Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 8
Capítulo 07 — Seguindo em frente.


Notas iniciais do capítulo

É... eu sei que demorei pra postar, mas eu realmente não estava encontrando tempo. Então... eu espero que gostem e comentem, por favor.



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A estrada estava vazia — eu percebi sorrindo enquanto me encolhia no banco do passageiro e mexia em algo no aquecedor de Edward, aumentando-o. Ele estava com seu carro, ignorando tudo que iriam pensar a respeito disso. Comecei a tentar ignorar também, tirar aqueles pensamentos de minha cabeça por uma tarde não me faria mal.

Estava tão frio que eu estava quase agarrada a Edward. Claro que o aquecedor fazia algo, e os dois casacos também, entretanto… não tinha como ficar completamente isenta disso. Ele ria toda vez que eu estremecia, não contendo meus tremores.

— Não que eu esteja reclamando, mas se você continuar assim vamos demorar um ano até chegarmos à casa de sua vó, Bella.

Eu não prestei atenção no que ele me dizia, apenas prestei atenção no final da frase. O modo como ele falava meu nome era diferente de qualquer outro — era… carinhoso, cuidadoso e cauteloso como se eu fosse um bebê de três meses de idade. Apesar disso tudo, eu me sentia mais velha quando estava com ele — talvez pelo tratamento ou qualquer outra coisa.

Desgrudei de Edward assim que as palavras se infiltraram em minha mente de modo preguiçoso. Ele olhou para mim, cauteloso, mas logo sorriu ao perceber que eu continuava encolhida, quase prensada contra a porta de seu carro.

— Um dia você se acostuma. — Ele disse, estendendo sua mão quente para pousá-la em meu pescoço, o esquentando.

— É… um dia eu me acostumo. — E nesse dia eu também me acostumaria a controlar meu coração toda vez que Edward me tocava, por mais mínimo e insignificante que fosse o toque. — Mas e então… hã, você sabe para onde está indo? — Perguntei, tentando fazer minha pulsação desacelerar.

Isso só aconteceu quando ele tirou sua mão de meu pescoço para colocá-la no volante, acelerando até 110 km/h.

— Eu nasci e vivi em Somerset, Bella. — Novamente aquele tom cauteloso e carinhoso ao pronunciar meu nome. — Claro que sei onde fica a vila de sua vó. Não é a mais perto e daqui para lá provavelmente terá trânsito, mas… temos tempo, não é? Até uma hora da tarde.

— Sim.

Assim como Edward havia dito, teve trânsito na metade do caminho, no entanto não foi nada demorado o bastante para que pudessem durar alguns beijos que eu iniciava, é claro. Edward — eu percebia isso nos pequenos detalhes — prezava minha castidade, mesmo eu não o fazendo quando se tratava especialmente dele. De ninguém mais.

O frio em um instante passou quando tivemos que parar em algum sinal fechado. Era nessas horas que eu pensava onde estava a Bella que corava com tudo quando eu o atacava, puxando seu rosto para o meu, como se cada milésimo de segundo fosse importante demais para que pudesse me dar ao luxo de perder.

Eu sempre corava, depois, claro. E Edward ria percebendo isso.

— Não há problema em falar para sua vó que estamos namorando, há? — Indagou, olhando-me rapidamente, e voltando seus olhos para a estrada.

— Não… vovó nunca… contaria isso a alguém, eu tenho certeza. — Olhei para baixo e corando. — Mas se você quiser se apresentar como meu amigo, não me importará — Desde quando eu havia ficado tão insegura?

Olhou-me de novo, com o sorriso torto em seus lábios enquanto pegava minha mão gelada e a apertava com a sua que estava de um modo muito bom quente, delicadamente.

— Não, eu não quero. — Murmurou.

Sorri.

A casa de vovó tinha mudado de cor de novo. Agora estava em uma cor bonita e elegante — assim como deveria ser para ser digna de uma casa de Madeleine Swan —, bege claro com acabamentos em preto. Fazia tanto tempo que eu não vinha aqui que eu me perguntava se fazia muito tempo que a havia decorado.

Edward ficou tenso assim que saiu do carro, no entanto, em um movimento que me surpreendeu, deu-me a mão, assim como os casais normais faziam quando andavam em qualquer lugar. Ele nunca havia feito isso antes, por isso me surpreendi, o olhando e logo desviando os olhos, percebendo que eu estava com cara de boba.

— Se vamos fazer o serviço, que seja completo. — Ele murmurou em meu ouvido. O ar quente de sua respiração batendo em minha pele gelada me fez estremecer enquanto encolhia-me, arrepiada. Edward riu de minha reação, inclinando-se para fazer de novo, mas não conseguindo, já que eu havia pulado para trás, rindo.

Vovó não demorou muito para atender a porta, parecia que já nos esperava. Ela pousou seus olhos em Edward e sorriu para mim, abraçando-me enquanto nada falava, esperando que eu o apresentasse a ela. Sorri tímida, sem saber como fazer isso, afinal nunca houvera sequer cogitado a idéia de um dia fazer isso e não havia me preparado psicologicamente para isso.

— Edward, essa é minha vó, Madeleine. Vó, esse é Edward… meu namorado. — Minhas bochechas coraram fortemente, mas eu ignorei isso, olhando para os dois.

O sorriso de Edward foi cortês, respeitoso, já o de Maddie foi maravilhado. Apostava que meu rosto estava igual ao dela quando eu vi Edward pela primeira vez, não acostumada a ver pessoa com tanta beleza. Eu nunca me acostumaria com isso, mesmo que se passassem anos — eu ainda me veria… boba.

— Chame-me de Maddie, querido. — Ela me lançou um olhar fulminante. — Bells sabe disso, mas ainda torna a dizer meu nome inteiro, sendo que eu odeio isso.

— Ah é? Bells? — Edward riu, olhando para mim.

Eu ri também, espetando-o no abdômen com minha unha pequena. Ele se afastou de mim, rindo de meu rosto corado. Bells era um apelido bastante infantil, no entanto as pessoas que me conheciam desde pequena forçavam ainda falá-lo. Não era para me irritar nem nada assim com esse propósito, era involuntário.

— Chame-me de Maddie, tudo bem?

Os móveis também eram novos, decorados com cuidado e distribuídos pela enorme sala de uma forma que era obvia que havia sido planejada.

— O Foster teve filhotinhos, sabia? — Ela sorriu para mim. — Com a irmã. — Completou com um sorriso duro e sem-graça. — Não me olhe com essa cara de assustada, você sabe que eles são irracionais.

Edward ao meu lado riu de alguma coisa que eu não percebi.

— Não vou levar nenhum filhote para casa, não adianta insistir. — A avisei. Minha vó apenas sorriu, andando até seu quintal e indo buscar os filhotes que eu sabia que ela insistiria para que eu levasse um.

— Essa é você? — Indagou Edward.

Era eu quando tinha uns quatro anos de idade com os cabelos longos presos em um rabo-de-cavalo e um vestido rosa. Eu sorri, assentindo.

— E essa é Renée? — Indagou.

Eu tive que me aproximar para ver se era mesmo ou não. A pessoa da foto tinha os cabelos, naturalmente ruivos e tinha no máximo 21 anos quando a foto foi tirada. Não era Renée, eu tinha certeza.

— Não, não sei quem é. Deve ser alguma tia minha. — O puxei para que ele se sentasse no sofá comigo, dando um fim ao assunto de fotos já que tinham algumas minhas cujas eu não gostava ou que estava ridícula com 12 anos.

Ainda perguntava-me o porquê de vovó ter guardado-as tendo em vista o meu pavor pelas mesmas. Eu já havia jurado queimá-las do tanto que eu não gostava — e mesmo eu estando brincando, ela ficou verdadeiramente raivosa por eu ter essa vontade. Eu não entendi, mas não toquei no assunto de novo.

— Por que você não gosta de cachorros, Bella?

— Não é que eu não goste… eu prometi ao Kato que não teria outro depois dele. — Murmurei, sentindo-me idiota por ter feito uma promessa a um cachorro estar falando isso em voz alta. — Promessa na hora da morte é a mais verdadeira, sabia? E eu não posso traí-lo assim. Não ria de mim.

Mas ele riu. O fuzilei com os olhos, porém não continuei quando um filhote de cachorro bege correu para mim, mordendo minha sapatilha feito um desesperado. Eu quase o chutei sem querer, com cócegas, entretanto antes disso o peguei com uma mão.

— Ele era assim… — Murmurei para Edward. — O Kato.

— Tire isso de perto de mim. — Ele disse, afastando minha mão quando eu coloquei a pequena criatura perto do rosto dele. Edward espirrou logo em seguida, fazendo-me rir por causa disso. Ele tinha alergia a cachorros e queria que eu gostasse dos mesmos… essa era uma das várias coisas que eu não entendia.

— Que insensível, Edward, que coisa feia, eu estou desapontada com você, por isso você vai ficar sozinho aqui enquanto eu vou lá ao quintal ver mais cachorros. — O repreendi, brincando. Beijei-lhe rapidamente nos lábios e me afastei quando ele me segurou para que eu não me afastasse.

O filhote se remexeu em minhas mãos, querendo sair dali. Eu o soltei assim que cheguei à porta do quintal, abrindo-a e vendo minha vó abaixada para acariciar a cabeça da irmã de Foster a qual eu ainda não sabia o nome. Eu só a havia visto por fotos que minha vó me mandava constantemente.

— Ela é linda, não é, Bells?

E era mesmo. A pelagem toda branca e os olhos tão pretos quanto carvão a deixava parecendo ainda com um filhote, sendo que… nas minhas contas tortas, ela tinha mais ou menos dois anos e alguns meses.

— Como é o nome? — Indaguei.

Bellinha. — Minha vó riu.

— Está de brincadeira, não é? — Perguntei incrédula e erguendo as sobrancelhas. — Como assim essa cadela tem o meu nome? Não pode. Ela vai mudar de nome agora… e o nome dela vai ser… hã, Finn. 

— Por não coloca esse nome na sua cadela?

— Eu não quero nenhuma, vó. Sério, eu não vou cuidar direito por que… porque eu vou juntar dinheiro para a faculdade, e vou trabalhar em alguma coisa. Ela ficaria o tempo todo sozinha e… além do mais, eu estou morando com o papai em um apartamento. — Tentei arrumar a melhor desculpa que consegui.

Maddie somente assentiu.

Eu estava morta de cansada na viagem de volta para casa, por isso não tive tempo para beijar Edward nos sinais fechados, nem para me agarrar a ele com frio. Eu dormi com a cabeça encostada a seu ombro somente, o forçando a dirigir devagar para não me acordar — mesmo inconsciente que estivesse fazendo isso.

O dia havia sido ótimo, e eu decidi que iria à casa da vovó de mês em mês, mesmo que Edward não fosse comigo.

— Bella, nós já chegamos. — Edward sussurrou, passando seus lábios por minha bochecha e maxilar, acordando-me imediatamente. Ele sorriu assim que meus olhos se abriram preguiçosamente. — A não ser que queira que eu te carregue até seu apartamento. — Acrescentou, rindo perto de meus lábios.

Prensei minha boca contra a sua levemente antes de abrir a porta do carro.

Ainda eram seis e meia da noite, ou seja, eu não podia jogar-me na cama assim que chegasse a meu quarto. Eu tinha que fazer o jantar já que Charlie sequer sabia preparar seu café-da-manhã sem que fosse algo cujo envolvesse massa. Não que eu adorasse cozinhar — eu odiava, na verdade — mas isso era o mínimo que eu poderia fazer para não deixar Charlie passar fome.

— Se a surpresa de meu pai for uma coisa ruim, não fique constrangido, tudo bem? — O avisei quando estávamos dentro do elevador.

— E se for uma coisa boa, mas que você não goste?

— Está sabendo de algo que eu não sei Edward? — Indaguei virando-me para o olhar.

Ele passou a língua pelos lábios, assim como fazia quando estava nervoso ou pronto para mentir. Eu já o conhecia bastante para observar isso e perceber que ele não sabia mentir olhando nos olhos de uma pessoa. Sorri duramente para ele, puxando seu queixo para que seu olhar estivesse no meu.

— É só uma… impressão. — Finalmente respondeu.

— Que impressão?

— Não acha que seu pai… hã, seguiu em frente?

— Não, ele ainda não… se separou da minha mãe. Eles vão ficar juntos de novo, Edward, você está imaginando coisas demais. — Disparei em pânico por essa idéia.

— Tudo bem, só não… choque-se muito.

Eu dei de ombros.

Fazer sozinha o jantar não era legal, mas Edward salvou isso, ajudando-me sem um pingo de preguiça. Não que ele soubesse fazer algo que prestasse no fogão, entretanto ele facilitava minha vida me passando o que eu pedia para ele pegar no armário. Às vezes nos beijávamos e parávamos apenas quando o cheiro de algo queimado subia, e outras vezes ele mesmo parava. Como eu disse antes, ele zelava por minha castidade mesmo eu não o fazendo.

O jantar ficou pronto em uma hora e meia. Essa demora toda só aconteceu porque o papai queria que eu caprichasse hoje — ele havia deixado um bilhete na porta da geladeira dizendo-me isso. Eu demorara uns dez minutos para entender uma simples frase porque a caligrafia do meu pai era… torta demais para que eu entendesse algo.

A teoria de Edward parecia-me certa e inequívoca agora, mesmo eu não gostando da mesma.

— O que você fará se for mesmo uma mulher que ele trazer para jantar e te apresentar como a nova namorada ou algo assim? — Ele indagou, enrolando uma mecha de meu cabelo em seus dedos.

— Se ele está feliz não me importa. Charlie agiu assim comigo, seria… inconsciente que eu agisse de uma maneira oposta. — Lhe sorri levemente, quase triste ao perceber que o que eu acabara de falar era o certo que se deveria fazer. — E também… eu não tenho mais sete anos de idade, divórcio não deve ser um monstro de sete cabeças.

Edward puxou-me para seu colo, e eu encaixei meu rosto na curva de seu pescoço, respirando seu cheiro que depois desse dia estava impregnando todas as roupas de frio que eu vestia. Esse momento com ele me parecia tão… eu não sabia definir com clareza o que me parecia, no entanto era tão singelo, tão calmo.

Não precisávamos de palavras para nos entender.

Eu poderia ficar horas assim com ele e não me importaria. Não tinha desconforto que me fizesse sair de seu colo, mesmo quando o meu pescoço começou há latejar um pouco nas laterais por causa da posição torta que eu estava. Não saí, nem me mexi para tentar parar aquilo. Um mínimo movimento, e então tudo poderia estar acabado.

Acariciei de leve com meus dedos trêmulos e gelados o lado oposto do rosto de Edward, e estremeci quando ele retribuiu isso com seus dedos dedilhando de leve minhas costas por baixo dos dois casacos de frio que eu estava, mas ainda por cima da blusa de algodão que eu usava. Depois disso, só foi troca de carinhos silenciosos.

Fiquei infeliz ao ouvir a chave de Charlie na fechadura, tendo que me afastar de Edward para não causar reclamações de meu pai — mais tarde, é claro — e eu também tinha vergonha.

— Oi, meninos. — Ele nos cumprimentou, e apesar de não deixar transparecer tanto, eu percebia que ele estava observando cada milímetro de como nós estávamos sentados longe um do outro. De maneira quase respeitosa demais. — Como vocês estão? — Indagou, parando e pendurando seu casaco pesado preto.

— Bem. — Respondemos Edward e eu ao mesmo tempo. Charlie ergueu uma sobrancelha.

— E você, pai? — Indaguei. Ele deu de ombros como sempre fazia. Isso significava que ele estava bem, poupava-lhe palavras. — Então, hã… que surpresa era que você tinha para hoje? É uma coisa boa?

— Não sei se você vai gostar. — Murmurou sincero.

Troquei um olhar discreto com Edward enquanto pigarreava, tentando encontrar as palavras certas para dizer naquele momento completamente constrangedor a mim. Engoli em seco antes de ignorar a dor que se instalava em minha cabeça.

— Não importa. — Disse eu, quase sussurrando. — Onde está? É um objeto? — Indaguei, fingindo-me de desentendida, quando na verdade estava na cara que era uma pessoa. Uma namorada, talvez, ou até mesmo, se ele assumisse uma amante de tempos antigos quando ele e a mamãe ainda estavam casados.

— Não. — Charlie pareceu-me surpreso ao negar. Ele imaginava que eu já soubesse; o que de fato era verdade. — Eu… hm… vou tomar banho. Não me demoro muito.

Assim que ele entrou em seu quarto, suspirei, pondo meu rosto entre as mãos.

— É mais difícil do que eu imaginei. — Murmurei, com um riso em minha voz. Eu estava nervosa, por isso do riso sem-graça e alterado. — É uma pessoa, aposto que é uma amante, Edward. — Eu confessei. — E se ele quiser que eu vá para a casa da minha mãe por que quer privacidade com ela? Charlie não faria isso, faria? — Indaguei a mim mesma, disparando em uma voz rápida e agonizante.

Edward riu, puxando e tirando minhas mãos de meu rosto. Ele olhou meu rosto vermelho e quente por alguns segundos antes de soltar minhas mãos, ainda com a expressão divertida em seu rosto divino.

— Ele não faria. — Depois de um tempo, ele me respondeu.

— Realmente espero que não. — Eu disse, em um tom agourento.

Voltei para a cozinha para preparar a mesa caso alguém chegasse e Edward veio comigo, encostando-se ao balcão e me olhando, hesitante. Eu retribuí aquele olhar por alguns segundos, mas ele não falou nada, olhando em meus olhos como se estivesse tentando — ou até mesmo conseguindo — ler meus pensamentos.

Eu corei e desviei meu olhar, voltando ao que estava fazendo antes. Dessa vez, tomei cuidado para não derrubar nenhum dos preciosos pratos que eu havia tido o favor de comprar com todo o cuidado. Não foram os mais baratos porque eu gostava de detalhes, mas Charlie não reclamara tanto a respeito dos preços.

Se eu quebrasse um, estava ferrada. Completamente.

— Por que não passa uns dias comigo? Só eu e você? — Indagou Edward, em voz baixa, mas suficientemente alta para eu escutar já que ele falava perto de meu ouvido.

Estremeci discreta com a possibilidade.

— Não sei se Charlie… — A desculpa de meu pai não concordar era furada demais, por isso apenas suspirei, o olhando com um sorriso tímido nos lábios. — Pode ser, mas seus pais não vão… reclamar?

— Não. Eles vão viajar.

— E as pessoas? — Sempre elas a estragarem o que poderia ser a perfeição.

— Que se ferrem elas. — Respondeu.

Sorri de lado, terminando de colocar todos os pratos na mesa. Como eu não sabia se viriam pessoas mesmo para cá, apenas coloquei três pratos — e se a mulher tivesse um filho, colocaria outro depois. Minha cabeça doeu de novo, por isso apenas pus minha mão gelada na mesma, aprovando a sensação.

— Você tem que tomar um remédio, sabia?

— Sim, sim, mas… eu não quero. Não agora.

Ele deu de ombros, compreendendo. Se eu tomasse um remédio qualquer agora — de estômago vazio — provavelmente teria uma reação negativa. Surpreendi-me que ele soubesse sobre isso de mim, pois não me lembrava de tê-lo contado.

Eu o puxei de novo para o sofá. A partir do momento em que o papai sentou-se na poltrona, sem nada falar, soube que seria uma pessoa a tão grande e esperada surpresa. Normalmente, após ter tomado banho, Charlie ia direto para a mesa, mas agora ele estava esperando. Esperando alguém, é óbvio.

Respirei fundo, sentindo a agonia crescer dentro de mim. E se fosse uma pessoa chata e que eu não gostasse? Não que eu conhecesse muitas pessoas em Glastonbury para saber o bastante delas, mas eu saberia dizer se ela seria chata ou não. É claro que eu não falaria nada ao papai, só tomaria essa decisão quando as coisas começassem a ficarem mais sérias.

Suspirei, bufei e esfreguei minhas mãos na minha calça jeans, limpando o suor.

A cigarra tocou e eu fiquei estatelada em um canto, sentindo minha pulsação aumentar na medida em que a minha ficha caia. Se o porteiro não tinha ligado para o interfone, era óbvio que o papai já deixara isso avisado. Charlie queria que eu fosse atender, eu percebi isso pelo modo como ele me olhou, esperando que eu tomasse uma atitude sem ser morder meus lábios, nervosa.

Suspirei, levantando-me do sofá, e andando em passos curtos, desajeitados e duros até a porta que ficava perto da cozinha. Destranquei-lhe, e muito hesitantemente a abri, olhando para baixo no primeiro momento, e tomando coragem.

Olhei para cima. A mulher loira sorriu para mim, amorosamente.

— Riley? — Indaguei aturdida, fixando meus olhos na pessoa que tinha ao seu lado. 


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Notas finais do capítulo

É isso. Prometo postar mais em breve se tiver comentários. Se não, não irei postar.