POV. Harry

- Ahh! Eu não acredito! Como eles podem ser tão burros á ponto de não perceberem que você fez o feitiço para se proteger? - esbravejou Hermione, pela quinquagésima vez.

  - Hermione! Isso foi á dois dias! Relaxa! - falou Ron, tentando dormir.

  - É, mais... Eu ainda não me conformo! Eles fizeram uma grande burrice! - terminou, se encostando no banco do trem com força. - Harry, o que você acha?

  - Eu acho do quê, Hermione? - perguntei, desviando a atenção da foto dos meus pais para ela.

  - Do seu julgamento no Ministério? - falou, como se fosse óbvio.

  - Deixe isso para lá, Hermione - resmunguei, olhando pela janela. - Já passou, esqueça.

  - Humpf! - foi o último som que ela produziu antes de se encostar de novo.

  Há dois dias enfrentei, juntamente com Dumbledore, o Ministério inteiro, por causa do Patrono que usei para proteger a mim, e a meu primo. Resultado: quase fui expulso e penalizado do mundo bruxo. Mas, depois do depoimento da minha vizinha, fui liberado.

  Sabe, ás vezes essas coisas de ser bruxo incomoda. Você se sente preso, não pode ser livre do jeito que quer, no meu caso. O pior, é que não para por aí.

  Primeiro: Voldmort está por aí, e não posso fazer nada. Somente a Ordem confia em mim, além dos meus amigos e Dumbledore. Caso contrário, todos acham que sou louco, por causa da morte de Cedric Diggory.

  - Harry! Hermione! Ron! - gritou Neville, batendo no vidro da cabine, assustando á todos nós.

  - Que foi, porra? - perguntou Ron, visivelmente irritado por ter sido interrompido em seu sono.

  - Me-me-me desculpa aê, gente. É que trago notícias - falou Longbottom, tremendo, entrando na cabine.

  - Quais? - perguntou Hermione, desinteressada.

  - É-é-é... - gaguejou ele, visivelmente nervoso.

  - Fale, Neville - incentivei, fazendo ele respirar fundo.

  - Hermione, nada contra, mas você pode... sair?

  - Por quê? - perguntou, estreitando os olhos. Oh-ou.

  - Você pode?

  - Só se me dizer o por quê! - exigiu, cruzando os braços.

  - Hermione, vá, depois falamos para você - pedi, com a minha melhor cara de cansado.

  - Tá! Mas depois quero saber - falou, saindo bufando para a cabine das meninas ao lado.

  - Diga logo, Neville - falou Ron, enquanto ele se sentava.

  - Uma garota.

  - O que que têm? Você está afim dela? - perguntou Ron, movendo as sombrancelhas.

  - Pare Ron - disse, enquanto Neville ficava vermelho. - Que garota, Neville?

  - É por isso que pedi que tirasse Hermione daqui - falou, olhando para a porta. - Não é que garota, mas sim a garota.

  - Não estou acompanhando, Longbottom. Diga de uma vez! - pediu Ron.

  - Essa garota, é mais inteligente que a Hermione.

  Não, essa eu não aguentei. Ron e eu explodimos em gargalhadas. Era uma piada. Não existia ninguém mais inteligente que Hermione. Ela era mais inteligente que os professores!

  - Impossível, Neville - murmurou Ron, se recuperando.

  - Ata. Quando vocês conhecerem - a, me avise, tá legal? - falou, emburrado.

  - Onde você ouviu isso? - perguntei.

  - É isso. Não é boato. Ouvi do maquinista, de alguns professores, de Hagrid...

  - O que Hagrid têm a ver com isso? - perguntou Ron.

  - Ele conhece a garota.

  - E? - indagou Ron.

  - Parece que é verdade. Dizem que é uma garota linda e muito, muuuuuuito inteligente. Deixa as outras no chinelo.

  - Tabom, Neville. Já que você está seguro disso, vamos apostar - ofereceu Ron, não acreditando.

  - Tudo bem, mas você vai quebrar a cara Weasley.

  { 2 horas depois }

  Ficou que os dois babacas fizeram mesmo a aposta. Um mico, serviços por um mês e, doces para tudo quanto é lado.

  Já tínhamos chegado em Hogwarts, agora estávamos aqui no salão, jantando. Ron escarneava Neville, e Hermione fazia cara de desentendida, pois havíamos mentido. Não queríamos aborrecê - la a toa.

  - Eu não estou vendo essa garota, Longbottom - falou Ron, de novo.

  - Weasley, temos um prazo. Até lá, não me encha.

  - Own... O cara esta bravinho porque a garota não existe, não é mesmo? - zombou Ron de novo.

  - Argh! - falou Neville, tapando os ouvidos.

  Ron ficou cantarolando até na hora de dormir. Mas nem liguei, só sabia olhar para Cho, que me olhava também. Toda vez que eu sorria, ela desviava o olhar. Talvez gostasse ainda de Cedric, talvez não. Mas não ia forçar a barra.

  Era esperar para ver.