Bella PDV

Isabella já estava em 17 de novembro de 2011, e não havia conseguido emprego algum no shopping, todas as lojas estavam cheias de funcionários temporários. A cada noite seu menino perguntava sobre a vinda do Papai Noel, e a resposta era sempre a mesma, que o bom velhinho iria vir. Todas as opções pensadas por Bella não deram certo, ainda tinha um pouco mais de um mês pra pensar em algo que trouxesse o Papai Noel a sua casa na noite de 24 de dezembro.

Era mais um dia na lanchonete, cheia de clientes famintos logo pela manhã, Isabella já trabalhava há vários dias sem descanso algum, e em casa ainda tinha Thony pra brincar e cuidar, não havia tempo pra pensar enquanto estava no trabalho, servir mesas, anotar pedidos e ainda ouvir as lamentações da Senhora Newton, era tudo o que Bella conseguia pensar e fazer até às 18h15min, quando seu turno acabava, então ia pra casa fazer o jantar, brincar e dormir era essa sua rotina.

Isabella sempre sonhou em ter um marido, filhos e uma bela casa, seu sonho sempre foi ser professora, mas uma gravidez não planejada e um namorado que a abandonou sozinha no mundo, não permitiu que fosse a faculdade, logo toda a cidade sabia da mãe solteira e passou a falar da moça, ela tentou fugir o máximo de tudo isso pra que nem ela nem seu bebê sofressem, seu menino quando nasceu era tão pequeno e fraquinho, mas veio ao mundo com uma garganta forte, Anthony, o único homem que ela confiaria para toda sua vida, ele era seu porto seguro, o sorriso com covinhas e os cabelos de “menina” como ele dizia.

- Mamãe? – Bella foi tirada de seus pensamentos por um menininho vestido com o pijama do Ben 10 doido pela janta.

- Tô com fome! – ele colocou a mão na barriguinha e a mesma roncou na hora.

- Alguém está com muita fome. – Bella foi em direção à cozinha para dar o jantar ao menino.

Naquela noite ela havia feito o último pacote de macarrão com queijo para os dois, na manhã seguinte ela teria que receber dos Newton ou não teria dinheiro para o jantar, ela tentou afastar esse pensamento ruim da mente e tratou de comer com seu filho, Bella sabia que Sue jamais a deixaria na mão, mas pedir ajuda a pobre senhora toda vez que ficasse sem dinheiro não era certo.

Ambos jantaram em meio a conversas de Anthony sobre os aliens e personagens do seu desenho favorito, Bella trouxe da lanchonete um pouco de mousse que Mike lhe dera como um agrado já que ela recusou-se mais uma vez a sair com ele, os olhos de Thony brilharam quando o menino viu o doce de chocolate encima da mesa.

- Quero um montão mamãe, ainda tem espaço aqui. – menino bateu em sua barriga, mostrando que poderia comer um pouco do mousse.

- Ok! Mamãe te dá um montão. – ela colocou um pouco do mousse em uma taça e deu ao menino.

Anthony comeu todo o doce como um mocinho, e não se sujou, coisa que fez Bella ficar admirada, ele mostrou o pijama limpo com orgulho para a mãe.

- Sou grande mamãe, e não posso me sujar depois do jantar. – o menino explicou.

- E por que não pode?

- Por que tenho que ser um bom menino pra você e não me sujar, senão o Papai Noel não vem me visitar.

- E o Papai Noel já disse que vem mesmo? – ela perguntou ao menino.

- Claro mamãe! Eu a Tia Sue mandamos uma carta pra ele. – o menino explicou a mãe.

- Uma carta? Mandou pra quem Anthony?

- Mamãe, a tia Sue me ajudou a escrever uma cartinha, pro Papai Noel depois me levou lá no... no... no lugar pra quem manda as coisas pra casa da gente, e eu mandei pra casa do Papai Noel. – ele falou tudo isso olhando para sua mãe, mostrando toda a confiança de um menino de cinco anos.

- E o que você escreveu? – Bella achou fofo o menino mandar a cartinha e muito gentil de Sue tê-lo ajudado.

- Segredo! No dia do natal, ele vai vir aqui já que tem meu endereço e vai me dar o nosso presente. – o menino não contaria a mãe o que pediu, ele esperava que antes do natal o Papai Noel desse o emprego a ela.

- Nosso presente? Você pediu um pra mim também? – ela perguntou curiosa.

- Sim mamãe! O seu, um pra mim e pra Tia Sue. – o menino sabia que o emprego ajudaria ele e sua mãe, sem contar os anos de vida que ele pediu pra Sue.

- Vamos esperar então, e ver o que o Papai Noel vai trazer pra você. – Bella não sabia o que o menino havia pedido, mas com certeza era algo envolvendo seu personagem favorito o ‘Ben 10’.

-Claro! Claro, vamos esperar o nosso presente. – o pequeno Thony ficaria acordado a noite toda de natal pra ver o Papai Noel trazer o presente de sua mãe.

Após toda a explicação sobre a cartinha do Papai Noel, Bella e Thony escovaram os dentes e deitaram em suas camas, o menino ainda demorou a dormir, pois tentava imaginar como o Papai Noel teria a chave da sua casa, ou se ele teria que deixar a porta aberta para que ele entrasse de noite sem problemas, com esses pensamentos o menino adormeceu.

Sua mãe dormiu pensando em como traria o presente pedido pelo Papai Noel, agora ela teria mesmo que se vender se preciso fosse para que o menino tivesse um bom natal e seu presente.

Edward PDV

Relatórios, contratos, assinaturas, ele iria ficar doido antes de sair de férias com certeza iria.

Já havia se passado alguns dias desde que Edward lera a cartinha de Thony, e desde então não parou de pensar no menino e em sua família.

 Alice leu a cartinha do menino antes de entregar ao irmão, e antes que Edward falasse qualquer coisa, sua irmã já havia avisado que a família Cullen teria uma única criança aquele ano e ela era ‘Anthony Swan’.

Toda a família se reuniu em um almoço na empresa mesmo para que Alice lesse a cartinha do menino, sua mãe ficou emocionada com o amor da criança e pelos pedidos feitos, ele apenas queria que sua mãe fosse feliz e tivesse um bom emprego, Rosalie sua cunhada chorou, Emmett o irmão mais velho já queria se vestir de Papai Noel e ir visitar o menino em pleno novembro, Jasper e seu pai Carlisle foram os mais calmos e ambos queriam dar o emprego a jovem mãe do menino, já que um pai seria difícil.

No almoço em 17 de novembro toda a família Cullen decidiu ajudar Anthony Swan e sua mãe.

O primeiro passo seria encontrar Isabella Swan, a mãe de Thony, todas as cartas tinham endereço e nome dos pais, ele não queria assustar a moça ou o garoto, então a ideia foi de Edward escrever uma carta explicando o que havia acontecido e dizendo que gostaria de ajudá-los.

Edward passou o resto da tarde em seu escritório, após o almoço com a família, ficou em sua responsabilidade a escrita e o envio da carta a mãe de Anthony, ele trabalhou e tentou se concentrar em algo e esquecer do assunto por algum tempo, mas ele não fazia a mínima ideia de como escrever essa carta dizendo que queria ajudar o menino, em todos os anos ele apenas comprava presentes e os enviava as crianças com belos cartões, mas dessa vez o presente não poderia ser entregue pelo correio, a criança havia pedido algo que ele teria que dar pessoalmente.

Ele pensou em ligar para Alice e pedir que ela mandasse a carta, mas conhecia sua irmã e sabia que ela com certeza, iria à casa de Isabella e falaria direto com a moça, o que ele menos queria nesse momento era assustá-la, ele queria ajudar Anthony e sua mãe.

Ele foi pra casa sem ter ao menos começado a carta, tomou banho e comeu pensando em como iniciar, e nada vinha a sua mente, Edward sentou em sua cama com o notebook no colo com uma leve de ideia de como começar a digitar a carta.

I've been walking in the same way as I did

Missing out the cracks in the pavement

And tutting my heel and strutting my feet

Is there anything I can do for you dear?

Is there anyone I can call?

No and thank you please Madame

I ain't lost just wandering

Olá Isabella!

Sou Edward Cullen prazer!

Você não me conhece, pelo menos eu acho que não, leia a carta até o final ok! Tenho coisas a lhe explicar e o motivo de um estranho te mandar uma carta.

Anualmente eu adoto uma criança que manda sua cartinha ao Papai Noel, todos na minha empresa fazem isso, as crianças mandam aos correios e eles enviam algumas cartas a nós, mandamos os presentes e ajudamos as famílias.

Este ano, eu recebi em minha mesa a cartinha de um menino chamado Anthony Swan de cinco anos, ele me fez um pedido de natal que eu gostaria muito de realizar, porém pra que isso aconteça, eu preciso conhecê-la e ver o menino tão decido e responsável que me enviou a cartinha.

Todos os dados da minha empresa estão nessa carta, não tenha medo eu quero apenas ajudá-la, é estranho alguém que você nunca viu querer te ajudar, mas é natal! E todos nós mudamos nesta época do ano.

Eu gostaria de conhecê-la e dar os presentes que o seu filho Anthony pediu na carta. Não ignore ou me ache maluco, me deixe ajudá-los!

Entre em contato comigo pelo telefone ou venha até a empresa e me procure, estarei esperando você para que eu possa dar os presentes que seu filho pediu.

Atenciosamente

Edward Anthony Cullen

Edward terminou de digitar a carta e enviou a sua secretária para que na primeira hora da manhã seguinte um mensageiro levasse até a casa de Isabella. Ele desligou o notebook e arrumou-se na cama para dormir, já era normal nos últimos dias Edward ter noites sem sonhos.

O dia amanheceu e toda a sua rotina foi feita mais uma vez, no escritório quando chegou foi comunicado de que a carta já havia sido entregue ao destinatário e em mãos pelo mensageiro, agora só restava esperar o contato da mãe do menino ou sua aparição no escritório.

O plano dos Cullens, não era apenas em dar o que o menino pediu. Alice, Rose e sua mãe queriam dar presentes ao menino, Emmett já havia mandado fazer sua fantasia de Papai Noel, mesmo contra a idéia ele achou divertido ver o irmão tão empolgado em se vestir de Papai Noel para uma criança, seu pai e Jasper ainda não sabiam onde colocariam a moça, mas a empresa era grande e em algum lugar ela trabalharia.

Passaram dois dias desde envio da carta de Edward a mãe de Anthony, nenhuma resposta foi recebida, toda a família deixou recado que Isabella Swan era autorizada a falar com qualquer Cullen em qualquer momento, mas isso não aconteceu, em dois dias à moça não apareceu ou ligou.

Ele já estava desanimado e não acreditava em um contato da mulher, com certeza ela devia ter ficado assustada com a carta, um estranho querendo ajuda-la no natal? IDIOTA EDWARD! Devia ter apenas mandado o boneco ao menino e uma carta de indicação para a moça, ficou ouvindo as ideias da Alice, veja no que deu.

Eram 17h45min quando Edward pegou suas coisas e saiu do escritório, sua secretária havia ido embora um pouco antes, o telefone da mesa dela tocou, tocou e no terceiro toque Edward atendeu.

- Cullen falando. – ele tinha uma voz de comando em todo e qualquer momento.

- Boa Tarde! É, eu... eu queria falar com Edward Cullen, por favor! – a voz do outro lado era calma e doce.

- É ele falando, quem é? – ele perguntou.

-Sou Isabella Swan, você me enviou uma carta. – ela respondeu um pouco nervosa, pois agora sabia com quem estava falando.

- Isabella Swan? A mãe de Anthony? – ele perguntou, sabia que não havia outra Isabella, mas por via das dúvidas perguntou.

- Sim! Na carta dizia pra eu entrar em contato com o Senhor. – ela respondeu.

- Claro! É que já se passaram dois dias e não tive resposta. – ele estava frustrado pelo fato de não ter recebido um retorno até aquele momento.

- Oh! Me perdoe senhor, eu... é eu só pude ligar agora. – ela se explicou.

Porra Cullen!

Ela deveria estar trabalhando, na carta Anthony disse que ela trabalhava demais, seu grande idiota. Disse a si mesmo.

- Sem problemas, fiquei apenas frustrado. – respondeu

- Tudo bem, se já tiver encontrado outra criança por causa da minha demora. – ela acreditava mesmo que ele procuraria outra criança?

- NÃO! – ele meio que gritou – Não! Anthony ainda é minha criança, não mudei nem encontrei outra. – ele era seu! A sua criança daquele natal.

- Que bom! Eu... é liguei pra saber o que o senhor deseja. – ela parecia sem graça.

- Que me chame de Edward, pode ser? – ele não devia ser tão mais velho que ela, e Senhor Cullen era seu pai.

- Me desculpe! – ela realmente estava sem graça.

- Ok! Vamos ao importante, eu preciso conhecer você e Anthony. – ele foi direto no ponto.

- Senhor Cullen. – ela disse

- Edward, apenas Edward. – respondeu.

- Sim! É Edward eu não sei o que meu filho pediu de natal na cartinha, na verdade descobri que ele havia escrito uma há poucos dias. – ela se explicou.

- Sem problemas Isabella, ele é esperto, pediu uma coisa e não te contou, mesmo você não sabendo, é algo bom. – o menino era mesmo responsável, não levava preocupações à mãe.

- Ele não me disse, apenas sei que o Papai Noel vai dar a ele ou quero dizer, é o Senhor que dará. – ela não iria mais chama-lo de Edward?

- Com toda a certeza do mundo eu darei o que ele pediu, por isso preciso conhecer vocês dois. – ele não contou do emprego, muito menos do boneco novo.

Riu lembrando-se de como ele colocou o boneco novo, o menino deve ter ficado sem fôlego escrevendo e falando ao mesmo tempo.

‘Sabe, eu queria pedir um brinquedo, mas só se o senhor quiser TEMUMBONECONOVODOBEN10QUEEUQUERO.’

- Nos conhecer? Tem certeza? – ela estava com medo, medo do desconhecido.

- Sim! Ver você e Anthony, antes que pergunte não direi o que ele pediu, mas preciso ver vocês dois. – ele não daria uma carta de recomendação a ela ou um emprego do nada.

- Eu trabalho, na verdade não posso me afastar do trabalho por muito tempo. – ela lhe explicou.

- São poucas horas, uma conversa rápida Isabella. – ele precisava ver quem eles eram e conhecer o menino.

- Mesmo assim, não posso deixar o trabalho, me desculpe! – ela precisava do emprego novo, que tipo de chefe não a deixaria sair por algumas horas?

- Não existe um dia, um dia que você possa sair?

- É, um dia, é... – ela estava divagando.

- Serei rápido, eu prometo. – só ia conhecê-los mesmo e ir embora, daria o boneco e mandaria a carta de emprego depois.

- Um dia... dia, dia 28 de novembro, tenho uma folga vou levar Anthony para patinar no gelo no centro, você pode nos encontrar lá? – ela patinando era raro, fazia apenas por seu filho, já que nascerá toda descoordenada.

- Deixe me ver aqui. – Edward olhou no planejamento de sua secretária, e procurou dia 28.

* 27 de novembro – reunião de fechamento do mês.

*28 de novembro –

*29 de novembro – reunião com os todos os chefes de departamento.

Não! Não havia nada marcado para 28 de novembro.

- Isabella? – ele chamou ao telefone.

- Sim, senhor Cullen.

- Edward, só Edward. – ele riu mais uma vez.

- Edward, claro pode dizer, está ocupado? Posso ver outro dia pra folgar (ou tentar folgar, foi o que ela pensou na verdade).

- Não! Dia 28 é perfeito, ligue pra esse mesmo número amanhã a tarde e marque com a minha secretária pode ser?

- Ai! Claro, estamos há quanto tempo no telefone? Desculpe-me esse número é da empresa, sim? – ele nem perceberá a quanto tempo estava no telefone com a moça de voz doce.

- Não se desculpe, nem percebi. – ele realmente não notou o tempo passar.

- Ligarei amanhã logo cedo pode ser? – era o único momento que teria livre, logo pela manhã.

- Sim, pode ligar a partir das 08h30min.

- Ligarei Edward, é obrigado e boa noite.

- Estarei esperando, será um prazer, cuide de seu menino e boa noite!

- Obrigada por nos ajudar. – ela agradeceria a ele eternamente se preciso fosse.

- Se cuide Isabella e boa noite. – ela desligou o telefone, do outro lado Edward colocou o telefone do gancho feliz, o menino Anthony seria ajudado.

Em 28 de novembro todos se conheceriam, Isabella e Anthony mudariam de vida, e Edward? Qual seria a mudança da vida dele?

O empresário dirigiu para casa, ainda pensando na doce voz de Isabella Swan, a moça que não poderia deixar o emprego por algumas horas, a moça que aceitou a sua ajuda sem mesmo conhecê-lo, a pessoa que amava seu filho e faria tudo por ele.

Isabella chegou em casa após aquela conversa ao telefone, mais tranquila, porém ainda com medo. Medo do desconhecido que se dispôs a ajudá-la. Sabia que naquela noite o filho a faria novamente a pergunta sobre o Papai Noel.

- Mamãe?

- Sim querido

- Papai Noel vem esse ano? – era a mesma pergunta toda a noite, dessa vez Isabella sorriu e respondeu.

- Ele vem querido, e trará um amigo! – sim Edward Cullen o amigo do Papai Noel.

- Um amigo? Um duende amigo? Um duende amigo igual ao Grinch?  - Anthony amava o monstro verde do natal.

- Espero que não querido, mas o Papai Noel virá sim este ano!

Isabella dormiu tranquila, pensando em seu filho e no rosto do desconhecido, seria ele bonito? Novo ou um senhor de idade? Ou como Anthony disse um duende, alguém verde com o Grinch.