Pode Ser Tarde... escrita por UreshiiDango


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas.
Eu queria muito escrever uma história triste mas não muito. Então eu mesma me apaixonei pelo Hiromitsu e me senti muito culpada por ter feito essa historia.
Mas é isso, one shot e... vamos lá
Boa leitura.



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–Câncer é uma doença terrível, não é, Hiromitsu?

– Cala a boca.


O rebelde Yoshikawa Hiromitsu, com seus olhos claros e cabelos roxos, os brincos e colares de espetos, sim, tinha câncer. Ninguém conseguia se aproximar dele: ele fugia das pessoas.


–Hiro... Se você continuar assim...

– Não importa. É melhor morrer de uma vez.

– Não diga isso!


Hanako-sensei era pessoa mais próxima dele, ainda que ele não conversasse muito com ela. Ele saiu da sala e esbarrou em alguém. Uma garota pouco baixa com cabelos castanhos não muito curtos e olhos verdes.


– De-desculpe! Eu não ouvi nada!

– Não estaria nervosa se não tivesse mesmo escutado. – Ele começou a andar.

– Er... Você está bem? – Hiro não parou.

– Sim. Tchau.

– Você... Você é o Yoshikawa Hiromitsu da sala 3-2, não é?

– E você, quem é? – Ele parou e se virou para ela com as mãos nos bolsos.

– S-sou Tiemi – ela apertava a barra da saia e olhava para baixo, corada - Watanabe Tiemi.

–Hum. Tchau.

– Você... Tem amigos?

– O que isso te interessa? – Ele deu passos nervosos até ela

– Nada... Eu... Só acho triste você saber que... A qualquer momento pode... Acontecer. Quando alguém se vai... Acho que pelo menos alguém deveria chorar a perda. Se você não tem amigos, isso não é triste?

– Francamente... Mal me conheceu e já está me matando. – Ele disse pouco baixo e deu uma risada irônica. – Eu tenho quem se preocupe comigo. Até.


Hiromitsu deixou Tiemi para trás no corredor e foi embora.

No dia seguinte, Tiemi foi ao terraço da escola durante o intervalo para pensar. Queria ficar sozinha, mas viu que tinha mais alguém lá. Ela andou lentamente até conseguir ver o corpo todo que estava esticado no chão. Era Hiromitsu, dormindo. Ela não teve coragem de acordá-lo, não queria o incomodar... Mas... Ele parecia tão solitário. Tiemi se sentou ao lado dele.


Um vento bateu e Tiemi balbuciou, tremendo. Isso o acordou, que sono leve. Quando ele abriu os olhos, viu ela sentada perto de sua cabeça.


– Ah, você é a Watanabe Tiemi de ontem. – Disse ele cobrindo a claridade do sol com uma das mãos.

– Desculpe, eu não queria te acordar. Só queria ficar num lugar calmo e achei que não se importaria se...

– Faça o que quiser.

– Ontem... Você me disse que tem quem se preocupe com você. São seus pais?

– Por que quer saber tanto da minha vida? É divertido pra você?

– Não! Eu só queria te ajudar...


Ele fechou os olhos.


– Eu não tenho pais.


Ela ficou surpresa, mas não deixou que ele percebesse.


– Então são seus irmãos?

– Eu... Não tenho família. – Ele olhou para o céu.

– Não... Tem? Então... Quem que...

– Eu mesmo. Quem sabe até a Hanako-sensei. Não me importo.


Importava sim. Ela sabia.


– Eu não sou o caso mais sério do hospital. – continuou Hiro. Ele se sentou e mantinha o olhar baixo – Às vezes, eu queria que a vida fosse isso. – Ele olhou para o céu novamente. – Calma, sem preocupações... Sem dor... – Ele a olhou. – Cansei de fugir, então... Poderia me emprestar seu colo?

– Quê? – Tiemi se surpreendeu e ele se deitou apoiando a cabeça no colo dela. Ela corou.


O sinal para o começo das aulas tocou, mas Hiro não se mexeu.


–Hi- Hiromitsu! O sinal! Temos que voltar.

– To cansado.

– Levante!

– Não quero.


Ela o empurrava com toda a força, mas ele nem parecia se esforçar para permanecer no mesmo lugar.


– Vamos nos atrasar!

– Não vamos.

– Hiro... – Ela falava alto, mas o corte que Hiro deu nela foi em um tom triste.

– Eu... Eu não quero ficar sozinho. Fica aqui comigo?


Ele era tão solitário quanto parecia.


– Ta... Tá bom... Eu fico. – Os olhos dela brilhavam, estava tão surpresa com isso.


O silencio tomou conta do lugar por algum tempo. Tiemi tentava imaginar o que ele sentia naquele momento.


– Hiromitsu...

– Hiro. Pode me chamar assim.

– Hiro... Sua doença é grave?

– Eu tenho câncer. Para poder fazer a cirurgia, precisava que também tivesse um coração bom disponível para transplantar. É minha única chance.

– Coração? – Ela se assustou.

– Sim... É complicado, não é...


O vento soprou novamente fazendo Tiemi tremer. O silencio veio mais uma vez. Ela não sabia que era tão grave. Pra ela, a vida era tão fácil e pra ele... Isso era uma grande injustiça. Hiro era sozinho, podia morrer a qualquer hora. Na morte de uma pessoa, pelo menos alguém deve chorar a perda, mas... Hiro não tinha nada, muito menos esperança.Tiemi começou a chorar.


– O que foi?

– É tão triste e injusto...

– Tiemi... – Ele se sentou e ficou de frente para ela, encarando ela. – Você poderia me dar à experiência de um amor? Eu... Não quero morrer sem conhecer esse sentimento...


Tiemi deu um pequeno pulo de surpresa.

– Hiro... – Ela sorriu entre as lagrimas. – Você pode contar comigo para tudo!


Ele sorriu.


– Obrigado. Pode começar agora?

–Acho que sim...


Antes que ela pudesse terminar a frase, ele a beijou. A surpresa de Tiemi logo passou e ela cumpriu o prometido.


– Meu primeiro beijo... – Disse Hiromitsu logo depois de se afastarem.

Nosso primeiro beijo. – Consertou Tiemi.


Eles se olhavam nos olhos e, pela primeira vez, Tiemi viu algum brilho no olhar dele.


Depois da escola, os dois foram a um parque de diversões. Comeram algodão-doce, foram em inúmeros brinquedos, jogaram, correram, brincaram. Hiro nunca havia se divertido tanto. Tiemi podia ver o quanto ele estava feliz. Começou a escurecer.


– Vamos tirar uma foto! – Tiemi o puxou pela mão até uma cabine de fotos


Entraram e se sentaram, foi difícil escolher o fundo, pois Hiro não parava de mexer na maquina enquanto Tiemi tentava selecionar o fundo que queria.


–Vou contar até três e apertar o botão. – Disse Hiro passando o braço em torno do pescoço de Tiemi. – Um... Dois... Três!


A foto foi tirada.

Pegaram as fotos e cada um ficou com uma cópia.


– Ah, que ódio! Eu fiquei horrorosa!

– Pra mim, você está linda.


Tiemi olhou para Hiro. Ele estava radiante, lindo, feliz. Ela corou.


– Vamos na roda gigante! – Hiro pegou a mão dela e os dois correram.


Até agora, haviam ficado de mãos dadas apenas para não se perderem enquanto corriam, mas ao entrar na roda gigante, ainda estavam segurando a mão um do outro. Ao perceber isso, Tiemi ficou vermelha.


– Como num encontro, não? – Hiro percebeu que ela estava com vergonha ao notar.

– Um... Encontro?

– Ainda não tinha percebido?

– Pra falar a verdade...


Hiro a olhava com um sorriso bobo no rosto. Os olhos brilhavam


– Obrigado mesmo Tiemi. Você não imagina como me faz feliz estando aqui comigo.

– Imagina... Eu fico feliz em te ver feliz!


Hiromitsu a abraçou. Ele realmente se sentia solitário.


– Hiro... Onde você mora?


Depois que Tiemi se deitou na cama, estava exausta. Mais psicologicamente do que fisicamente. Ela se lembrou do que Hiro lhe respondeu. No hospital. Ele passava o dia na rua e dormia no hospital... Ela começou a chorar. Será que ele estava bem?


No dia seguinte, Tiemi saia de casa e na porta, viu Hiro sentado.


– Hiro? O que faz aqui?

– Vim te buscar. – Ele sorriu e ela sorriu junto.


Foram andando para a escola, ele queria carregar a bolsa dela, mas Tiemi não permitiu. As brincadeiras era demais, ela se divertia tanto junto dele. Se ele tivesse desistido de se afastar das pessoas mais cedo, podiam ter tido muito mais tempo juntos. Agora, o caso era preocupante.


Passaram o dia juntos, dividiram a comida do bentô de Tiemi, afinal, Hiro não tinha como preparar algo pra comer na escola. Depois da aula, foram até a praça, depois até o shopping, e assim foi passando o dia. Hiro a acompanhou até a porta da casa, a beijou e foi de volta para o hospital.


Tiemi acordou com uma sensação estranha. Foi para a escola pouco perturbada, mas não imaginava o porquê.


– Watanabe-san! – Uma voz gritou do corredor da escola.

– Hanako-sensei!

– Eu estava te procurando.

– O que foi? O que aconteceu? Alguma coisa com o Hiro? – Tiemi sentiu seu coração apertar.

– Infelizmente sim. De madrugada ele piorou. Ele queria ver você então corri para te buscar.


Quarto branco, poucas coisas nele. O quarto era pequeno para tanta angustia e ansiedade de Hiromitsu. Ele precisava ver Tiemi antes que...


– A pulsação dele está caindo! – Gritou um enfermeiro.

– Choque anafilático! – O médico ordenou os enfermeiros a prepararem rápido a maquina. – Oxigênio!


Nesse momento, Hiro estava com a visão embaçada. Ele virou a cabeça em direção à porta e viu pela pequena parte transparente, o rosto assustado de Tiemi.


–Tiemi... Que bom... Obrigado... Eu... Eu te amo... – Disse ele baixo demais. Mal os enfermeiros ouviram, mas o médico sabia que depois disso, não tinha mais como o salvar.


Ele se entregou.


O barulho contínuo do monitor cardíaco anunciou o fim da batalha. Os olhos de Tiemi se encheram de lágrimas. Ela gritou.


– HIRO! – Tiemi caiu ajoelhada no chão, chorando demais. Hanako abaixou a abraçou. Lágrimas caiam dos olhos da professora, mas ela devia ser forte para apoiar Tiemi.


Tiemi chorou até que uma enfermeira lhe deu um calmante. Só assim, ela parou de chorar e caiu no sono.

Abriu os olhos. Tiemi estava num quarto do hospital, deitada na cama. Estava tomando soro na veia.


– Tiemi?

–Hanako... Sensei...

– Podemos conversar?

– Claro...

– Tiemi... Hiro já sabia que não ia mais aguentar. Ele já estava no prazo máximo que o médico lhe dera de vida. Não havia mais como o salvar.


Lágrimas escorriam pelos olhos de Tiemi.


– Escute... Eu acompanho o Hiro desde o começo da doença... E nunca o vi tão feliz como estava ao seu lado. Devia ficar feliz com isso. Você mostrou para ele a felicidade. Ele não queria morrer sem conhecer isso.


Tiemi acenou com a cabeça, mas não disse nada. Não tinha forças. Hanako-sensei lhe entregou uma foto. A foto dos dois juntos.


– Estava na mão dele. Acho que você saberá melhor do que todos o que fazer com ela.


Tiemi pegou a foto e passou o dedo levemente pelo rosto de Hiromitsu. Ela se lembrou de como aquele dia foi... Perfeito. Ela sorriu ainda chorando.


–Ah! Quase me esqueci. – Hanako-sensei tirou uma folha de papel dobrada do bolso e entregou à Tiemi – Ele pediu para que lhe entregasse isso depois que ele se fosse. Até mais, Tiemi.


Hanako-sensei saiu da sala para que Tiemi pudesse ler a carta deixada por Hiro.


Ela abriu a carta e viu escrito na linda letra de Hiro:


“Oi Tiemi.

Bom, eu nunca escrevi uma carta então vou me esforçar para ela ser boa o suficiente. Vamos lá.

Eu sempre fugi das pessoas. Não queria fazer amizades porque é difícil de dizer adeus. E não dizer, é pior, não é? Se você estiver lendo, é porque já não estou mais aqui para te abraçar e dizer pessoalmente. Eu tenho medo de morrer. Eu realmente queria ter te conhecido antes. Algo não me deixou te afastar de mim. Quem dera eu tivesse conseguido e poupado você desse sofrimento.

Watanabe Tiemi, eu gostaria de agradecer tudo que você fez por mim. Todas as risadas, todos os beijos, todos os abraços. Você cumpriu sua promessa. Eu descobri como é o amor. É uma coisa mágica, não é?

Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Me perdoe por não poder te fazer feliz, eu gostaria de ser capaz. Eu queria lutar, mas meus dias estão contados. Um ano se passou e não tive condições de fazer a cirurgia. Nada mais pode me salvar.

Desculpe não ter te contado antes. Eu só queria viver os dias ao seu lado. Esses dois dias com você fizeram minha vida valer a pena. Muito obrigado mesmo.

Eu não queria morrer sem te dizer, mas, se eu não for capaz de te dizer até lá... Fique sabendo:

Eu amo você.

Com carinho, seu Hiromitsu.”


As lágrimas de Tiemi molharam algumas partes da carta. Ela trouxe o papel até seu peito e começou a chorar. Ela... Ela também o amava. Nenhum dos dois teve tempo para dizer.

Começou a nevar.


Nevava no dia do velório de Hiromitsu. Poucas pessoas apareceram por lá, entre elas estavam poucas da escola, Hanako-sensei, o médico e alguns enfermeiros e até o padeiro. Não chegava a 10 pessoas contando com Tiemi.


Tiemi estava com um vestido preto. Os olhos ainda cheios de lágrimas. Seria difícil superar a perda de Hiro.


Antes de o caixão ser fechado, ela foi até ele.


– Hiro, essa é nossa foto. Estou a devolvendo. Fique bem aonde quer que esteja. Eu estarei sempre pensando em você. – Ela colocou a foto entre as mãos de Hiro. Passou a mão pelo rosto dele. – Eu também te amo, Yoshikawa.


Quando Tiemi saiu, Hanako-sensei estava no carro, esperando por ela. Tiemi sentiu algo atrás dela. Virou-se e viu um acumulo de flocos de neve pairando no ar. A massa se aproximou dela, mas não era fria. Ela sentiu a mesma sensação de quando Hiromitsu estava com ela. Então...


– Não chore por mim. – Ela ouviu uma voz dizer, mas não sabia de onde ela vinha.

–Hiro...?

– Adeus...

– Hiro! Hiro!


A massa voou com o vento, mas ela subia enquanto todo o resto caia.


– Hiro... – Ela apertou a carta dele contra o peito novamente. – Eu serei feliz por nós dois. – Ela olhou para cima e sorriu. – É uma promessa!

– TIEMI! – Hanako chamou do final da escadaria. – Vamos!

– Hai!


Ela desceu as escadas correndo com cuidado e entrou no carro.


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Notas finais do capítulo

The End.
Oh God, eu me apaixonei pelo Hiromitsu e me senti muito culpada por esse final...
tão culpada que no meu site (www.wix.com/yumefics/maidlatte) eu fiz um final alternativo.
Não aguentei gente, sério. Ele merece uma chance.
E SIM, TINHA QUE TER O DRAMA SOBRENATURAL hahaha
UreshiiDangoKisu ;*