Diário De Uma Retardada escrita por Simjangeum


Capítulo 7
Respostas voadoras


Notas iniciais do capítulo

Estou em crise existencial, ou melhor, em uma crise existencial de fanfics. Puxa, no último capítulo eu só vi 2 reviews, mas essa estória tem 6 leitores! Sério, se você lê a fanfic e não deixa um review, saiba que eu fico muito desanimada a repostar.

Enfim, vamos ver quantos reviews vai ter esse capítulo né? Deêm uma força ai. Boa leitura.



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30/11 - Sexta-Feira

Ah não, não, não não. Hoje aconteceu aquelas coisas esquisitas de novo. E isso é realmente muito estranho.

Digo, essa coisa estranha com o Anônimo que me mandou aquele bilhete. Eu não sei quem ele, eu ao menos desconfio, na verdade.

Ainda não contei para Val e Nina sobre os bilhetes, porque elas são loucas, e já posso ver a cena em que elas correm por toda escola parando de garoto em garoto perguntando se um deles escreve em Post-its amarelos e se estão afim de mim.

E além disso, ao que tudo indica, o anônimo é Matt. E Nina gosta dele. Eu não poderia chegar na minha melhor amiga e contar a ela que o garoto de quem ela é afim na verdade é um admirador secreto meu.

Isso é doentio.

Enfim, hoje teve aula de Literatura no segundo período. Claro que eu não sabia nada, eu não era uma garota que lia muitos livros. Eu geralmente lia mangás e o meu histórico de leitura se resumia nisso.

A minha sala era como qualquer outra, ou seja, quando começou a prova e o Prof. Pey teve que ir correndo na diretoria para fazer umas cópias de um texto qualquer, todo mundo começou a ir na carteira do outro, tentando conferir respostas.

(Colar é uma palavra meio brega).

Muitos papéis começaram a "voar" pela sala de aula, todos contendo respostas das provas ou coisa parecida. Peguei alguns que foram parar na minha carteira e adaptei as respostas para parecer que eu não havia colado.

Então veio mais uma surpresa.

Assim que Pey adentrou a sala, um papel bateu bem do lado da minha cabeça e caiu na carteira, sem o professor ver. Era outro Post-it amarelo.

"Alex,

Você disse 'hey' e desde aquele dia você roubou meu coração. E você é a única culpada"

Minha boca estava seca. Meus olhos, provavelmente perdidos. Era outro bilhete, outro bilhete do meu admirador secreto. Mas quem?

Olhei em volta e vi Rony me encarando. Ele estava sentado do outro lado da sala, tinha sua prova jogada de lado, e não parecia interessado em fazê-la, pois estava me olhando e...

Não. Não. Não. NÃO PODE SER.

Não, Ronald Stark não pode ser meu admirador secreto! Ele nem ao menos gosta de mim (na verdade, ele me detesta com todas as suas forças), ele adora tirar com a minha cara, ele gosta de me provocar, ele... manda bilhetes anônimos pra mim!

─ Senhorita Antonelle, por favor, vire-se para frente e faça sua prova ─ reclamou Pey, me encarando por cima de seus óculos de tartaruga.

Assenti, pegando minha caneta. A prova estava ridiculamente fácil, e eu consegui responde-la rapidamente.

Mas a culpa não era a minha inteligência (até porque eu não tinha isso), e sim meu cérebro. Eu estava totalmente ligadona, e não tinha cheirado cocaína.

E a culpa, para não variar, era de Rony. Porque ele tinha que me olhar justamente quando eu tinha pego o bilhete anônimo?

Então aconteceu aquilo que eu odeio. Surgiu uma ideia meio idiota, mas eu sabia que eu devia por ela em prática, ou morreria definhando em dúvida. Eu iria falar com Ronald.

Eu sei, enquanto você lê isso fica pensando "meu Deus, você é muito retardada". Mas eu não poderia me segurar. Eu precisava fazer isso, eu precisava descobrir, realmente, precisava ter certeza que não era ele.

Assim que o Prof. Pey pegou a última prova e todos começaram a arrumar sua mochilas, joguei minhas coisas de qualquer jeito na minha bolsa e fui até a carteira de Rony.

Rony era um dos únicos meninos da East High San Francisco School que ficavam bonitos com o uniforme. O paletó azul escuro aberto, a camiseta branca com alguns botões abertos, calça social azul escura e tênis preto ficavam bem nele e...

Sacudi a cabeça e soltei um pigarro baixinho. Rony tirou seus fones de ouvido e me olhou:

─ Eu juro Alex, não fiz nada.

Ergui uma sobrancelha. Ele sempre achava que eu queria reclamar com ele, o que quase sempre era, mas, não naquele momento.

─ Eu queria te fazer uma pergunta, na verdade ─ retorqui, arrumando minha saia azul escura de pregas.

Ouvi uma risadinha, que claramente era dele. Rony desarrumou seus cabelos louros e me deu um mini sorriso.

─ Qual é? ─ indagou presunçosamente ─ Quer saber se eu estou livre hoje a noite para sair com você?

─ Não quero sair com você! ─ neguei, lhe lançando um olhar mortal. Não dava, em momento algum, para ser simpática com ele ─ Quero saber se você.. an... você...

Ele me encarou com um olhar confuso. Ah, Deus, eu não podia perguntar pra ele se ele era o anônimo! Eu só apenas o vira me olhar quando li o bilhete, mas...

Não, eu realmente estava louca. Ele era Ronald Stark, e eu talvez por algum minuto me esquecera disso. Era realmente constrangedor.

─ Sim? Alex, você parece que vai vomitar ─ comentou Rony ─ então, se for fazer isso, vire o rosto.

─ Não! Eu só queria ter perguntar se você passou cola nos papeizinhos como todo mundo! ─ exclamei, falando tudo junto e rápido demais.

Meu instinto foi automaticamente colocar as mãos sobre a boca e me xingar mentalmente de lesada. Porém, depois que eu percebi o que havia falado, deixei as mãos caírem lentamente.

Isso era realmente inacreditável. Eu tinha falado algo em automático e não tinha saído uma besteira da minha boca!

Tudo bem, eu havia feito um pergunta tosca, mas, pelo menos eu não havia perguntado a Rony se ele era o meu anônimo secreto. Isso teria sido pior que a minha pergunta tosca, mil vezes pior.

─ Isso é importante? ─ indagou ele, colocando suas coisas em sua mochila preta.

─ É só que não quero correr o perigo de ter pegado algum papel seu e ter errado a questão ─ menti, dando um mini sorriso.

Rony revirou seus olhos e se levantou. Eu odiava ficar de pé ao lado dele, porque o garoto era muito mais alto que eu. Eu me sentia praticamente uma tampa de uma garrafa de cachaça.

─ Não, eu não passei cola pra ninguém ─ comentou, deixando seu rosto transparecer uma expressão séria.

O encarei, muito pasma:

─ Você estudou?

Não, não, não, era um completo choque de realidade. Era mais fácil eu passar meus dias lendo a eciclopédia do que Ronald começar a estudar. Mas seu rosto parecia tão, sei lá, inteligente...

─ Quem, eu? ─ indagou confuso. Contei cinco segundos mentalmente até ver ele cair na risada, aliás, uma risada escandalosa. Ele deu tapas de leve no meu braço enquanto sacudia sua cabeça e continuava a gargalhar ─ Meu Deus, não... Claro que não. Eu peguei cola com o Shue, ele é nerd. Você não pensou que...

Que você gostava de mim? Que você mandava bilhetes românticos pra mim? Que você era inteligente? Que você estava se tornando um garoto íntegro?

─ Não ─ respondi, para meus pensamentos idiotas e para o Rony idiota ─ não pensei nada, absolutamente.

Ele deu de ombros, e deu outro tapa de leve no meu braço antes de colocar a mochila nas costas e sair.

Eu não sei o que me fizera pensar que talvez fosse ele o admirador secreto. Mas o seu olhar durante a prova me deixara uma pulga atrás da orelha, ou melhor, um gavião real atrás da orelha.

Porém, eu já esperava por aquilo. Esperar que Rony gostasse de mim era o mesmo que esperar que Ian Somerhalder fosse bater na sua porta as três da madrugada e dissesse que te ama.

Coisas impossíveis.







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