Ressurreição escrita por Jaque de Marco


Capítulo 3
Capítulo 2 - A partida




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Eu tinha consciência de que me arrependeria por ter dado passe livre para Alice organizar o casamento. Inicialmente eu estabeleci regras, mas com o tempo, e diversas preocupações em mente, eu acabei abrindo mão de algumas restrições. Com isso, quando me dei conta estava cercada de uma grande decoração com detalhes em azul bebê, um salão de festa gigantesco, mais de cem convidados, uma banda de flashback e docinhos de diversas cores e formatos.

Isso tudo era o de menos. No momento o que me deixava extremamente desconfortável era o meu vestido. Alice tinha mandado fazer um com Perrine Bruyere (quem quer que fosse ele), mas na primeira prova ela notou que precisa arrumar a bainha do vestido. Com isso já foram pelo menos seis mudanças. A cada prova, Alice tinha algum detalhe para ajeitar. Na última vez, eu vesti praticamente um bolo de casamento.

- Mas isso tem muito laço, Alice!

Eu me lembro de ter reclamado. Saí da loja arrancando todas as partes que eu desaprovava do vestido, ou seja, quase tudo. Alice tinha passado dos limites. Depois disso tivemos uma conversa e acertamos que me casaria com algo mais simples.

- Sei que você vai gostar, Bella.

- Espero que no mínimo não brilhe – comentei distraída enquanto abaixava a velocidade do ar condicionado do porshe dela.

Era noite do dia 12 de agosto, véspera do meu casamento. Nos últimos dias eu estava funcionando “no automático”. Era a minha maneira de não enlouquecer. Eu tinha que confessar que os olhares de reprovação dos demais moradores de Forks haviam cessado após os convites da festa terem sido enviados. Praticamente a cidade inteira, que não era realmente uma quantidade muito grande, estava convidada.

Eu também fiz questão de enviar alguns convites para La Push e isso me deixava angustiada, pois sabia que a pessoa que eu mais queria presente não estaria lá. Jacob estava em algum lugar no norte do Canadá, vivendo em sua forma de lobo por mais tempo que o necessário. Sentia-me muito culpada por tudo o que ele estava passando. Amava Jacob, mas eu sabia que nunca seria o suficiente. Nunca seria o suficiente para diminuir o meu amor pela minha alma gêmea. O meu milagre pessoal.

- Você viu Edward hoje, Alice? – nos últimos dias Edward andava extremamente atarefado. Era como se ele tivesse pegado para si diversas atividades da coordenação da cerimônia. Alguns dias depois do anúncio, eu percebi que o casamento não tinha somente mexido comigo.

- Ele passou o dia fora, parece que ele tinha que resolver alguma coisa do terno dele em Seattle e agora no final da tarde ele ia caçar com Emmett e Jasper. – ela deu um risinho desdenhoso antes de continuar – Estou há dias de olho nas decisões de Jasper. Parece que eles foram mesmo caçar e não a uma despedida de solteiro.

Percebi que em nenhum momento nos últimos meses me peguei pensando nesta possibilidade. Definitivamente eu tinha muitas coisas ainda a aprender sobre a rotina dos vampiros.

- Edward anda tão atarefado ultimamente que quase não o tenho visto – pensei alto.

Sentia falta de Edward. Ele continuava sendo extremamente carinhoso comigo, talvez até mais que o normal ultimamente, mas a nossa falta de tempo não permitia que nos víssemos muito durante o dia. O que me salvava eram as madrugadas que, sem o conhecimento de Charlie, ele passava comigo. Eu tinha consciência das minhas olheiras e sonolências durante o dia, mas me recusava a dormir cedo. Era como se eu precisasse suprir minha cota de Edward Cullen por dia.

Alice me olhou de rabo de olho e fez uma careta ainda encarando o pára-brisa.

- Não que me importe, porque não me importo, até gosto muito disso, na realidade. – ela começou a tagarelar - Mas vocês dois são os piores organizadores de festa que já conheci. Nada do que é preciso ser feito vocês fazem. Tenho certeza que para vocês o casamento em Las Vegas era adequado. Peço coisas mínimas para você como uma breve lista de convidados e você me entrega depois de um mês dez pessoas? E o Edward faz coisas simples como listar vinhos e champanhes? Não! Passa quase o dia todo lendo e estudando. Não entendo realmente como vocês viverão como marido e mulher desse jeito...

- Edward está estudando?

Aquela frase solta no papo de Alice me deixou intrigada. Não que fosse realmente ruim o fato de Edward estar enfurnado em livros, mas não era exatamente isso que ele havia me dito.

- Por que ele está lendo tanto?

Alice pareceu refletir sobre o assunto por um instante.

- Sinceramente, Bella, você acha que ele deixaria a transformação ser a sua pior experiência em vida? – as palavras de Alice me fizeram esquecer de respirar por uns instantes – Tenho certeza que Edward está procurando alguma forma de amenizar a dor que você sentirá nos três dias seguintes a sua mordida.

- É isso que você acha que ele está fazendo?

- E o que mais seria?

Não tinha exatamente parado para pensar o quão dolorosa seria a transformação não só para mim, mas também para Edward. Sabia que ele tinha necessidade de me manter protegida, quase a mesma necessidade que eu tinha em me manter próxima a ele.

Apesar das palavras de Alice fazerem sentido, era como se ainda faltasse alguma coisa. A peça chave de tudo aquilo.

- Chegamos!

Alice estava muito agitada quando parou o carro em frente à casa dos Cullen. Ela virou a chave, desceu do carro e abriu a porta para mim em cerca de dois segundos. Às vezes tinha a impressão que quem ia casar era ela e não eu.

- Eu consigo andar! – avisei antes que ela inventasse de me pegar no colo.

- Mas é lenta demais.

Ri do comentário de Alice e segui em direção a casa branca de três andares dos Cullen me sentindo completamente inferior, Alice andava graciosamente e eu, de tênis e jeans surrado, parecia estar lutando com meus pés para não tropeçar a cada passo. Talvez ser carregada não tivesse sido uma má idéia.

- Bella! – Esme me recebeu à porta assim que entrei.

A mãe adotiva de Edward estava vestindo um avental, muito sujo de algo que me fez lembrar chocolate. Esta era uma vestimenta extremamente estranha para uma vampira, já que não comiam estes tipos de alimento, mas nos últimos meses já a vira tantas vezes preparando pratos e cuidando do cardápio da festa de casamento que isto nem me surpreendia mais.

- Vou mostrar a Bella o vestido, Esme.

- Eu ainda não vi. – Esme comentou.

- Vocês todos só estão permitidos a ver amanhã. Nem mesmo Edward verá o vestido em meus pensamentos; estou tomando muito cuidado quanto a isso – Alice falava muito rápido e quando parou, olhou muito séria para mim – Vamos lá.

Antes que pudesse contestar, Alice já tinha me pegado em seus braços e me levado escadas à cima para o seu quarto. Ela me colocou no chão e virou-se para fechar a porta. No amplo sofá, no centro do quarto dela, estavam dois sacos de pano. Percebi pelas bordas de tecido que saíam do saco que eram dois vestidos de festa. Um preto com detalhes brilhantes e o outro, do embrulho maior, era branco.

Caminhei até o sofá imaginando os diversos modelos de vestidos que já vestira. Sabia que se caso algo estivesse errado neste, não haveria tempo para consertar. Alice pareceu ouvir os batimentos do meu coração acelerar, pois se virou com um largo sorriso e pegou minha mão me fazendo sentar.

- Aposto que vai adorar esse.

Eu meneei a cabeça, sem conseguir falar direito. Fiquei imaginando a que o gosto “peculiar” da Alice me levaria a usar. Com certeza era algo chamativo, pois mesmo as roupas mais simplórias dela não tinham nada de simples. Sempre tinha um brilho, uma miçanga ou uma renda acoplada.

Alice sentou-se ao meu lado e abaixou lentamente o zíper do saco que embalava o vestido. Após a embalagem estar completamente aberta, ela agarrou o cabide e se pos de pé, deixando o vestido a minha frente.

- E então, o que achou? – ela perguntou eufórica.

Um longo vestido branco, reto, tomara que caia e totalmente bordado estava bem a minha frente. Era lindíssimo. Apesar de saber que era o mesmo vestido que experimentara várias vezes antes, estava totalmente diferente.

- Perrine fez várias modificações. – Alice falava mais agitada que antes, mas também mais apreensiva, provavelmente ainda esperando alguma reação minha – É feito com seda musseline. O bordado é todo feito à mão. E naquela caixa ali tem o véu, feito em tule francês.

Fiquei olhando para a peça por um tempo que jamais saberia determinar. Era o vestido mais lindo que já vira. Simples, mas lindo. Eu conseguia me imaginar usando ele, não casando com ele, mas vestindo. Eu simplesmente tinha amado!

Sem esperar, fui jogada para trás quando Alice pulou em cima de mim e me abraçou. Fiquei aturdida com a desproporção da situação, somente uma vampira poderia ser tão pequena e tão forte ao mesmo tempo.

- Que bom! Que bom que você gostou! – eu fazia idéia que Alice já sabia que eu tinha gostado do vestido antes mesmo que eu pudesse abrir minha boca para dizer algo – Você precisa prová-lo agora. Tenho certeza que servirá direitinho já que foram mantidas as mesmas medidas da última prova, mas não podemos correr o risco de algo dar errado amanhã.

Alice comprara uma Polaroid para as provas do vestido. Ela tinha me dito numa das vezes que era o jeito exato de saber como o vestido ficaria no álbum do casamento, que de acordo com ela era uma das partes essenciais do casamento. Depois de meia hora já tinha umas quinze fotos com véu, sem véu, luvas e buquê. Alice havia pensado em tudo.

Quando estávamos descendo as escadas, eu pude ver que todos os Cullen já estavam presentes. Edward levantou-se do sofá assim que me viu e seguiu até a base da escada para me esperar. Ele estava lindo num suéter marrom que combinava com seus olhos perfeitamente dourados. Nem parecia que ele tinha chegado a pouco de uma caçada com os irmãos. Ele pegou minha mão esquerda entre as suas e, subindo um degrau, beijou de leve a minha testa.

- Gostou do vestido?

- Muito!

- Nem adianta tentar vasculhar minha mente, pois não vou pensar na Bella com aquele vestido – Alice avisou passando por nós nas escadas – Você só a verá de noiva amanhã.

- Claro – Edward comentou em um tom de voz baixo.

Estava encarando Edward quando segui seus olhos, vislumbrando Alice ao pé da escada. Ela ficara séria de repente, muito ofegante. Eu já conhecia aquela expressão. Alice estava tendo uma de suas visões.

Após alguns instantes, ela pareceu voltar a focar a sua visão na sala dos Cullen. Seus olhos procuravam agitados, até parar em mim e Edward. Nunca a vira nos olhar daquela maneira, preocupada. Nunca saberia dizer se ela estava olhando para mim, Edward ou ambos. Mas, pela primeira vez em anos, a demonstração do poder dela me assustou.

Jasper se aproximou dela e murmurou algo que me pareceu ser um “o que foi que você viu?”. Alice somente balançou a cabeça em negativa como se dissesse que não era nada de importante. Virei-me para olhar Edward e o vi encarando Alice, enquanto Jasper a levava em direção a cozinha.

- Certo – ele comentou prontamente – Vamos, Bella, vou te levar para casa.

Edward me puxou de leve pela mão, me fazendo segui-lo. Despedi-me dos demais rapidamente. Não devia nem ser oito horas da noite ainda, mas eu sabia que todos tinham muita coisa para acertar para o dia seguinte.

Entrei no volvo de Edward me perguntando o que Alice vira há pouco. Edward ligou o carro e antes que pudesse perguntar algo, ele começou a falar.

- Vai ter uma grande tempestade amanhã. – ele falava numa voz uniforme – Alice viu a cidade completamente alagada, com carros atolados nas estradas que levam até Bogachiel.

- Mas nós chegaremos a tempo?

Edward riu.

- Sim, Bella, chegaremos.

Toda a cidade alagada significava que menos pessoas estariam presentes na cerimônia. Afinal a tempestade não seria bem uma notícia ruim.

Em poucos minutos já estávamos parados em frente à casa de Charlie. Sabia que há essa hora ele provavelmente estaria experimentando pela milésima vez o terno que comprara para o casamento. Ele estava completamente atormentado com a idéia de entrar comigo no salão e, embora ele não admitisse, estava nervoso também com a notícia de que teria que pegar Renné no aeroporto com seu novo marido.

- Eu sei que teremos um dia longo amanhã, mas será que você poderia ficar comigo no quarto até que eu durma?

Edward passou ternamente sua mão na lateral do meu rosto antes de beijar suavemente meus lábios.

- Eu estarei lá.

Saí do carro e olhei automaticamente para o céu. Havia muitas estrelas e uma enorme lua se destacava na escuridão da noite. Não havia muitos indícios de que uma tempestade estaria vindo, mas eu nunca vira Alice errar alguma previsão.

- Bella? – ouvi Charlie perguntar assim que abri a porta.

- Sou eu, pai.

Charlie pareceu no corredor, saindo da sala. Como presumira, ele estava vestido com o terno novo, mas sem sapatos, ficando de meia sobre o piso de madeira da casa.

- Chegou cedo.

- Tenho muita coisa para arrumar – comentei casualmente. Na verdade, tudo o que tinha só poderia ser feito no dia seguinte, mas não queria explicar com muitos detalhes para que não desse oportunidade de mais uma longa conversa sobre casamento com meu pai.

- Sim, claro. E você precisa dormir cedo também. Alice deixou isso comigo ontem – Charlie se virou em direção à cozinha. Eu o segui, encontrando-o no meio do caminho com uma caixa nas mãos – Ela me fez prometer que a faria usar.

- Mas o que... – comecei a questionar pegando a caixa esverdeada nas mãos - “Extrato de pepino. Vitalidade nutrição para seu rosto, o extrato hidrata suavizando queimaduras de sol e olheiras”. Eu não vou usar isso.

- Talvez você devesse. – Charlie falava numa voz quase carinhosa – Você parece cansada. Entendo, afinal você vai se casar amanhã. Mas você precisa estar, pelo menos, com cara de quem tem tido boas noites de sono.

Eu refleti sobre o creme alguns instantes. Sabia que não devia estar nas minhas melhores condições ultimamente. Toda a preocupação estava deixando as minhas noites mais longas e mais difícies de conseguir pegar no sono. Mas jamais poderia passar este extrato verde durante a noite, sabendo que Edward me assistiria dormir. Nem a mulher mais segura do mundo se arriscaria desta forma.

- Certo, pai, vou pensar sobre isso. Agora vou me deitar. Boa noite.

- Bella? – meu pai me chamou, me fazendo virar em sua direção novamente. Estava pronta para aquilo. Quase todas as noites, desde que Edward pedira a minha mão em casamento, que Charlie conversava comigo sobre responsabilidades e família. Mas, para minha surpresa, desta vez foi diferente. Ele passou os braços desajeitados sobre o meu ombro e me abraçou.

Era um abraço silencioso. Sabia que palavras eram inúteis. Meu pai estava se despedindo da sua menininha. Eu me casaria e apesar de, na mente dele, eu continuaria a estar presente, eu seguiria a minha vida. Mal ele sabia que seguir a vida não era exatamente um plano que eu tomaria a risca. Pensara em contar diversas vezes a meu pai toda a verdade, contar sobre a transformação. Não era justo deixá-lo na ignorância, mas mais injusto ainda seria colocá-lo em perigo e quebrar a confiança dos Cullen. Não, ele não poderia saber nunca.

Charlie se apartou do abraço e o vi secar timidamente uma lágrima em seu rosto.

- Agora vá, vá dormir.

Subi as escadas em silêncio. Chegando em meu quarto separei meu pijama e segui para o banheiro. O chuveiro estava muito quente, justo o que mais precisava. Tentei distrair minha mente debaixo d’água. Sabia que tinha muito mais preocupações para pensar do que uma jovem normal com dezoito anos.

Entrei no quarto e ajeitei a cama. Enfiei-me debaixo das cobertas decidida a me manter acordada até que Edward aparecesse. Já estava quase dormindo quando senti os lábios gelados de Edward tocando meu rosto.

- Você demorou.

- Estava resolvendo algumas coisas.

Ele inclinou-se sobre mim e me beijou. Seus lábios, inicialmente suaves, se tornaram urgentes mais rapidamente que o normal. Ele contornou a lateral do meu braço com suas mãos, parando na minha cintura. Eu ofeguei no meio do beijo e com isso o senti vacilar por um momento. Numa tentativa desesperada de mantê-lo no beijo, passei meus braços ao redor do seu pescoço, trazendo-o mais para perto de mim. As mãos dele, que antes estavam na minha cintura, seguiram para as minhas costas, ficando entre o colchão e a minha pele. Ele separou os nossos lábios, mas continuou beijando o contorno do meu rosto, indo para na minha orelha.

- Acho que nosso limite é aqui. – ele sussurrou.

- Hh... – tentei concordar, mas não existia voz na minha garganta.

Ele riu antes de jogar o corpo para o lado, sentando-se na beira da minha cama. Eu o segui e sentei ao seu lado. Ele segurou a minha mão enquanto eu inclinava a minha cabeça em seu ombro. Mesmo com o suéter, eu podia sentir o gelo de sua pele. Sabia que se ficasse naquela mesma posição por muito tempo ficaria com a lateral do meu rosto dormente.

Ele levantou minha mão com a sua e beijou a dobra dos meus dedos. Ele suspirou e só então eu percebi que ele estava sério. Levantei minha cabeça e virei o seu rosto em minha direção. Ele tinha um olhar preocupado.

- O que foi, Edward? Aconteceu alguma coisa?

- Estava pensando sobre a sua demanda.

Há alguns meses eu e Edward fizemos um acordo que envolvia algumas demandas. A dele era o casamento, já a minha a nossa primeira noite de amor. Edward não costumava tocar muito no assunto, o que me surpreendeu com o rumo que aquela conversa estava seguindo.

- O que tem a minha demanda?

- Prometi que o seu pedido seria atendido e será. Mas me preocupo não somente com a sua segurança, mas também com a sua felicidade.

- Onde está querendo chegar? – podia sentir a pele do meu rosto arder.

- Eu quero lhe fazer agora uma nova promessa. – Edward ajeitou-se na cama e me puxou, fazendo-me sentar em suas pernas – Eu te prometo, Bella, que o que puder fazer para que você aproveite todas as coisas que somente a humanidade possa te proporcionar, eu farei. Eu juro que tudo o que estiver ao meu alcance para que você não perca nada, inclusive a mim, será feito. Você entende o comprometimento das minhas palavras, Bella?

O que eu compreendia era que Edward acabara de prometer que eu não o perderia, e isso era o suficiente para mim. Eu concordei com a cabeça e o beijei novamente. Desta vez ele não intensificou o beijo, terminando com um carinhoso beijo na testa.

- Agora durma. Você precisa descansar.

- Você vai ficar aqui? – perguntei mais ansiosa do que pretendia.

- Não. Tenho coisas para fazer. – as palavras dele pareciam ter significados mais profundos – Mas ficarei aqui até você pegar no sono.

- Não é suficiente – eu resmunguei já de olhos fechados.

Ele riu e logo em seguida senti a respiração dele ficar mais intensa.

- Eu te amo, Bella.

- Eu te amo, Edward – a essa altura, já estava no limite entre a consciência e a inconsciência provocada pelo sono.

Naquela noite, tive um sonho estranho em que toda a cidade chegava para o meu casamento de barcos e bóias. Apesar disso, o mais estranho no meu sonho foi que não vi Edward. Era o dia do meu casamento, todos estavam presentes, menos Edward.

Acordei de sobresalto, passando as mãos na lateral da cama, encontrando somente os lençóis amarrotados. Mesmo Edward avisando que não estaria aqui pela manhã, ainda tinha esperança que ele mudasse de idéia.

Abri os olhos e logo de cara o que reparei foi o céu nublado por fora da janela aberta. Apesar do tempo fechado clássico de Forks, não havia nenhum indício de uma tempestade chegando.

Levantei-me, caminhando desajeitadamente em direção a porta do quarto. Somente quando alcancei a maçaneta, vi um envelope branco sobre a minha escrivaninha. Não lembrava de ter deixado nada ali na noite passada.

Conforme me aproximava do móvel, reconheci o meu nome desenhado na letra perfeita de Edward. Senti meu coração bater mais forte assim que toquei o papel. Sentei na beira da cama e, ainda tremendo, abri o envelope.

A letra de Edward já não parecia mais tão impecável, era como se ele tivesse escrito motivado pela pressa ou por uma forte emoção.

Forks, 13 de agosto de 2007.

Bella, meu amor. Não me odeie, precisei deixá-la.

Minha respiração parou e senti minha garganta se fechar por um instante. Pensei em não terminar de ler, em rasgar aquele papel, como se a carta nunca tivesse existido, mas não consegui.

Existem muitas coisas que gostaria que soubesse, muitas coisas que eu nem se sequer consigo explicar. Nem a mim mesmo.

Eu sempre disse que você, Bella, é a minha vida. Mas nunca pensei na ironia das minhas palavras. A que vida estava me referindo? Não existe sangue meu correndo em minhas veias, não tem um coração batendo em meu peito, não há calor na minha pele. Que vida afinal há além da minha reles existência?

Jamais poderia deixá-la partir, nem sequer poderia ir embora para sempre... um grande egoísmo da minha parte. Mas não consigo. Com isso, procurei todas as maneiras que nos permitisse estarmos juntos, sem que você seja a única pessoa a perder com o relacionamento.

Você merece muito mais do que eu sou no momento. Você merece vida e não morte.

Como já pedi, por favor, não me odeie. Eu lhe juro que este não é um adeus. Eu lhe juro que estaremos juntos novamente e, desta vez, será por inteiro. Eu lhe juro, Bella, que nunca mais serei o fator principal na sua linha tênue de salvação e desgraça.

Eu te amo.

Edward.


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