"Eu já disse, tinha alguém lá." -Disse irritada.

 O doutor John olhou para mim, e voltou a escrever no caderno.

  "Você acha que eu sou louca?" -Disse segurando minha cabeça com a mão.

  "As vezes, com a adrenalina do momento, muitas pessoas veem coisas que não aconteceram."

  "Mas estava escrito na parede. Eu vi." -Supliquei.

 Ele suspirou.

  "Por que não acredita em mim?"

  "Eu acredito." -Ele assentiu- "Mas vou lhe recomendar alguns medicamentos, para ajudar a se recuperar, foi um susto e tanto." -Ele sorriu.

  "Eu sei o que eu vi." -Sussurrei com raiva.

 Marta me esperava do lado de fora do escritório. Quando saí ela se levantou e sorriu.

  "Ela ficará bem. Pode estar um pouco agitada por causa do ocorrido, por isso recomendo ela a tomar esse remédio." -Ele rabiscou em uma papel amarelo e deu para Marta.

  "Venha querida, acho melhor você descansar um pouco." -Marta pois a mão no meu ombro e me levou até o carro.

 Quando chegamos, todos me olhavam estranho, como seu eu tivesse cometido um crime. Subi para o meu quarto e fiquei lá.

 Por que Reene mentira no que viu? Ela estava lá! Ela que viu primeiro!

 Chutei a caixa de sapato no chão com raiva. Eu chorava de raiva. Todos pensavam que eu era louca. Limpei meus olhos e fui até o banheiro lavar o rosto.

 A água esta bem fria, mas não liguei. Olhei para o espelho pensativa. Meus olhos estavam vermelhos e com olheiras. Enxuguei o rosto e fui até a janela. Estava quase anoitecendo, e pelo céu, iria nevar. 

 Encostei minha cabeça no vidro e fiquei pensando no que havia acontecido na quela tarde. E que talvez, talvez, poderia ter sido algo da minha cabeça, mas então o que Reene apontou? Lembrei que antes disso eu falará com ela.

  "Sabe por que saí na noite passada?" -Abracei minhas pernas.

  "Eu ouvi algo lá fora." -Fitei a lareira- "Parecia alguém."

  "E ai?" -Ela disse.

 "Quando eu fui ver..."

 Eu não havia terminado. Bem na parte que... E se, Victor tivesse ouvindo nossa conversa? Talvez ele não quisesse que ela soubesse.

 Me levantei com esse pensamento.

 É isso. Foi ele que fez tudo, ele não queria que Reene soubesse. 

 Olhei para a janela, dessa vez ninguém estava me olhando. Fui até i banheiro e abri a torneira da banheira. Voltei para o quarto e peguei minha toalha e meu pijama. Quando percebi, já estava quase cheia. Tirei minha roupa e puis no pequeno cesto de palha que focava do lado da pia.

 A água quente fez meu corpo arder, mas logo me acostumei. Eu estava tão cansada disso, queria que tudo estivesse normal. Desde que essas pessoas se mudaram, tudo estava estranho. Mary e tia Sierra...

 Quando acabei, fui até o espelho para escovar os dentes, mas o que vi me fez cambalear para traz. Com o calor da água, o espelho ficou embaçado, onde estava escrito: É nosso segredo.

 Desci correndo as escadas até a cozinha.

  "Senhora Montes!" -Gritei- "Senhora Montes!"

 Marta estava na cozinha e me olhou assustada.

  "O que foi?"

  "Venha! Rápido! Quero que veja uma coisa!" -Puxei ela pela mão e saí correndo. Subi as escadas quase sem folego. Quando entramos no quarto ela me parou.

  "Alicia! O que houve?"

  "Olhe isso!" -Abri a porta do banheiro e ela entrou.

 Segundos depois olhou para mim sem diferença.

  "O que você quer que eu veja?"

  "No esp..." -Mas não havia nada. Fiquei parada, fitando o espelho e me segurando para não chorar, enquanto ouvia Marta dizendo que eu já estava grande para piadinha e que teríamos outra sessão com o psicologo.