A Rosa de Vidro escrita por Rafnir


Capítulo 1
As lágrimas do outono




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20437/chapter/1

Andar por estes bosques... Sinto como se fosse sempre a primeira vez. A cada passo, uma nova descoberta, uma nova tonalidade, um novo aspecto da natureza que desabrocha diante de meus olhos. Me alegro em ver esta profusão de cores, aromas e texturas que explode em cada recanto desta extensão verdejante que me cerca, pois sei que este é, verdadeiramente, o meu lar.

Estas árvores nem sempre estiveram aos meus cuidados. Antes de mim, meu pai as guardava, e antes dele o seu próprio pai, e assim ascendendo até nossas raízes mais fundas e misteriosas. Hoje, estas árvores são apenas uma fração de sua totalidade, uma vaga lembrança da grandeza de outrora. Mas ainda imponente e bela em todos os aspectos...

E, como é de se esperar, sou eu quem agora cuida para que este pequeno jardim da Mãe Terra permaneça intocado e cheio de vida. Pois meus pais, desde há muito, não habitam mais neste mundo: como as folhas de fogo do outono, abandonaram suas árvores e voltaram ao pó, voltando ao grande ciclo que acomete todas as criaturas deste mundo.

E por falar no outono, é ele que agora nos cerca – com sua brisa gélida, seu ar preguiçoso e tranqüilo que nos envolve e fascina, suas folhas flamejantes a dançar pelos caminhos calçados de pequenas e rechonchudas pedras de um cinza fugaz. O outono nos envolve e guarda, anunciando o inverno gélido e imperioso que há de vir.

Chove. Uma chuva fina e suave, quase que gentil àqueles que não querem se molhar. Diferente dos demais, que correm à procura de abrigo, deixo-me estar, bebendo cada gota de água com meu corpo, como se fosse o próprio néctar dos antigos deuses. Ando sob a chuva serena com um largo sorriso no rosto e um calor aconchegante em meu ser. "Deus está na chuva", dizia minha mãe. Estou inclinado a concordar...

E é assim, num caminhar vago, porém firme, que garanto o bem-estar e o equilíbrio dentro de meus domínios... Esta grande e verdejante cobertura de árvores, grama e arbustos que é o meu lar, e que fora lar de meus antepassados. E, como eles, guardo e protejo sem descanso o legado de nossos ancestrais. E assim, protegido nos galhos de minha árvore – um jovem carvalho que cresce oculto em meio de outras árvores – que eu brado, confiante, às muralhas cinzentas e mortas que me cercam:

- Nova York, vil floresta de pedra e ferro: eu sou Lynnoral Josalfar Alpheimyr, aquele que guarda e serve a semente de Gaia que aqui floresce! Eu sou o guardião do Central Park!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Rosa de Vidro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.