A vida em Londres estava um inferno. Eram jornais e revistas contando a mesma história pela 3ª vez, e sempre era uma versão diferente, ainda por cima, o homem do outro carro envolvido no acidente estava processando Zayn. Ele não podia sair na rua sem ter uma pessoa apontando e falando sobre o quão irresponsável ele era.

E foi por isso que ele decidiu passar cada minuto que ele tinha ao lado de Jéssica. Chegava ao hospital as 7 da manhã, e, saía as 5 da madrugada do outro dia para tomar banho e logo em seguida voltava. Em uma das arrumações que ele fez no apartamento de Jéssica achou um livro que ela estava lendo, provavelmente antes de ir viajar com a banda, chamava-se Diário De Uma Paixão. Ele levou o livro para o hospital e começou a ler para ela, todos os dias no final da tarde.

Em uma das vezes em que ele lia o livro, sentiu a mão Jéssica pressionar a sua. Eram 9h e 45min da noite. Ele se levantou e saiu correndo pelos corredores segurando as lágrimas, estava a procura do médico que estava cuidando de Jéssica. Porém, quando o médico chegou ao quarto, não viu nada. Os sinais continuavam os mesmos, ele dizia que aquilo era coisa da cabeça de Zayn, por passar tanto tempo ali. Disse que ele precisava passar uns dias em casa. Zayn se recusou e disse que iria ficar ali até o momento em que ela voltasse a abrir os olhos. O médico vendo que ele não tinha mais jeito deixou o quarto e voltou para o seu consultório, e assim que ele fechou a porta Zayn começou a chorar. Um choro de dor, misturado com culpa e angústia. Ele acreditava que Jéssica havia apertado sua mão. E nada o fazia mudar de ideia.

As pessoas diziam que ele estava louco. Paul, pai de Jéssica, não olhava nos olhos de Zayn quando ambos se encontravam. Ele só não expulsou o garoto do hospital por que Clara não deixou. Liam, Niall, Harry e Louis iam toda a semana ver como as coisas estavam indo. Katy também ia, mas com menos frequência já que tinha começado a trabalhar. Cher ligava todo o sábado à noite sempre na esperança de ouvir um “ela finalmente acordou”, mas o que ela realmente ouvia era uma voz de choro de Zayn falando “ela ainda está dormindo”.

Zayn conversava com Jéssica sobre tudo o que era possível. Falava sobre as notícias atuais, sobre como o namoro de Louis com Eleanor estava indo bem, cantava músicas, fazia desenhos para ela, recitava poemas e cenas de suas peças teatrais da escola. Ele também terminou de ler todo o livro que ela estava lendo.

Foi assim durante 41 dias e 40 noites. Até que na manhã do dia 24 de agosto, às 10 horas e 53 minutos, onde o sol iluminava todo o quarto, dando um leve brilho ao rosto de Jéssica e a brisa da rua trazia para dentro do quarto o cheiro das rosas na janela, enquanto Zayn recitava um monólogo da sua última peça de teatro feita na escola, um vento diferente, leve e quente, adentrou o quarto acariciando o rosto dos dois e em seguida o – bip, bip, bip – das maquinas parou. Quando tudo cessou e o silêncio no quarto começou a tornar-se um barulho ensurdecedor, as máquinas voltaram a trabalhar, em uma velocidade dobrada, e os olhos da amada se abriram, encarando o teto.

Zayn sentiu todo seu corpo tremer. As lágrimas começaram a escorrer por todo o seu rosto.

                - Jéssica? – ele sussurrou, chorando e rindo ao mesmo tempo, segurando com firmeza a mão da garota.

Ela baixou os olhos para encarar Zayn e não respondeu, encarou Zayn por alguns segundos e em seguida retirou sua mão da de Zayn, puxando para perto de seu corpo. Seus olhos estavam com medo.

Zayn não entendeu aquilo e segurou a mão de Jéssica novamente. Ela retirou a mão e tentou gritar mas não conseguiu, olhou para os lados desesperada e depois olhou para Zayn, que ainda tinha lágrimas em seu rosto. Ela estava com medo de Zayn. O que ela via era um homem moreno segurando suas mãos e chorando. Um desconhecido que tentava tocá-la. Um estranho.