You Make It Easy escrita por bksbm


Capítulo 1
Capítulo Único




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Ela tinha desistido. Depois de anos correndo atrás de novas informações, sem sucesso, ela tinha desistido. Era quase como assumir que não chegaria a lugar nenhum no caso mais importante da sua vida. Seriam agora só ela e o restante da sua carreira naquilo a que se dedicava de corpo e alma. Ele tinha que aparecer e trazer tudo a tona novamente? Ele não tinha idéia sobre onde estava se metendo, mas de uma coisa tinha certeza: Ele iria até o fim para realizar o maior desejo de Katherine Beckett, encontrando o verdadeiro assassino de sua mãe.

            Nos últimos três anos e meio, as coisas se complicaram mais do que parecia ser possível. Pessoas haviam morrido por isso, ela já tinha sido vítima de tentativas de assassinato, e até tinha levado uma bala no peito. Ao mesmo tempo em que todos tentavam avisá-la de que deveria recuar e assumir novamente que precisava desistir, Castle sabia que ela não deixaria isso acontecer novamente. Ainda mais sabendo que estava chegando tão perto.

            Mesmo depois de quase perder a vida ela continuava na trilha que a levava em direção ao mistério sobre a morte da sua mãe. A única pessoa que podia fazê-la mudar de idéia e que, ao mesmo tempo, insistia para que ela abandonasse tudo era o mesmo que dava forças para que ela pudesse enfrentar os maiores obstáculos que vinham colocando no seu caminho.

            Ele já tinha pensado em desistir de interferir no caminho dela, devido à culpa que carregava, injustamente, talvez, por ter feito renascer algo que já tinha feito o mal suficiente, no entanto, Beckett sabia que perderia suas forças se saísse do seu lado. Se deixasse de ser seu parceiro, seu amigo, ou seja lá o que ele fosse. Depois de ouvir o “Eu te amo” mais perturbador de toda a sua existência, ela tinha ainda mais certeza de que não daria mais um passo se ele não estivesse por perto.

            Os cafés de todas as manhãs traziam as palavras que eles não diziam um ao outro, representavam a renovação de um contrato feito pelo coração, onde menos se esperava ser possível. Ele já tinha assumido a muito tempo que não estava mais lá por causa dos livros, afinal já tinha material para emplacar mais um quilômetro de Best Sellers no país. Já tinha declarado seu amor no pior momento que passara desde que havia encontrado com ela, esfregando o distintivo da NYPD na sua cara. No momento em que um filme dos três anos passava por sua cabeça, e fazia sua alma gritar: “Você sobreviveu a tudo isso, tão forte, para me deixar assim? Não. Por favor, não...”. E mesmo depois disso, levou um tapa que fez seu coração se calar, quando soube que ela não se lembrava do acontecido, não se lembrava da sua voz dizendo aquelas três palavras que demorara tanto para reconhecer.

            Ela sabia. Sim, ela tinha ouvido aquelas palavras. Mas não é fácil passar pelo que passara e assumir algo tão difícil. Ela não estava preparada, e não tinha forças para explicar isso, se declarasse que sabia do amor dele. No fundo, todos sempre souberam sobre ambas as partes, afinal, há tanta coisa escondida por trás das palavras não ditas, não?

            Ela sabia que tudo que havia acontecido, tinha sido assim por que ele estava presente. Desde que ele chegou, sua vida teve um sentido diferente. Seu trabalho teve um sentido diferente. Ele fazia tudo mais fácil... Tão mais fácil quanto contar 1, 2, 3, 4. Era mais fácil lidar com a morte todos os dias, e ela não era a única que pensava assim.

            Dizem que quando você sonha com alguém, representa que aquele alguém sente sua falta. Castle já estava nos hamptons por três dias. O celular sem sinal, e sua filha e sua mãe enfiando-o em passatempos os quais já tinha feito milhões de vezes com sua ex-mulher e produtora, no verão que passaram lá. Ficar sem falar com ela era uma tortura. Pior do que congelar até quase morrer, pior do que ficar preso num galpão algemado a ela, nas garras de um tigre faminto, pior do que vê-la nos braços do Dr. Motorcycle boy. Não. Não pior que a última, mas era suficientemente ruim.

            E talvez os últimos sonhos fossem um sinal de que pensavam um no outro nesses últimos dias. Ele imaginava se algum dia teria outra oportunidade de lhe dizer as três palavras novamente... Ela imaginava se, de alguma forma, ele sabia que sua voz era a última coisa que se lembrava antes do desmaio.

            Todas essas hipóteses, todos os desejos de ambos os lados, vinham a tona no meio de uma madrugada, após um sonho em comum. Era uma conversa, simples talvez, ainda mais se tratando de um sonho, porém cheia de palavras que permaneciam presas desde o ano anterior.

“          - Não sinto como se nada tivesse valido a pena. Sinto como se cada passo da minha carreira estivesse me trazendo para mais perto de alguém como você.

            - É claro que tudo isso valeu a pena. Até as experiências onde a morte esteve bem perto, nos puxando pelo pé. – Ela sorria

            - Ah, claro. Acho que ela criou um afeto por nós. – Ele sorri de volta, admirando os olhos que brilhavam a sua frente.

            - No fim das contas, acho que ela só estava tentando mostrar que você pode me dar mais amor do que eu já tive até hoje. Fazendo tudo ficar melhor quando estou triste, me dizendo que sou especial, mesmo quando sei que não sou.

            - Você É especial. Sem maiores discussões. – Ambos sorriem, novamente. – Veja só. Você colocou amor onde já não achei que ainda havia espaço, depois de duas provas concretas disso, com duas mulheres que achei que amei. Sinto-me lisonjeado por ter encontrado você.

            - Fora o fato de que fui eu que te encontrei. – Interrompe, convencida. – E que não foi tão agradável por um tempo. – E ri.

            - Eu posso sobreviver com isso. – Sua mão passa por uma mexa de cabelo que caia em seu rosto.

            - Você me fez contar coisas que nunca contei aos amigos mais próximos, e me fez passar por cima de cada trauma que criei na vida. Isso faz de VOCÊ especial.

            - Eu sei. Nunca neguei que sou especial. – Os dois riem, e ela lhe dá um tapa de leve, seguido de um beijo, apaixonado.”

            Esse sonho tinha irradiado uma adrenalina pelo corpo dele, e ele sabia que não iria passar tão cedo. Esperou até que o dia amanhecesse, nas quatro horas seguintes, aperfeiçoando as palavras que estava prestes a dizer. Ainda na mesa do café, comunicou a Alexis e Martha que precisariam voltar mais cedo e, se fosse o caso, voltariam para o resto das férias em breve.

            E assim foi. Um caminho único pela estrada. Sem atalhos. Deixou as duas em casa, e ainda dentro do carro, de cara pro volante, pensou: “Você está arriscando tudo. Tem certeza que deseja continuar?”. O celular já tinha sinal, e apertou no seu segundo número de discagem rápida: Kate. Ela não atendeu. Ele ligou novamente e a situação se repetiu. Ela teria mesmo que arriscar tudo, sem um aviso prévio.

            Nesse mesmo minuto, Beckett terminava de enxugar o cabelo após um banho relaxante de banheira, acreditando que aquele sonho poderia um dia se tornar realidade. Bastava que ela quisesse. Assim que termina de se arrumar, ouve o celular avisando sobre as chamadas perdidas: Rick. Juntamente com os apitos desesperados do celular, a campainha da porta toca uma única vez. No olho mágico, não via ninguém. Resolveu não abrir. A campainha tocou novamente, agora duas vezes, e o olho mágico ainda não mostrava ninguém. Resolveu abrir.

- Castle?

- Me escuta. Há apenas uma coisa a fazer.

- Mas você não ia passar a semana inteira fora? E, do que você está falando?

- Três palavras. Para você. E há apenas uma maneira de dizer aquelas três palavras.

-Ric..

- É isso que vou fazer... – Ele tremia. Mas já tinha começado, e teria que terminar. - Eu te amo!


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