Um mês já havia se passado. Eu já estava recuperada, ainda bem. Jake voltou a ser uma pedra de gelo comigo, mas por um lado eu entendia. Ele, assim como eu, estava assustado com toda essa história de "laço inquebrável", era de se deixar qualquer um nervoso. Por isso achei melhor nem tocar nesse assunto, deixar as coisas fluírem. Quem sabe ele só precisava de um tempo pra "digerir" toda essa situação, e em breve voltaríamos a ser os mesmos de antes. Felizes, unidos e inseparáveis.

As aulas haviam acabado, as tão sonhadas e esperadas férias chegaram finalmente. Tive que ir ao colégio conversar com a Sra. Carter para ter aulas no verão já que tive que faltar muitos ensaios graças as minhas costelas fraturadas.

Após terminar de falar com Sra. Carter, fui andando em direção ao estacionamento e me deparei com Jake encostado em meu carro. Sorri e saí correndo para abraçá-lo.

– Oi amor! - Fui lhe dar um beijo, mas ele virou o rosto. - O que foi?

– Dá pra gente conversar? - Ele disse sério.

– Claro, eu acho... Mas, vamos conversar em casa, olha só esse tempo, daqui a pouco vai chover e eu não quero ficar toda molhada.

– Não, tem que ser agora.

– O que custa esperar 10 minutinhos até a gente chegar em casa? - Sorri.

– Sofia. - Ele me segurou pelos ombros. - Eu quero terminar com você. O encarei por alguns segundos e comecei a rir. - Qual a graça que você está vendo nisso?

– Jake, se vai pregar uma peça em mim, por favor, usa algo mais sútil. - Falei rindo. - Era isso então que você queria falar? "Eu quero terminar." - O imitei.

– Eu não estou brincando.

– Tá bom Jake, a gente terminou então. - Tentei me fazer de séria. - Ah, minha mãe já reservou a mesa em um restaurante muito bom em Port Angeles pra gente jantar no meu aniversário. Séria bem melhor se ela não levasse o tal amigo, mas não importa o que eu fale ela não me escuta, mas quer saber? Eu acho que...

– Que droga Sofia! - Jake gritou. - Que parte de "Eu quero terminar" você não entendeu ainda?

– Tudo bem, agora você está me assustando... Jake, isso é sério? - Falei receosa.

– É claro que é sério, que tipo de idiota você acha que eu sou? - Ele soltou meus ombros e me deu as costas.

– Espera, Jake. - Corri e fiquei na sua frente. - Isso... Isso não pode ser verdade.

– Mais é.

– Por quê? Me dá um bom motivo! - Ele ficou olhando para todos os lados, menos pra mim. - Claro! Jake, se isso é por causa daquela história que seu pai contou... Eu entendo que essa situação realmente não é muito fácil de passar, mas eu acho sinceramente que a gente pode passar por isso juntos.

– Isso não é só sobre você, nem tudo é só sobre você, tem a ver comigo também. Acha que é esse o fim que eu quero pra mim?

– Você não está pensando direito Jacob, definitivamente. Olha, por que a gente não conversa depois? Quando você estiver mais calmo ai a gente senta e resolve essa situação direito.

– Não tem o que resolver. O que a gente tinha acaba aqui. - Ele falou frio, como se tudo o que a gente tinha passado não significasse nada. Aquele não era o Jacob Black que eu conheci e me apaixonei.

A aquela altura, minhas lágrimas queriam a todo custo descer pelos meus olhos, mas eu não ia chorar na frente dele, não ia deixar que ele visse o quão machucada eu estava por ouvir aquelas palavras saindo da boca dele. Apenas saí, andei até o carro e fui dirigindo em direção à minha casa.

No meio do caminho, meu carro parou de funcionar. Tentei umas 500 vezes liga-lo de novo, e nada. Saí do carro com a intenção de empurra-lo até minha casa, não estava tão longe.

"Um carro não deve pesar tanto assim..." - Pensei.

Fiquei atrás do carro e comecei a empurrar, o carro não se moveu um milímetro sequer. Tentei a segunda vez, a terceira, a quarta... E o carro não se mexia. Ouvi um barulho de motor, olhei para trás e odiei meu carro por me fazer passar por isso.

– Deixa, eu te ajudo. - Jake desceu do carro e veio em minha direção.

– Eu não preciso da sua ajuda. - Disse enquanto tentava ainda inutilmente empurrar meu carro. - Preciso entrar na academia, urgentemente. – Fiz essa anotação mental.

– É claro que você precisa da minha ajuda.

– Não preciso não! Você é louco Jacob? Ou tem surto bipolar? Não pode terminar comigo e querer ser minha babá no mesmo dia, isso não faz sentido. - Falei brava. - Não tem como piorar, não tem mesmo. - Senti gotas de água caírem em minha cabeça, e em dois segundos estava acontecendo praticamente uma tempestade. - Só pode ser uma piada... Eu não mereço isso.

– Olha Sofia, não estou querendo ser sua babá, só estou oferecendo minha ajuda como faria com qualquer coitado que visse com o carro quebrado no meio da estrada.

– Qualquer coitado? - O olhei incrédula. - Quer saber Jacob? Já que você quer tanto ajudar. - Abri a porta do carro, retirei a chave e joguei para ele. - Ai está a chave. E aqui está o carro. Faça bom proveito.

– O que? - Ele me olhou confuso.

– Você não é mecânico? Conserta então. E quando terminar me avisa onde tenho que pegar meu carro e eu vou buscar e pegar pelos seus serviços.

– Eu te dou uma carona pra casa.

– Não precisa, muito obrigada.

– E como você vai voltar?

– Andando Jacob, eu esqueci a vassoura hoje. - Disse irônica.

– É muito perigoso ir andando sozinha nessa chuva.

– Realmente... Eu posso cair e quebrar a unha, nossa fiquei apavorada agora. - Comecei a andar em direção a minha casa.

– Sofia, volte aqui agora. - Jacob disse em um tom de voz que nunca tinha falado comigo antes.

– Como é? - Virei para ele. - Eu não sei com quem você acha que está falando, sério. Eu não sou mais uma do seu bando com quem você pode mandar e desmandar quando bem entender. – Gritei. - Desculpa, mas esse tom de alfa não funciona comigo. - Tornei a me colocar em direção a minha casa, mas uma coisa me impedia de passar. Um lobo, enorme parado na minha frente com os pelos eriçados e dentes à mostra. - O que é? Vai me atacar agora? - Disse sarcástica. - Vá em frente! Já me machucou inteira por dentro, por fora não vai fazer tanta diferença assim. - Jacob abaixou a cabeça e suspirou. - É Jake... Eu sei. Eu também sinto muito por tudo isso. Eu só espero que você entenda que não é assim que as coisas funcionam. Não é porque você resolveu terminar comigo que vai fazer com que tudo volte ao normal. Porque mesmo que você não me queira por perto, nada muda. Eu vou sempre te amar. - As lágrimas insistiam em cair dos meus olhos.

Comecei a caminhar e algum tempo depois olhei para trás, mas já tinha perdido o lobo de vista. E assim, deixei o amor da minha vida escapar das minhas mãos pela primeira vez.