Três semanas depois

Era um domingo chuvoso em Londres. Daqueles bem depressivos em que não se tem vontade de fazer nada. Zayn e o resto dos meninos estavam fazendo a passagem de som na Arena 02 pois iriam ter um show hoje a noite.

Cher havia voltado para os Estados Unidos e Danielle foi fazer uma viagem de um mês com o LMFAO. Resolvi ligar para Eleanor e Katy – as únicas disponíveis na cidade – e as chamei para vir aqui pra casa. Aproveitei e pedi para Katy trazer a Mel de volta, que por conta do meu acidente ela teve que voltar pra casa de Katy. Enquanto as duas não chegavam resolvi ir a padaria buscar chá e bolachas para o café. No caminho me lembrei da última vez que eu tinha ido lá, e na volta acabei sendo perseguida por fãs maníacas que quase me fizeram quebrar o pé.

Quando voltei encontrei El e Katy sentadas em frente a minha porta totalmente ensopadas. Mel estava ali, molhada também.

            - Oii coisinha fofa da mamãe! Sentiu saudade foi? – falei abraçando Mel e me molhando toda.

            - Incrível, ela se importa mais com a cachorra do que com nós – Katy falou pondo-se de pé e braços cruzados.

            - Me desculpa – falei lembrando que as duas estavam ali – entrem... Mas o que aconteceu com vocês duas?

            - Trocaram de porteiro – Eleanor começou

            - E como ele não me conhecia – Katy continuou

            - E você não estava em casa

As duas falavam completando uma a frase da outra.

            - Ele só nos deixou entrar porque eu o fiz ligar pro antigo porteiro e perguntar se ele me conhecia – Katy falou

            - Enquanto isso nós ficamos trancadas do lado de fora – Eleanor finalizou.

            - Mil perdões – falei tentando não rir – Vocês querem tomar um banho?

            - Agradeceríamos – El falou passando as mãos sobre seus cabelos (perfeitos por sinal) todos molhados e fazendo cara de nojo.

    ***

Depois de devidamente vestidas e secas, Katy e Eleanor estavam na sala escolhendo o filme que iríamos ver enquanto eu preparava o café da tarde. O típico chá das 5h daqui de Londres. Foi então que a campainha tocou.

            - ABRAM PRA MIM! – berrei

Ouvi o barulho da porta se abrindo. Imaginei serem os garotos voltando da passagem de som mas, não ouvi nenhum ruído seguido, estava um silêncio, e isso nunca acontece quando eles chegam. Me dirigi até a sala para ver quem era.

            - Quem está aí...? ...Pai.

Ele estava com uma aparência horrível. Magro, com olheiras, pálido, um ar nada saudável.

            - O que você quer? – perguntei fazendo força pra não sair correndo de onde eu estava e ir abraçá-lo.

Ele não falou nada, olhou para Eleanor e Katy como se quisesse que as duas saíssem dali.

            -Não se mexam! – falei – vocês são minhas convidadas! Vão ficar bem aí!

            - Nós não nos importamos Jess – Eleanor falou

            - É, eu vou mostrar pra El seus Cd’s – Katy falou puxando Eleanor para dentro de meu quarto

            - Filha, por favor – a voz dele estava rouca – Precisamos conversar...

            - Ah, você acha... – falei irônica – Nós já tivemos uma, se lembra?

            - Eu estou arrependido filha... Eu sei que eu errei, achei que aquilo era o melhor a fazer.

            - VOCÊ ACHOU? VOCÊ REALMENTE ACHOU QUEPROBIBINDO O HOMEM QUE EU AMO DE ME VER IA MELHORAR AS COISAS PRA MIM?

            - Ele só te trouxe problemas filha...

            - E FOI A MELHOR COISA QUE JÁ ME ACONTECEU! TODOS OS PROBLEMAS! Pai... eu realmente aprendi o que amar do lado dele – falei com lágrimas nos olhos, os dele também estavam a ponto de transbordar.

            - Por favor, me perdoa – sua voz falhou.

Aquelas palavras me atingiram como facas em meu peito. Eu nunca o tinha visto tão frágil como estava ali.

            - Não... Não posso – as palavras cortaram minha garganta por inteiro – hoje não.

Ele baixou a cabeça e fechou os olhos. Vi uma lágrima sair de seus olhos e aquilo me fez quebrar em mil pedaços. Ele retirou um envelope do bolso e o depositou em cima do balcão perto da porta, deu meia volta e saiu.

Eleanor e Katy reapareceram, elas obviamente ouviram toda a conversa. Limpei rapidamente as lágrimas em meu rosto.

            - Vai ficar tudo bem, eu garanto – El falou dando leve tapinhas em meu ombro.

Me dirigi até o balcão para abrir o envelope.

            - A TPM nos deixa mais sensível mesmo – Katy falou tentando descontrair.

O meu choro não era por causa da TPM, não mesmo. Na verdade, fazia tempo que eu não entrava na TPM nem naqueles dias, tanto faz.

Clínica Geral De Londres

Segundo os recentes exames de sangue realizados em laboratório no paciente, estamos cientes de que o mesmo possuí tísica pulmonar e é necessária a internação imediata do paciente devido ao rápido agravamento da doença.

Não... Não pode...

Ouve novamente um silêncio, de repente um estouro que me fez dar um mini pulinho e em seguida gritos.

Corri para a janela para ver o que havia acontecido. Havia uma enorme aglomeração de pessoas no meio da rua em volta de um homem. Ele estava jogado no chão gritando e se contorcendo de dor. Era magro e tinha cabelos grisalhos... Não, não, não é... AH MEU DEUS É ELE!

            - PAAAAAIII!