Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 9
Capítulo 9




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Resgatando a calma e a serenidade que sempre foram características minhas, observei atentamente enquanto Rose e seu grupo iam até a porta que dava para a saída de emergência. Ela nem imaginava que estava indo para um beco sem saída. Comecei a andar, me desviando das pessoas, enquanto Brigite e Karl me seguiram. Antes de passar para o corredor das escadarias dei uma parada súbita.

“Vamos dar a volta e entrarmos pelo andar de baixo.” Eu falei, me antecipando mentalmente a qualquer ataque de Rose. Ela certamente estava atenta à porta que dava para o cassino e se entrássemos por ela, perderíamos o elemento surpresa. Nós éramos rápidos, então chegaríamos a tempo.

Antes de subir para o vão onde eles estavam, fiz um sinal para Brigite e Karl passarem para minha frente. Era para isso que eu tinha trazido os dois, para distrair Rose e eu poder agir mais precisamente. Eles, inconsciente dessa parte do meu plano, me obedeceram e caminharam em alerta.

“Parem!” Ouvi Rose gritar, antes mesmo de viramos o corredor. A voz dela despertou o alerta em Brigite e Karl que partiram para o ataque. Assisti satisfeito enquanto Rose lutava, brava e forte. Era algo que eu jamais cansaria de admirar. Ao mesmo tempo em que lutava contra Brigite, formava uma barreira protetora e quase instransponível para os Morois. Rapidamente, ela fincou a estaca e Brigite caiu morta. Eddie ainda tentava derrubar Karl, fazendo com que meu plano corresse exatamente como eu queria. Com ele ocupado, eu poderia partir sem problemas para Rose.

Assim que retirou a estaca do coração de Brigite, Rose me olhou fixamente. Uma mistura de incredulidade e admiração saltava dos seus olhos. Eu a contemplei por breves segundos. Realmente sentiria falta desses seus atos impulsivos e apaixonados.

“Eu disse a você.” Falei baixo, me sentindo estranhamente contente. “Eu disse a você que lhe encontraria.” O tom calmo da minha voz fazia parecer que tinha sido uma tarefa fácil localizá-la, nem de longe denunciando toda jornada que eu havia levado até esse momento. E era essa dificuldade que fazia eu me sentir ainda mais realizado em ter conseguido. Eu quase me sentia vitorioso. Quase.

“Sim,” ela respondeu ofegante, sem tirar a atenção da luta de Eddie contra Karl. “Eu recebi suas cartas.” Sua voz saiu casual, porém cheia de coragem, considerando o conteúdo das cartas. Não consegui conter um sorriso e dei um passo perigoso na direção dela. Com uma perfeita sincronia, quase com se pudesse ler meus pensamentos, ela se esquivou para trás, mantendo ainda uma distância razoável porém não totalmente segura. Isso me fez rir ainda mais. Eu tinha que confessar que gostava desse jogo presa-predador.

“E ainda sim, aqui está você. Deixou totalmente a proteção das wards, quando deveria ter ficado segura, na Corte.” Falei quase soando como se lhe passasse uma lição, relembrando o tempo que eu ainda era seu mentor. “Eu não consegui acreditar quando meus espiões contaram que você tinha saído.”

Ela não respondeu, ao contrário, tentou me golpear com a estaca. Era inútil isso, eu a conhecia bem e podia facilmente prever e me desviar dos seus golpes. Era com se eu pudesse ler em sua expressão qual seria seu próximo movimento. Ela também estava completamente atenta a mim e eu sabia que ela podia me ler da mesma maneira. Então eu tinha que distraí-la como pudesse para poder encontrar uma brecha e a atacar.

“E o mais estranho de tudo,” eu continuei, trazendo para a conversa uma curiosidade minha sobre toda essa aventura de Rose, mesmo sabendo que ela não iria me explicar nada. “É que você não veio sozinha, trazendo Morois. Você sempre arriscou sua própria vida, mas eu não esperava que você arriscasse a deles.”

“Lissa!” Rose gritou parecendo não se importar com o que eu havia acabado de dizer. “Saia daqui! Tire todos daqui!”

Minha atenção estava fixa em Rose, o que não me impedia de observar os arredores. Lissa não se moveu. Ela me olhava claramente chocada. Era a primeira vez que ela me via como Strigoi e provavelmente era também a primeira vez que via um Strigoi. A falta de reação de Lissa ativou em Rose o senso de preocupação. Apesar da sua guarda ainda estar alta, eu aproveitei aquele segundo de distração, passando por Lissa com um movimento veloz, segurando Rose, a prendendo contra a parede. Ao mesmo tempo, eu apertei fortemente seu punho, de forma que ela não conseguiu mais segurar a estaca, que caiu no chão. Agora ela não tinha como escapar.

Eu senti um prazer mórbido tomar conta de mim. Estar novamente em contato com Rose ativava dentro de mim uma sensação estranha de vazio. Eu realmente não sabia dizer se eu gostava dela ou se eu a odiava. De qualquer forma, o contato com a sua pele me dizia que eu precisava dela. Muito. E de uma forma perigosa. Eu me abaixei um pouco e aproximei meu rosto do seu, tocando minha testa na dela. Eu podia sentir sua respiração saindo nervosamente e podia ver seu olhar aterrorizado. Era como se ela estivesse vendo a morte diante de si. Exceto que... eu não sabia se conseguiria matá-la. Eu sabia que era algo que precisava ser feito e isso era algo que eu havia buscado todo o tempo, mas agora, diante dela, não parecia uma tarefa muito fácil de ser feita.

“Roza...” Eu murmurei, sentindo um misto de calor e frio percorrer por mim. Eu realmente não sabia por que me sentia assim perto dela. “Por quê? Por quê você tinha que dificultar tanto? Poderíamos ter passado a eternidade juntos...”

“Desculpe,” ela respondeu, com os dentes cerrados, em uma luta vã para se soltar. “Minha eternidade não envolve ser parte da máfia dos mortos vivos.” Em outra ocasião isso soaria como mais uma piada sarcástica dela que eu me esforçaria para não sorrir. Mas agora soou apenas triste. Ela estava reafirmando a sua posição de não querer ser despertada. De não querer estar comigo para sempre.

“Eu sei. A eternidade será solitária sem você.”


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