Eu me lembro do olhar de ódio e surpresa de meu pai naquele momento. Ele ficou vermelho de raiva, quase roxo. Zayn congelou na cama. Eu achei que os dois iam ter uma taquicardia ali.

Flash Back

            - Pai?? – falei sem entender nada

            - O que ele está fazendo aqui?!

            - Senhor, eu posso explicar – Zayn falou rápido afastando-se de mim

            - Pai! Quer por favor me dizer o que está acontecendo?

            - Ele não devia estar aqui! – meu pai falou começando a ficar púrpura.

            - Ele não devia estar aqui? Ele é meu namorado! Ele devia estar aqui sim!

Meu pai parou por um instante me olhando sem parecer entender o que eu estava falando.

            - Você lembrou dele?!

            - Sim, eu lembrei!

Meu pai jogou-se na poltrona que havia em um canto, segurando a cabeça com as mãos.

            - É melhor eu ir indo... – Zayn falou indo em direção á porta

            - NÃO! – berrei – VOCÊ VAI FICAR EXATAMENTE ONDE VOCÊ ESTÁ! NINGUÉM SAI ATÉ EU ENTENDER O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI!

Flash Back Off

Essa cena ficou se repetindo várias e várias vezes em minha mente o dia inteiro. Eu consegui fazer Zayn e meu pai explicarem tudo o que tinha acontecido, e no final de tudo, eu estava chorando. Como meu pai podia ter feito aquilo comigo? Proibir o Zayn de me ver? Ele não tinha esse direito, não tinha.

            - Seu pai está na porta do seu apartamento batendo na campainha a mais de 20 minutos – Zayn falou entrando no quarto com duas canecas de chocolate quente.

Eu tive uma enorme briga ontem no hospital com meu pai. Acabei saindo de lá chorando. Eu previ que ele viria aqui em casa, então fui para a de Zayn. Eu estava deitada em sua cama colocando um filme do Harry Potter. Eu estava tentando esquecer aquilo tudo.

            - Ouviu o que eu falei? – ele falou deitando-se ao meu lado e me entregando o chocolate quente.

            - Sim

            - Não vai ir lá falar com ele?

            - Não. Não quero falar com ele – essa palavra custou para sair de minha garganta. Doeu. Eu queria falar com ele. Queria abraçá-lo. Por mais que ele estivesse errado, eu não conseguia ficar longe dele. Nem dele nem de ninguém que eu goste. Esse é o meu grande defeito.

            - Jess, ele é seu pai...

            - Por favor, Zayn, eu estou tentando esquecer tudo isso, pelo menos por hoje.

            - Você sabe que vai ter que falar com ele mais cedo ou mais tarde... – ele insistia. Ok, quando ele resolveu virar terapeuta?

            - Resolveu dar uma de Liam, foi?

            - Ah, esqueci de avisar! Os garotos vão vir pra cá daqui a pouco.

            - Garotos?

Eu havia me lembrado de Zayn, não de todo o resto. Zayn tinha que ficar repetindo várias vezes quem era quem para mim. Eu me lembrava na hora, mas depois de um tempo eu esquecia novamente.

Ele respirou fundo.

                - Louis, Niall, Liam, Harry... Meus amigos, colegas de banda. Os loucos que nunca param quietos...

                - Ah! Eles! – falei me lembrando de todos animada. Logo perdi o entusiasmo, não queria visitas hoje. Não queria ver ninguém. Queria ficar em casa apreciando os prazeres do chocolate quente. Eu queria ver os garotos novamente. Estava com saudades. Mas não precisava ser hoje.

            - Eu sei que você queria ficar quieta hoje, mas eles se convidaram! Louis ligou dizendo “Vamos passar aí, nos espere, e espero que tenha comida” E depois desligou! Nem me deixou responder.

            - Ótimo... – bufei – Vou tirar o pijama...

Me levantei sem vontade da cama e fui até a sala onde minha mala se encontrava. Peguei minha calça de moletom preta, uma flanela roxa e minha alpargata verde. Sim, eu em casa quase me passo por mendiga. Aproveitei e fui até o olho mágico da porta ver se meu pai ainda estava ali. Não, já tinha ido embora. Senti um aperto no coração. Odiava tudo aquilo. Tentei esquecer os acontecimentos recentes e fui para o banheiro me trocar. Quando saí, encontrei Zayn na sala me olhando e rindo.

            - Que lindo seu senso de moda – ele falou

            - Idiota – atirei uma almofada nele.

            - Olha a bagunça! As visitas vão chegar daqui a pouco! – ele falou como uma típica mamãe.

Não deu dois segundos e a campainha tocou e Zayn foi abrir a porta.

De onde eu estava não conseguia ver quem era, mas tinha mais do que quatro garotos atrás da porta. Tinham mais quatro rostos femininos, três conhecidos, um eu tinha certeza que nunca havia visto. Eu fazia força para tentar reconhecer quem era. Todos tinham balões nas mãos e chapéuzinhos coloridos nas cabeças. Mas o que era aquilo?