Na mesma época em que Héracles estava no auge de seu sucesso, um garotinho moreno de olhos verde-mar nascia em uma família conhecida de Tebas. Esse garotinho se chamava Perseu, mas não era o filho de Zeus (esse aí tinha morrido alguns anos antes), esse aí era um filho de mero mortais.

— Sally, ele é lindo. – falou a velha parteira de mais de 80 anos pegando o pequeno no colo e o entregando a mãe.

O pequeno chorava forte, mas quando sua mãe o pegou no colo o garotinho abriu os olhos lentamente. Seus olhos eram acinzentados, mas bebês que geralmente vão ter olhos claros nascem com os olhos cinza.

— Pelo jeito os olhos vão ser iguais ao do pai. – a parteira falou passando a mão no cabelo dele enquanto o mesmo mamava. – E o rosto lembra o de Poseidon quando bebê também.

— Isso é verdade. – Poseidon, o pai do bebê, apareceu subitamente à porta do quarto. – Pode nos dar licença. – pediu à parteira.

— Com certeza. – a parteira falou e saiu.

Poseidon agachou-se ao lado de Sally e olhou o pequeno, que fechou os olhos ao cair no sono.

— Que nome nós vamos dar a ele? – Perguntou Poseidon.

— Perseu. – respondeu Sally. – Em homenagem ao herói filho de Zeus. O único com um final feliz entre os heróis.

— Bom nome, apesar de que é um pouco irônico já que meu nome é Poseidon. – os dois riram.

Poseidon pegou o filho no colo depois que o pequeno parou de mamar e ficou-o observando. Depois de alguns minutos, Sally também dormiu. Após um tempo o filho mais velho de Poseidon, Tritão, entrou no quarto e agachou-se na frente do pai. O garoto tinha uns 15 anos.

— Então é verdade, meu irmão nasceu hoje. – falou maravilhado olhando Percy no colo do pai, ele sorriu e afagou o cabelo do bebê.

Mas eles agiram com Percy carinhosamente apenas no três primeiros anos de vida do garoto, pois quando Percy completou quatro anos as coisas mudaram, seu pai tornou-se mais severo e rígido quanto às regras no castelo e pôs o garoto para trabalhar duro. E o primeiro castigo aconteceu então quando Percy esqueceu-se de limpar os estábulos.

O garoto recebeu 50 chibatadas nas costas e foi obrigado a passar uma semana no calabouço sendo alimentado apenas com pão e leite. O segundo castigo aconteceu dois anos depois quando Tritão esbarrou em um antigo vaso de família e o quebrou, mas pôs a culpa no pequeno de seis anos. Que recebeu mais uma vez 50 chibatas nas costas e ficou preso por duas semanas no calabouço.

Com o tempo, Tritão percebeu que tudo que ele fazia errado e colocava a culpa no irmão mais novo, os pais acreditavam, e então aconteceram uma série de castigos dolorosos e injustos ao jovem Percy.

Aos 12 anos, depois de Tritão deixar as ovelhas fugirem dos estábulos e serem comidas por lobos, e colocar a culpa em Percy. Percy foi castigado com 150 chibatas nas costas e foi preso no calabouço, condenado a ficar preso por dois meses.

Mas na segunda semana preso, uma mulher, com roupa de guerreira, longos cabelos pretos e olhos castanhos escuros com um sobretudo por cima do corpo foi até sua cela, abriu-a e entrou nela.

— Você é o filho caçula de Poseidon? Perseu?

— Sim sou eu mesmo. Quem é você?

— Eu sou Xena. – a morena falou. – Vim aqui te fazer uma proposta.

— Como assim? Eu não posso sair do castelo, se eu sair meu castigo vai ser pior.

— Sim, eu sei. – ela olhou em volta para confirmar se não tinha alguém ali. – Mas a proposta que eu vou lhe fazer vai te livrar de tudo isso. – ela o virou de costas e retirou sua camiseta de algodão.

— Que proposta você quer me fazer? – Perseu perguntou enquanto Xena começava a tratar seus ferimentos.

— Quero que você venha comigo, quero te treinar, você tem físico de guerreiro, e, outra coisa, você ainda vai poder se vingar de seu irmão. – ela falava enquanto limpava as costas cheia de machucados e cicatrizes do garoto. – Eu sei que é ele que faz isso com você.

— Queria entender porque meu pai acredita em tudo que Tritão fala para ele? – Percy perguntou com os olhos lacrimejando enquanto Xena passava ervas medicinais nos machucados dele.

— Ele acredita porque Tritão é o filho favorito dele, e porque ele é um ótimo espadachim, muitas pessoas gostam dele. – ela começou a enfaixa-lo. – Percy, vou te dar uma semana para pensar na minha proposta. – ela virou o rosto dele para ela. – Quando eu voltar daqui a uma semana quero uma resposta sua. Essa é a sua chance de se vingar do seu irmão e parar de ser agredido.

— Está bem. Uma semana. – Percy falou e colocou sua camiseta.

Xena levantou-se, despediu-se do garoto, trancou a cela e foi embora. Deixando um Perseu pensativo para trás.