Esquecidos escrita por PetiteHunter


Capítulo 1
- Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

Diga não ao Plágio, DENUNCIE! Essa história original foi criada por mim - Paloma Figueiredo (PF Salvatore / Petite Hunter) e está permanentemente proibida de cópia, seja ela parcial ou não.
Tenha criatividade, seja ORIGINAL. É muito mais fácil do que você pensa. Existem milhares de outras cidades fantasmas mundo afora, milhares de ideias ainda não encontradas e mais de bilhares de situações inusitadas.
Para perguntas, dúvidas, elogios e afins mandem um e-mail para: pfs.fics@hotmail.com
Caso queira (por um milagre) divulgar a história em algum blog OU site, favor entrar em contato comigo antes. Não é querendo ser chata, mas por ser levemente desligada da realidade, não quero ter minha história fazendo sucesso sem que eu saiba. Não que eu pense que isso vá acontecer, mas no final tudo é possível.
Boa Leitura !



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         - Ei, aqui diz que a Rússia tem 17.000 cidades fantasmas.* – Akemi comentou ajeitando os óculos com o notebook em seu colo. – Qual delas nós escolhemos?

* site com a informação: http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/518/mes/julho2003

         - 17 mil? – Tyler perguntou engolindo em seco. – Como vamos escolher dentre 17 mil?

         - Pense em um número até 17mil, Tyler. – Simone propôs sem abrir os olhos.

         - Como assim pensar num número? Eu só consigo escolher um número aleatório até cem, e eu faço um esforço relativamente grande para isso. – bufou cruzando os braços. – Que tal... Sortearmos os números?

         - E quem vai riscar em papeizinhos do um até o 17 mil, cabeção? – David riu, parando um pouco de digitar mensagens SMS no celular.

         - Vá se ferrar. – Tyler esticou o braço e bateu com a palma da mão na nuca de David.

         - Não tenho culpa se você é burro. – Bufou, voltando sua atenção para o aparelho em suas mãos.

         Tyler se preparou para revidar, mas Emily o impediu.

         - Vamos para Pripyat. – Todos viraram seus rostos, tirando a atenção de seus afazeres para encará-la. Ela se sentiu corar – Só há um problema: O nível de radiação. – Pensou alto.

         - Pripyat não fica na Rússia, fica? – David volta a desviar sua atenção, encarando os olhos escuros de Emily.

         - Não. Fica no norte da Ucrânia, faz fronteira a norte e leste com a Rússia. Pripyat é próximo à cidade fica a central de Chernobyl. – Quando todos voltaram a encará-la como se fosse um alienígena, e ela não evitou virar os olhos. – Onde aconteceu o maior acidente nuclear da história. – Explicou.

         E todos soltaram um “Aaah” conjunto.

         - Podemos ir para lá? – Austin perguntou sem tirar os olhos da estrada. Há um mês lhe tratava com essa indiferença fria, mas ela sempre soube disfarçar o quanto aquela infantilidade a machucava. Ambos eram uma das provas de que nem todos os ex-namorados serviam como bons amigos.

         - Não podemos ficar por lá muito tempo. E quando digo isso, quero dizer que não podemos passar a noite lá. – Admitiu constrangida. –Teríamos de gravar a maior parte das cenas em outros lugares.

         - Então por que nós iríamos pra lá? – Simone resmunga desistindo de dormir.

         - Por causa da história – Emily respondeu irritada com o fato de não ser tão óbvio para a prima. – Qualquer um que for pesquisar sobre a história da cidade, o acidente nuclear, vai ficar com medo.

         - Sim. Não precisamos fazer um filme com muitos efeitos gráficos, como objetos 3D, um o outro borrão e fios de nylon cuidariam de quase tudo, só o que precisaríamos seria de um maquiador do ramo. É inteligente. – Akemi elogiou assentindo enquanto pesquisava mais sobre o acidente e a cidade.

         - É genial. – Jacob balbuciou num bocejo se espreguiçando.

         - Genial o suficiente para fazer muito sucesso. – David confirmou. – Mas a pergunta que vale tudo é: O sucesso, o dinheiro e as mulheres que vamos conseguir valem mesmo a pena? Quero dizer, se essa cidade é mesmo tão radioativa?

         Todos os acordados ali se calaram com a pergunta feita, refletiam como e quanto tempo duraria essa fama. Até Austin quebrar esse silêncio.

         - Com certeza! –

         - O que estamos esperando para ir mesmo?- Tyler riu.

         - Por favor! – Emily vociferou. – Isso é trabalho sério, corremos riscos se ficarmos mais tempo que o necessário. Temos que encontrar outras cidades fantasmas, só chegar perto de Pripyat para fazer gravações que são mesmo indispensáveis.

         - Besteira! – Austin falou, olhando-a com superioridade pelo retrovisor. – Você deu a ideia e agora volta atrás? Não é a primeira vez a fazer isso. Mas não vou deixar você ferrar com isso também – Cuspiu. – Nós vamos para lá agora.

         -Não. Nós não vamos! – Emily comandou em alto e bom tom, sabendo que os outros não se atreveriam a entrar na discussão, muito menos Lísis, Ramon ou Richard que dormiam com protetores de ouvido. – Não adianta de nada ir direto para lá sem ter tudo na cabeça e nos papéis. De que adianta correr para Chernobyl se ninguém jamais verá esse filme?

         - A estranha tem um ponto positivo, Austin. – Simone se atreveu a falar mal humorada. – Temos que ter paciência. Não podemos correr pra lá sem ter as coisas prontas. Vamos para a pousada, lá nós bolamos a história e algumas falas, cenas até.

         - Temos os programas e mapas no computador, fotos e até relatos – Akemi concordou timidamente - Não é necessário correr para lá. Nós já pagamos a estadia por dois dias.

         - Que seja. – Austin se rendeu, com as mãos apertando o volante. – Vamos para a pousada.

 *  *  *

         A Kombi preta estava estacionada em frente ao pequeno e aconchegante chalé construído de madeira. Dos dez adolescentes ali, Lísis, Richard e Ramon se encontravam na cozinha preparando sanduíches e chocolates quentes, enquanto os outros estavam divididos entre a sala e o quarto: Austin, Emily, Akemi e David procuravam os lugares de gravação em mapas digitais e fotos. Tyler, Simone e Jacob arrumavam os colchões infláveis e as camas. Mesmo com o aquecedor ligado o frio era grande.

         - Tá legal. – Jacob apareceu se reclinando na porta com uma câmera na mão, gravando-os ainda sonolento. – Está tudo muito bonito e tudo mais, mas vocês estão se esquecendo desse pequeno detalhe. Nós já temos o lugar onde vai se passar, já sabemos que é a cidade fantasma e já sabemos da história da cidade. Mas e a história do filme?

         - Jake, por favor. – Emily pediu o medindo com seus expressivos olhos azuis. – Não é fácil achar lugares bons para a gravação, nós provavelmente vamos precisar alugar uma casa e comprar uns móveis. Talvez precisemos de figurantes também. – Diz, pondo uma mecha do cabelo curto castanho escuro atrás da orelha. Seu rosto estava mais abatido do que o de qualquer um ali.

         - Não, cambada. – Tyler passou por Jacob, se sentando no chão entre Akemi e David. – Jacob está certo. Como já estamos planejando onde iremos filmar se não temos história.

         - Presta atenção, cabeça – David riu – Estamos procurando os lugares mais óbvios, que mais lembrem Pripyat. E quanto a história, bem. Aí você me pegou. – Fez careta ao admitir. – Eu não consigo pensar em nenhuma história.

         Ramon atravessou a porta da cozinha com uma bandeja de sanduíches. A luz amarelada dava um estranho contraste a sua pele morena.

         - Como é que nós atravessamos o oceano para fazer um filme sem saber por onde começar? Como pudemos fazer isso se mal temos os locais de gravação?

         - Eu vou te dizer como – Austin coçou a nuca. – Com três garrafas de vodka, um dardo e um mapa-múndi preso na parede. Foi tiro e queda. Consegui acertar a Rússia sete vezes seguidas, isso por que eu queria acertar o Brasil. – Se gabou.

         - Aquela foi uma boa noite. –Tyler gargalhou baixo pegando um sanduíche.

         - Sim, muito boa. – Lísis comentou olhando sugestivamente para Austin. Pôs a bandeja de xícaras fumegantes de chocolate quente na mesa de centro, ao lado da bandeja de sanduíches.

         - Oh, por favor. Não entre em detalhes, - Simone se sentou ao lado de Emily. – Ainda pretendo comer.

         - Ou talvez você queira hibernar durante mais um tempo. – Lísis alfinetou. – Não teremos mantimentos suficientes se você desistir de dormir dezesseis horas por dia.

         - Lísis. Vá se foder. – Simone aconselhou. Emily não se colocaria no meio daquela conversa. Lísis era rodada e fútil. Simone tinha alguns quilos a mais e tomava remédios antidepressivos, mas não era obesa. Aquilo era fato para e ela, não havia nada mais a ser discutido.

         - Eu já tenho quem faça isso por mim. – Ela se ajoelhou atrás de Austin, abraçando-o por trás. – E eu não canso de te agradecer, Emily.

         - Por que você não vai agradecer a puta que te pariu? – Simone urrou, se levantando. – Não agradeça a Emily por esse imbecil – ergueu a mão apontando Austin – não ser digno do corpo dela. Ela não tem culpa de você ser rodada.

         - Como é? – Lísis perguntou chocada com a voz estridente.

         - Qual é a sua? Você realmente acha que Austin vai continuar com você? Estou até surpresa que você tenha durado mais de uma semana na cama dele.

         - Já chega, porra! – Austin vociferou esmurrando a mesinha de centro. – Nós vamos comer e calar a boca para ofensas e indiretas, escutou Lísis? – Não esperou resposta – Ótimo. Richard, venha para cá.

         - A barra tá limpa ou o barraco ainda está solto?

         - O barraco em si foi capturado, mas se ela me olhar torto de novo eu parto pra porrada. – Simone avisou entre dentes.

         Suspirando, Emily pegou dois sanduíches, os pôs em cima das xícaras de chocolate quente e saiu da sala. Era peso de mais para ela. Além de todo o stress e antecipação com as gravações do filme e os sonhos esquisitos que estava tendo ultimamente, ainda tinha que lidar com a constante discussão de Simone e Lísis.

         Na cozinha vitoriana clássica, Emily pôs as duas xícaras sob a bancada, sentando-se numa cadeira ao lado de Richard. O boné cobria o cabelo preto sem corte a um mês, as sardas marrom e bege em seu rosto lhe davam um ar de menino. De todos, ele era o mais quieto. Segundo a própria Emily, o único que valia a pena passar o tempo discutindo.

         - Tempos difíceis? – Ele puxou assunto antes de morder seu sanduíche.

         - Nunca foram fáceis, mas estão pra piorar. – Emily sorriu sem achar graça, também mordendo seu sanduíche.

         - Você sabe que Austin só está com a Lísis pra causa ciúmes, não sabe?

         - Eu suspeito que seja isso,mas não importa. – Ela deu de ombros, voltando a morder o sanduíche. – Não me sinto obrigada a rebater usando outra pessoa. Nunca precisei disso antes.

         - Uma hora ele cansa. – Richard assentiu maneando a cabeça. – Mas que foi ridículo virmos para a Rússia sem nada pra começar, foi.

         - Muito irresponsável. Só que já estamos aqui, então o que temos a fazer é continuar. – Emily falou bebericando o chocolate quente. – Uh, e você.. – pigarreou – não viu, por acaso, Lísis cuspir em algum sanduíche ou alguma xícara viu?

         Richard gargalhou, mostrando a fileira perfeita de dentes brancos graças aos anos usando aparelho, assim como Emily.

         - Não. Eu fiquei perto dela o tempo inteiro, e isso deve fazer ela pensar que estou afim dela.

         - Tsc,tsc,tsc. Nunca pensei que você fosse de iludir menininhas inocentes, Richard. – Repreendeu voltando a tomar o chocolate quente.

         - E não sou. Elas se derretem por mim com um mero olhar. – Riu arqueando as sobrancelhas.

         - Estamos descobrindo um novo garanhão por aqui? – Akemi entrou na cozinha com o notebook em uma mão e a xícara quase vazia em outra.

         - Oh, por favor. Outro não. – Emily fez muxoxo, recebendo o notebook. – Já não basta as brigas por causa de um?

         - Concordo com você. – Akemi riu lavando a xícara.– Mesmo depois do chilique que Austin deu, as duas continuam jogando indiretas.

         - Se continuar assim, amanhã de manhã uma vai estar morta. – Richard disse tomando longos goles de chocolate.

         - Que seja a Lísis. – Akemi e Emily balbuciaram juntas.

         - Vamos lá – Akemi se sentou a frente de Emily e Richard, pegando o notebook. – Nick, feche a porta. Vamos começar a trabalhar. – Disse digitando numa velocidade quase frenética.

         - Já disse para não usar o segundo nome. – Richard bufou, fechando a porta.

         - Eu não consigo resistir. – Ela piscou os olhos marrons para ele.

         - Akemi – Emily chamou – tenha foco.

         - Eu prefiro sorvete de creme. – Jacob escancarou a porta, adentrando e abrindo a portinha do congelador. – Será que tem?

         - Nesse frio? – Simone esticou o pescoço por trás de Jacob. – Acho difícil.

         - Santo Deus! – Jacob pôs os braços dentro do congelador, tirando um pote de sorvete do congelador e colocando sobre a bancada. Akemi teve de ser rápida para puxar o notebook da mira do pote. – SORVETE!

         - Aí você abre e descobre que é um pote de feijão. – Akemi balbuciou meio chorosa.

         - Está esquecida, Kim. Estamos na Rússia, não no Brasil. – Emily riu.

         - Eles põe feijão no pote de sorvete? – Simone perguntou fazendo uma careta desagradável, pondo na bancada taças e colheres.

         - Minha tia colocava.

         - Minha gente, são um povo econômico! –Jacob apreciou. – Mas o assunto em questão aqui não é o feijão, e sim o sorvete.. que não quer.. abrir.. – Grunhiu tentando abrir o pote.

         - Vocês viram a validade disso? – Richard indagou, voltando a se sentar ao lado de Emily.

         - Por favor, é sorvete! – Simone espalmou uma mão na borda da bancada. – Você não discute com o sorvete, só o come!

         - Essa merda não abre. – Jacob urrou esmurrando a tampa, fazendo com que pedaços de gelo que estavam grudados ao pote se espalhar pela bancada.

         - É só abrir com jeitinho. – Simone pegou o pote, forçando-o a abrir.

         - Gordo esfomeado sempre consegue abrir potes. – Lísis riu jogando o cabelo vermelho alaranjado para trás.

         - Quando eu abrir isso, vou jogar na sua cara. – Simone falou ofegante. Seu rosto estava avermelhado com a força que fazia.

         - Não vai ser preciso.

         Dito e feito. No instante em que Simone abriu o pote, Lísis foi mais rápida batendo no fundo do pote de modo que este parasse em sua cabeça. O sorvete pastoso e de cor que pendia entre o branco e o verde pistache escorria pelo pescoço, rosto e cabelo.

         - Sua vadia! – Simone cuspiu, partindo para cima de Lísis.

         A merda estava feita. O alvoroço era quase que incontrolável. Uma hora as duas estavam se estapeando, noutra todos começavam a brigar. Akemi teve de largar o notebook numa página de pesquisa para ajudar Jacob e Ramon a tirar Lísis de cima de Austin.

         O nome de um tópico num site específico chamou a atenção de Emily, que não alterou uma inspiração. Ela trouxe o notebook para perto, clicou no link e ao ler o primeiro parágrafo, tudo estava formado em sua cabeça. Alguns diriam estar predestinado. Embora Emily não tivesse noção do que aconteceria dali adiante, nem das consequências e o impacto que suas palavras trouxeram, sentiu algo mudar dentro de si.

         - Richard – Cochichou – Já temos a história perfeita. – Um sorriso tímido brotou dos lábios rosados.


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Notas finais do capítulo

Então, a história vale a pena?
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Beijos,PetiteHunter