My Great Love escrita por DreamingGirl


Capítulo 3
Capítulo 3 - O Encontro I




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MÔNICA POV


Eu tenho que admitir que sou a garota mais sortuda do mundo. Sortuda não na minha vida amorosa porque, graças à Denise, todos os estudantes do ensino médio do Limoeiro sabem que não está das melhores - está terrível, pra falar a verdade. Mas sim sortuda no quesito das amizades. Minhas amigas realmente me deram uma forcinha hoje, mostrando que se importam de verdade comigo. Até o Do Contra veio me consolar, apesar de não entender bem as intenções dele (é amizade ou o quê, colega?).

Só tinha uma certa pessoa que estava me tirando do sério agora, pra valer. Obviamente, esse ser detestável só podia ser a Denise. Pois bem, depois que cheguei em casa, fui correndo para o meu quarto e liguei meu computador. Entrei no MSN e, olha só, a monstrinha estava lá. Hora de mostrar como eu sou uma lady pra ela, igual ao que falei com o DC.

Mônica: "Oi Denise! Tava pensando aqui se você não queria me encontrar no shopping amanhã, depois da aula, pra batermos um papo. Não sei se sabe, mas eu estou arrasada! Quero tanto conversar com alguém..." Com certeza aquela loira burra cairia nessa armadilha.

Denise: "É sério? =O Tudo bem Mônica! Amanhã no shopping depois da aula, está marcado. Quero muito saber dessa história, amiga... pra te consolar!" Consolar, sei, é claro. Não duvido nem um pouco que ela vai levar até um gravador ou um bloquinho pra anotar o que eu vou falar. Que pena que eu não saio abrindo a boca pra qualquer uma, Denise.

Mônica: "Ok. Até amanhã!"

Estava prestes a sair do MSN quando uma plaquinha subiu no canto inferior da tela, anunciando que o Cebola tinha entrado. Ah, ótimo. Se eu saísse agora ele ia pensar que só fiz isso porque ele apareceu. Só para me certificar, abri a janela para uma conversa com ele. Como eu imaginava, ele mudou sua foto - antes era uma de nós dois juntos, tirada com o celular dele.

Não sei porque, aquilo me irritou profundamente. Sei que acabamos, que não há a mínima possibilidade de termos até uma amizade de novo, mas... Acho que até uma coisinha pequena pode machucar quem já está com uma ferida aberta, no caso, eu. Quis muito escrever pra ele, perguntar o que ele está achando disso tudo, se está tudo bem com ele... Mas eu teria que começar essa conversa com um pedido de desculpas. Desculpas que não consigo arrancar da minha própria boca. Não por orgulho, mas porque não acho que seja o certo... Ah, que ódio!

E assim desliguei meu computador. Tinha dever de casa para fazer, além de uma prova amanhã. Sim, de biologia (aposto que Magali deve ter estudado a tarde toda, só para impressionar nosso professor. Coitado do Quim!). Só fui dormir às 23:30, ou seja, acordei um bagaço.

Mesmo assim, como qualquer garota decente, me arrumei para ficar uma gatinha no colégio. Tinha que parecer abalada só pra Denise, para os outros, eu estaria ótima. Cheguei no colégio do Limoeiro mais cedo e, para minha surpresa, Magali estava com o livro de biologia na mesa, lendo como uma doida. Pois é, parece que ela não tinha estudado nada.

O Do Contra, outra surpresa para mim, chegou mais cedo também. Acho que, para ele, não importa em que horário chegue, desde que seja diferente da hora marcada. Era até que engraçada essa lógica. Ele colocou sua mochila na carteira, bem atrás da minha, me avistou e sorriu. Eu sorri de volta, um pouco envergonhada. Não sabia que horas o Cebola ia chegar, não queria dar pra ele a impressão de que já estou dando em cima de outro menino... Meu rosto ficou sério de uma vez, e aposto que o DC percebeu essa mudança.

– Oi Mô, tudo bom? - Ele me deu um beijo na bochecha. Ah, ótimo, se o Cebola entrar ali agora, estou mais que ferrada. Eu sei que nós acabamos, não precisa me lembrar disso, mas mesmo assim!

– Tudo. - Tentei cortar o assunto por ali, mas ele parecia interessado em conversar. A Magali, que se sentava do meu lado, parou de ler um livro por um segundo e nos observou. Ela arregalou os olhos à primeira vista, mas depois de um sorrisinho. Ah, isso vai dar o que falar depois.

– E aí, pensou no meu caso? - Magali deu uma risadinha. Que coisa menina, vai estudar para a prova, vai! - Se vou poder te acompanhar no shopping hoje para desmascarar a fofoqueira?

– Não sei, DC. Te disse que ligaria para confirmar, não foi? - É impressão minha ou estou um pouco "curta e grossa" hoje? De qualquer maneira, isso não desmotivou ele.

– Disse. Tudo bem então, vou esperar essa ligação. - Ele deu uma risadinha, e seguido dele, Magali, o que chamou a atenção do DC. Ele se virou para trás e a avistou segurando um sorriso. - O que é isso, Magali? Por que você está estudando biologia? Não me diga que temos prova hoje!

Magali deu de ombros e sorriu, com dó dele. Do Contra correu até o fundo da sala, onde estava sua carteira, tirou o livro e se sentou, pronto para absorver as coisas mais importantes que iam cair no teste. Assim que vi aquela cena, não segurei minha risada. Como aquele menino era desajeitado! Um desajeitado bom, eu acho, menos no sentido das notas de escola.

Denise nem conversou comigo hoje, muito menos me seguiu no recreio. Estava muito ocupada fofocando com Carmem, que estava montando planos mirabolantes para conquistar o Titi, o garoto dos seus sonhos. Achei que ela estava desinteressada no nosso encontro mais tarde, mas pensei melhor. É claro que ela ainda está interessada. Não perderia a chance de me difamar no seu blog por nada, aquela vaca loira! Calma, Mô, calma.

Respirei fundo algumas vezes, o que atraiu a atenção de Magali, ainda lendo o livro de biologia. Estávamos sentadas na biblioteca enquanto ela estudava. Acho que a fome estava me matando ali dentro, já que não se podia trazer comida para perto dos livros.

– Tá tudo bem? - Ela me perguntou, arqueando as sombracelhas. Magali tinha que prestar atenção na matéria, mas estava preocupada comigo. Own!

– Sim, sim. Só estou me livrando do nervosismo dessa prova, quero ir bem! - Ela sorriu pra mim.

– Você vai ir bem, Mô. É muito dedicada nos estudos, eu é que fiquei viajando nos meus pensamentos ontem à tarde, e nem consegui revisar o conteúdo. - Ela voltou-se para o livro na sua frente, mas percebeu o meu olhar confuso. - Bem, é que o Quim passou lá em casa ontem, me chamando pra sorveteria... Eu não pude recusar, porque a gente não se encontrava assim há muito tempo, então acabei ocupando minha tarde toda com ele. À noite estava exausta.

– Entendi. Com namorados, é assim mesmo que acontece! - Comentei, toda feliz. Depois que percebi a idiotice daquela frase. Magali me encarou por um segundo, talvez tendo pena de mim. Detesto esse sentimento. - Enfim, quer ajuda com algum ponto específico da matéria? Eu estudei tudo direitinho, vou saber te explicar qualquer coisa! - Mudei de assunto, mas não tive muito sucesso. Magali me deu um fraco sorriso.

– Não precisa, eu já estou entendendo tudo... Mô, será que hoje posso almoçar na sua casa? Se não tiver problema, é claro. Talvez, passar a tarde lá?

– Não dá, Magá, só o almoço. Tenho um compromisso nessa tarde. - Estava tentando me consolar de novo, sabia.

– O que é dessa vez? Não está tentando fugir de mim, não é? - A secretária da biblioteca olhou para nós, com cara feia. Magali estava falando alto demais.

– Nada haver. É que hoje tenho que acertar uns assuntos com alguém, e realmente quero fazer isso sozinha. O Do Contra até pediu pra me acompanhar ontem, mas eu também recusei... - Opa, era melhor deixar o último detalhe pra trás.

– Ontem? Foi depois da aula, não foi? E ele ainda te pediu pra acompanhar num compromisso? - Ela riu. - Mônica, Mônica, conversamos na hora do almoço. - E continuou a estudar. Ah, coisa. Agora ela ia me encher o saco com o lance do DC. "Que isso, Mô? Foi só dar o pé na bunda do Cebola que já achou outro?" Só imagino.

Fizemos a prova no próximo horário. Não sei se estava fácil ou fui eu que dei uma boa estudada, mas o fato é que eu fui bem no teste, o que realmente importa. Vi o Cebola pedir uma cola para alguém no final do horário, sobre uma questão que fiz em menos de cinco minutos. Pensei em até passar pra ele, mas o que isso significaria? Ele só ia achar bizarro esse meu ato e me ignorar, com certeza. "Não quero cola de uma ex-namorada, aposto que deve ser a resposta errada." Minha imaginação hoje está beeem fértil.

Acabou a aula e Magali foi para minha casa. Pensei que teríamos que pedir pizza para o almoço, já que meus pais estavam trabalhando nessa hora, mas minha mãe estava lá. A Magali cumprimentou-a, finalmente chamando ela de Dona Luísa, não Dona Coisa.

– E aí, meninas, como foi a prova de biologia? - Minha mãe perguntou, enquanto se servia de um dos vários pratos que tinham na mesa. Que ótimo, vou levar a Magali todo dia pra minha casa, o único jeito de comer comida caseira aqui!

– Eu fui bem, a Magali, nem tanto. - Dei um sorriso maroto para minha amiga, como se desaprovasse o fato dela ter estudado poucas horas antes da prova. Ela ficou envergonhada.

– Oh, tudo bem. Acho que você consegue recuperar suas notas com um pouquinho de esforço, Magali. Vocês duas sempre foram muito inteligentes. - Magali sibilou um "obrigado", de olho na comida posta na mesa. As duas comeram tudo rapidinho, enquanto eu ainda estava na metade do meu prato. O que a fome não faz, certo? - Querida, eu já vou indo. Tenho uma reunião agora, acho que seu pai vai chegar em casa mais cedo hoje.

Ela me deu um beijo na bochecha e o mesmo na minha amiga, ignorando meus protestos de que ela estava indo rápido demais. É sério, quase não vi os meus pais por uma semana. Por um lado, era bom porque eles não se preocuparam de me ver chorando ao lado de Magali, por outro, era ruim porque sinto a falta deles. A porta já tinha se fechado, quando a comilona do meu lado me deu um olhar malicioso, como se dissesse que eu estava frita agora. Ótimo, seja má com a pessoa que te deu comida!

– Então, o DC, não é? Vocês dois formam um par bonito, não posso mentir. Achei que ficaria com ele mais cedo, Mô, mas acho que a perfeição demora a chegar, fala sério? - Ela terminou rindo e eu fiquei super encabulada. Ah, amigos e essa habilidade de te deixar constrangido.

– Não tem nada disso Magali! Você sabe que eu não vejo ele dessa maneira, o DC só quis conversar comigo! Poxa, ele é meu amigo também, só veio me dar uma força. Coisa que o Cascão não fez né, que se diga de passagem.

– Verdade, não vejo o Cascão faz um tempo. Mas tem uma diferença bem tênue entre ele e o DC, amiga. Uma diferença que pode alterar um relacionamento inteiro. O Cascão te vê como uma amiga, e simplesmente isso. O DC te vê como uma amiga e uma possível namorada. Entende agora? Você sabe bem disso!

– Mas ele disse ontem que as intenções dele mudaram, Magá! E pronto!

– Por favor Mônica, você conhece garotos tão bem quanto eu. A cabeça de um homem não muda assim, do dia pra noite, não! Na verdade, nem a nossa né, mas isso é outra história.

– Tanto faz. Já avisei pra ele que não quero nada com ninguém, por um bom tempo.

– E parece que ele não absorveu esse aviso direito, já que te convidou para "acompanhá-la" no seu compromisso. E você ainda recusou, que burra! - Eu a olhei enfurecida, o que a fez dar uma risadinha embaraçada. Falar que não sou boa com garotos é uma coisa, me chamar de burra é outra! - Quero dizer, seria ótimo se você se apaixonasse por ele agora. Seria mais fácil para esquecer você-sabe-quem! Além disso, é melhor você pensar nessa chance rápido, porque ouvi dizer que a Carmem não tá mais afim do Titi, e sim do próprio DC! Pois é, ele tá ficando bonitinho e chamando atenção das bruxas, amiga...

– Ele comentou ontem que seria melhor mesmo se eu me entregasse a outro menino, pra esquecer do Cebola... - Engoli em seco. - Ah, não sei! Isso tem cara de ser uma armadilha, imagina só, usar uma pessoa para fugir de outra! Sem noção demais. Além disso, pensei que você queria só saber de biologia hoje, e não das fofocas. - Encarei-a com as sombracelhas cerradas e ela deu outra risada constrangida.

– Tenho que estar por dentro das notícias, amiga. De outra maneira, como vou saber o que aquelas vaquinhas da Denise e da Carmem estão fazendo? - Verdade. Me desculpei por ter sido meio severa com ela, mas meu celular interrompeu a continuação de nossa conversa.

Tinha recebido uma mensagem da Denise, há um minuto. Ela foi bem objetiva no SMS: "Daqui a uma hora estarei no shopping, te esperando. Tá fechado?" Respondi com um simples "Ok". Magali me perguntou de quem era e desconfiou meu olhar triunfante no rosto. Justiça será feita, com minhas próprias mãos! Quero dizer, com palavras. Eu não pretendo surrar aquela fofoqueira, juro.

Dei uma de chata e "dispensei" Magali da minha casa. Ela queria saber muito do que se tratava essa história toda, mas quanto menos gente dentro desse lance com a Denise, melhor. Já estava cansada da minha vida sendo espalhada por aí. Me arrumei de modo bem simples, mas com uma cara boa. Denise teria uma bela surpresa com o que eu estava prestes a falar.

Não demorei muito para chegar lá, queria pensar em frases bem bacanas pra soltar na hora da nossa conversa e deixar ela de queixo caído. Eu vou convencê-la a tirar aquele post ridículo da nets. Pelo meu bem e pelo do Cebola, é claro. Pouco tempo depois, esperando-a na entrada do shopping, vi aquela loira falsa entrando. Ela se aproximou de mim com um sorriso e passou seu braço pelos meus ombros.

– Amiga, você também chegou mais cedo! Nossa, que mara, estamos em sincronia gatz! - Denise e essas gírias doidas.

– Pois é, Denise. Será que podemos nos sentar em algum lugar para descansar? Estou muito cansada, não durmo faz um tempo já... Atormentada com o que aconteceu na escola... - Coloquei a mão sobre a cabeça, fazendo a maior atuação. Alô, Globo, pode passar meu contrato aí, porque ela caiu direitinho!

– Ai amore! Vamos logo achar alguma lanchonete, antes que você dê uma caída aqui, a louca! Vamos comer... No McDonalds? Não, você não pode fofis, hihi. No Burger King? Aí, nada haver Denise, pensa direito, diva! Ah, vamos no Subway, que não tem nada doce para você afogar suas mágoas! Nossa, dando a Maria Mello aqui!

É sério, eu tenho um auto-controle inimaginável. Acho que nada agora me estressaria, porque mesmo com todas as insinuações de que eu estava gorda, fiquei quietinha e banquei a vítima. Se fosse a Mônica criança aqui, nesse instante, um coelhinho azul já estaria voando. Esperei meia hora pra ela escolher o que ia comer, e logo nos sentamos, com nossos lanches. Foi só eu dar uma mordidinha que ela já começou de novo.

– Nossa, amiga... Tá com fome, é?

– Pois é, não almocei direito hoje... - Dai-me paciência.

– Entendi. Então, acabe com a minha curiosidade de uma vez por toda, gatz! O que aconteceu entre você e o Cebola? Tava todo mundo pensando que vocês seriam "juntos para sempre", com todo glamour!

– Sabe o que é, Denise... Eu estou curiosa também. Você é uma menina tão antenada nas coisas, tão inteirada nas notícias que correm pelo Limoeiro, que estou duvidando mesmo que você não saiba de nada. - Ela estava prestes a se gabar das qualidades que eu citei, mas a última frase a fez travar. Denise fechou a boca instantaneamente, seu rosto gelou. Ela revirou os olhos.

– Ah, pois é Mônica, mas isso é um lance seu e do Cebola. Como que eu ia saber dos detalhes? A louca! - Ela recobrou sua postura animada, como se nada tivesse acontecido. Que pena que não sairia assim, tão fácil.

Dos detalhes? Quer dizer pelo menos um pedaço da história você sabe. - Novamente, ela gelou.

– E-Er, o que isso quer dizer, amiga? Eu n-não sei de nada!

– Tem certeza? E no quê você baseou seus boatos, sendo que ninguém imaginava que eu tinha terminado com o Cebola? Fez um chute, resolveu passar uma mentirinha à frente? - Minha raiva estava começando a transparecer. Ah, dane-se, como se eu fosse ficar tranquila agora.

– Não, of course not! Minhas notícias são sempre 100% corretas, oras! Sou uma pequena jornalista, não passo mentiras para os outros. Só quando isso me favorece, é claro. - Ela falou a última frase baixinho.

– Então explique-se, Denise. Se sua notícia é totalmente verdadeira, como você começou esses boatos, antes de qualquer um saber dessa história? Esteve espionando eu e o Cebola, por acaso? - Cruzei os braços em cima da mesa. Juntamente com o meu olhar furioso, eu devia parecer assustadora agora.

– A culpa não é minha se vocês discutem muito alto! - Ela gritou, e logo tampou sua boca, percebendo a bobagem que tinha feito. Droga, então ela sabia de tudo mesmo. Vaca! Pronto, agora nem me importava mais em manter a calma, ou evitar olhares suspeitos dos outros na lanchonete. Tinha de acabar com ela agora.

– Que bonito, Denise! Ouve os outros discutindo e não consegue manter a porcaria da sua boca fechada, não é mesmo? Tinha que acabar com o meu sossego e com o do Cebola! Não importa se isso ia acontecer cedo ou tarde, o importante é que você não tinha direito nenhum de fazer isso com a gente! - Ela arregalou os olhos com a minha pequena gritaria. Eu respirei fundo e coloquei a mão na testa, só pra não ter que encará-la. - Quanto você sabe?

– Perdi o começo da sua discussão, apenas. - Ela respondeu, meio relutante. Eu respirei fundo mais uma vez. - Olha, eu acho que você está meio estressada agora. É melhor a gente conversar mais tarde, quando estiver calma. - Denise logo se pôs de pé e começou a andar para longe do Subway. Eu me levantei na pressa e a segui. Paramos no centro do shopping.

– Não mesmo, pode parar aí! - Eu a segurei forte pelo braço. Acho que nem precisava fazer isso, mas foi no calor do momento. Ela estava aterrorizada. - É uma pena que não possamos voltar no tempo pra eu te pegar no flagra, mas é o seguinte! Quero que você peça desculpas ao Cebola por isso, tá bom? Foi extremamente desconfortável pra nós dois ter que ouvir esses boatos. Nem pudemos disfarçar na segunda-feira, antes da escola. Todo mundo viu a gente naquele estado. Além disso, quero que você tire seu post idiota do blog, tá entendido?! - Eu achei que ela ia chorar, porque estava de cabeça baixa e não me encarava, mas quando levantou seu rosto...

– Haha, Mônica. Não acha mesmo que vou atender às suas ordens agora, não é? Tudo bem, eu admito que sou culpada, mas posso te assegurar que não me arrependo de nada disso, fofa! Como eu te disse antes, sou uma pequena jornalista! Meu dever é trazer as notícias até o povo, já que algumas delas simplesmente acontecem em um lugar isolado, sem nenhuma testemunha! O meu blog é a prova disso, e por trazer este significado, não vou tirar o post dali mesmo! Eu posso até pedir desculpas ao Cebola, Mônica, mas vão ser tão falsas quanto as suas intenções em me encontrar aqui hoje. É sério, eu tentei não acreditar mesmo que você tivesse descoberto tudo, mas olha só isso! Você provou ser do meu nível, queridinha, praticando a maior falsidade aqui. Não estou certa? Depois disso, eu posso dizer que concordo com tudo que o Cebola disse pra você naquela noite. Você banca a perfeitinha, se dá bem com todo mundo, mas no fundo você é tão ridícula quanto eu! Acorde pra realidade, Mônica! Acha mesmo que as pessoas realmente gostam de você? Só com muito esforço, pra falar a verdade, haha! É uma pena que você e o Cebola tenham terminado, porque se merecem. Dois perdedores idiotas, que só estão se enganando ao pensar que são pessoas tão boas.

Assim que disse a última frase, ela sorriu para mim triunfante e foi embora. Eu deveria ter agarrado ela pelo braço mais uma vez e ter dado de presente um belo tapa na cara. Como ela podia falar isso tudo, depois de anos que nos conhecemos? Aquilo foi demais. Eu devia ter reagido, mas eu apenas fiquei ali, parada, vendo ela sair do shopping. Absorvi aquelas palavras mais uma vez, que continuavam rodando na minha mente, e comecei a chorar. Eu devo ser a pior pessoa que existe, então.

Fui no banheiro e limpei meu rosto, sem me preocupar com as outras mulheres curiosas, estranhadas pelo meu choro que não parava. Quando consegui frear minhas lágrimas, voltei para o centro do shopping e me sentei em um banquinho vazio. Dei uma longa suspirada. Meu humor estava mais do que pra baixo, estava soterrado perto do centro da Terra, só pode.

Eu olhei para o meu celular, ainda era tarde. Cliquei em "meus contatos", mas não soube para quem chamar. Simplesmente não podia ficar ali, sozinha, sentindo o mundo desabar pelos meus pés. Não ligaria para Magali, já a preocupei demais. Nem para o Cascão, que não me dá mais sinais de vida. Muito menos pro Cebola, né? Depois de termos nos magoado tanto, eu ia chorar no ombro dele?! Então, quem restava era o Do Contra.

Sem pensar muito, cliquei no ícone dele. Estava chamando.


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