Depois que terminou a aula, fiquei no canto onde estava. Pensando o porquê de o Rony ter chamado o Tyler de idiota, sem nem ao menos conhecê-lo. Seria possível que ele estivesse com ciúmes de mim? Isso soava improvável, já que tinha sido ele que me abandonou.

Quando me cansei de ficar sentada ali, fui direto para a Ala Hospitalar.

– Chegou tarde hoje. Seus amiguinhos finalmente perceberam o que você está fazendo com o seu tempo livre, e proibiram você de me ver?

– Cala a boca. NEM venha com suas brincadeirinhas idiotas!

– Meu Deus, que bicho te mordeu hoje?

– Isso é tudo culpa do Rony.

Porque raios eu disse isso? Não estava aqui para falar sobre minha vida pessoal com ele. Só vim para ensiná-lo.

– O que? Ele te mordeu?

Malfoy fez uma falsa cara de espanto.

– Vocês, garotos, são impossíveis de se conversar.

– Ei, não me culpe pelo o que aquele ruivo desbotado fez com você.

– Não fale mal dele!

– Eu não estou entendo você. Há um minuto você não estava com raiva dele?

– Sim, e ainda estou, mas isso não te dá o direito de falar mal dele.

Draco bufou.

– Você, meninas, são impossíveis de se entender.

Ele disse, me imitando.

Dessa vez, eu que bufei.

– O.K., vamos direto ao assunto. Antes que me dê vontade de matar você.

Comecei a dizer às tarefas que iriamos fazer.

– Oh, Merlin, isso vai ser chaaato. - ele disse, alongando a última palavra.

– Pare de reclamar, senão, eu vou embora. Afinal, foi você que me chamou aqui.

– Certo, não está mais aqui quem falou. Desculpa.

Depois de passarmos uma hora fazendo tarefas, Draco pediu um descanso.

– Então... Você vai me dizer o porquê te ter chegado aqui com tanta raiva?

– Olha, se foi pra falar sobre isso que você pediu uma pausa, é melhor voltarmos ao trabalho.

Eu disse, já esticando meu braço para pegar a pena.

– Vamos lá, Hermione. Conte-me. Você acha que é fácil ficar aqui dentro sem fazer nada o dia inteiro? Você tem que me contar o que está acontecendo lá fora, antes que eu morra de tédio. – Draco falou, fazendo cara de coitadinho.

– Você sabe que essa sua cara não me engana, não sabe?

Ele riu.

Eu suspirei e comecei a falar tudo, desde o dia em que o Rony terminou comigo.

Até agora não entendo porque fiz isso. Talvez, pelo fato de que eu não tivesse mais ninguém com quem falar. Eu não ficaria confortável falando disso com a Gina ou mesmo com Harry. Já que ambos têm ligação com o Rony.

Terminei dizendo:

– E eu realmente não entendo porque ele chamou o Tyler de idiota, sem nem ao menos conhecer o cara. É como se ele quisesse dizer com quem eu posso sair.

– Eu realmente não acredito que vou dizer isso, mas eu entendo o Weasley. Ele só está confuso em como deve se comportar com você agora.

– Confuso? Eu que deveria ser a confusa aqui! Você não estava ouvindo o que eu falei? Ele que terminou comigo!

– Eu ouvi. Só estou dizendo que ele pode ter terminado com você, mas que ele também não se adaptou com isso, ainda.

Argh. Estava óbvio que por mais que eu argumentasse, ele continuaria defendendo o Rony. Homens são, realmente, farinha do mesmo saco.

Antes que eu pudesse responder, uma maca entrou na sala. E em cima dela tinha uma aluna, mas seu rosto estava irreconhecível. Estava inchado como se tivessem batido um tijolo em sua cara. E dava pra ver um corte passando por cima da sua orelha. Estava saindo muito sangue de lá.

Minerva veio logo atrás dela, com sua varinha que fazia a maca andar para o canto mais afastado da Ala Hospitalar. Enquanto elas passavam eu vi uma tiara estampada com rosas e para minha surpresa percebi que aquela era Lilá Brown.

Corri para onde Minerva estava.

– Ela está...?

Não consegui terminar a pergunta.

Mas, ela me entendeu mesmo assim.

– Não, ela não está morta. – respondeu sem desviar os olhos de Lilá, a apreensão era palpável em seu rosto.

Respirei um pouco mais aliviada. Mesmo que não fosse uma grande fã da Lilá, eu não desejava a morte para ninguém.

Madame Pomfrey chegou, mandou um olhar preocupado para Minerva e sem falar nada começou a examinar Lilá.

– Meu pai não vai gostar nada disso, vocês sabem – Malfoy balbuciou da sua maca – Assim que ele ficar sabendo que aconteceram dois ataques em uma mesma semana e que, aparentemente, foi a mesma pessoa que causou, ele tentará tirar Dumbledore da direção de novo. E dessa vez, eu acho que ele pode conseguir.

Minerva e eu o encaramos. E percebi que a professora lhe mandava um olhar raivoso.

– Ei, não me olhem assim! Estou apenas constatando um fato. Não significa que eu goste da ideia.

– Dumbledore não permitirá que mais nenhum ataque aconteça. Já estamos investigando. O culpado logo será encontrado e terá sua devida punição. – ela respondeu, em um tom colérico.

Mais calma, continuou:

– Se me dão licença, preciso ir.

Minerva virou-se para sair. Quando chegou à porta, olhou para trás e falou:

– Mantenha-me informada sobre a situação da senhorita Brown.

– Farei isso – depois de ouvir a resposta da Madame Pomfrey, professora McGonagall saiu apressadamente.