PDV. Edward

Ela me abraçou espontaneamente. E depois foi embora. Era quase um adeus. Eu até choraria... Se não fosse o caso de que eu a veria amanhã. O adeus dela pouco significava para mim, pois eu iria conversar com ela no dia seguinte. Bella agora era parte da minha vida e eu me importava com ela. Ela já devia me conhecer o suficiente para saber que eu não a esqueceria, nem abandonaria.

Entrei no meu carro e voltei pra casa. Eu me sentia abalado, pois sabia que no dia seguinte Bella voltaria a ser mal-humorada comigo. Seria quase como recomeçar do zero! Dei um tapa na minha testa e bufei. Por que eu tinha que me apaixonar por alguém tão difícil?

Ouvi passos no corredor. Passos não, saltos. Eu já sabia quem era. Alice, minha irmã maluquinha. Eu acho que quando ela era bebê os nossos pais não a ensinaram a andar e sim a saltar que nem um cangurú. Ela devia ser um filhote de cangurú! Alice entrou no meu quarto aos pulinhos e se jogou na minha cama ao meu lado.

-E aí mano! Como foi seu dia hoje? Beleza?

-Foi... beleza – respondi. Eu hesitei por um segundo, mas foi o bastante para ela perceber. Alice era tão perceptiva.

-Ai conheço essa cara. O que foi que aconteceu? – ela perguntou se sentando agitada na minha cama.

-Ah nada, Alice. Me deixa em paz! – agora ia começar a encheção de saco!

-Ah Ed, conta pra maninha, por favor! – implorou de uma maneira infantil. Revirei os olhos. Alice sempre conseguia o que queria de mim. E eu confiava nela, contava tudo pra ela. Mesmo que ela fosse maluquinha.

-É só que... Tem uma garota na escola, - Alice não me interrompeu, ela nunca me interrompia – e eu gosto dela e... ela também gosta de mim... mas finge que não gosta. Na verdade ela me odeia! – admiti isso pra mim mesmo, confuso. Que história confusa!

-Ta, calma irmãozinho. Conta com calma que eu vou te escutar – pediu ela séria.

-O nome dela é Bella e ela é da minha aula. Aluna nova. Desde o primeiro dia eu me interessei por ela, mas ela se manteve distante de mim e agiu rudemente. Na verdade eu a conheço há pouco mais que dois dias, mas parece muito mais. Já aconteceu tanta coisa com a gente. Eu acho que a Bella tem algum segredo. Algum problema que a faz se manter longe de mim. Talvez tenha medo de me magoar. Ou de se magoar, ou os dois! Ah eu sei lá! – eu já estava ficando confuso de novo.

Alice passou os braços ao redor do meu ombro carinhosamente.

-Eu acho que entendi. Quer dizer eu acho que eu entendi o que você entendeu, apesar de você não ter entendido muita coisa. Entendeu? – ela sacudiu a cabeça, se atrapalhando com a frase.

-Essa história me deixa confusa!

-A mim também! E eu não entendi nada, eu acho!

Eu e Alice nos mantivemos quietos por um momento até que ela quebrou o silencio dando um pulo repentino da cama e se dirigindo para a porta, ainda virada pra mim.

-Pode deixar que amanhã eu falarei com ela! Eu falo pra Bella que você gosta dela e que quer ajudá-la!

-Não Alice! – Implorei sentindo meu rosto ficar pálido. – Nunca faça isso. Eu já disse isso pra ela. Eu vou dar o meu jeito tá bem? Não se meta!

-Está bem mano – ela disse e voltou até mim e pegou a minha mão. – Eu só não quero te ver sofrer. Tem certeza que ela é tão boa? Tem certeza que ela vale a pena?

-Vale! Vale a pena. Eu a amo – falei, me sentindo corar por admitir isso para Alice.

-Então vai fundo e não desiste mano! Ela deve gostar de você. Você é tão lindo e gentil com todo mundo. Não tem motivo pra ela não gostar de você.

-Nós não sabemos se ela não tem motivo. Eu acho que ela tem sim, e um bom motivo. Mas eu vou a fazer confiar em mim e vou ajudá-la. – falei ainda mais decidido do que no início do dia.

-Isso mesmo, mano! Vou torcer por vocês – Alice disse e me deu um beijo no rosto. Depois saiu do quarto pulando. Eu ri. Alice sempre me fazia rir.

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O dia seguinte estava lindo e o sol brilhava forte no céu, mas eu estava muito mais preocupado com outra coisa bela para olhar pra paisagem. Eu queria ver a minha Bella. A minha bela. Caminhei pelo pátio a sua procura, mas não a achei, então fui pra sala de aula esperar que ela chegasse.

Bella só chegou quando o professor já tinha entrado e as aulas já tinham iniciado, então não tive a oportunidade de conversar com ela. Mas eu tive sorte. A próxima aula seria de Educação Física e eu teria a oportunidade de conversar com ela. Enquanto íamos para o ginásio eu me aproximei dela por trás e lhe tapei os olhos.

-Adivinha quem é? – perguntei com uma voz boba. Tipo de bebê ou retardado. Não me pergunte por que fiz isso.

-Quem sabe o único idiota que me persegue todos os dias! – Bella respondeu. Seu tom não foi grosseiro. Isso era um bom sinal.

-Como você está hoje, Bella? – perguntei.

-Minha mão está ótima – ela respondeu secamente.

-Não estou falando só da mão. Estou falando de você.

-Eu também estou ótima - Bella não me convenceu.

-Bella, que tal se nós usássemos as aulas de Educação Física para nos conhecermos? – ela ia responder que não, mas eu a interrompi. – Aí eu prometo te deixar em paz com o “Jake” no recreio. – falei numa voz debochada o nome Jake.

Bella hesitou, mas deixou os ombros caírem em sinal de rendição.

-Está bem, Edward!– ela falou. Resolvi levar Bella pra um lugar legal que tinha na escola. Em vez de irmos ao ginásio fomos para trás da escola e a levei até uma escada que dava no telhado da escola. Eu costumava subir ali quando era mais jovem, para fugir dos professores e matar aula.

-Não se importa de matar a aula de Educação física, né? - perguntei sarcástico. Ela nem se deu ao trabalho de me responder. Subiu as escadas antes de mim sem medo e fomos pra cima do telhado. A vista era linda. Dava para um lindo rio e muita vegetação.

Bella parecia encantada com a visão ela sorria. Virou-se pra mim com o sorriso no rosto e senti que o sorriso dela me aquecia. Pouco tempo depois seu rosto se fechou e ficou sério de novo.

-Aqui estamos. O que você quer saber de mim, Edward?

-Que tal me dizer que tipo de música você gosta? – comecei com um assunto fácil.

-Gosto de Guns’n Roses, GreenDay e outras. Mas a minha banda preferida é Evanescence – ela respondeu, olhando nos meus olhos. Eu sustentei seu olhar. Foi a primeira vez que nos olhamos assim.

-Eu também gosto dessas bandas, mas eu não sou muito de Evanescence.

Ela arqueou uma sobrancelha.

-Conhece?

-É... mais ou menos. Não sou muito da Amy Lee, ela é... esquisita.

-Ela é demais. Evanescence é demais – ela retrucou teimosa. Resolvi mudar de assunto. Parecia que dizer que não gostava de Evanescence era uma espécie de ofensa pessoal pra Bella e eu não queria brigar de novo.

-Bella, de onde você veio? Que escola? – voltei para minha pergunta do primeiro dia. Para minha surpresa Bella, virou o rosto para o outro lado, interrompendo meu contato visual com seus olhos. – O que foi? – perguntei sem entender. Estiquei minha mão e peguei seu rosto com delicadeza e o virei para mim. Para minha surpresa Bella estava chorando. Lágrimas grossas escorriam por sua face clara como leite e mel.

-O que foi, Bella? – perguntei, com o coração doendo por vê-la tão triste. Sua expressão carregava dor e sofrimento nesse momento. – Por que está chorando, meu amor?