A Tempestade escrita por hgranger


Capítulo 11
Capítulo 11 - Elysium parte 3


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora em atualizar, mas andei tendo muitas coisas para resolver, e isso me tomou muito tempo e concentração. Acabei tendo um pequeno bloqueio de escritor, mas acho que passou... Bem, espero que gostem do capítulo!
Beijos.



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"Here I stand, helpless and left for dead.
Close your eyes, so many days go by.
Easy to find what's wrong, harder to find what's right.
I believe in you, I can show you that I can see right through all your empty lies.
I won't stay long, in this world so wrong.

Say goodbye, as we dance with the devil tonight.
Don't you dare look at him in the eye, as we dance with the devil tonight?
Trembling, crawling across my skin.
Feeling your cold dead eyes, stealing the life of mine.
I believe in you, I can show you that I can see right through all your empty lies.

I won't last long, in this world so wrong.
Hold on. Hold on.
Goodbye."

Dance with the devil, Breaking Benjamin

 

“Marian está aqui para causar uma distração, Cullen. Tive uma longa conversa com Glove, e achamos que essa seria uma das melhores maneiras de tirar de Suzanne a informação que você precisa. Ela jamais lhe diria o paradeiro de Victoria, se não tivesse uma boa causa. Nós providenciaremos esse motivo esta noite. Caberá a você conquistar a confiança dela, e fazer com que ela lhe deva essa informação”.

As palavras de Axel voltaram à minha mente num átimo, enquanto eu via o motivo sendo criado em frente aos meus olhos. Tudo acontecia rápido demais, até mesmo para a minha mente treinada. A espada de Marian fora lançada até ela por Sebastian, o mortal que a acompanhava e que também estava escondido atrás de uma pilastra, e em frações de segundos estava fora da bainha, com a lâmina larga cintilando sob as chamas, as inscrições vívidas, como se tivessem sido recém-gravadas no metal, a fogo. Era uma figura paradoxal, a loira envolta em seda, com uma espada na mão. Mas ela sabia bem o que estava fazendo. Edmond, antigo amante de Suzanne, correu para a frente de Marian, enquanto sacava uma adaga de dentro da casaca preta, e as lâminas se uniram apenas uma vez; Marian desarmou o francês em apenas um golpe, deixando-o sem reação, e continuou indo em direção a Worchester, que bradava sua revolta contra a Arconte, exigindo que Glove tomasse uma providência. Aimèe e Maurice também se juntaram em frente a Suzanne, enquanto eu observava a reação dos outros guardas. Tudo era muito sutil; Glove não interferia, Axel sinalizou a alguns guardas para manter as posições e aguardar, enquanto outros, inesperadamente, a um comando de Suzanne, começaram a fechar um círculo de proteção ao redor dela. Ou ela estava manipulando os guardas, ou eles haviam sido convencidos previamente a tomar o partido dela, de alguma outra forma. Os outros anciões apenas observavam; alguns gritavam encorajamentos e incitavam a violência; por certo seus corações entediados não tinham muitos motivos para vibrar, e aquele acontecimento era único em suas vidas sempre iguais.

A um sinal de Axel, a guarda de Glove atacou o círculo ao redor de Suzanne, tentando chegar até ela, porém sem causar grandes danos. Pareciam apenas pressionar; eu conhecia o poder de fogo da guarda, e ele não estava de forma alguma sendo utilizado. Axel acenou para mim com a cabeça, um sinal mínimo, mas eu reconheci. Já estávamos habituados com a linguagem corporal um do outro, e vi que era minha deixa. Observei o ambiente, e vi que Suzanne olhava desesperadamente para uma janela que estava posicionada atrás dela; corri para a porta do salão como um raio, voando em passos leves, e atravessei os corredores do Cloisters buscando o ponto na área externa mais próximo da janela que Suzanne tentaria usar para fugir. Ao chegar no jardim, esperei meio escondido sob algumas pereiras, enquanto a agitação se intensificava lá em cima. Não precisei esperar demais; em menos de um minuto Suzanne pulou pela janela, caindo em pé com precisão e leveza. Suprimi um sorriso, e controlei a mente e o tom de voz.

“Boa noite, Milady. Por acaso precisa de ajuda?”

Ela se assustou com a minha voz, estava ocupada escaneando os arredores e calculando a melhor forma de agir, imagino. Ao me reconhecer, sorriu novamente.

“Cullen.” O tom de voz era conspiratório. “Por acaso eu realmente preciso de ajuda. Rápido, ela vai descer em segundos!”

Não esperei mais nada, corri até ela, peguei a mão fria e delicada entre as minhas, e puxei-a em direção aos mausoléus.

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Os mausoléus ficavam no subterrâneo do Cloisters, e eram réplicas de catacumbas originais de uma cidade Italiana, Palermo. Corredores intermináveis de túneis de pedra formavam um labirinto escuro sob as abadias; por toda a parte as lápides, memoriais para os mortos e tumbas se espalhavam, de todas as formas. Algumas eram simples, de mármore branco manchado, outras eram construções dignas de reis e faraós. Descemos as escadas de pedra silenciosamente; eu prestava atenção para ver se não estávamos sendo seguidos. Eu também visitara os mausoléus de dia, apesar do acesso ser vedado aos visitantes comuns. Eu não era um visitante comum. Guiei Suzanne pelos túneis, penetrando ainda mais por baixo da terra, lembrando de cabeça o mapa do lugar. Em um determinado momento, ela parou.

“O que está fazendo, Cullen? Nos levando para um beco sem saída?’

Fitei os olhos de esmeralda que agora brilhavam à luz de uma pequena lanterna que eu havia trazido no bolso. Os vampiros poderiam seguir o cheiro da lamparina a óleo, mas não o cheiro da lanterna. Até as jóias brilhavam diferente, mais azuladas sob as luzes dos leds fluorescentes. Ela realmente parecia um vampiro agora, em todo o seu esplendor pálido.

“Confie em mim, Milady. Nosso passeio já vai terminar. Por enquanto. Eu conheço bem os túneis.” Minha voz era tranqüila, segura, confiante. A mente só pensava no caminho a seguir e no esconderijo.

E continuei seguindo, após apertar levemente a mão que eu ainda segurava, para transmitir confiança. Depois de alguns minutos de caminhada entre as lápides o cheiro de terra úmida ficou forte. Estávamos muito perto do leito do rio, e alguns filetes de água escorriam sobre as paredes de pedra, fazendo o lugar cintilar. Chegamos a um corredor estreito; no meio do corredor parei e vasculhei a parede irregular. Minha mão encontrou uma saliência discreta, e os dedos empurraram com uma pressão firme. Ouvimos um clique baixo, e a passagem secreta se abriu, o painel de pedra recuando em bloco, dando acesso a uma escada que descia para a escuridão. Olhei para Suzanne com a expressão ainda tranqüila, mas ela estava muito desconfiada.

“Por que você acha que eu entraria aí? Acha que sou tola?”

Controlei a vontade de sorrir, e expliquei, muito seriamente.

“A descida eventualmente dará acesso ao sistema de esgoto. De lá podemos sair para qualquer parte da cidade.”

“E você espera que eu acredite que você, uma criança recém-chegada, sabia de tudo isso?”

“Eu fui nomeado para a guarda, Milady. É meu dever conhecer tudo sobre a cidade. Eu estudei a planta e os mapas do Cloisters antes do Elysium começar. Eles estão comigo, se quiser conferir.”

Ela me observava atentamente, e eu sabia que estava tentando ler meus pensamentos.

“Você está aqui há apenas um mês. Como pôde aprender tanto?

“Glove e Axel são mestres exigentes.” Ela franziu um pouco a testa ao ouvir o nome dos dois vampiros. “E caso Milady não saiba, eu não preciso dormir.”

Vi em seu olhar que essa informação era nova para ela. Ela me olhou então com uma espécie de cobiça desagradável. Eu tinha algo que ela queria, e eu já tinha ouvido falar das formas com que os vampiros aqui conseguiam alguns poderes. Não era um poder, era natural para nós, mas ela não sabia.

Ela pareceu se decidir, e se dirigiu à passagem. Entreguei a lanterna a ela, enquanto fechava a porta pesada contra seu pesado mecanismo de pressão. Estávamos em uma escada escorregadia, e descemos com cuidado. Ratos e insetos correram à nossa aproximação. Eu continuava de mãos dadas com ela, para apoiá-la, e apesar de todas as informações que eu tinha sobre ela, apesar de toda a cautela que era exigida de mim naquele momento, senti que minhas defesas eram lentamente dissolvidas sob o toque da imortal. Era um toque quente, sem a frieza característica da pele dos vampiros, mas eu notara apenas naquele momento. Ela estava me manipulando, com certeza. Sentimentos de proteção inundaram minha mente. Eu tinha que mantê-la viva, tinha que tirá-la daqui a salvo.

Em um determinado momento do caminho a passagem ficou mais difícil, e soltei a mão delicada para ir à frente. Nossos pés já estavam afundados em uma lama líquida. Pensei que ela reagiria de alguma forma, mas se mantinha impassível. Em alguns minutos atingimos uma escada de metal pregada na parede úmida de limo. Subi na frente, e abri uma tampa também de metal pesado, e respirei o ar puro da noite novamente. Olhei ao redor; estávamos longe do museu, eu tinha guiado Suzanne pela margem norte do rio, e a rua estava deserta quando saímos em direção à água limpa, onde limpamos os pés e jogamos os sapatos no rio.

Um táxi tardio nos levou até o Greenwich Village, onde Suzanne tinha uma casa noturna. Dois seguranças atentos vigiavam a entrada principal, e um terceiro estava perto de uma porta lateral, em um beco apertado. Era um lugar aconchegante por dentro, uma casa de Jazz com cheiro de charuto, e eu podia sentir os ecos das músicas derramadas entre as mesas, sobre o palco de madeira, ao longo dos anos. Me sentei no palco, à vontade, enquanto ela fazia algumas ligações para pessoas de quem eu nunca ouvira falar. Estava programando uma fuga da cidade. Eu mantinha minha mente cuidadosamente sob controle, evitando qualquer pensamento que pudesse me trair. Ela terminou as preparações, e se voltou para mim. Me observou com atenção por momentos que pareceram intermináveis, durante os quais eu me senti desconfortável e devassado por dentro. Naquele momento ela parecia ver tudo que havia dentro de mim... Ou talvez fosse isso que ela queria que eu pensasse.

“Muito bem, Cullen. Você me ajudou, quando poderia ter me traído. O que o levou a fazer isso?”

Escolhi cuidadosamente as palavras.

“Preciso de informação, como você bem sabe. Me pareceu o melhor método e consegui-la. Você não me serve de nada morta.” Consegui manter uma postura relaxada e indiferente, levemente irônica. Pareceu funcionar; ela pareceu se sentir navegando em águas mais conhecidas. Era o terreno de Suzanne; intrigas, jogos de palavras, manipulações.

“Muito bem, então. Temos pouco tempo, o que você quer saber?”

“Onde está Victoria?”

Seus olhos se estreitaram. “Você foi bem direto.”

“Como você disse, não temos tempo.”

Ela pensou um pouco, depois olhou com ar cansado para o teto.

“Bem, Victoria que pague por seus erros, estou farta de protegê-la. Ela está no Texas.”

Olhei desconfiado para ela. “Texas?”

“Ela tem conhecidos no Texas. Vampiros que podem defendê-la em momentos de necessidade, como esse, imagino eu.”

Fiquei em silêncio. Não quis pensar no que acontecera, pois estaria expondo Bella à mente aguçada de Suzanne.

Ela pegou um papel de anotações e escreveu algumas linhas. Depois sorriu. “Pronto, Cullen. Estamos quites agora?”

Eu estava prestes a responder, quando de súbito percebi que as luzes que se infiltravam pelos vidros escuros diminuíram, e o barulho dos carros ao longe sumiu completamente. Ela percebeu quase que ao mesmo tempo. Os olhos se estreiraram, e assumiram um ar de derrota e malignidade impressionantes. “Eles estão aqui, não estão? Você me traiu, Cullen. Por um pedaço de papel com uma informação tola.”

Pensei no que poderia dizer, mas nada me vinha à mente. Eu estava confuso, talvez pela manipulação que ela exercera sobre mim. A clareza ia e vinha, e eu me senti um pouco tonto. Me apoiei em uma das colunas.

“Pelo que eu ouvi falar, é um destino mais do que merecido para você, Suzanne.” A voz saia com dificuldade.

“Bem, Cullen.” Ela olhava ao redor, acuada, e as mãos tremiam um pouco. “Espero que você sobreviva o suficiente para se arrepender de ter acreditado em tudo que Edward Glove e Axel Martin lhe disseram.”

Ela me deu as costas. Andou devagar pelo salão, tocando vagarosamente o balcão, as mesas, as colunas, como que se despedindo.

“Marian, você não vai sequer me levar a julgamento?”

A voz de Marian surgiu do nada. Eu não vira nenhuma porta se abrir, nenhum barulho.

“Não há necessidade, Suze. Eu reuni todas as provas contra você. O veredicto já foi assinado.”

Vi a silhueta da loira atravessar um dos feixes de luz fraca. Ela havia trocado de roupa, e o cabelo estava preso em uma trança elaborada; o corpo magro estava moldado por uma calça e blusa pretas que contrastavam com a palidez. A espada estava empunhada na mão direita, com a lâmina apontada para baixo, e também brilhava fracamente.

A voz de Suzanne era quase um sussurro, agora. “Quantos dos sete assinaram?”

O triunfo na voz da Arconte era bem medido, mas o suficiente para eu entender que estava diante de um acerto de contas muito antigo. “Seis dos sete. Eu estou com o documento em meu bolso. Você não tem idéia da satisfação que este momento é para mim.”

Um pouco da antiga segurança voltou à voz de Suzanne.

“Bem, tenha certeza que eu posso imaginar. Quantos estão lá fora? Eu não posso escapar, não é?”

“Jen, Sebastian.”

“Seus mortais de estimação. Posso lidar com eles.”

“Axel. Robin. Alex.”

“Você trouxe realmente uma força-tarefa com você, não é?”

Marian sorriu. “Pense nisso como um elogio. Você realmente foi uma inimiga formidável.”

Suzanne sorriu também, amargamente.

“Termine isso então, Marian. Você tem sua testemunha.” Ela se voltou para mim novamente. Não havia tristeza, medo ou arrependimento em seus olhos. Apenas frieza e vazio. “Você vai se arrepender, Cullen. Lembre-se de minhas palavras no futuro.”

Foram as últimas palavras de Suzanne. A espada de Marian cortou o ar, e a cabeça de Suzanne se separou do corpo em um movimento preciso.

O cheiro de sangue invadiu o ar, e durante um tempo eu vi tudo vermelho.

 


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Notas finais do capítulo

Pessoas, eu estarei viajando por 15 dias, então devo demorar pelo menos 3 semanas para atualizar, mas espero em breve entrar em uma nova fase da fiction.
Até a próxima!



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