouco mais de força para que o corpo do mago fosse partido ao meio.

Gorgar evitou ser atingido por mais um ataque. O mestre tinha a personalidade fria, mas não o suficiente para deixar um mago de sua Ordem morrer em sua frente e não fazer nada para impedir isso. No entanto, seu adversário não permitia que ele fizesse coisa alguma além de se esquivar dos ataques.

– Dark Thundera!

Gritou e suas mãos envolveram-se em uma espécie de energia negra, então, ele amparou os punhos do adversário com as próprias mãos, ignorando a dor intensa em seus braços que tal ato ocasionou. O mestre teve os pés arrastados pelo chão pela força do impacto, porém, o troll foi repelido para trás com muita força e com ferimentos relativamente altos, mesmo que estes não transparecessem através de sua pele e se encontrassem diretamente em seus músculos e carne.

Quando ele virou-se para salvar seu discípulo, este não mais precisava de sua ajuda. Aghata havia abandonado a luta contra seus dois adversários e avançado para salvar a vida do rapaz. A mestra utilizou um poderoso Vectorial Jinn e as lâminas de vento dilaceraram o corpo robusto do troll, que largou Márcio para que este caísse no chão, ainda desacordado.

Gorgar não gostou de ver aquilo e aceitou o ato da morena como se ela estivesse subestimando suas capacidades de combate. Resolveu tirar isso a limpo, ignorando a atual situação.

– Aghata, não devia ter se intrometido! – Disse em tom grosseiro.

– E devia ter permitido que o troll matasse o Márcio? Estamos juntos nessa, Gorgar, não se esqueça.

– Dane-se você, sua baixinha metida! Estou cheio de sua arrogância! Pensa que é quem? A segunda em comando só porque entrega o seu corpo para o Spaak?

O comentário do outro mestre fez com que o sangue da Willian fervesse dentro de seu corpo. De maneira alguma ela tiraria proveito de sua relação com o Firered por status dentro da Ordem.

– Idiota! – Gritou, já perdendo a calma. – Eu escolhi ele e não você! E se me entrego a ele, é porque o amo e isso não tem nada a ver com a nossa batalha.

A discussão dos dois mestres durou poucos segundos, mas foi tempo suficiente para que os cinco trolls que estavam mais próximos se recuperassem e avançassem para o ataque. Os dois foram pegos de surpresa e provavelmente não teriam chance alguma de se defender de uma investida tão poderosa vindo de uma distância tão pequena.

N.A. - Todos subestimaram o Kamui e ninguém opinou que ele ainda se livraria do tauren mais uma vez e continuasse na luta. Anyway, todos acertaram quando disseram que o Spaak iria salvar ele. Em todo caso, isso estava meio obvio ,já que o mestre corria para lá.

Agora, o que acham que vai acontecer com a Aghata (e o Gorgar) agora que o Spaak está ocupado demais para salvá-la? E lembrem-se de não subestimarem meus personagens ò.Ó

E de mandarem meus reviews ^^