PDV. Edward

O dia seguinte devia ser melhor e mais normal, afinal a Bella teria que ficar em casa e repousar, então eu não a veria. Ela realmente me enlouquecia, mas nesse dia tudo seria como qualquer outro. Eu fui pra escola no meu Volvo prata irado e encontrei o Emmett. Juntamos-nos com Jasper e minha irmãzinha caçula Alice – sim, eu tenho uma irmã caçula. Eles eram namorados. Jasper é loiro e meio emo, enquanto Alice tem cabelo escuro e curto e adora coisas da moda. E eles realmente se adoram apesar de todas as diferenças.

Ficamos conversando enquanto esperávamos o sinal bater para a aula começar. Eu estava vendo alguns alunos chegando, quando de repente surge ninguém menos que Bella. Sim, Bella Swan. A garota que me odeia e que quase perdeu um pedaço da mão no dia anterior. O que ela estava fazendo ali? A enfermeira a proibiu de ir pra escola hoje. Olhei a menina. Vestia um vestido preto e mantinha os cabelos soltos. Ela estava ainda mais linda do que no dia anterior. Agora ela chegava ao saguão de entrada e parecia perdida. Fui até ela, ouvindo os murmúrios dos meus amigos.

Eu sabia que uma abordagem gentil não adiantaria em nada, então fui direto ao ponto. Meti-me em seu caminho e perguntei abruptamente:

-O que você está fazendo aqui?

Ela me fitou pasma, como se não acreditasse que eu a estava perguntando isso. Como se fosse uma coisa óbvia.

-Adivinha? Vim estudar, dã! – ela respondeu dando um tapa na própria testa.

-Mas a enfermeira disse pra você não vir hoje! – teimei, olhando preocupado para a mão dela. Bella ergueu uma sobrancelha e me lançou um olhar cético. – O que foi? – perguntei.

-Como se isso fosse do seu interesse! – ela respondeu e desviou de mim para continuar andando. Eu não ia desistir tão fácil. Corri e a acompanhei.

-Bella, não está doendo mais? – eu apontei para a mão dela. Por um momento ela me olhou com dor, não dor física, mas sim dor emocional. Como se ela por um momento quisesse ser minha amiga e me contar algo, mas logo endureceu o olhar.

-Não, agora vê se me deixa em paz, Edward! Como se você se importasse comigo! – ela tentou desviar de mim de novo, mas eu a peguei nos meus braços. Achei que era disso que ela precisava. Carinho. Ela me deu socos para se desvencilhar, mas depois parou. Ela se manteve em meus braços e eu senti que o abraço foi tão bom para ela quanto foi para mim. Meu rosto repousava em sua cabeça, eu cheirava seus cabelos. Tinham um cheiro bom de morango. O rosto dela estava enterrado em meu peito. Apesar de ela sempre agir friamente comigo ela era quente e eu me sentia bem perto dela.

-Eu me importo com você, Bella.

Nosso abraço não durou mais que alguns segundos. Ela se desvencilhou de mim e me empurrou, mantendo-me afastado dela com o antebraço.

-Me deixa em paz, Cullen! Nós não podemos ser amigos! – ela falava de uma maneira que mais parecia querer convencer a si mesma do que a mim. Eu me afastei. Se era isso que ela queria, então eu ia deixá-la em paz. Por ora.

O sinal bateu e eu subi para a aula. Encontrei a Bella em seu lugar, desenhando alguma coisa. Decidi me aproximar. Está bem eu sou um idiota insistente, e daí? Eu só não consegui entender porque essa menina era tão anti-Edward. Aproximei-me e vi que o que ela desenhava não era um simples desenho, sim uma obra de arte! Era a imagem de uma mulher chorando. Era muito realista e ela conseguia transmitir a dor da personagem no desenho dos olhos e das sobrancelhas. Eu cheguei a me perguntar qual seria o motivo de tanta dor, até me lembrar que era só um desenho.

-Que lindo Bella! – murmurei, encantado. Ela não havia percebido a minha presença até então. Quando percebeu que eu estava olhando seu desenho, Bella fechou o caderno e o segurou bem colado ao peito.

-Sai Edward! Você não viu nada! – ela falou me fuzilando com o olhar.

-Vi sim. Era um lindo desenho de uma mulher chorando e sofrendo – retruquei. – porque você tem tanta vergonha de mostrar pros outros? É perfeito.

Bella colocou as mãos no rosto e depois levantou o olhar pra mim. Por um momento pareceu que ela estava prestes a chorar, mas depois seus olhos ficaram furiosos.

-Por que você não me deixa em paz e não pára de se meter na minha vida? Eu já disse que nós não podemos ser amigos – dessa vez ela não estava sendo grosseira. Parecia mais um pedido, como se eu me aproximar dela fosse algo ruim. Sentei-me na cadeira em frente da sua mesa e me virei para Bella.

-Por que, Bella? – perguntei e peguei a mão dela. Quente e macia.

-Será que não dá pra fazer isso? Esquecer-me? Se afastar de mim? – ela pedia de maneira cansada.

-Não. – respondi, sem me importar que isso fosse deixá-la irritada comigo novamente. – Não dá pra te deixar, não. Eu quero te ajudar. E vou fazer isso. Mesmo que contra a sua vontade!

-Que pena! – ela recolheu a mão e colocou em seu colo. – Então vá se danar!

Levantei-me e fui pro meu lugar. Ia deixá-la sozinha durante a aula. Mas eu não ia abandoná-la. A cada segundo sua máscara caía mais e eu via quem ela realmente era. E eu sabia que ela tinha um problema. Eu ia ajudá-la. Mesmo contra sua vontade. Ela já demonstrava ser um doce de pessoa pelo simples fato de nem ter dito um palavrão pra mim. “Vá se danar!”. Quem diz “Vá se danar!”? Revirei os olhos e tentei me concentrar na aula. Falhei na tentativa.