A Ordem de Drugstrein (Versão antiga) escrita por Kamui Black


Capítulo 39
Capítulo 39 - Garyjan: Um Momento de Paz


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais para a Beta Reader Lubea, que revisou este capítulo.



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Arco VII - Povos Bárbaros

 

 

Capítulo 39 – Garyjan: um momento de paz

 

Três longos dias de viagem se seguiram após a difícil batalha na entrada da região de Tubbler. O cansaço dos magos e mestres apenas se alastrou com isso, fazendo com que todos ficassem de mau humor. As temperaturas excessivamente baixas da região também eram um fator agravante para a situação, além do medo de um novo ataque.

Um grande alívio tomou conta de todo o grupo de dezesseis pessoas quando eles avistaram a cidade de Garyjan ao longo do horizonte. Com um ar renovado e esperanças de algum conforto. Alguns dos magos mais jovens chegaram a correr em direção ao seu destino.

Identifique-se!

Um cavaleiro armado de uma lança longa abordou o jovem mago que corria em direção ao portão da cidade. O susto foi grande e o garoto quase disparou um feitiço contra o guarda.

Calma, Nicolas. Eles temem ataques tanto quanto nós.

Kamui disse ao rapaz enquanto colocava sua mão direita sobre o ombro do jovem, na tentativa de acalmá-lo. A seguir, pousou a mão esquerda sobre o brasão que carregava em suas roupas, logo na região do coração.

Somos magos de Drugstrein. Como devem saber, viemos como reforços.

Graças ao grande deus! – Exclamou o segundo cavaleiro. – Não sabemos até quando aguentaríamos aos ataques desses orcs sem magos para nos ajudar.

Não tem nenhum mago nesta cidade? – Spaak perguntou ao se juntar ao grupo.

Infelizmente não. Havia três equipes da Ordem de Kaz Barrak, porém, eles tiveram de reforçar a cidade anã de Gynoloock há umas três semanas. Faz quinze dias que goblins vêm atacando essa cidade com frequência.

Goblins não deveriam dar tanto trabalho para cavaleiros. – Desta vez era Aghata quem se pronunciava.

Na verdade, os goblins não são os que nos metem medo. Alguns patrulheiros avistaram trolls se movimentando na região durante os últimos três dias.

Trolls? – Carlos perguntou.

Sim, trolls.

O mestre fingiu entender do que eles estavam falando e não mais se manifestou.

Gostaríamos muito de ficar a par das novidades, mas tenho certeza de que todos querem descansar e se alimentar de maneira decente antes disso. – Um mestre de cabelos loiros e longos, amarrados em um rabo de cavalo, se manifestou.

Certamente. Entrem. Irei acompanhá-los até a casa do governo, onde poderão ser bem recebidos.

A cidade estava bem preparada para recepcionar os magos e uma enorme casa ficou disponível para eles. Cada qual teria seu próprio quarto e outro tanto deles sobrariam caso mais reforços chegassem. No entanto, apenas cinco banheiros estavam disponíveis, sendo assim, houve disputa para ver quem tomaria banho primeiro. Obviamente as mulheres acabaram levando a melhor na situação.

À noite, um farto jantar foi servido para os recém chegados. Todos os nobres da cidade, assim como o governador da mesma, estavam presentes para honrar os convidados. Logo que comeram, as novidades sobre a situação atual foram discutidas.

Como uma das três principais cidades de Tubbler, Garyjan era um alvo almejado pelos Povos Bárbaros. Nas últimas duas semanas, três ataques ocorreram, sendo que no último, muitos soldados e cavaleiros acabaram perdendo suas vidas.

Além disso, sabia-se que outra cidade mais ao norte havia caído na guerra e muitas pessoas que escaparam do massacre chegariam em breve a Garyjan pedindo abrigo.

Após essa maçante reunião, os magos foram liberados para desfrutarem do lugar e descansarem. Kamui, com sua curiosidade, queria saber como era uma cidade tão grande, já que nunca havia estado em uma daquele porte.

Sarah, está afim de dar uma volta? – Perguntou se aproximando da garota.

Ai, Kamui, quem sabe amanhã. Eu estou exausta, nem aguento dar nenhum passo.

Hum... – Fez um muxoxo. – Que pena, queria sua companhia.

A garota sorriu com o comentário, mas estava realmente exausta e não mudou de ideia, apesar de que também gostaria muito desse passeio.

O casal caminhou até a mansão designada a eles juntos. Porém, ao chegarem lá, a maga entrou e dirigiu-se para seu quarto enquanto o rapaz continuou seu caminho.

Ele caminhou durante vários minutos. Nesse tempo, reparava muito em tudo o que via. As construções eram um tanto quanto diferentes das que ele via na região central. As paredes eram mais robustas feitas de alvenaria pesada. Quase todas as casas possuíam chaminés que fumegavam durante o tempo frio. As ruas – ao menos do centro da cidade – eram todas pavimentadas com pedras regulares, o que tornava o passeio mais fácil e confortável.

Quando se cansou de andar pela cidade, Kamui comprou uma bebida quente e subiu, tomando-a, até o alto de um ponto turístico do qual ele havia ouvido que existia em Garyjan. O local era uma espécie de grande sacada, em cima de uma elevação. Dela, era possível se ver quase metade da cidade. O garoto ficou fascinado pelo fato dele não poder enxergar o fim das casas ou construções da metrópole, nem tão pouco sua muralha.

Nesse meio tempo em que o mago estava entretido com a vista que tinha daquele lugar. Duas garotas, uma loira e de cabelos longos e outra com os mesmos encaracolados e negros, se aproximavam dele bem de vagar, tentando não chamar a atenção.

Olá garotas. – Disse, ainda de costas.

Anita sorriu, embora Natália permanecesse boquiaberta.

Esse é o Kamui que conheço, sempre alerta.

Estamos em meio a uma guerra aqui. Temos todos que estar.

Falou enquanto se virava para as garotas para ter contato visual. Reparou que as duas eram muito bonitas e não estavam vestidas em seu casual uniforme. Anita usava um vestido que chegava até próximo de sua canela, e uma manta por cima deste, para se proteger do frio. Natália estava usando uma calça azul e uma blusa preta, além de uma parca grossa feita de peles de animais. Ambas calçavam botas para tentar escapar da baixa temperatura.

A Sarah não está com você agora? O que aconteceu? – A loira perguntou aproximando-se mais do mago e sendo acompanhada pela amiga.

Não. Ela disse estar muito cansada.

Entendo.

Eu estou curiosa sobre uma coisa, Kamui. – Dessa vez era Natália quem falava.

Sobre o que?

Isso.

A garota lançou seu corpo em direção ao jovem. A seguir, envolveu sua nuca com a mão direita e as costas com a esquerda, ao mesmo tempo em que fazia com que seus lábios se tocassem em um beijo. O rapaz deixou-se levar pela situação e acabou retribuindo o carinho mesmo sem entender direito o que estava acontecendo. Logo, a garota cessou o ato e afastou-se do mago.

Nada mau. – Comentou. – Até entendo por que você tem duas garotas afim de você, você beija bem.

Natália, sua doida – repreendeu a amiga.

Tudo o que Kamui conseguiu fazer foi ficar um pouco constrangido com a situação. Ele não sentia nada em especial pela garota, mas, mesmo assim, havia gostado muito do beijo que recebera. Anita quebrou sua tensão recostando-se na mureta ao seu lado iniciando uma conversa.

Sabe, agora eu entendo o que a Taís dizia.

O que?

Realmente. Você ama aquela Sarah, não é? – Natália disse de súbito.

O comentário deixou o rapaz novamente constrangido. Ele estava começando a achar que ela tinha o dom para isso.

É tão obvio assim? – Perguntou por fim.

Todo mundo percebe pelo jeito que você trata ela e tudo mais. O jeito como vocês conversam não é o mesmo que duas pessoas que tem apenas amizade entre si.

Só acho que você está sendo lerdo demais, Kamui – Natália disse, sem nem pestanejar.

A tá, então agora você sabe tudo o que aconteceu entre a gente, né? – Respondeu visivelmente irritado.

Devo admitir que a Natália tem razão. Também dá pra perceber que ela gosta muito de você. Não sei como vocês ainda não estão juntos.

Ele ficou um tempo pensativo.

Olha, realmente preferíamos que nossa amiga estivesse com você. Mas se não vai ficar com a Taís, que pelo menos seja por um bom motivo.

As duas fizeram menção de sair do local, mas, antes, Natália provocou.

É só você beijá-la, tenho certeza de que ela não vai resistir.

A seguir, piscou com o olho esquerdo e mandou-lhe um beijo. Isso acabou por deixá-lo novamente vermelho e constrangido.

 

 

Na manhã seguinte, pouco após o almoço, Kamui finalmente havia conseguido levar Sarah para conhecer a cidade. O casal passou quase uma hora caminhando pelas ruas movimentadas do lugar. Para não chamarem muito a atenção, Kamui havia comprado roupas casuais para os dois.

O rapaz vestia-se com uma calça de um tecido espesso e uma jaqueta de couro, na cor negra, além de botas na mesma cor e material. A garota trajava um vestido que chegava até a altura do joelho e tinha mangas longas feita em um tecido grosso, próprio para o frio. Por baixo deste, ela usava uma calça e botas para se proteger da baixa temperatura.

Assim que ambos se cansaram de andar, resolveram parar em uma pequena loja onde servia uma bebida exótica, que Kamui havia experimentado na noite anterior. A bebida se chamava chocolate quente.

É bom mesmo, Kamui. Ainda mais com esse frio.

Eu não te falei. Devia ter isso em Drugstrein.

O ambiente era um tanto quanto requintado. Feita de alvenaria e madeira, as paredes do local tinham cores claras em um tom pastel. A decoração também era feita em tecidos de cores claras que traziam tranquilidade e romantismo ao ambiente. As mesas eram de madeira e as cadeiras possuíam estofados na cor vermelha. O jovem casal encontrava-se em um canto onde a luz do sol não batia diretamente. Kamui havia feito questão de sentar-se muito próximo a garota.

Kamui, obrigado pelas roupas novas, elas são lindas.

Encare como um presente de aniversário adiantado.

Mas meu aniversário é só daqui a quatro meses.

Antes adiantado que atrasado – respondeu.

A garota riu e voltou a tomar um gole da bebida.

Essa cidade é muito bonita, não acha?

Sim, é mesmo. E à noite fica ainda mais bonita.

Hum... Devia ter aceitado sair com você ontem. Mas eu estava muito cansada.

Tudo bem, ainda temos hoje pra sairmos.

Sim.

Alguns segundos de silêncio se passaram enquanto ambos tomavam um gole de sua bebida. Após isso, Kamui resolveu quebrar o silêncio novamente.

E o que achou desse lugar?

Ele é tão lindo. E bem romântico também.

Talvez seja por isso que eu tenha te trazido pra cá.

A garota corou levemente com o comentário. O mago, porém, sabia exatamente o que deveria fazer. Ele acariciou levemente a mão da garota, que estava em cima da mesa. Isso fez com que ela o encarasse, apesar de um pouco acanhada. Ele, então, a olhou diretamente nos olhos e fez com que seus lábios se aproximassem cada vez mais.

Kamui! Até que enfim eu te achei!

Nicolas gritou ao entrar no recinto e avistar os dois magos. Tal atitude do mago chamou a atenção de todo o lugar e acabou por quebrar o clima entre o casal. Ele, porém, não se importou com isso. Aproximou-se da mesa em questão e foi recebido por um Kamui visivelmente irritado.

Que foi, Nicolas? – Pesou no vocativo.

Que história é essa de você ter beijado a Natália?

Kamui sentiu seu sangue gelar naquele momento. Não queria que Sarah ficasse sabendo daquilo, muito menos na situação na qual eles se encontravam.

Espera aí. Conta essa história direito, Kamui – ela disse ao se levantar e colocar as mãos sobre a cintura.

Bem... É... É que... – começou a gaguejar.

Seu namorado, Sarah, beijou a garota que eu estou afim ontem. – Falou encarando a garota. Após isso, voltou seu olhar para Kamui novamente. – Droga! Seu traíra. Pensei que éramos amigos!

Ele estava praticamente gritando, o que chamava muito a atenção.

Não foi bem assim que aconteceu. Foi ela quem me beijou!

E porque você não me falou isso, Kamui? – Sarah perguntou, já vermelha de nervoso.

Porque foi uma coisa que não significou nada pra mim. Foi só um beijo.

Só um beijo? Que...

CALA A BOCA, NICOLAS!

Sarah gritou com o garoto, que ficou quieto. A seguir, voltou sua atenção novamente para Kamui.

Então quer dizer que você sai por aí beijando as garotas mesmo sem sentir nada por elas? Esperava mais de você, Kamui Atreius!

Ao dizer tais palavras, a garota saiu do estabelecimento a passos firmes. Só então Nicolas voltou a falar, desta vez mais calmo.

Foi ela quem te beijou? E eu que pensei que estava conseguindo algum progresso.

Os punhos de Kamui estavam fechados e ele tremia muito, mantendo a cabeça abaixada. Seu sangue fervia com a raiva dentro de seu corpo.

Nicolas – falou pausadamente – Quer um conselho? Some da minha frente!

O outro mago, ao sentir a aura assassina que emanava do Atreius, resolveu seguir o conselho do mesmo e sair do estabelecimento. A seguir, o mago sentou-se novamente na mesa para só então perceber que todos olhavam para ele. Abaixou-se no canto, encabulado. “Que vergonha” pensou.

 

 

À noite, no mesmo dia, Kamui estava em uma sacada no terceiro andar do prédio em que os magos estavam hospedados. Ele estava debruçado sobre o parapeito e observava o movimento das ruas da cidade que não parava nem mesmo durante noite.

Envolto em seus pensamentos, o rapaz nem percebeu a aproximação de Spaak.

E aí, Kamui, tudo bem?

Ah. E aí Spaak – respondeu em um sobressalto, ainda distante.

Pelo jeito, nada bem. O que aconteceu?

Eu e a Sarah brigamos.

Imaginei.

O mestre respondeu recostando-se no parapeito da sacada e ficando ao lado do mago.

Mas isso é normal entre vocês, não é?

Sim, mas desta vez ela nem falou mais comigo, acho que ficou realmente chateada.

Imagino que isso deva ser pelo que aconteceu entre você e a Natália noite passada, não é?

Quê?! – Virou-se para o ruivo e perguntou com uma expressão de surpresa no rosto. – Você também ficou sabendo?

Digamos que a Anita não é muito boa em guardar segredos e acaba sempre falando demais.

Kamui voltou a fitar o horizonte com o mesmo olhar perdido de antes.

Agora que não tenho mais chance alguma com a Sarah. Droga!

Eu não penso assim. Tá na cara que vocês dois se amam.

Tanto assim? – Perguntou um tanto quanto constrangido.

Digamos que eu não sei como vocês dois ainda não estão juntos – respondeu encarando o Atreius.

Digamos que sempre que surge um clima algo ou alguém atrapalha. Até você já chegou a atrapalhar uma vez – estreitou os olhos ao dizer a última frase.

Então foi por isso que me atrapalharam com a Aghata algumas noites atrás? – Disse em tom brincalhão.

Você percebeu que estávamos lá? – Perguntou um tanto quanto constrangido.

Nós dois percebemos. Esqueceu que somos mestres? Mas isso não vem ao caso. Eu acho que você não deve desistir, ela pode ter ficado brava com você, mas vai passar. E não deixe a próxima oportunidade escapar, beije-a de uma vez.

Falar é fácil.

E agir também. É só me observar e aprender.

Convencido. A propósito, você a Aghata estão namorando?

Não. É apenas um casinho. Se esqueceu que não quero compromisso sério?

Mas fica me aconselhando a fazer isso.

É porque você ainda tem a oportunidade de estar com a mulher que você ama.

Mas e quanto a você, não...

A frase do mago foi interrompida por um risco em chamas que atravessou o céu da cidade. Ao se chocar com a muralha, o meteoro causou uma enorme explosão.

Mais taurens shaman?! – Kamui perguntou aflito.

Droga, mal tivemos tempo para descansar direito. Kamui, vamos chamar os demais magos.

Certo!

No tempo seguinte, Spaak, Kamui, Carlos e Guilherme, que já estavam acordados, chamaram todos os demais magos. Cinco minutos foi o tempo necessário para que eles se vestissem e, também, para que o caos de uma batalha tomasse conta da cidade.

Ao contrário do que Kamui havia pensado, não eram os taurens os autores do ataque e, sim, enormes criaturas chamadas trolls. Com cerca de três metros e meio de altura, tais criaturas possuíam uma pele cinzenta e combatiam de mãos nuas, muitas vezes arrancando árvores ou paredes inteiras das casas para atacar os soldados humanos.

Guerreiros e cavaleiros lutavam com suas lanças longas contra as criaturas, porém, mesmo dez humanos não podiam derrubar uma delas. Isso se devia ao fato de que, quando conseguiam finalmente atingir um troll, este logo se regenerava. Além disso, as armaduras de aço mais pareciam de papel contra os músculos desenvolvidos das enormes criaturas.

Em meio a sons guturais, os membros da raça dos orcs avançavam sem nenhum temor. Foi então que os magos apareceram para o combate.

Não desistam, guerreiros! Em nome de Drugstrein, combateremos esses inimigos até que não reste um deles dentro da cidade! A LUTA E A GLORIA!

Os brados de batalha de Spaak acabaram por elevar a moral de todos os soldados, que agora viam uma luz de esperança com magos combatendo ao seu lado.

O mestre, então, desceu do telhado de uma casa onde havia estado há pouco. Ao lado de Kamui e Sarah, avançou com velocidade de encontro ao combate.

Kamui atacou um enorme troll que tentara esmagar um cavaleiro com uma enorme rocha. O Thundera do mago atingiu o corpo da criatura com precisão e força, fazendo com que esta tombasse. No entanto, ela se levantou a seguir, como se dano algum tivesse sido lhe aplicado. O Atreius, então, acenou para Sarah, que compreendeu perfeitamente o gesto.

Dracco Fira!

Mesmo sem proferir qualquer palavra, as ações de Kamui foram semelhantes às da maga. Ambos lançaram diversos dragões de chamas contra o inimigo. O feitiço o atingiu queimando sua carne em diversos pontos. A pele cinza tornava-se preta. Porém, em pouco tempo, voltava ao estado normal. Foi só quando três dragões atingiram-lhe praticamente no mesmo ponto do peito que algo diferente aconteceu. O ataque acabou por perfurar o tórax maciço da criatura, que soltou um rugido de dor que poderia ser ouvido a quilômetros de distância. A seguir, caiu ao chão, já sem vida.

Vejam todos! Eles não são imortais! Vamos acabar com eles!

Kamui bradou para que todos ao seu redor pudessem ouvir. Com isso, todos os que lutavam a sua volta começaram a combater com ainda mais bravura e coragem. Isso acabou por contaminar todos ao seu redor, fazendo com que os soldados e magos avançassem juntos para uma provável vitória.

Carlos, você e seus irmãos devem seguir pela direita. Alice, você e Ângela devem acompanhá-los. Aghata, siga com sua equipe pela esquerda. Gorgar, você e Márcio devem acompanhá-los. Jonathan, nossas duas equipes conterão a força principal de ataque inimigo.

Spaak distribuiu todas as ordens entres os mestres e suas equipes, eles assentiram e obedeceram, mesmo que Carlos e Gorgar não tenham gostado muito dessa situação.

Os trolls avançavam em números realmente alarmantes. Havia mais de dois deles para cada mago e os solados e cavaleiros humanos não eram de grande ajuda. A situação só fez piorar quando um novo risco de chamas surgiu no horizonte até que um novo meteoro explodisse uma grande torre de onde os arqueiros atacavam os trolls.

Mais um Taz Rashon! – Spaak gritou.

Hei! Guilherme, volta aqui! – O mestre Jonathan gritou ao ver que o mago corria em direção de onde havia sido lançado o último ataque inimigo.

Eu vou atrás dele. Sarah, não saia de perto do Spaak.

Kamui, espere!

Spaak gritou, porém, o rapaz não parou.

Vamos atrás dele, Spaak – Sarah pediu.

Droga! Certo. Jonathan, você e Nicolas devem se unir a Aghata. Ordene que os soldados humanos preparem uma retirada completa da cidade, se for o que eu estou pensando, não há meio de vencermos sozinhos.

É tão critico assim?

Irei confirmar a situação.

Quando o casal fez menção de seguir os dois magos que se distanciavam cada vez mais, quatro imponentes trolls fecharam seu caminho.

Droga! – O mestre proferiu ao se preparar para atacar.

 

 

O rapaz de corpo esguio e de baixa estatura corria por entre as ruas da cidade. Sua aura o impulsionava a grande velocidade, tanto que conseguia ser mais rápido que Kamui, apesar de o segundo ser um mago muito mais habilidoso.

Guilherme ostentava em seu semblante uma visível ira e revolta. Movido por essa raiva, sua mente apenas pensava em uma coisa: vingança.

Atravessou os muros da cidade destruindo-os com um Clay. A seguir, iniciou sua subida por uma longa colina. Lá no alto ele já avistava seu alvo: um tauren vestindo uma pesada armadura e uma capa azul acabará de lançar um novo meteoro, destruindo mais uma das torres da cidade. A ira lhe consumiu por completo e ele avançou com uma velocidade ainda maior. Até que finalmente ficou frente a frente com o General.

Um mago veio me desafiar sozinho? – O taurino proferiu em sua voz bufante.

Maldito! – Guilherme ofegava, não de cansaço, mas de ódio. – Por sua culpa, por culpa de sua raça, minha irmã foi tirada de mim!

Vingança? – Sorriu.

Desgraçado! Clay Catomb!

Uma valeta de terra se abriu em direção ao General dos taurens. Este, porém, não se mexeu e esperou para ser enterrado pelas enormes ondas de terra que surgiam.

Já acabou?

Guilherme comentou, um tanto quanto decepcionado. No entanto, a vitória não era verdadeira. Uma explosão se deu no local onde o tauren havia sido enterrado. Do centro dela, ele ressurgiu em um salto, fazendo com que rochas fossem arremessadas com força e velocidade por todos os lados. O mago recebeu o impacto de uma delas e caiu ao chão. Um corte na testa e na maçã direita do rosto sangravam levemente.

Acho que você abocanhou mais do que pode mastigar desta vez, garoto.

Turenhead se aproximava lentamente do rapaz enquanto falava em sua voz bufante e aterrorizadora. Guilherme não mais expressava raiva em seu rosto, e sim medo. Tinha de reagir, tinha de vingar sua irmã. E assim o fez, ou ao menos tentou.

Na... Nah Clay Guardian.

O imponente golem começou a surgir do chão, porém, antes que ele estivesse completamente formado, recebeu um golpe do punho fechado do tauren e acabou se partindo em mil pedaços.

O General sorria. O garoto tremia de medo.

Turenhead abaixou-se e o encarou. A seguir, o mago, que havia fechado os olhos, sentiu as grossas luvas do inimigo lhe tocarem o pescoço. Ele foi levantado pelas mãos robustas do taurino.

Engasgando pela pressão em seu pescoço, ele ainda tentou reagir.

Thun... cough cough... Thundera.

Tocou o braço do adversário com as duas mãos e disparou uma forte corrente elétrica. Esta, no entanto, pareceu não surtir efeito algum e o tauren sorriu de maneira sádica.

Muito fraquinho, criança. Acho que você vai morrer agora, mas isso não faz diferença alguma, já que deveria estar morto há dias.

Com a mão esquerda, o General golpeou com força a barriga do rapaz franzino a sua frente. Este soltou uma grande golfada de sangue pela boca, que acabou tingindo o braço do taurino de vermelho.

Doeu? Sinto muito. Logo não vai mais sentir dor alguma.

Forçou a mão contra o pescoço do rapaz. Nele, sentiu a resistência de sua aura. Forçou um pouco mais e pôde ouvir o barulho dos frágeis ossos se quebrando. A cabeça do mago pendeu para o lado, seus olhos, antes de um azul intenso, já perdiam o brilho e se tornavam um azul pálido e sem vida. Arremessou-o para o alto, para que caísse a uns 10 metros do local onde estava.

Guilherme!

Kamui gritou e lançou um feitiço Jinn na intenção de formar uma almofada de vento e amparar a queda do amigo. Lamentava-se por ter chegado tarde demais e desejava que ele ainda estivesse vivo.

Droga! Seu maldito!

Gritou ao se aproximar do corpo e verificar que já perdia toda a vitalidade que um dia continha. A raiva tomava conta de Kamui, principalmente por não ter sido capaz de proteger alguém que lhe era caro. Nunca fora íntimo de Guilherme, mas os dois haviam estudado juntos e este era um mago de Drugstrein. O tauren em sua frente iria pagar, era isso que sua expressão de ira transmitia.

Mais um para ser esmagado? Assim eu não faço meu trabalho.

O pouco caso feito pelo inimigo irritou ainda mais Kamui. O pouco pesar que sentia transformou totalmente em ódio. De seu corpo, uma aura assassina pôde ser sentida, até mesmo pelo tauren, que, ao contrário do esperado, não se sentiu acuado e sim excitado para a luta.

O confronto teria início.

 

 

 

 

 

 

N.A. - Primeiro gostaria de saber se gostaram do capítulo antecipado =D Tentarei fazer isso sempre que possivel e postar um capítulo por semana, mas o prazo permanece o mesmo e semana que vem postarei apenas Sombras da Meia Noite II.

E Kamui foi atrapalhado mais uma vez quando quase estava beijando a Sarah, tenho certeza de que muitos querem me matar por isso, mas é a vida...

E o que acharam da atitude da Natália? Acho que já perceberam o quanto ela é impulsiva e tenho certeza de que ficarão chocados com o que ela anda aprontando. Alguém ai chuta? Darei a dica de que envolve uma outra pessoa.

E eu matei mais um personagem sim. Sou mau e sou sádico, então podem ir se acostumando que a guerra tem baixas dos dois lados. Agora mais um questionamento: O que acham que vai acontecer nesse duelo?

 


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