Um Desconhecido escrita por Daijo


Capítulo 17
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20769/chapter/17

 

 

Depois de quase uma hora dentro do carro, já distantes da minha propriedade e fora do limite da cidade, entramos em uma estradinha de terra. Após mais alguns minutos entramos, ao que parecia, numa fazenda abandonada. Acho que não havia nenhuma alma viva ali. Em meio a um verdadeiro matagal, pude ver uma casa velha.

Thomas parou o carro e me obrigou a descer brutamente.

- Você vai adorar a casa. – disse ele, pegando-me no colo.

Atravessamos o mato e chegamos à porta do casebre. Ele me recolocou no chão. Revirou seus bolsos e retirou uma chave de um deles. Cuidadosamente abriu a porta.

Aquela casa havia sido abandonada há anos. Tinha pelos um centímetro de poeira naquele chão; o teto estava enfeitado com teias de aranha.

Ele me empurrou para dentro.

- Você vai ter que trabalhar um pouco para deixar essa casa habitável. – esclareceu ele, enquanto trancava a porta. – Pelo menos até eu conseguir extorquir Henrique, e contratar uma empregada.

O idiota estava agindo como se fossemos um casal. Talvez ele tivesse algum distúrbio mental; lamentei-me internamente por não perceber isso antes.

Thomas espanou um pouco de poeira em uma poltrona, e sentou-se. Eu fiquei de pé analisando o local; ele gargalhou ao notar minha cara de nojo. Levantou-se, então, e seguiu até mim.

Com um puxão, me aproximou de si. Logo ele já tomava meus lábios, num beijo voraz. Eu não retribui o carinho; isso me casou machucados.

- Seria mais agradável se aceitasse minhas carícias. – ponderou cinicamente.

Eu dei um sorriso irônico e desvencilhei-me de seu aperto, limpando os lábios com as costas da mão.

- Acho que é melhor eu ir para a cidade. – disse ele, olhando para seu relógio. – Irei um pouco mais cedo, para comprar umas coisinhas.

Eu fiquei um pouco aliviada de ter algumas horas sem aquele traste por perto.

- Até logo amor. – despediu-se, dando-me um beijo na testa. – E não adianta tentar fugir. Vou trancar a porta. – Ele balançou a chave nas mãos.

Quando escutei o carro dar a partida do lado de fora, joguei-me na poltrona. Sentia-me mal naquele local. Não só por estar nas mãos de um louco como o Thomas; mas aquela casa era inabitável.

Já que eu não tinha nada para fazer, decidi dar um jeito ali. Eu não tinha muito jeito para aquilo, mas também não era tão ruim. Afinal um dos castigos mais usados no internato, era a limpeza.

Depois de horas limpando cada cômodo daquela casa, fiquei exausta. Meu vestido estava imundo, e meu cabelo com teias de aranha. A casa de banho era até agradável, mas eu estava sem nenhuma muda de roupa; não poderia tomar um banho. E uma hipótese veio a minha mente, talvez suja e suada Thomas não tentasse me molestar.

Eu estava cansada, suja, com fome, e nada do motorista. Já estava começando a desejar que ele chegasse logo. Enquanto eu esperava-o, montei vários planos em minha mente para fugir daquele lugar.

Repentinamente, escutei a o trinco, da porta, abrir. Antes que eu pudesse por em prática qualquer um de meus planos, Thomas adentrou como um furacão. Ele parecia estar muito alterado. Jogou algumas sacolas, que trazia, no chão.

- Aquela maldita! – esbravejou fechando com um estrondo a porta, esquecendo de trancá-la. – Idiota!

Eu me encolhi a um canto, na esperança que, em seu estado nervoso, não me enxergasse. Tolo engano.

- Se eu contar você não vai acreditar Ana. – disse ele mirando-me como se eu fosse sua confidente. – Aquela idiota da Inês não seguiu nossos planos!

Eu fiquei um pouco confusa. O que ele queria dizer com aquilo?

- Quando eu falar você vai rir. – Eu estava cada vez mais perdida. – A tola sentimental ao invés de me deixar agir, resolveu inventar a Henrique que você fugiu comigo!

- O que a maldita disse? – indaguei, espumando de raiva.

- É, da para acreditar? – Ele sorriu, ao ver-me brava. – O plano era eu mandar um bilhete anônimo para Henrique dizendo que tinha te raptado. Ela ficaria lá para me passar informações; depois fugiria comigo. – Ele fez uma pausa e olhou para mim apreensivo. – É claro que eu a despacharia logo, para ficar com você.

- Mas você deveria me devolver a Henrique! – protestei indignada.

- Nunca. – disse, parecendo achar ridícula a hipótese de me deixar livre. – Você é meu maior divertimento. Será que não vê que te amo?

Eu soltei um muxoxo descrente. O sentimento dele estava mais para obsessão; mas acho que nem isso.

- Aquela idiota quase pôs tudo a perder. – continuou ele, ignorando minha descrença. - Tive que despachá-la.

Eu arregalei os olhos temendo o pior.

- Como assim... Thomas? – indaguei nervosa.

- Eu a joguei no trem para São Paulo. – disse ele, revirando os olhos. – É claro que eu a matei. – afirmou sem se alterar.

Aquele homem não tinha coração?

Senti minhas pernas tremerem, e quase fui ao chão.

- Eu enviei o recado a Henrique. Logo seremos ricos!

Eu me apoiei na parede da sala. Olhei para os olhos de Thomas.

A ambição que emanava daqueles orbes violetas me assustava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Desconhecido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.