Morning Light escrita por Dani


Capítulo 31
XXVII - Brick by brick


Notas iniciais do capítulo

Oie tributos, mais um cap lotado de informações. Prometo responder os reviews assim que possivel, mas no momento tenho que ir correndo pra aula de inglês e depois estudar física a tarde toda. Espero que gostem :) BOA LEITURA!
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Trailer pra quem não viu ainda: http://www.youtube.com/watch?v=uUfFfqTed6M&feature=plcp



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Me olho no espelho do enorme quarto antes de fazer o que eu devo fazer. Por um bem maior.


Eu sei o que fazer, Rue me deu todas as coordenadas. Tenho certeza do que fazer, mas preciso acreditar que estou fazendo o que é certo.


Rue me contou o básico para que eu não me sentisse completamente perdida. Estamos em um lugar subterrâneo e há um quarto aqui reservado para mim, para quando eles decidissem me tirar daquele lugar. Quando decidissem que eu estava pronta para ser o “tordo” que eles precisavam.


O quarto tem as paredes pintadas de um vermelho escuro com detalhes em ouro. Tudo está organizado, segundo Rue, hoje seria o dia em que eles me tirariam daquela cela, por isso eu e Finnick dividimos ela por um tempo.


Há comida, roupas na cama e uma banheira com água quente.


Deito-me na banheira. Ouço a música ambiente e tento me esquecer do que estou prestes a fazer.


A porta do meu quarto, que eu tomei o cuidado de trancar, se abre.


– Pensei que tinha fugido. – ouço uma voz. Saio da banheira e visto uma coisa que parece ser uma casaco feito de toalha. É macio e seca minha pele quase instantaneamente. Não temos isso no Distrito 12.


– Não vale a pena. – ouço minha voz dizer. – A revolução precisa ser feita.


Mist solta um gemido de prazer. Estou dizendo exatamente o que ela quer que eu diga.


– Quando será a cerimônia? – pergunto a ela.


– Amanhã. Ao pôr-do-sol. – ela diz e quando me sento na cama, ela começa a mexer em meus cabelos. Meus instintos me dizem para agredi-la, mas fico quieta. – Nós estávamos com medo de termos perdido todo o nosso trabalho por causa daquele garoto.


Olho para ela deixando claro que não entendo o que ela diz.


– Quando você começou a se aproximar da Capital, começamos a ter... O controle sobre você. Porém você acabou se apaixonando pela cria da maluca do 4. Isso deixou-nos um tanto desapontados. Seres humanos são tão cheios de sentimentos inúteis, isso, a sua paixãozinha por ele, atrapalha o nosso comando. Fica mais difícil de... Entrar na sua cabeça. – ela fala. – Mett ficou furioso e queria matar o menino imediatamente. Mett pôs na cabeça que se você significaria nossa liberdade e triunfo, você deveria ser dele e apenas dele. Mas logo pensei que se você gostava do Odair, poderíamos te controlar quando estivéssemos com ele, como um tipo de refém. – ela diz se vangloriando. – Eu sempre sou mais racional enquanto Mett acha que pode sair matando todos. Ele não percebe o quanto as pessoas são vulneráveis por terem sentimentos e que assim podemos dominá-las por completo.


Suas palavras me dão enjôo, mas continuo ouvindo atenta, como se concordasse.


– Mas eu ainda estou curiosa. – ela diz. – O que te fez mudar de opinião? Você parecia que não queria nada conosco, comecei a achar que teríamos que te forçar, ou usar a ligação mental que você e Mett têm.


– Mas não foi preciso. E eu me cansei dela. – digo por fim. – de minha mãe.


– De qualquer forma, ela não confia em você, Primrose. Ela te internou sem ao menos se despedir. – ela faz o gesto de negação com a cabeça e então arruma meus cabelos, de um jeito falsamente fraternal. – Até mesmo seu pai se cansou dela.


Meu coração bate mais rápido, mas finjo que aquelas palavras não me afetaram.


– Meu pai? – pergunto.


– Sim. Agora temos o pai e a filha ao nosso lado. – ela diz começando a rir. – O Tordo está, digamos assim: emocionalmente desprotegida. – ela se levanta e pega um vestido no armário. O mesmo vestido negro e curto que vi em meu sonho, o sonho em que matei minha mãe. – Finalmente terminaremos o trabalho que meu avó não conseguiu. E com você do nosso lado, toda a Panem estará também.

–--

Então começo a andar pelo corredor de pessoas, exatamente como em meu sonho. Todas vestidas de um manto nego. As pessoas que estão ali não são meus pais, amigos e familiares. São todos estranhos, que sorriem para mim de modo malicioso, como se todos nós compartilhássemos de um segredo que nos fizesse unidos.


Tento não demonstrar o desprezo que sinto por cada um deles.


Então reconheço um rosto e penso que perdi todos os meus batimentos. Cabelos loiros e lábios vermelhos: Lori.


Sentado em um trono estúpido está Mett e Mist está ao seu lado. Eles cochicham e parecem orgulhosos, como se eu fosse a criatura que eles tinham orgulho de terem criado.


Ajo com naturalidade. Todos estão ansiosos, hoje é o dia em que eu e Finn seríamos apresentados oficialmente a toda a Panem e que responderíamos perguntas feitas pelos habitantes do país. Mas todas as pessoas presentes neste mesmo cômodo que eu tem outros planos.


Mist me apresenta a todos e a fila se dissipa. Eles começam a beber, comer e comemorar. Puxo Lori pelo ombro.


– O que você está fazendo aqui? – pergunto a ela sem emoção na voz, não sei se ela é parte do plano.


– Primrose, você está intimidando Lori? – ouço a voz de Mist atrás de mim. Ela nos olha com o olhar de superioridade que sempre carrega os olhos claros, porém malignos. – Lori é com toda certeza muito esperta. – ela começa. – Se juntou a nós quando percebeu quem era o lado forte. E também como eu disse, sentimentos fazem as pessoas fracas. Lori cansou de nunca poder ter o que quer por causa de você. – Mist fala e Lori abaixa a cabeça. – Ela sempre amou Lucca, a vida toda. Então você surge e conquista o rapaz em questão de dias. – Mist faz uma cara de decepção. – Depois ela começa uma amizade digamos que, colorida, com Dean, mas ele também não te esqueceu ainda. Ainda nutre sentimentos banais por você.


Lori e Dean? Como? Quando? Onde? Então me lembro deles conversando no baile, depois ele me contando algo que Lori contou a ele e então percebo quando Lori se afastou de mim, quando eu supostamente beijei Dean no 3, por mais que eu me lembre vagamente disto.


– Eu sinto muito. – digo com a voz tremendo. Como não percebi como Lori se sentia? Me sinto a maior hipócrita de todas, preocupada com todos os meus sentimentos, não percebi o que alguém que era próxima a mim, sentia.


– Não se desculpe. – Mist diz. – Isso colocou Lori do lado certo.


Não quero acreditar que eu sou o motivo de Lori estar aqui no meio de todos esses gananciosos e estúpidos. Logo Lori.


–--






O pôr-do-sol chega e o momento está aqui.


Meu corpo está em uma luta interna em que tento separar o certo do errado. Estou fazendo algo que várias pessoas diz ser certo. Mas é o que eu quero? Como eu vou conviver com isso? Como eu vou lidar com as conseqüências dos meus atos?


Subo no palco e a multidão aplaude. Não reconheço nenhum dos rostos que me olham com expectativa. Mist sobe comigo e fica ao meu lado. Meu pai também aparece.


– Você sabe o que tem que fazer. – ele diz e não consigo reconhecer a voz doce que ele sempre usa ao falar comigo.


Faço que sim com a cabeça, mas esse movimento libera como um clique tudo que passei nesses últimos meses em minha cabeça. Todas as pessoas que conheci, as emoções que senti, as lembranças que acumulei, as experiências que vivenciei.


Eu me apaixonei, eu magoei pessoas, eu perdi pessoas que eu amava. Eu as encontrei, mas as deixei ir porque aprendi que quando amamos, fazemos escolhas que nos quebram por dentro, mas as fazemos por um bem maior.


A imagem que se segue provavelmente me perseguirá todas as vezes que eu adormecer. Minha mãe adormecida e presa a um enorme poste de metal, não como um poste, mas num formato de um. As mãos e os pés amarrados, sangrando. Mas ela está inconsciente.


Olho no rosto de meu pai: nenhuma emoção.


Olho para a platéia, eles parecem ansiosos, como se mal pudessem esperar para o que está prestes a acontecer. Ao lado de minha mãe, o presidente Louix também está amarrado, porém está consciente e implora no meio de lágrimas que o libertem. Ele não se importa com o Tordo, mas ele tem uma família e quer viver, é o que ele diz.


Eu quero que ele se cale, mas apenas o olho. Miserável seja. Deu tanto poder aos Snow que agora será descartado na frente do país que deveria comandar, assim como tudo que não tem utilidade para eles.


Os Cavaleiros de Panem estão espalhados, mantendo a segurança. Vejo alguns rostos conhecidos, mas são poucos.


– Irmãos. – ouço a voz de Mett. Toda minha pele se arrepia e vejo uma sombra atrás dele. Ele está no lugar mais alto do palco, sozinho. – Por anos fomos obrigados a nos curvar frente aos outros Distritos por causa dos amantes desafortunados, essa era chegou ao fim. – a platéia que antes parecia pensar que tudo se tratava de uma encenação, agora reconhece que a mulher presa ao poste de metal é realmente minha mãe. Eles não aplaudem, parecem confusos. Algumas de manto negro estão espalhadas por ali, mas parecem em minoria.


Mett continua falando. Mist está fixa ao meu lado, mas não posso parar de reparar quantos rostos familiares estão no palco. Meu pai, meu irmão, Lori, Vênus, entre outros.


– O tordo de nossa geração está aqui para mostrar-lhes uma prévia de como será a nova era. – ele fala e a atenção se volta para mim. Huggo aparece carregando uma espada e me entrega, minhas mãos tremem mais do que eu gostaria, mas consigo segurá-la .


Todos me olham e eu sei o que eu devo fazer.


Levanto a espada e fico fora de mim. O que eu vejo em seguida é sangue.


Deixo a espada cair no chão, horrorizada com o que fiz.


– Não. – um grito ensurdecedor vem detrás de mim. Mett. Mas ele se cala rápido já que não consegue respirar quando Lucca coloca um pano, cheio de um liquído sonífero, em sua boca.


Mist cai ao meu lado, sangrando. Fiz o corte mais superficial que podia, mas ela sangra bastante.


Lori cai fora do palco quando tenta segurar Mist, que se aproxima de mim, e a loira magricela, extremamente forte, chuta ela pra fora.


– Você não vai fugir tão fácil, vadia. – ouço Vênus falar pisando na mão de Mist que estava perto da espada que usei para fazer um pequeno corte em seu abdômen.


Huggo faz um curativo nela e a amarra. A platéia aplaude. Provavelmente voltaram a acreditar que tudo é um grande espetáculo, uma simples encenação.


Os Cavaleiros invadem o palco em um timing perfeito. Os poucos Pacificadores que estão ali estão sem reação e os que reagem levam golpes de espada.


Vejo mais sangue do que gostaria.


Meu pai corre para a parte do palco em que minha mãe estava e a desamarra.


Minhas mãos trêmulas pegam o microfone.


– Panem. – digo rouca. – Nós finalmente alcançamos a liberdade. Eles não irão tomá-la de volta. – continuo falando surpresa pela confiança que ela adquiriu assim que todos se calaram. – Nossas crianças não precisam morrer. Os Distritos não precisam estar em eterna luta com a Capital.


Eles estão atentos e parecem concordar comigo.


– Eu não voltarei para casa e dormirei em paz até que toda a seita que quer os Jogos de volta, esteja destruída. – afirmo a eles e ouço alguns aplausos. – Se vocês não quererem sangue jorrando por todos os lados e pessoas que podem se tornar grandes – penso em Rue, que foi declarada morta quando criança e agora é uma mulher tão perspicaz – sendo mortas, vocês precisam estar do nosso lado.


– Ninguém mais precisa morrer. – ouço uma voz alta vindo do meio da platéia. É Finnick.


Ele sobe ao palco.


– Eu estou vivo. Eles mentem. Eles mentiram por anos e enquanto houver pessoas que os apóiam, eles continuaram mentindo. Nos oprimindo e nos obrigando a fazer coisas horríveis como matar ou assistirmos mortes por pura diversão. – ele fala e a platéia está pasma, minha mãe mesmo que despertou a pouco tempo parece prestes a desmaiar.


– Quem está do nosso lado? – quem grita agora é meu pai e a platéia como sempre, morre de amores por ele.


– Eles vão acordar e os Pacificadores chegarão logo, eles não sabem se seguem as ordens dos Snow ou a do Presidente. – ouço alguém dizer perto de mim. Lucca. – E não ficaremos aqui para descobrir.


Ainda estou um pouco paralisada, mas então alguém puxa minha mão e começa a me puxar.


– Vênus? – pergunto.


– Eu sei que discutimos, mas... Você precisa vir comigo. – ela diz.


Olho desconfiada.


– Ela está conosco, Primrose. – Lucca me diz e sai correndo para ajudar meu pai a carregar minha mãe que ainda está zonza.


Estamos correndo e vejo Gale carregando Annelys nos braços. Então estou pronta para ir, onde quer que eles estejam indo. Mas falta uma pessoa.


Caída, ali longe, quase sendo pisoteada pela platéia que agora está desesperada ao ver os Pacificadores, está uma figura loira. Lori. Ela foi jogada para fora do palco tentando afastar Mist de mim.


Tento levantá-la, mas ela fica quieta e tenta me afastar.


Sua cabeça está sangrando.


– Nós estamos indo, Lori. – digo a ela.


– Eu trai vocês. – ela diz com uma voz tão fraca que imagino que ela não conseguirá sair andando dali. Olho para os lados.


Não há ninguém para nos ajudar.


Coloco o braço de Lori sobre minha nuca e tentamos fugir dali, que agora parece mais um campo de batalha do que uma cidade.


Os Cavaleiros e os Pacificadores agora lutam. Alguns Pacificadores tentam pedir ordens ao Presidente, mas este está gaguejando e chorando como um bebe.


Dou uma última olhada para trás. Lágrimas se formam em meus olhos porque eu sei que nunca mais verei nada com os mesmo olhos, nunca mais.




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Notas finais do capítulo

Amores, fim de férias, infelizmente vou voltar a postar apenas nas sextas feiras entre 13hrs e 14:30hrs, qualquer alteração aviso vocês. Mas então...o que acharão do cap? Comentem por favor, sou movida a reviews. KISSES FROM DISTRICT 2 ♥